"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O desafio turco

Quanto mais cautelosa tiver sido a reação dos países árabes — reunidos ontem no Cairo — diante da postura de Recep Erdogan em seu confronto com Israel, mais consequente ela promete ser. Como disse o primeiro-ministro turco, antes de embarcar na segunda-feira para o Cairo, Israel não atua só com crueldade na Faixa de Gaza, mas também com a irresponsabilidade de criança mimada.
Só faltou dizer quem mima a criança, mas não seria necessário. Durante muito tempo, o acalanto a Israel foi quase natural: o Ocidente guardava uma mauvaise conscience pelo antissemitismo histórico, agravado pelo massacre executado pelos nazistas nos campos de extermínio.

Hoje, essa amabilidade com o Estado de Israel passou a ser incentivo a uma guerra que pode ampliar-se para além do Mediterrâneo. Erdogan é conciso, ao dizer que Israel não percebeu que o mundo mudou, e que cabe a Tel Aviv encontrar uma forma de conviver bem com seus vizinhos e com o resto da Humanidade.
A Turquia é uma nação chave na geopolítica do Mediterrâneo. É um país muçulmano e europeu e se define como laico. Erdogan não é árabe. Ele acha conveniente que todos os países do Oriente Médio também se identifiquem como estados laicos, o que favoreceria o entendimento mundial. Em razão de sua atitude, começa a crescer como necessária liderança no Oriente Médio. Ele tem razão, ao declarar que, em maio do ano passado, o governo de Tel Aviv violou as regras internacionais, ao atacar um barco desarmado, de bandeira turca, em águas de livre navegação, com ajuda humanitária a um povo sitiado e constantemente agredido. No ataque, morreram nove cidadãos turcos.
Falando do Cairo, o nosso embaixador no Egito, Cesário de Melo Antonio, foi ao ponto: começa a concertar-se uma tríplice aliança contra o governo de ultradireita de Israel, composta da Turquia, do Egito e do Irã. Ele, que foi embaixador em Teerã e em Ancara, antes de ser removido para o Cairo, conhece o ânimo dos três povos, mais do que o ânimo dos governos.
Poderia ter citado a Síria, mas não o fez. E não se pode esquecer o poder militar e político do Hizbollah no Líbano. Se espicharmos o horizonte histórico um pouco além de nossa visão, alcançaremos o momento em que, livres da presença militar norte-americana, o Iraque, o Afeganistão e, possivelmente, o Paquistão, irão somar-se à poderosa coalizão anti-Israel na região.
Erdogan anunciou que irá patrulhar o Mediterrâneo, a fim de garantir a livre navegação no grande mar interior. A Rússia mantém uma base naval em porto sírio, o de Tartus, e isso explica por que a Otan — de que a Turquia faz parte, é bom registrar — ainda é reticente em atender ao desejo francês de intervenção contra Assad. Esse jogo estratégico coincide com o esperado reconhecimento, pela ONU, e ainda este mês, do Estado Palestino, dentro das fronteiras anteriores a 1967.
O Brasil, pelo que sabemos, não está ausente das preocupações com o Mediterrâneo. É interessante notar que, em 11 de setembro, o chanceler brasileiro Antonio Patriota se encontrava em Istambul e, ali, condenava o excesso de poder militar no mundo. A presidente Dilma Rousseff visitará a Turquia no mês que vem.

Israel se encontra diante da grande oportunidade de negociar sua sobrevivência com os países árabes e com o mundo. Isso reclamará a difícil renúncia à presunção de superioridade — que anima parte de seu Exército, de seus intelectuais e políticos — e a disposição de conviver em paz com os palestinos. Os Estados Unidos, que o protegem com seu poder bélico e econômico, se encontram em situação difícil.
O New York Times, em sua edição de domingo, publicou importante artigo do príncipe saudita Turki A-Faiçal, ex-embaixador nos Estados Unidos, ex-chefe dos serviços de segurança de seu país e conhecido estudioso dos problemas muçulmanos. Al-Faiçal deu a seu texto o título forte: Veto a State, lose an ally. Se os Estados Unidos usarem o poder de veto ao reconhecimento do Estado da Palestina, correrão o risco de perder o seu maior aliado no Oriente Médio: a Arábia Saudita, e, provavelmente, com ela, o único suprimento confiável de petróleo da região.
Os analistas de política internacional não percebem que, não obstante a força diplomática e militar de Washington, há um ponto que une todos os muçulmanos, além de outros povos: o apoio aos palestinos. As relações mais ou menos normais entre Israel e alguns países muçulmanos foram determinadas pela conjuntura histórica, que os fizeram ocasionalmente aliados dos Estados Unidos, mas essa situação está mudando, e rapidamente.
Israel venceu as guerras contra os árabes em certo momento histórico. Enfrentou adversários que haviam saído debilitados da guerra, sem ajuda estrangeira e sem exércitos próprios bem armados e adestrados. Hoje, a Turquia, por si só, tem poder bélico muito superior ao de Israel, embora tenha a bomba atômica, e poder equilibrado na aviação militar. Na Marinha de Guerra é acachapante a superioridade turca, bem como no número de combatentes. A Turquia tem uma população dez vezes superior à de Israel.
Ninguém quer a guerra, mas os que desdenham a paz talvez pensem que sua invencibilidade é eterna. Não é o que vimos no Vietnã e, ao que tudo indica, veremos no Iraque e no Afeganistão.
Os Estados Unidos anunciaram que vetarão o reconhecimento do Estado Palestino. Ao que parece, não levam em conta a advertência de Faiçal. O fato é que, com o veto, se não recuarem dessa decisão anunciada, não perderão apenas a Arábia Saudita – mas o pouco que lhes resta do respeito do mundo.
E para completar o quadro, quando fechávamos ontem este artigo, alvos norte-americanos, da Otan e do governo títere afegão, se encontravam sob o continuado ataque dos combatentes talibãs.






Mauro Santayana, do Jornal do Brasil

terça-feira, 2 de agosto de 2011

RAMADAN - O Mês de Jejum: Sagrado Ramadan


A comunidade islâmica deu início, segunda, 1, ao Ramadan. Durante aproximadamente 30 dias, os muçulmanos dedicam-se a fazer jejum do nascer ao pôr-do-sol. O Ramadan é o quarto dos cinco pilares da religião islâmica. O momento para os fiéis também é de humildade, solidariedade e adoração à Allah.No período do Ramadan, os muçulmanos não podem comer, ingerir líquidos, fumar e ter relações sexuais durante o dia. O crente deve também se abster de tudo o que vai contra a moral, pois o jejum é visto como uma grande prática de disciplina e da doutrina.
O presidente da Sociedade Beneficente Islâmica Árabe Palestina do Brasil em Rio Grande, José Khattab Hassan, diz que o período é de renovar a fé, praticar a caridade e viver a fraternidade e os valores da vida familiar. “É um momento em que pede-se ao crente maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência à mesquita, correção pessoal e autodomínio”, afirma. O jejum é encerrado com início da noite, em um momento de reunir a família e os amigos em uma celebração de fé e alegria. Depois do desjejum, os muçulmanos reúnem-se na Mesquita para oração, em um momento de súplicas a “Alá”.
Embora seja um dos cinco pilares da religião, o Ramadan possui algumas ressalvas. O cumprimento do jejum deve ser realizado por jovens a partir da puberdade, com idades entre 13 e 15 anos. Mulheres grávidas, lactantes, pessoas que necessitam de remédios controlados, mulheres no período de menstruação, ou ainda, idosos e pessoas que não tenham condições físicas e psicológicas, não devem realizar o jejum, desde que se responsabilizem em alimentar um necessitado durante os 30 dias.
Segundo Hassan, o Ramadan é realizado conforme o calendário lunar. E tem uma diferença de aproximadamente 10 dias para acontecer entre um ano e outro. Em Rio Grande, há cerca de 500 muçulmanos, e aproximadamente 80% praticam o jejum.
Por Melina Brum Cezar


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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Chico Xavier e Frei Betto


"As escrituras registram que Jesus passou a vida fazendo o bem.O mesmo se aplica a Francisco de Paula Cândido Xavier,o mais famoso Kardecista brasileiro e um dos autores mais lidos do país.Conheci-o nos anos 5o,em Minas Gerais.Nos meios católicos contavam-se horrores a se respeito.Espíritas e Protestantes eram "queimados" na fogueira de nosso preconceito,até que o Papa joão XXIII,nos anos 60,abriu as portas da Igreja católica ao ecumenismo.Chico Xavier é cristão na fé e na prática.Famoso,fugiu datribuna.Poderoso,nunca enriqueceu.Objeto de peregrinações a Uberaba,jamais posou de guru.Quem dera que nós,católicos,em vez de nos inquietarmos com os mortos que escrevem pela mão de Chico,seguissemos,com os vivos,seu exemplo de bondade e amor"
Frei Betto
(entrevista dada a revista Época,em 1990)

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terça-feira, 14 de junho de 2011

Sutileza


Não entendo os homens. Ou melhor eles não me entendem. Acham que gosto de tudo direto, reto, sem enfeite. Na verdade aprecio sutileza.

Sutileza dá trabalho, é elaborada, implica em compromisso com a busca das palavras. Sutileza deixa você com água na boca, dá um pouco e o resto fica por conta da imaginação.

Ser sutil requer vivência. Re...
finamento. Conhecimento. Certo grau de inteligência e total vontade de conquistar. O homem sutil é bem isso homem, não sapo, nem porco ou outro animal.

Ah! Difícil encontrar sutileza. Mesmo os "lords" esqueceram como a utilizar. E eu fico aqui, açoitada por diretas, sem vontade de responder. Pois, sutil quero ser, mas é capaz de não entender.

Ah! Sutileza, recebi recentemente, só que do outro lado do mar, tocou minha alma e me deixou a sonhar e desejar.

Sutileza é forma e cor, provocação e incitação. Sutileza é o começo do ato de fazer amor.
by Heleny Galati

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Frei Betto: Os Gays e a Bíblia


Frei Betto - Escritor e assessor de movimentos sociais

É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.
No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as "pessoas diferenciadas”...).
Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc.).
No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela "despenalização universal da homossexualidade”.
A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.
Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.
São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.
A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que "quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).
Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?
Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os "eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.
Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?
Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.



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[Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de "Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto

quarta-feira, 18 de maio de 2011

♥ Canção da Plenitude ♥


Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo a força - que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés - mesmo se fogem - retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços,
mas o sonho interminável das sereias.


de Lya Luft

domingo, 1 de maio de 2011

Impossibilidades

De repente aconteceu, não esperava, sequer acreditava. Como toda pessoa, apenas sonhava. Então, sem que esperasse, percebesse ou acreditasse aconteceu: você se apaixonou por mim.
Apaixonou? Não, você passou a me amar. Amor verdadeiro e profundo, como diz. Amor impossível como pensa. Amor sem futuro, mas que não cala na alma, mente ou coração.
E quando começou esse amor? Foi naquela curva ou na serra escondida no meio das árvores verdes que agora eram brancas? Ele começou no momento em que tocou meu corpo ou quando compreendeu minha mente?
Você que disse ser incapaz de amar. Contido em seus sentimentos, irascível na opinião de que amor não serve para nada a não ser fazer sofrer. Agora diz que me ama. Sente minha falta e me quer aí, bem perto de você.
Como pode se entregar assim? Ao sentimento que tanto repudiava, temia e escondia. Como pode agora abrir-se como o céu depois da tempestade e iluminar meu mundo com esse amor.
Sol, Luz, Estrela, Vida., é isso que é para mim. Complemento perfeito de alguém que caminhou sozinha por muito tempo. Parceiro de mente e corpo. Alma e sentimentos.
Diz que gostaria de ter muito para poder me dar mais. Você me dá tanto. Deu vida, consciência de mim mesma, coragem para suplantar todas as pequenas e grandes provas que me oferece a vida. Desde a primeira vez foi você que me estendeu a mão, ninguém mais. E você diz que nada me deu?
Dar-me a vida não é nada? Libertar a felicidade, é sem significado?
E agora, quando entregue ao amor que sinto por você, resignada em amar sem ser amada. Contida em tudo e feliz por pelo menos poder amar você. Agora que estava habituada a não ser, você me diz, assim, sem rodeios, “Amo você verdadeiramente e demais, mesmo sabendo que esse amor é impossível.
Olho em seus olhos e digo: "Se é impossível para você é impossível para mim. Não por me ser impossível, mas por ser a você."
Coloco a música que sempre cantou para mim. Peço que feche os olhos e pense em quais são as impossibilidades. Buscamos juntos uma a uma, derrubamos juntos cada uma delas. Resta apenas aquela que nunca imaginei. Aquela que sequer pensei um dia. Resta apenas uma diferença, insignificante par mim, complexa a você.
E eu paro perplexa. Descubro que o que sou é o problema. Ser como sou, ter o tenho torna o impossível real.
Olho em seus olhos com calma. Tento compreender sem conseguir. É amor e amor é compartilhar. É amor e amor é acreditar. É amor e amor é combinar. Por que não podemos combinar o que somos, temos e queremos?
Você não responde, só diz ser impossível.
Meu sorriso se abre. Movo montanhas, oceanos para estar com você, nem que seja perto, observando. Você sorri a minha afirmação, diz que existem personagens que cavaram montanhas por seu amor.
Não as cavo. Explodo. Removo tudo de meu caminho para estar com você. Ter sua mão na minha, sua voz em meu ouvido, o perfume e acima de tudo seu corpo com o meu.
Lhe dou tudo que tenho e assim você terá mais do que eu. Pelo menos pensará assim, pois no fundo tenho tudo, pois tenho seu amor aquele que sempre quis e nunca pensei alcançar. Amor real, infinito e que me alimenta. Amor de sonhar e realizar. Amor de um homem por uma mulher.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Brasil é 3º país onde mais se crê em Deus, diz pesquisa

 Estudo em 23 países indica que 84% dos brasileiros acreditam em existência de 'Deus ou de um ser supremo

Da BBC

O Brasil foi o terceiro país em que mais se acredita em 'Deus ou em um ser supremo' em uma pesquisa conduzida em 23 países.
A pesquisa, feita pelo empresa de pesquisa de mercado Ipsos para a agência de notícias Reuters, ouviu 18.829 adultos e concluiu que 51% dos entrevistados 'definitivamente acreditam em uma 'entidade divina' comparados com os 18% que não acreditam e 17% que não têm certeza'.
O país onde mais se acredita na existência de Deus ou de um ser supremo é a Indonésia, com 93% dos entrevistados. A Turquia vem em segundo, com 91% dos entrevistados e o Brasil é o terceiro, com 84% dos pesquisados.
Entre todos os pesquisados, 51% também acreditam em algum tipo de vida após a morte, enquanto que apenas 23% acreditam que as pessoas param de existir depois da morte e 26% 'simplesmente não sabem'.
Entre os 51% que acreditam em algum tipo de vida após a morte, 23% acreditam na vida após a morte, mas 'não especificamente em um paraíso ou inferno', 19% acreditam 'que a pessoa vai para o paraíso ou inferno', outros 7% acreditam que 'basicamente na reencarnação' e 2% acreditam 'no paraíso, mas não no inferno'.
Nesse mesmo quesito, o México vem em primeiro lugar, com 40% dos entrevistados afirmando que acreditam em uma vida após a morte, mas não em paraíso ou inferno. Em segundo está a Rússia, com 34%. O Brasil fica novamente em terceiro nesta questão, com 32% dos entrevistados.
Mas o Brasil está em segundo entre os países onde as pessoas acreditam 'basicamente na reencarnação', com 12% dos entrevistados. Apenas a Hungria está à frente dos brasileiros, com 13% dos entrevistados. Em terceiro, está o México, com 11%.
Entre os que acreditam que a pessoa vai para o paraíso ou para o inferno depois da morte, o Brasil está em quinto lugar, com 28%. Em primeiro, está a Indonésia, com 62%, seguida pela África do Sul, 52%, Turquia, 52% e Estados Unidos, 41%.
Criação X evolução
As discussões entre evolucionistas e criacionistas também foram abordadas pela pesquisa do instituto Ipsos.
Entre os entrevistados no mundo todo, 28% se definiram como criacionistas, acreditam que os seres humanos foram criados por uma força espiritual como o Deus em que acreditam e não acreditam que a origem do homem viesse da evolução de outras espécies como os macacos.
Nesta categoria, o Brasil está em quinto lugar, com 47% dos entrevistados, à frente dos Estados Unidos (40%). Em primeiro lugar está a Arábia Saudita, com 75%, seguida pela Turquia, com 60%, Indonésia em terceiro (57%) e África do Sul em quarto lugar, com 56%.
Por outro lado, 41% dos entrevistados no mundo todo se consideram evolucionistas, acreditam que os seres humanos são fruto de um lento processo de evolução a partir de espécies menos evoluídas como macacos.
Entre os evolucionistas, a Suécia está em primeiro lugar, com 68% dos entrevistados. A Alemanha vem em segundo, com 65%, seguida pela China, com 64%, e a Bélgica em quarto lugar, com 61% dos pesquisados.
Descrentes e indecisos
Entre os 18.829 adultos pesquisados no mundo todo, um total de 18% afirmam que não acreditam em 'Deus, deuses, ser ou seres supremos'.
No topo da lista dos descrentes está a França, com 39% dos entrevistados. A Suécia vem em segundo lugar, com 37% e a Bélgica em terceiro, com 36%. No Brasil, apenas 3% dos entrevistados declararam que não acreditam em Deus, ou deuses ou seres supremos.
A pesquisa também concluiu que 17% dos entrevistados em todo o mundo 'às vezes acreditam, mas às vezes não acreditam em Deus, deuses, ser ou seres supremos'.
Entre estes, o Japão está em primeiro lugar, com 34%, seguido pela China, com 32% e a Coréia do Sul, também com 32%. Nesta categoria, o Brasil tem 4% dos entrevistados. 

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Amor e Amor

O amor é um mergulho do mais alto penhasco. É saltar no espaço sem pensar onde está o chão. Amor é sentimento? É energia? O amor é apenas agonia da tristeza que trazemos no coração.
 
O amor toma, transforma, engrandece, se isso não faz, não é amor apenas parece. E se dói, é porque não compreendemos; se entristece, é por não sabermos, que o amor deve ser seu e não a posse de alguém.
O amor acorda cedo, preenche o dia com sussuros de desejos. Desejo de estar perto, desejo de ver feliz, desejo de poder tocar, de entrar e ficar, escondido naquele canto perto do coração, dentro da mente, no fundo da alma.
O amor passa o dia sorrindo. Sorri dos obstáculos, das dificuldades, sorri de tudo, pois sabe que no fundo, sua força os transcenderá. O amor é forte, corajoso, possui discernimento e conhecimento. Caso assim não seja não é amor, é tormento.
O amor vê os olhos e a mente. Enxerga no infinito a beleza por quem sente. O amor abre portas e janelas. Traz luz e direção. Amor é vida, paciência, calma e perdão. Amor seja como for, por um amigo, um irmão, ou ainda o amor que você sabe que ficará para sempre em seu corpo e coração, é aquele sem o qual você não existe, não é humano e se persiste em não sentir, termina vazio, na escuridão.
Amor assim, que sinto por você. Que mesmo na distância me faz compreender, que as ações que tomo, as palavras que profiro, são reflexos de quem sou, preciosos indícios do que trago no coração. Não havia percebido, o que me disse então: “Neste mundo não existe pessoa, que mereça menos sofrer do que você. Você tem um diamante no coração.” Surpresa, pois sempre fui assim, querendo tocar e mudar, amar e deixar em todos um pouco de mim.
E eu que amava você, sem cobranças, sem medos, amava, simples assim. Fiquei tocada por perceber que você também amava a mim. Um amor livre, completo e complexo. Amor que assume o caminho escolhido sem disfarce e desculpas. Amor entre um homem e uma mulher. Amor raro neste mundo, onde tudo é apenas desejo e adeus. Amor que você me dá do amanhecer ao anoitecer e que retibuo a cada segundo do meu viver.
Amor que aprendemos dia a dia a reconhecer, amor que comparilhamos com amigos, família, com quem quiser um bem querer. Somos melhores e maiores, felizes e fortes, tudo porque você ama a mim e eu a você.

by Heleny Galati


www.helenyfalando.blogspot.com

 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Lua e Estrela

Chegando ao cais ele me viu ao longe, o olhar dizia que era hora da liberdade. Aquilo que ficara aprisionado por tanto tempo poderia se expandir. Era tão poderoso, forte, envolvente que quem se aproximasse perceberia algo inimaginável e maravilhoso acontecendo ali
E este é o momento, exato momento, onde tudo será possível e todos os sonhos e fantasias terão seu lugar. Na cidade à beira do mar, no porto que tantos desejaram, muitos conquistaram, mas que nunca deixou de ser abrigo aos que eram capazes de sonhar. Foi neste lugar sem tempo, que ele tocou minha mão e juntos seguimos pelo caminho. Reis passaram ali, agora quem seguia era nosso desejo.
Desejo de tocar lugares inesquecíveis com perfumes impossíveis de imaginar. Beijar os beijos mais invasores, àqueles nos quais o caração para e respirar não importa mais. Onde o olhar fica transparente e em nossa mente apenas o outro tem lugar.
Ânsia de deslizar meu corpo sobre o dele, almas se mesclando com as cores do arco-íris, corpos iluminando o desejo que olhares não escondem mais. E seguimos ávidos procurando nosso lugar. Pequeno em tamanho, infinito a nos abrigar. Lugar cujo perfume conhecemos muito bem, onde muitas vezes perdemos os sentidos, esquecidos de nossa humanidade, pensando apenas em nossa entrega e comunhão.
No leito macio, suave aconchego aos corpos extasiados pelo encontro, deitamos lentamente. Primeiro os beijos, depois o toque e finalmente a entrega de tudo que temos. O tempo que correu antes parecia não existir, pois cada parte nossa, cada átomo lembrava exatamente desse sentir.
E mesmo envolvida em seus carinhos, recordei de quando perguntei se lembrava do meu gosto e beijos e você disse: “Como poderia esquecer?”
Então me olhou, forte, sem medo e entregou a mim todos os segredos naquele olhar. Deixou ver sua alma, límpida, pura e repleta de amar. Amar quem sou, o que sou, da mesma forma que aceito cada pedaço de você.
E na janela, no manto escuro da noite, a Lua e a Estrela acompanhavam a dança do nosso amor. Você enroscado em mim, eu mergulhada em você, subindo e descendo, indo em vindo, em ondas de prazer.
A Lua companheira, curiosa e faceira, decidiu se aproximar. Nos presenteou com sua luz branca, quase prateada, iluminou meu corpo e fez você se maravilhar. Com a pele clara, seda rara, que era sua para tocar. E você tocou, provou com precisão cada parte do corpo meu, banhado pela Lua, mergulhado em uma luz que o deixava com novo sabor.
A Estrela enciumada, não quis deixar para depois. Aproximou-se também, para poder ver bem, como era forte aquele amor. Coisa rara e preciosa que a deixou toda esperançosa de como o mundo poderia ser. Deu então a você seu brilho e transformou-o por um momento em um princípe a me cortejar.
Supreendida pela descoberta, envolvida pelo desejo aproprie-me de você. Em seu corpo percebi, que tudo que havia ali, estava além da compreensão. Não éramos apenas uma mulher e um homem, éramos a Lua e Estrela, apaixonadas e fascinadas com esse amor. Astros poderosos que num instante trasnformaram tudo ao redor.
E na manhã fria, com céu azul e sol. Acordamos lado a lado, com um sorriso nos lábios e o desejo de novo do amor.
 
 
by Heleny Galati

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A história das coisas

Ligar ataque ao islã cria preconceito

CIRILO JUNIOR




Representante da União Nacional das Entidades Islâmicas, o xeque Jihad Hassan Hammadeh disse ontem que a tentativa de associar ao islã o ataque de Wellington Menezes de Oliveira pode criar um preconceito infundado.

Em manuscritos encontrados em sua casa, o atirador faz referências à religião muçulmana. Wellington, no entanto, também guardava outros textos, inclusive com referências cristãs. Hammadeh participou ontem de ato multirreligioso em frente à escola Tasso da Silveira, em memória às 12 crianças mortas no local.

Folha - Wellington é reconhecido como uma pessoa adepta do islamismo?

Jihad Hassan Hammadeh - Ele não é muçulmano, não faz parte de religião nenhuma. O que ele fez não tem religião.

Ele dizia seguir doutrinas propagadas pelo islamismo...

A internet está aberta, e existem sites de todos os tipos. Se uma pessoa estudou uma religião, tirou fotos ou tem manuscritos, não significa que seja adepta. E se for adepta, essas atrocidades não são justificadas pela religião. A pessoa tem direito de pesquisar sobre qualquer religião. Mas não se pode culpar a religião por seus erros, não pode culpar sua família ou amigos, ninguém. Ele é o culpado pelos seus erros.

O senhor acha que a mensagem do islamismo está sendo distorcida na internet?

Há dois tipos de arma que estão sendo usadas de forma errada. A de Wellington e uma outra: o microfone ou a caneta de algumas pessoas que estão deturpando informações. Isso é outra violência que está sendo cometida contra uma parte inocente.

Quais as consequências disso para os seguidores no Brasil?

As pessoas adeptas da religião islâmica podem sofrer, porque cria uma instabilidade social, um preconceito infundado. Temos de nos preocupar em não aumentá-lo. O ato de Wellington não tem justificativa e nenhuma ligação com religião nenhuma.

O episódio trouxe prejuízos para o islamismo no Brasil?

Certamente acaba respingando. Somos adeptos de uma religião que prega paz, não guerra. O islamismo condena a violência, condena qualquer pessoa que aja violentamente e tire vidas.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Emagrecer não é fácil

Seja apenas por motivos estéticos ou até mesmo de saúde, o sobrepeso e a obesidade são muito temidos, especialmente entre as mulheres. Mas que podem agravar outras doenças ou causar danos por si próprios, como na obesidade, o excesso de peso é um dos problemas de mais difícil reversão.
Segundo a professora Eliane Rosado, do Departamento de Nutrição Dietética (DND) do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ), a obesidade é uma doença multifatorial. “Uma das causas da obesidade é a base genética, mas também é necessário o fator ambiental para o desenvolvimento da doença”, esclarece a professora.
Um problema enfrentado pelos obesos é a dificuldade na perda de peso. Isso se deve, segundo a professora Eliane, à grande capacidade de absorção do obeso que existe devido à base genética do indivíduo. “Ao obeso nós chamamos de aproveitador, porque ele absorve muito e tem dificuldade de liberar essa energia”, explica Eliane Rosado.
Outro fator importante são as doenças associadas à obesidade. Entre as mais famosas estão as cardíacas e as articulares. Mas a professora diz que as doenças psicológicas atormentam grande parte dos pacientes, sendo elas causa ou consequência, mais frequentemente, da obesidade. Outro problema clássico enfrentado pelo obeso é a diabetes, que devido à dificuldade encontrada pelo paciente para se submeter ao tratamento, causa o agravamento desse quadro.
Os tratamentos para a obesidade seguem quatro linhas principais, sendo elas, a dieta, principalmente, a atividade física, o medicamento, em alguns casos, e, em último caso, a cirurgia bariátrica. Segundo Eliane, não existe fórmula fácil para emagrecer, e o obeso não pode nunca descuidar do tratamento, já que tem predisposição à doença.
Muitos perguntam se a doença não pode ser prevenida, por meio de uma identificação de base genética ou algum outro exame. A professora Eliane explica que a conduta nos exames é perguntar sobre histórico de obesidade na família. “A melhor prevenção são os hábitos saudáveis”, ela conclui.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Aprender é como poder conter nas mãos a Terra


Ibrahin Ercan meu querido "Hocam" de turco.





Ele às vezes parece um menino. Não aqueles agitados, frenéticos que vemos nos pátios das escolas. Nem os melancólicos, apáticos. É menino contemplativo, que olha o mundo e analisa. Um menino curioso, mas que esconde a curiosidades atrás do silêncio, do sorriso.
Toda vez que o encontro é como se a porta de um mundo mágico se abrisse. Palavras, poemas, textos pulam e passeiam a minha frente. Ele e eu provamos de cada um. Ele com seu jeito perfeito de menino, eu com o meu estabanado de mulher.
E os sons, importância das palavras que compartilhamos, vão criando o vínculo. Amizade entre seres diferentes por fora, semelhantes por dentro.
Ele não é tão menino assim. Longe de casa, no meio de uma cultura nova, tem mostrado coragem em enfrentar desafios, tentar compreender as diferenças e tirar dali o melhor proveito.
Eu não sou tão fechada a ponto de achar que não posso aprender com ele. Ambos temos percorrido lado a lado o caminho das descobertas e é seu saber, cultura e inteligência que cativam dia a dia.
Com ele passeio por pequenas cidades, montanhas, rios. Entro em livros desconhecidos, de autores pouco falados por aqui. Através de sua paciente apresentação começo a comprender sua língua, hábitos e tradições. Esforçando-me nos sons desconhecidos de letras e palavras.
Os momentos que compartilhamos: ele como professor, eu como aprendiz, me proporcionam o mergulhar novamente na oportunidade do saber. E isso me torna muito mais jovem, ativa e realizada.
Tenho sido feliz demais nesses dias de aprendizado, felicidade só comparada a que tenho quando viajo. E é exatamente isso. Estar com ele é viajar, percorrer o mundo das letras, do conhecimento. É ativar a mente e deixar tudo de lado, começar de novo, sob nova perspectiva.
Ele é tão jovem, parece um menino, mas é um menino que tem dentro todo um Universo.





segunda-feira, 28 de março de 2011

Existe terrorismo no Islam? “No verdadeiro Islã, não existe terrorismo!”

Existe terrorismo no Islam? “No verdadeiro Islã, não existe terrorismo!”



Os muçulmanos devem dizer: “No verdadeiro Islã, o terrorismo não existe”.

Hoje, o melhor que se pode dizer sobre o Islã é que ele é completamente desconhecido. Os muçulmanos devem dizer: «No verdadeiro Islã, o terror não existe». No Islã, matar um ser humano é um ato tão grave como a infidelidade. Ninguém pode matar um ser humano. Ninguém pode tocar numa pessoa inocente, inclusive nos tempos de guerra. Ninguém pode emitir um fatwa (pronunciamento legal no Islã) sobre este assunto. Ninguém pode ser um terrorista suicida.
Ninguém pode gloriar-se sobre uma multidão com explosivos no seu corpo, seja qual for a religião dessa multidão, já que o Islã não permite isso. Inclusive em situações de guerra — quando é difícil manter um equilíbrio — isso não é permitido no Islã. O Islã diz: “Não toqueis nas crianças nem nas pessoas que fazem adorações nas igrejas”. Isto não foi dito uma só vez, isso foi repetido no decorrer da história. O que expressou nosso educador, o Profeta Muhammad, o que disse Abu Bakr e o que ressaltou Omar é o mesmo que posteriormente disseram Salahaddin Ayyubi, Alparslan e Kılıçarslan.
Mais tarde, o Sultão Mehmet II (do Grande Estado Otomano), o Conquistador, aplicou esta regra depois da conquista da capital do Império Bizantino. Depois disso, a cidade de Constantinopla, onde reinava o desconcerto, converteu-se em Istambul. Nesta cidade, gregos, armênios, cristãos, judeus e muçulmanos, enfim diferentes nações e crenças conviviam uns com os outros com total liberdade e em paz. Pouco tempo depois da conquista de Constantinopla, as pessoas da cidade colocaram na muralha um enorme retrato do Conquistador no lugar do retrato do Patriarca. É inacreditável que esse comportamento se manifestasse naquele momento. A história conta que o Sultão chamou o Patriarca e lhe deu a chave da cidade. Inclusive hoje, o Patriarcado se lembra dele com respeito. Sem dúvida, hoje, o Islã, como em tantos outros aspectos, não é compreendido devidamente. O Islã tem respeitado sempre diferentes pontos de vista e idéias, e isto deve ser entendido para que possa ser valorizado adequadamente.

Lamento dizer que nos países onde vivem os muçulmanos, alguns líderes religiosos e muçulmanos imaturos não têm mais armas à mão do que sua interpretação fundamentalista do Islã. Usam-na para atrair algumas pessoas para lutas que servem para seus próprios propósitos. De fato, o Islã é uma fé verdadeira e deve ser vivida sinceramente. Com o fim de alcançar a fé não se pode usar meios falsos. No Islã, do mesmo modo que uma meta tem que ser legítima, também o tem todos os meios para alcançá-la. Desta perspectiva, uma pessoa não pode alcançar o Paraíso assassinando outra pessoa. Um muçulmano não pode dizer: “Vou matar uma pessoa e desta maneira ir ao Paraíso”. O beneplácito, a aprovação de Deus não se alcança matando as pessoas. Um dos objetivos de maior importância para um muçulmano é conseguir a aprovação de Deus. Outro é dar o conhecimento ao universo do nome de Deus Todo-Poderoso.

Os preceitos do Islã são claros. Os indivíduos não podem declarar a guerra. Um grupo ou uma organização tão pouco. A guerra é declarada por um estado, não pode ser declarada sem um presidente ou um exército. Se não fosse assim, trataria-se de um ato de terrorismo e em tal caso, empreenderia-se uma guerra reunindo ao redor de — e perdão por minha linguagem - vários bandidos. Qualquer pessoa pode reunir a outros a seu lado com este fim. Se as pessoas pudessem declarar a guerra a título individual, reinaria o caos; já que se formariam frentes por qualquer pequena diferença sem importância, incluindo pessoas sem juízo. Algumas pessoas diriam: “Declaro a guerra a tal e a tal pessoa”. Uma pessoa que seja tolerante com o Cristianismo poderia ser acusada da seguinte maneira: “Esta pessoa ajuda ao Cristianismo e enfraquece o Islã. É preciso ser hostil com ele e matá-lo”. O resultado seria uma declaração de guerra. Felizmente, isto não é tão fácil. Quem fizer isso — apesar de que sejam eruditos que admiro — não declara uma verdadeira guerra. Isto contradiz o espírito do Islã. As normas sobre a guerra e a paz estão claramente estabelecidas no Islã.

 

Não existe um autêntico mundo muçulmano

Na minha opinião, não existe realmente um mundo muçulmano. Em certos lugares vivem mais muçulmanos que em outros. O Islã se converteu num modo de vida, numa cultura; não é seguido como se fosse uma fé. Há muçulmanos que reestruturam o Islã segundo suas idéias. Não me refiro aos muçulmanos radicais e extremistas, mas aos muçulmanos comuns que vivem o Islã como se deve.

É condição indispensável do Islã, crer «verdadeiramente» e viver de acordo com o mesmo. Os muçulmanos têm que assumir as responsabilidades referentes ao Islã. Não se pode dizer que semelhantes sociedades com estes conceitos e com esta filosofia existem na geografia islâmica. Se dissermos que existem, então estamos difamando o Islã. Se dissermos que o Islã não existe, estaremos então difamando os seres humanos. Não creio que os muçulmanos possam contribuir muito para o equilíbrio do mundo num futuro próximo. Não vejo nossos administradores com essa visão. O mundo islâmico é bastante ignorante, apesar de seu moderado ressurgimento cultural em nossos dias. É possível comprovar este fenômeno durante o Hayy. Podemos ver isso manifestado em conferências e cartazes. Podemos ver isso em seus parlamentos através da televisão. Há uma séria desigualdade nesta questão. Eles — ditos muçulmanos — não podem resolver os problemas do mundo. Talvez isso se realize no futuro.

Hoje em dia existe um Islã “individual”. Há alguns muçulmanos em diferentes partes do mundo. Um a um foram se separando entre si. Eu, pessoalmente, não conheço a ninguém que seja um muçulmano perfeito. Se os muçulmanos não podem entrar em contato uns com os outros e se unirem para trabalhar juntos e resolver problemas em comum, interpretar o Universo, compreende-lo bem, considerar cuidadosamente o universo segundo o Alcorão, interpretar bem o futuro, gerar projetos para o futuro, determinar seu lugar no futuro, então não acredito que possamos falar de um mundo islâmico. Por não haver mundo islâmico, cada um atua de modo individual. Podemos inclusive dizer que há alguns muçulmanos com suas próprias verdades pessoais. Não podemos alegar que exista uma compreensão muçulmana com consenso, aprovada por especialistas capacitados, fielmente fundamentadas no Alcorão e repetidamente provadas. Poderíamos dizer que o que predomina é a cultura muçulmana em vez da cultura islâmica.

Isto tem sido assim desde o século V da Hégira (S.XI d.C.). Começou na era Abbasí e com a aparição dos Selyucidas. Aumentou depois a conquista de Istambul. Nos períodos seguintes, as portas das novas interpretações se fecharam. Os horizontes do pensamento se estreitaram. O ânimo do espírito do Islã se fechava sobre si mesmo. Começou assim a haver pessoas menos escrupulosa no mundo islâmico; pessoas suscetíveis, que não aceitavam os demais que não se abriam. Esta diminuição foi sentida também entre a irmandade dos dervixes. Dizem que também foi sentida nas madrasas (escolas de teologia). E, com certeza, todos estes princípios e interpretações precisam de revisão e renovação por pessoas experientes em seus campos.

 

A Rede Al-Qaeda

Uma das pessoas mais odiada no mundo é Osama (Usama) Bin Laden, por ter manchado o nome do Islã. Criou uma imagem muito ruim. Inclusive, ainda que tentássemos todo o possível para reparar o terrível dano ocorrido, levaríamos anos para repará-lo.

Falamos desta perversão por todas as partes e em diferentes fóruns. Temos escrito livros a respeito. Dizemos: “Isto não é Islã”. Bin Laden substituiu a lógica islâmica com seus próprios sentimentos e desejos. É um monstro, igual aos que lhe rodeiam. Se existir pessoas iguais a eles em qualquer outro lugar, não são nada mais que monstros.

Condenamos a atitude de Bin Laden. Sem dúvida, a única maneira de prevenir estes tipos de ações é que os muçulmanos que vivem em países que parecem ser islâmicos — e já disse com antecedência que não conheço nenhum país islâmico, mas países onde vivem muçulmanos — resolvam seus próprios problemas.

Deveriam pensar de modo diferente quando da escolha de seus líderes? Ou deveriam levar adiante reformas fundamentais? A fim de que cresça uma nova geração bem desenvolvida, os muçulmanos deveriam trabalhar para solucionar seus problemas. Não só seus problemas em matéria de terrorismo, atitude, sem dúvida, não aprovada por Deus, mas também no concernente às drogas e o cigarro, outras duas proibições feitas por Deus. Discrepâncias, agitação popular, pobreza inesgotável, a desgraça de ser governado por outros e ser insultado além de ter que agüentar ser governado por potências estrangeiras, são problemas que poderiam aumentar esta lista.

Tal e como disse Mehmet Akif Ersoy: a escravidão, problemas diversos, adicção, a aceitação de coisas não habituais e o escárnio são correntes. Tudo isto repugna a Deus, e tudo isso está fundamentalmente estabelecido em nossa nação. Superar isto, em minha opinião depende de ser um ser humano justo e dedicado a Deus.

A responsabilidade dos muçulmanos

É nosso erro; é um erro da nação. É um erro da educação. Um muçulmano de verdade, alguém que entende o Islã em todos seus aspectos, não pode ser um terrorista. É duro para uma pessoa ser muçulmano se está envolvido com terrorismo ao mesmo tempo. A religião não permite o assassinato de pessoas para cumprir uma meta.

Mas, que esforço fizemos para educar essas pessoas como seres humanos perfeitos? Com que elementos lhes vinculamos? Que tipo de responsabilidade tomamos em relação à educação, para que agora esperemos que não se tornem terroristas?

Podemos evitar que as pessoas se tornem terroristas através de algumas virtudes produzidas pela fé muçulmana, tal como o temor a Deus, temor ao Dia do Juízo Final e temor ao se opor aos princípios da religião. Sem dúvida, não estabelecemos a sensibilidade necessária sobre este assunto. Até esta data houve apenas algumas pequenas tentativas para tratar esta descuidada questão. Mas, infelizmente, alguns de nossos próprios compatriotas colocaram obstáculos no caminho.

Alguns dizem que os tipos de atividades que levamos à cabo não deveriam ser permitidas. Portanto, as matérias que ensinam cultura e moralidade, deveriam ser proibidas totalmente nas instituições de ensino. Às vezes, sustentamos que todas as necessidades da vida deveriam ser realizadas nas escolas. A educação sanitária deveria ser proporcionada e ensinada através dos médicos. As matérias que tivessem a ver com a vida em geral deveriam ser exaustivamente ensinadas na escola.

As pessoas deveriam ensinar como se comportar com suas futuras esposas e como educar seus filhos. Mas o assunto não se detém aqui. Tanto a Turquia como outros países que possuem uma grande população muçulmana sofrem do abuso de drogas, de jogo e de corrupção. Não tem ninguém na Turquia cujo nome não tenha sido envolvido em algum tipo de escândalo. Houve metas que deveriam ser alcançadas e o foram. Sem dúvida, ainda restam objetivos para serem alcançados. Não se pode perguntar a ninguém sobre isto. Não se pode pedir prestação de contas às pessoas encarregadas. Estão protegidos, amparados, e portanto, devem ser deixados em paz.

São pessoas que cresceram entre nós. Todos são filhos nossos. Por que alguns se tornaram garotos malvados? Por que alguns foram criados como metidos? Por que alguns deles se rebelaram contra os valores humanos? Por que alguns em seu próprio país se envolvem em atentados suicidas?

Todas estas pessoas cresceram entre nós. Portanto, houve alguma falha em sua educação. Logo, o sistema deve ter algumas deficiências, alguns pontos fracos que precisam ser examinados e eliminados. Em resumo, não foi dada a prioridade à educação do ser humano. Com isso, algumas gerações se perderam, se destruíram.

Uma juventude insatisfeita que perdeu sua espiritualidade. Certas pessoas se aproveitam deles, dando-lhes um par de dólares ou convertendo-os em robôs. Drogaram-nos. Trata-se de um tema que está no dia-a-dia das pessoas e que pode ser lida em todas as revistas. Abusaram destes jovens a tal ponto que podem ser manipulados. São utilizados como assassinos sob o pretexto de ideais loucos e fazem com que eles matem. Pessoas perversas pretendem cumprir certos objetivos utilizando estes jovens.

Transformaram-se em robôs. Numa ocasião, muitas pessoas foram assassinadas na Turquia. Este grupo matou certa pessoa; esse outro grupo matou a outra pessoa. Em 12 de março de 1971, todos se envolveram em uma sangrenta luta. O exército entrou em cena e interveio. Em 12 de setembro de 1980, as pessoas saíram para se vingar umas das outras. Todos se mataram. (A Turquia sofreu três golpes de estado militares durante a segunda metade do século XX. As datas mencionadas correspondem ao primeiro e ao segundo golpe respectivamente, que aconteceram pelo mal-estar social reinante).

Uns queriam conseguir algo matando os demais. Todos eram terroristas. Os que estavam de um lado eram terroristas; os do outro lado, também, e cada um qualificava a ação de modo diferente. Uns diziam: “Faço isto em nome do Islã”. Outros diziam: “Faço isto por minha terra e por meu povo”. Um terceiro dizia: “Luto contra o capitalismo e a exploração”. Eram apenas palavras. O Alcorão fala sobre as ditas “etiquetas”. São coisas sem valor. Mas as pessoas seguem matando. Todos matavam em nome de um ideal.

Em nome destes sangrentos “ideais”, muita gente foi assassinada. Não era nada mais que terrorismo. Tanto os muçulmanos como os não muçulmanos cometiam o mesmo erro. Estes assassinatos se converteram em uma meta “realizável”. Assassinar se converteu em um hábito. Todo mundo se acostumou a assassinar, apesar de que assassinar é uma ação perversa. Uma vez, um de meus mais queridos amigos matou a uma serpente. Era um licenciado em teologia e é agora um pregador. Como reação ante o que ele fez: não falei com ele durante um mês. Disse-lhe: “Essa serpente tinha direito de viver na natureza. Que direito tinhas de matá-la?”.

Hoje em dia a situação é tal que se matam dez ou vinte pessoas ou, se as baixas não são tão elevadas como se esperava, dizemos: “Isso não está tão mal, não morreram muitos”. Esta incrível violência se converteu em aceitável para as pessoas a um nível inacreditável. Costumamos dizer: “Está bem que o número de mortos seja só vinte ou trinta”. Em resumo, a sociedade em geral terminou aceitando isto como parte de nossas vidas.

Esta situação poderia ter sido evitada por meio da educação. As leis do governo poderiam ter prevenido isso. Alguns grupos minoritários e protegidos e os que não se pode deter exageram nos assuntos triviais e encobrem os insignificantes. Existe um remédio para isto. O remédio é ensinar a verdade diretamente. Devemos deixar claro que os muçulmanos não podem ser terroristas. Por quê? Porque as pessoas hão de compreender que, se fazem algo mal, “ainda que seja do tamanho de um átomo, pagará por isto nesta e na Próxima Vida” (O Alcorão, 99:7-8).

Sendo assim, matar a um ser humano é algo sério. O Alcorão diz que matar uma só pessoa é como matar todo o mundo. Ibn Abbas disse que o assassino permanecerá no inferno eternamente. É o mesmo castigo que o que se junta com os incrédulos. Isso significa que o assassino estará submetido ao mesmo castigo que o incrédulo. Portanto, no Islã o respeito ao castigo que receberá no Dia do Juízo Final, o assassino será considerado tão baixo como quem desprezou a Deus e ao Profeta (quer dizer: um ateu). Se isto é um princípio fundamental da religião, deveria ser ensinado através da educação.

* Autor deste artigo é M.Fethullah Gülen: www.fgulen.com (o site disponível em mais de 20 idiomas)












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