Por Tiago Pereira
A campanha para 2010 só não começou no calendário oficial. De todos os lados notam-se as movimentações visando garantir a viabilidade das candidaturas. Do lado do governo, Dilma busca assegurar para a sua candidatura os partidos que hoje compõem a base do governo Lula. Ciro e Marina tentam abrir espaço num cenário altamente polarizado. Aécio cobra definição do PSDB. Apenas uma das peças centrais permanece inerte no tabuleiro. Acomodado na liderança das pesquisas, a política de José Serra é não fazer política.
A percepção é que assumindo a condição de candidato, Serra viraria alvo fácil das artilharias pesadas de Lula e comandados. Comporta-se como se não fosse oposição e parece acreditar que será levado, naturalmente, ao cargo dos seus sonhos. No momento em que aproximações e alianças deveriam ser construídas, os parceiros o acusam de jogar sozinho. Gabriel Chalita, o vereador mais votado de São Paulo, recentemente se desligou do PSDB alegando não haver espaço no partido controlado por Serra. Líder nas pesquisas para sucedê-lo como governador, Geraldo Alckmin não conta com o apoio do atual ocupante do cargo.
Na falta de parceiros, o governador coleciona desafetos no partido e naqueles considerados como aliados. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, já manifestou sua preferência por Aécio Neves. Seu pai, o ex-prefeito do Rio César Maia, vai ainda mais longe. Para ele, Serra “lembra os piores caudilhos” por subordinar o partido à sua definição pessoal. As poucas manifestações de entusiasmo com a candidatura serrista sobram para figuras como Paulo Malluf e Quércia. Perdeu, sem sombra de dúvidas, a capacidade de aglutinar, agregar, das mais fundamentais para qualquer político.
Por outro lado, Aécio traz Ciro Gomes pra perto. Outros como o ministro Hélio Costa e o senador Francisco Dornelles também já manifestaram apoio caso o mineiro viabilize a candidatura. Ao autoritarismo de Serra, apresenta-se como representante da tradição conciliatória mineira, e além de alegar que Serra pode não ser candidato, avisa que o país pode parar caso o paulista assuma a presidência. Se os que estão “próximos” pensam assim, os grupos contrários nutrem verdadeira repulsa pelo tucano paulista. Enquanto Serra decide o que quer, os outros dizem que não o querem.
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