por Roberto Boclin
Comenta-se que nos anos 40, 50 e 60 o ensino público era muito bom. Será? Eram poucas escolas muito boas, outras escolas muito ruins e muita gente na idade escolar sem escola. Hoje, no ensino fundamental, continuam sendo poucas escolas muito boas; porém muitas escolas ruins e, ao contrário de antigamente, muita gente nas escolas sem aprender nada.
Por que nos anos 40, 50 e 60 o analfabetismo apresentou dados dramáticos, dignos de uma praga epidêmica? Se a escola pública ensinasse a ler, escrever e contar nas quatro primeiras séries do primário, não seriam tantos os analfabetos. E atualmente a situação mudou? Infelizmente não. Apenas se diz que noventa e tantos por cento dos jovens em idade escolar estão nas escolas, mas, na realidade, a maioria dos concluintes do ensino fundamental aprendeu muito pouco ou quase nada; e uma parcela ponderável dos concluintes do ensino médio também. Quem pretender modificar o quadro lamentável da sociedade precisa começar pensando em modificar a educação; não como os economistas do passado, com teorias do capital humano, da eficiência mensurável dos custos-benefícios etc., nem como os de hoje, com seus planos nacionais e estaduais que não saem das gavetas, dos dados e das estatísticas. Todos são válidos; dados, estatísticas, curvas e gráficos são importantes, mas o que se torna urgente reside na prioridade a ser dada aos agentes do processo de aprendizagem: ESCOLA, PROFESSOR E ALUNO.
É preciso reposicionar social e economicamente a figura do professor, qualificando-o para missões que lhe restituam o respeito e a admiração da sociedade e proporcionem uma retribuição social compatível com suas funções. É preciso rever as metodologias e os aparatos didáticos envelhecidos pelo tempo e ultrapassados pela velocidade do progresso tecnológico. A sala de aula deve estar aparelhada para se tornar tão atraente quanto um cybercafé ou um salão de jogos eletrônicos. Finalmente, uma escola pública não pode funcionar por apenas três horas diárias. É ridículo imaginar um processo educativo fast-food.
ROBERTO BOCLIN é presidente do Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro.
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