Essa fala histriônica do jornalista Luiz Carlos Prates se presta a uma discussão rica: quais os limites da liberdade de expressão?
Ou não existe limite?
Prates está fazendo a apologia de uma ditadura.
Não vou discutir a embalagem estridente e manca. Em sua saudação ao general Figueiredo ele mistura tratamentos como alguém que não domina o idioma. Figueiredo é primeiro tu (que morreste pobre) e em seguida é você (que nos ensinou).
Fale com simplicidade, ou agredirá o português como Prates.
Mas a questão é a essência.
Tudo bem louvar ditadura?
A liberdade de expressão, em algumas partes do mundo, tem sido objeto de discussões interessantes. A permissiva Suécia, por exemplo, decidiu que não se pode mais veicular e distribuir conteúdo com imagens reais de crianças quando se trata de pedofilia. Filmes e fotos para pedófilos, para ser mais claro. Isso era permitido na Suécia até há pouco, em nome da liberdade de expressão. Os pedófilos agora têm que se contentar com animações.
No Reino Unido, exaltar o terror islâmico é o bastante para levar alguém para a cadeia. Você não precisa fazer nada de concreto além de elogiar o chamado martírio – a morte pela causa do Islã. Experimente, também nos Estados Unidos, publicar um blog que apóie Bin Laden. Tente depois se explicar com aquela citadíssima fala: defendo até a morte o direito de você dizer uma coisa da qual discordo.
A ausência de limites na Alemanha de Weimar permitiu a Hitler publicar Mein Keimpf, um livro em que ele prometia fazer o que mais tarde, no poder, efetivamente faria: exterminar fisicamente os judeus.
Louvar a ditadura, como faz Prates: pode?
Para lembrar. Uma ditadura não se instala sem a ruptura da legalidade e a morte e prisão de muitas pessoas. Foi o que aconteceu em 1964 no Brasil.
Essa fala histérica é imprestável sob todos os aspectos, exceto pela oportunidade de discutir a liberdade de expressão.
by Paulo Nogueira
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