Desrespeito aos professores!
Sempre defendi a tese de que o professor precisa ser valorizado em três pontos: na cabeça, no coração e no bolso. O projeto de aumento salarial do Governo Serra conseguiu a façanha de, numa só tacada, destruir o professor nesses três pontos. Ao justificar que o professor que sabe mais, ensina melhor, demonstra total desconhecimento dos desafios que o professor enfrenta em sala de aula. Qualquer um sabe que, além de conhecimento do conteúdo, o sucesso da aprendizagem está na capacitação desse profissional para atuar em sala de aula, no enfrentamento diário da heterogeneidade dos alunos, na construção e reconstrução da história de cada um, histórias muitas vezes marcadas pela violência, pelo desamor, pela ausência de referenciais. É imprescindível a formação humanista, voltada ao desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais que promovam a inserção dos alunos na sociedade. Tudo isso aliado à habilidade cognitiva, que sozinha não satisfaz.
Outra incoerência está na fala no Gov. Serra que afirma que TODOS precisam ter incentivos na vida para trabalhar bem. No entanto, seu projeto prevê o incentivo a, no máximo, 20% dos professores, vinculado – ainda – à aprovação dos professores e disponibilidade de orçamento. O que significa que esses 20% podem minguar. E os outros 80% e os aposentados, claramente excluídos do reajuste salarial? Certamente, estarão fadados à baixa auto-estima, ao desestímulo, à desesperança. Faz-me lembrar dos tempos em que a escola chamava, à frente de todos, os alunos com notas mais altas para serem aplaudidos e os de notas mais baixas para serem vaiados. Uma pérola de nossa prática pedagógica!
Tenho tranquilidade em tratar desse assunto porque, ao longo de minha gestão, consegui dar aos professores PEB I , por exemplo, um aumento de 42,95%, embora tenha certeza de que eles mereciam mais. No entanto, foi o máximo possível para não ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal do Estado. Já o governo Serra conseguiu a proeza de oferecer um aumento de 4,7% a esses mesmos educadores, desde que assumiu o governo.
As entidades representativas do professorado paulista estão revoltadas com a truculência do governo que, por meio de interlocutores, chegou a impedir, num primeiro momento, a entrada de professores nas galerias da Assembléia Legislativa. Notícias dão conta de que a tropa de choque foi chamada para revistar os professores para ingressarem no plenário, proibindo a entrada inclusive de seus lanches, sob o argumento de que poderiam ser atirados nos deputados. Uma afronta àqueles que incansavelmente dignificam a educação!
É o jeito Serra de respeitar os professores. . .
Gabriel Chalita
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