Não sei se tem acontecido em outras capitais brasileiras, mas um fenômeno que se tornou comum no Rio de Janeiro, sobretudo no último ano, vem chamando a atenção de muita gente, positiva e negativamente.
A proliferação de mulheres frutas, legumes e afins tomou tamanha proporção que não poderíamos deixar passar em branco. Afinal, tais mulheres chamam a atenção muito mais por seus atributos físicos do que por seu ‘intelecto marcante’. E, cá entre nós, muitas dessas moças possuem formas tão exuberantes que seria impossível não notá-las.
Melancia, Melão, Moranguinho, Maçã, Samambaia, e a mais nova sensação do momento, a Mulher Caviar. Me pego pensando na criatividade dos ‘agentes’ para batizar as beldades, principalmente no caso desta última. Por que caviar? De duas uma: ou é amargo e difícil de engolir, ou então só rico pode comer (eu apostaria todos os meus 25 centavos disponíveis no momento nesta segunda opção).
O que me deixa pasmo é que essas meninas, sem nenhum atributo especial além da beleza física, são elevadas à categoria de celebridades, sendo convidadas para programas de televisão, perseguidas por fotógrafos, integrando pauta de programas de fofocas. Mais ainda, os jornais mais populares da Cidade Maravilhosa mantêm colunas especiais só para falar dessas personagens.
Mais triste ainda é o fato dessas moças estarem diretamente ligadas ao cenário musical carioca. Muitas delas começam como dançarinas, e sem nenhum talento vocal especial são ‘pinçadas’ pela indústria fonográfica, dado à atenção que chamam, principalmente do público masculino.
Tudo bem que, na maioria das vezes elas estão ligadas somente ao funk e que, na opinião deste que lhes escreve, não deveria sequer ser considerado música, mas o espaço que tem sido dado a elas é, no mínimo, exagerado.
É de se indignar que o cenário artístico-cultural que produziu Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Cartola, Noel Rosa e tantos outros esteja hoje refém de um traseiro ambulante que remexe na “Velocidade Seis”.
É claro que essa exploração das formas físicas femininas não é novidade, e nem é exclusividade carioca. Dançarinas de Axé na Bahia, de Forró no Ceará, de Frevo no Recife, de Calipso no Pará e em tantas outras partes do país mostram seus corpos seminus há muitos anos, com o claro intuito de atrair público para bandas de talento musical às vezes duvidoso. Ao menos, estas ainda não se meteram a cantar.
Por sorte, parece que a Região Sul ainda não foi afetada por esse strip-tease gratuito. Talvez devamos isso à condição climática desta região, o que torna mais difícil tais aparições públicas em trajes sumários.
Não há dúvidas de que tais fenômenos só persistem porque ainda existe quem os compra. Isso é triste, já que mostra a qualidade cultura da maioria do nosso povo. E é essa a imagem do nosso país que ainda é vendida no exterior. Não por acaso, ainda somos o principal destino dos interessados em turismo sexual ao redor do mundo.
E antes que alguém teça algum comentário mais áspero, faça o seguinte teste: entre em uma comunidade carente do Rio de Janeiro (ou de qualquer outra capital brasileira) e ofereça a um indivíduo a opção de escolher entre assistir a uma peça teatral baseada na obra de Sheakspeare ou a um show da Gaiola das Poposudas. Garanto que nove entre dez pessoas escolherão a segunda opção.
Infelizmente, essa é uma realidade que está longe de mudar. E enquanto a mídia der espaço para a apelação sexual dessa maneira, continuaremos distantes de um fim diferente.
Nas palavras de Roger, do Ultraje a Rigor, “esse nosso lance anda complicado, é baixaria, dor de corno e bunda pra todo lado...”.
Fraternais Abraços.
Porthus.
Um comentário:
De fato Magali, como se já não bastasse as dançarinas se rebaixarem a produtos de mercadoria para turista ver e provar agora aceitam ser comparadas com frutas. Mais uma prova de que hoje em dia deixamos de ser humanos e viramos peças de vitrine.
Eu só não concordei com esse ponto "...ao funk e que, na opinião deste que lhes escreve, não deveria sequer ser considerado música...".
O funk assim; como outros ritmos; é uma forma de pensar de um determinado grupo de uma sociedade. Não sou amante do funk, pois em particular não gosto, porém respeito quem gosta. OK
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