Após quase 20 horas de negociação em Teerã, Brasil, Turquia e Irã finalizaram as bases de um acordo para romper o impasse em torno do programa nuclear iraniano. O acordo deve ser anunciado hoje, quando os chefes de governo dos três países se reunirão na capital iraniana. A imprensa internacional ainda aguarda para analisar o texto.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou à Folha que uma fórmula foi alcançada para implementar a proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que tem o objetivo de garantir que o Irã não produza armas atômicas. Ao final de um dia de negociações intensas entre os três países, que obrigaram o chanceler brasileiro a faltar a dois compromissos da visita do presidente Lula ao Irã, Amorim não escondeu que um acordo estava co sturado.
"Há pequenas diferenças de linguagem. A fórmula está razoavelmente pronta", disse o chanceler, que em seguida, chegou a receber os parabéns pelo sucesso da negociação do subsecretário-geral para Assuntos Políticos do Itamaraty, Roberto Jaguaribe.A conclusão do acordo foi confirmada pelo chanceler turco, Ahmet Davutoglu. Questionado pela Folha, ele foi categórico. "Temos um acordo." O chanceler se referia a uma proposta negociada desde o ano passado pela AIEA para conciliar a preocupação das potências ocidentais acerca do programa nuclear iraniano com o direito, assegurado pela ONU, de o Irã enriquecer urânio para fins pacíficos.
O plano prevê que o Irã envie parte de seu estoque de urânio pouco enriquecido para outro país e receba em troca o combustível enriquecido a até 20%, nível adequado para uso médico, mas não para a bomba. Temendo não receber o urânio de volta, Teerã impôs condições: que a troca fosse simultânea e acontecesse em território iraniano. As potências rejeitaram as exigências e ergueram uma frente diplomática no Conselho de Segurança (CS) para impor uma quarta rodada de sanções da ONU ao Irã. Brasil e Turquia uniram esforços no CS, onde ocupam vagas rotativas, para ressuscitar o plano da ONU.
REPORTAGEM PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO
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