Fossem americanos, os três jovens brasileiros que criaram um protesto em tom de deboche contra o acúmulo de bobagens na internet já estariam famosos. Eles inventaram um sistema de sensores que, acoplado à privada, coloca numa página, em palavras, o que alguém faz sentado na privada --o detalhamento do sistema está www.catracalivre.com.br. Pode entrar em qualquer galeria de arte contemporânea.
O nome da brincadeira é "Shit Happens", motivada pela onda de inutilidades de blogs, redes sociais e, mais recentemente, no Twitter.
A brincadeira serve como um sinal de que cresce um incômodo, mesmo entre jovens, com o excesso de informação da internet, em meio a uma ansiedade sobre o que selecionar de relevante. Adoro as possibilidades tecnológicas --ainda mais a possibilidade de as pessoas se expressarem e serem ouvidas sem intermediários. Mas a novidade é que, entre os jovens, vai surgindo um olhar mais crítico diante de tanta inutilidade.
É uma ilustração do mais importante debate contemporâneo sobre educação: são tantas informações disponíveis que o grande papel das escolas e dos meios de comunicação será cada vez mais ajudar a fazer a seleção. E é justamente essa a essência de uma das mais importantes decisões educacionais dos últimos tempos: tornar a prova do Enem, que exige reflexão e não decoreba, como obrigatória para conclusão do ensino médio. Afinal, o currículo escolar também sofre do excesso de bobagens.
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