Já não bastassem todas as exigências que fazem sobre os professores, agora, exigem que ele seja AFETIVO. No dicionário afetivo significa: sensível, sentimental, afetuoso, ou seja, dar afeto, e por sua vez, dar afeto significa: carinhoso, amizade, amor, simpatia, afeição, paixão... Pronto! Não existe nenhum problema nisso, mas algumas pessoas estão usando o afeto como método de aprendizagem, quando na verdade aprender vai muito além da relação aluno-professor e se não tomarmos cuidado, podemos estar diante de uma viagem sem volta. Defendo sim a boa relação entre ambas as partes, mas não que isso seja característica obrigatório do professor, até porque ninguém se forma em “relações humanas”.
A responsabilidade da aprendizagem também é do aluno e não apenas da escola ou do professor. É realmente uma via de mão dupla. Quando o aluno não quer aprender, porque ele tem uma série de outras coisas mais chamativas e atraentes para fazer, como, por exemplo, conversar com o colega, namorar, brincar etc. O profissional de educação tem pela frente sua tarefa muito mais difícil de ser cumprida. O aluno precisa perceber, antes de tudo, onde e para quê aquilo que está sendo proposto servirá. Já ouvi aluno falando: “para que estudar geografia se não vou nem viajar?”. As vezes a realidade dele o torna um ser fechado a novos horizontes e oportunidades. Quando na verdade ele deveria sonhar e acreditar que sua realidade pode mudar, desde que ele se esforce, começando pelo estudo. A classe social não forma pessoas dessa forma ou de outra. É o próprio indivíduo que faz sua história. Usar a classe social como desculpa para essa ou outra defasagem na formação é inadmissível. Às vezes o professor afetivo ouve, concorda com o aluno que expressa sua situação complicada, compreende, entende as dificuldades e “compensa” esse aluno, ao invés de mostrar a ele como superar suas dificuldades e suas diferenças de saberes que, às vezes, é o que impede seu progresso financeiro e social. Esse é o papel do professor afetivo. Os melhores profissionais são aqueles que não reprovam, que não exigem, que não cobram, mas ninguém se preocupa se os alunos estão realmente aprendendo algo com esse método. Certa vez ouvi de uma aluna, ao cobrar um exercício que ela não havia feito: “O senhor é muito caquético”. Pensei por um instante sobre o significado daquele caquético e porque ela estava usando. Será que ela se referiu a cobrança e a minha postura ao cobrar o exercício? Ser professor caquético é querer resultados? Por outro lado se o exercício não fosse cobrado eu seria o professor ideal (na cabeça da aluna, claro!). Se a aluna estivesse num escritório e não produzisse, não entregasse os relatórios e as atividades exigidas, estaria demitida. Onde mais, além da escola que prepara para a vida, para sociedade e pra todas as outras coisas que tanto prometem, ela aprenderia a ter responsabilidade, ser pontual etc? Não estamos formando cidadãos? Portanto, devemos ter em mente nossa ideologia ao praticar a docência. Devemos ter cuidado com alguns sistemas que quer apenas um facilitador, no lugar do professor, mesmo que correndo o risco de sermos caquéticos.
Prof.William Sanches
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