"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

Translate - Tradurre - Übersetzen - Çevirmen - переводчик -

domingo, 30 de setembro de 2007

Canção Grata - Florbela Espanca


Por tudo o que me deste:inquietação, cuidado,um pouco de ternura,é certo, mas tão pouca


Noites de insônia,


Pelas ruas como louca,


Obrigada, obrigada.


Por aquela tão docee tão breve ilusão,


Embora nunca mais


Depois de que a vi desfeita


Eu volte a ser quem fui,


Sem ironia aceita


A minha gratidão.


Que bem que me faz agorao mal que me fizeste,


Mais forte e mais serena


E livre e descuidada,


Sem ironia amor obrigada,


Obrigada por tudo o que me deste.


Por aquela tão docee tão breve ilusão,


Embora nunca mais


Depois de que a vi desfeita,


Eu volte a ser quem fui.

Poema à boca fechada - José Saramago


Não direi: Que o silêncio me sufoca e amordaça. Calado estou, calado ficarei, Pois que a língua que falo é de outra raça. Palavras consumidas se acumulam, Se represam, cisterna de águas mortas, Ácidas mágoas em limos transformadas, Vaza de fundo em que há raízes tortas. Não direi: Que nem sequer o esforço de as dizer merecem, Palavras que não digam quanto sei Neste retiro em que me não conhecem. Nem só lodos se arrastam, nem só lamas, Nem só animais bóiam, mortos, medos, Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam No negro poço de onde sobem dedos. Só direi, Crispadamente recolhido e mudo, Que quem se cala quando me calei Não poderá morrer sem dizer tudo.

DOIS


Dois amantes felizes não têm fim nem morte,nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,são eternos como é a natureza.""Não te quero senão porque te quero,e de querer-te a não te querer chego,e de esperar-te quando não te espero,passa o meu coração do frio ao fogo.Quero-te só porque a ti te quero,Odeio-te sem fim e odiando te rogo,e a medida do meu amor viajante,é não te ver e amar-te,como um cego.Tal vez consumirá a luz de Janeiro,seu raio cruel meu coração inteiro,roubando-me a chave do sossego,nesta história só eu me morro,e morrerei de amor porque te quero,porque te quero amor,a sangue e fogo."


.

Pablo Neruda

MÁRIO QUINTANA



Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.
Catavento enlouqueceu,
Ficou girando,girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.
Dancemos todos,dancemos,
Amadas,Mortos,Amigos,Dancemos todos até
Não mais saber-se o motivo...
Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!

Hoje me contento...


Hoje me contento...


Acolho com ternura frases ditasNa essência perfumada do olhar,


Adentro as margens do tempo,Despindo a alma em doces devaneios.


Lágrima incontida acariciando a face,


Na luminosidade do alvorecer,


O silêncio aconselha-me,


A eternizar o momento profundo.


Faz-me meditar meus valores,


Naquilo que acredito,


A força que me sustenta,


E me faz ver além.


Transformo-me em gigante,


Em situações reais do cotidiano,


Cenário banal,passado em filme,


Em preto e branco.


Quisera retroceder o tempo,


Instalar-me nos corações,


Passeando lentamente,


Descobrindo os porquês de muitas perguntas.


Respostas que talvez um dia,


Com clareza eu consiga entender,


Hoje me contento...


Em simplesmente viver!


Nascer e vir a este mundonão é ainda chegar a ser.Nascer é o feito dos outros.O nosso é depois de nasceraté chegarmos a seraquele que o sonho nos faz.Já sei de cor os caminhosjá sei o que vale a promessajá vejo perfeito no sonhoo que me há-de a vida imitar.Mais aléme o sonho e a vidalibertar-se-ão um do outro em mim!




.




Almada Negreiros

sábado, 29 de setembro de 2007

Gosto de olhar para Deus. Gosto de esperar por ele, sobretudo nos momentos das minhas desesperanças. Olho-o como quem olha querendo decorar, aprender, incorporar. Faço inúmeros pedidos a Ele, mas tenho sempre o cuidado para que minhas preces não sejam formuladas nos verbos imperativos... Prefiro apresentar as questões, colocá-las em suas mãos e depois esperar pela vida. Tenho medo de tornar-me o deus de Deus. Receio que minhas preces sejam ordens mesquinhas Àquele que tudo sabe de mim..."












.




(Pe Fabio de Melo)


Amor que é amor dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor.O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou.O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto."O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração que sozinhos jamais poderíamos enxergar.O poeta soube traduzir bem quando disse: " Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!"Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho....



.

(Pe. Fábio de Melo)

"Prenda-se ao que N. Sra. pode lhe ensinar. Você q é católico, você que é evangélico. Seria tão bonito se nós pudéssemos viver cada vez mais a comunhão da nossa fé. Essa eucaristia que é universal, que é o nosso desejo de vencer na vida. Eu católico, você budista, você evangélico, você ateu. Uma certeza eu tenho, você também arrasta a corda da sua vida. Você também leva o peso de muitas vezes não dar conta do que você tem que viver. Você também carrega sobre os ombros um fardo que às vezes é pesado demais. E nesta hora as denominações religiosas não importam porque a dor é universal.Estamos todos no mesmo ponto, na mesma esquina, na mesma procissão. Mesmo que a gente não arraste mares, mas nós arrastamos a nossa vida, as lutas, as dificuldades. Seria muito bonito ver evangélicos e católicos, ateus e budistas, pudessem trocar a água na hora da sede. Seria muito bonito se nós conseguíssemos ajudar a refrescar o calor do outro, que muitas vezes não está agüentando o calor da caminhada. Nesta hora não importa o que somos não importa o que a gente faz ou o que a gente crê. O que importa é que nós somos humanos e que desejamos vencer. O que importa é que nessa procissão da vida, mesmo que sejamos todos diferentes, estamos todos unidos numa mesma condição. Somos humanos e como humanos procuramos a felicidade.”



.

(Pe. Fábio de Melo)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Respeito às diferenças



O cinema é uma fonte inesgotável de situações para discussão de questões educacionais em sala de aula. No filme My fair lady, por exemplo, um professor de fonética aceita a aposta de transformar uma florista maltrapilha em uma dama preparada para freqüentar as altas rodas sociais, apenas por ensinar-lhe a falar corretamente. Para as aulas, a florista vai morar na casa do professor. O filme, de 1964, é baseado no livro Pigmalião, de George Bernard Shaw. Sob a direção de George Cukor, estão no elenco Audrey Hepburn, Rex Harrison, Stanley Holloway e Wilfrid Hyde-White.
O enredo começa, mesmo, na praça do mercado central de Londres, numa noite chuvosa e fria do início do século 20. Sob a marquise, bem em frente a uma casa de ópera, pessoas da alta sociedade esperam carruagens para voltarem para casa. A florista pobre reclama em altos brados de estar sendo observada por um senhor bem vestido que anota cada palavra que ela pronuncia. Imagina ser um policial que a vigia para expulsá-la do seu ponto de venda. O homem, porém, é um professor de fonética, que se gaba de reconhecer a origem de uma pessoa pelo som de sua voz, com margem de erro inferior a seis quilômetros. Ele a acusa de "assassinar, a sangue frio, a língua inglesa". Curiosos se aproximam para ouvir a conversa, e testemunham uma estranha aposta. O professor Henry Higgins (interpretado por Rex Harrison) aceita o desafio de transformar a rude florista (interpretada por Audrey Hepburn) em uma dama.
Depois dos desastres dos primeiros dias, o professor se dá conta de que não será possível ensinar a língua sem ensinar, primeiro, a importância das atitudes. De professor inflexível, George muda para uma atitude de mais compreensão. A partir desse ponto, a relação avança, e Elisa começa a aprender com mais facilidade. Elisa é levada, enfim, ao baile do embaixador.

O baile é uma homenagem à rainha da Transilvânia, que visita Londres. Elisa é apresentada à sociedade e encanta a todos, pela elegância, postura, educação e boa conversa. A própria rainha manda um emissário pedir-lhe que dance com o filho, o príncipe Gregor. Mas um especialista em línguas, o húngaro Zoltan Karpathy, assessor da rainha, se aproxima para travar conversação com Elisa, e a sua origem humilde pode estar prestes a ser desmascarada. Mas eis o diagnóstico que Zoltan leva para a rainha:
- "O inglês dela é muito bom, o que indica que é estrangeira. Os ingleses não costumam ser muito instruídos em sua própria língua. E, apesar de ter talvez estudado com um perito em dialética e gramática, posso afirmar que ela nasceu húngara. E de sangue nobre! Seu sangue é mais azul do que a água do rio Danúbio."
Higgins e Pickering voltam exultantes para casa. Elogiam-se mutuamente pelo triunfo. Mas se esquecem de sequer mencionar Elisa e seu esforço, e ela fica magoada. Henry acaba percebendo o abatimento dela e pergunta o que há de errado.
- Com você nada, não é? - ela diz. - Ganhei a aposta para você, não foi? Já basta. Eu não conto, não é?
- Fui eu quem ganhou a aposta, sua presunçosa!
- Seu bruto egoísta! Agora que tudo terminou, vai poder me jogar de volta na sarjeta. O que será de mim?
- O que será de você? Você está livre agora. Vai poder fazer o que quiser.
- Fazer o quê? Você me preparou para quê?
- Você devia se casar. Não é feia. É até agradável de olhar. Às vezes até atraente. Minha mãe podia arranjar alguém para você.
- Eu era mais digna antes. Vendia flores, não a mim mesma. E, agora que você fez uma dama de mim, eu não sirvo para mais nada.

George a acusa de ingrata, e vai dormir. Ela espera que a casa fique silenciosa e foge. Vai para o mercado, de onde viera, seis meses antes. Nenhum dos velhos amigos a reconhece. Isto a deixa ainda mais triste. É uma pessoa presa entre dois mundos, sem pertencer nem a um nem a outro.

Sem saber para onde ir, resolve visitar a mãe de Henry (para onde ele vai também, pensando não ter sido visto). Num depoimento à Sra. Higgins, Elisa diz a frase que serve como verdadeiro corolário da sua história:
- Deixando de lado o que se aprende, a diferença entre uma dama e uma florista não é como se comporta, mas como é tratada.
Henry, o professor franze a testa, ao ouvir isto. Elisa continua:
- ...Serei sempre uma florista para o senhor, porque sempre me tratou como uma florista, e sempre o fará. Mas sei que serei sempre uma dama para o Coronel Pickering, porque sempre me tratou como uma dama e sempre o fará.

Eis, em resumo, um conjunto de valores que pode ser trabalhado em sala de aula, com o filme My fair lady sendo utilizado como roteiro de estudo. Uma atividade simples, mas que pode conduzir a resultados significativos. Sem contar o que pode ser trabalhado em termos de emoção, sensibilidade e espírito de solidariedade.


.

(Artigo publicado na Revista Profissão Mestre, edição de setembro de 2007)

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

AS FLORES APARECEM



As flores aparecem! Nós já prevíamos que aquela árvore que estava tão apagada, sem cor, fosse se revelar. Amar é isso, olhar a árvore (a pessoa), sem flores, sem frutos, aparentemente sem vida e admirá-la. Quem ama, admira a árvore, o próximo e não a beleza do colorido, pois já entendeu que a árvore e a pessoa com quem convive, não estarão o tempo todo na primavera.Quem ama, enxerga o que é invisível aos olhos. Quem ama, sabe esperar o momento de florada sem julgar e criticar, mas vendo com os olhos do amor a pessoa que lhe é próxima.Amar é adubar, admirar e gerar vida a cada dia, enquanto espera. É acreditar e saber que um dia haverá broto, no outro as folhas, nos próximos as flores, e mais, na frente os frutos. É olhar todo o processo de transformação, que é constante, visível e desestabilizador, mas que irá transformando tudo ao seu redor. Amar é olhar cada momento da nossa vida com a especialidade própria do momento. Que momento especial você vive hoje? Está sem folhas, flores, frutos ou sua vida está colorida?O que hoje, precisa ser valorizado na sua vida? Uma árvore sem flores tem raiz, tronco, seiva, galhos... Você admira o que já se desenvolveu na sua vida? Ou você especializou o seu olhar para o que você não tem?Muitas vezes, nos distraímos com a aparência e esquecemos da raiz. É a raiz que dá os nutrientes para todo o corpo. Qual é a seiva que alimenta você? Você tem buscado nutrir-se com bons livros, amigos que o constroem, cuida de sua saúde, é disciplinado nas coisas simples da vida, faz uma avaliação da sua vida? Como está sua reflexão do sentido da vida?O sentido da sua vida hoje, consiste em buscar ser o melhor, o mais rico? Você vive em busca de prazer, evitando todo sofrimento? Será que a vida se resume nisso? Um dia a árvore será cortada ou morrerá, o que ficam é oxigênio que ela purificou, os olhos que ela alegrou, a sombra que abrigou pássaros, amigos, familiares, outras plantas... Se você, hoje, morresse, o que haveria de deixar? Você se percebe como um "purificador de oxigênio" onde vive?A árvore é o pulmão do mundo. E você purifica o mundo. Você, hoje constrói a civilização do amor na sua casa, escola, universidade, trabalho, vizinhança?Nós precisamos, no ENCONTRO com os outros, buscar nutrientes para nossa manutenção, crescimento, florada. O nosso ENCONTRO, para dar flores e frutos, precisa ser um contato verdadeiro, profundo, realista e de amor. Se um encontro da raiz com a terra, de uma pessoa com a outra, pode produzir tudo isso, um ENCONTRO com Jesus, a cada dia, pode mudar tudo. Porque Ele olha para você com o olhar do Amor. Ele é Amor! Um olhar que contempla em você, o que ainda você não viu. Ele sabe que você faz parte da civilização do amor.E, depois da primavera, virá o verão, o outono, o inverno, a primavera, outro verão, outro outono... Até vocês completarem bodas de prata ou de ouro. Mas, tendo sempre um ENCONTRO a cada dia. Um ENCONTRO que gera um homem novo para um mundo novo. Você irá encontrar-se todos os dias com o outro, e será um encontro de amor, pois Ele está no meio de nós.

LALAU...

MEIO AMBIENTE

É PONTO!

OS SEM PRISÃO

Melô da política pocotó

sábado, 22 de setembro de 2007

O PREÇO DE UM RESGATE



A missa transcorria dentro do normal quando o jovem padre, no lugar dos avisos finais, chamou um Senhor para que esse lhes contasse uma história. Depois dos costumeiros cumprimentos, disse aos que lá estavam:- O que vou contar a vocês aconteceu há alguns anos atrás. Um pai, seu filho e um amigo dele estavam navegando em pleno mar aberto quando foram surpreendidos por uma tempestade. Mesmo sendo experiente, o pai não conseguiu evitar que a força das ondas arrastasse o seu filho e o amigo para dentro do mar. Sem demora o pai pegou a única bóia de resgate que havia e teve que tomar uma difícil decisão: a qual dos jovens deveria lançar a bóia. Não tinha muito tempo. Sabia que seu filho era temente a Deus, serio cumpridor dos mandamentos; mas seu amigo infelizmente não era. Como a angustia aumentava na medida em que a tempestade também ficava pior, o pai não teve duvidas. Gritou ao seu filho:- Querido, sabes que eu te amo e que Deus é todo misericordioso, lança-te nas mãos d'Ele e recomenda-te a Maria Santíssima! E atirou a bóia para o outro, salvando-o. Seu filho, no entanto, desapareceu nas ondas e nem mesmo seu corpo foi encontrado. Todos olhavam com atenção, e ele concluiu:- O pai, tomou essa decisão, pois sabia que seu filho, morrendo, iria para Deus, mas temia pelo destino de seu amigo, que trilhava o mal caminho. Por isso escolheu abandonar o filho e salvar o outro.Depois dos aplausos, no final da missa, um jovem veio ao encontro do senhor e disse:- Foi uma bela história. Reconhecemos nela o Amor que Deus tem para conosco, entregando Seu Filho para a nossa salvação. Mas, no caso real, será que esse pai agiu corretamente, apostando a vida do seu filho na conversão do outro? Será que este se converteu? E o senhor, numa dor expressiva, concluiu:- Compreendo o que você diz. Pode ser que ele não tivesse visto bem a realidade no angustiante momento de tomar aquela terrível decisão. É bem possível. Mas tenho algo a lhe dizer: É que esse pai sou eu, e o amigo de meu filho, é este jovem padre, seu Pároco.Moral da Historia: muitas vezes devemos sacrificar o que nos agrada para que possamos ver a graça ou o milagre que Jesus quer fazer em nossa vida. Sacrifício significa amor, confiança e entrega. Deus reserva o melhor pra você, confie no Seu Amor e se lance na Sua Misericórdia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A harmonia no ambiente escolar

Cecília Meirelles, em sua saborosa poética, assim escreve: "Ensinar é acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação - mas por uma contemplação poética, afetuosa e participante."

Quando se lê a educação com esse olhar de Cecília, parece que o dia-a-dia na relação professor-aluno é encantado. Muitos dirão que essa elevação afetiva só funciona no plano das idéias e que na prática se assiste a um aviltante processo de destruição das relações humanas.

A violência nas escolas se materializa em agressões verbais e físicas. O professor se sente vítima de um sistema que não o valoriza, portanto não o entende bem, nem o protege. Os alunos parecem prontos para a batalha. Padecem de amor e de limites. A ausência familiar se faz sentir na postura agressiva ou apatia em sala de aula.

Além disso, e talvez por isso, tentam disputar poder com os professores que, por sua vez, se deixam levar em um debate desnecessário. Há um axioma essencial na relação entre professor e aluno: autoridade harmonizada pelo afeto. O aluno precisa de limite e precisa compreender o papel do educador. O educador não pode impor sua autoridade, mas deve conquistá-la. Sem brigas nem ameaças. Sem histeria nem parcimônia. Com o respeito de quem sabe ensinar e aprender e de quem harmoniza as relações.

Há algumas dicas para essa relação harmoniosa. Evidentemente, são a experiência e a disposição do professor que farão com que ele toque na alma do seu aluno - sem isso não há educação. Entre essas dicas, algumas proibições. A primeira delas é que professor não pode brigar com aluno, mesmo que tenha razão. Se isso acontecer, parte da sala torcerá pelo aluno e a outra pelo professor, assim, ele deixa de ser referencial. A segunda: professor não pode colocar apelido em aluno. Terceira: não deve comparar um com o outro - é preciso lembrar que não há homogeneidade no processo educativo, mas heterogeneidade. Quarta: professor não pode se mostrar arrogante nem subserviente. O meio termo é amoroso.

E aí voltamos a Cecília Meirelles. A harmonia no ambiente escolar há de ocorrer quando se consegue quebrar a carcaça que envolve alguns alunos, pela falta de algo que deveria ter vindo antes. É esse sonambulismo, essa postura incorreta frente à vida e frente a si mesmo.

Trata-se de ajudá-lo a viver essa contemplação poética, ou, em termos aristotélicos, a buscar uma aspiração para a vida. Ou ainda em Paulo Freire, ajudá-los a desenvolver autonomia para sonhar.

Aí sim, o professor mostrará autoridade. Autoridade generosa de quem confia e cobra. De quem contrata no melhor sentido da palavra. E é nesse bom caminho que entra o afeto como instrumento de poder e participação. É do olhar do mestre que saem essas virtudes. O olhar que acolhe e que constrange quando necessário. O olhar que se faz cúmplice nas boas conquistas e que lamenta docemente pelo que se perdeu. O olhar que mantém o silêncio na sala de aula, sem gritos ou lamentações, mas que é capaz de chorar pela emoção de mais um aprendiz que encontrou seu caminho.

A harmonia no ambiente escolar não é uma utopia. É talvez uma tarefa complexa que exige o que de melhor podem dar os educadores: competência, coragem e muito, muito amor!







.



(Artigo de Gabriel Chalita, publicado na Revista Educacional, edição e setembro de 2007)

Alma da África, alma do Brasil



A narrativa de Antonio Olinto em seus romances africanos começa, em A casa da água, como uma enxurrada. Não há introdução, preparativos, prolegômenos. O leitor literalmente mergulha, já na primeira frase, em uma enchente. É a metáfora que conduz o discurso, uma recuperação moderna da narrativa sinfônica. Olinto escreve como quem conta uma história ao pé da fogueira na noite da África ancestral. Enumera os usos e costumes, o sincretismo religioso, os procedimentos curativos, o folclore, o cotidiano das casas e das ruas, mas principalmente localiza o leitor, pondo e transpondo pessoas, com enorme habilidade, em lugares de aqui e de acolá, do Piau a Juiz de Fora, do Rio à Bahia, do Brasil à África. Mas, se o espaço tem destaque na linguagem, o tempo é etéreo. Tempus fugit. A primeira referência temporal só se dá por volta da página 200, quando se menciona a guerra. "Mariana achava ingleses, franceses e alemães tão parecidos, por que haveriam de brigar, mas deviam ter lá suas razões." Somente ao final do livro uma tabela de datas vai esclarecer de que tempo histórico se está falando. E aí está: o tempo cronológico não tem importância. Os achados de linguagem são tocantes. Logo à página 20, damos com esta preciosidade: "As mulheres ficaram com receio de olhar para fora e puseram os olhos no chão, Mariana, não, Mariana comeu o prazer de cada imagem." À página 58, outra: "Maria Gorda pegou-a no colo, começou a falar, tinha uma voz boa e gorda também." E à página 64: "A alegria dominou durante outra semana ainda o navio, mas foi-se diluindo em pedaços cada vez maiores de silêncio." É a voz soberana do narrador, simples, despida e precisa, fazendo um registro. Sem avaliações morais ou moralistas. O padre José que bebe cachaça, a matança cerimonial, a fornicação sem vergonhas. O livro é a pauta da vida. Desenvolve-se. Evolui, como um navio que avança pelas ondas franjadas. O livro é a vida, em seu processo, sujeitando as pessoas pela tradição, cultura, pela dinâmica própria. Um relicário da prodigiosa observação desse autor que funde ficção e memória em uma liga só, emocionante e densa. Aqui e ali, versinhos de infância. Em todo lugar, alegria, música e ritmos. A Casa da água foi lançado em 1969 e serviu de esteio para os outros dois livros da trilogia (O Rei de Keto e o Trono de Vidro). A análise da alma africana, e por extensão da alma humana, é preciosa, no texto de Antonio Olinto. Mas não está em fatos pitorescos ou nas anedotas. Está nos refrões, pregões, imprecações. Vejam esta frase: "Ele tinha boa cara, os lábios, grossos e fortes, formavam um sorriso lento, que demorava a se formar e demorava a se desfazer." Outra: "O pai revelou-se um homem baixo e muito gordo, a boca se esparramava como a de um sapo, ria uma risada enorme e demorada." A trilogia do acadêmico Antonio Olinto é um compêndio sobre costumes de um povo que passou muitos anos lutando para manter a sua identidade. Assim, a pretexto de falar da alma da África, o autor fala da alma do Brasil. O fio condutor é Mariana, errante e errática, miscigenada e híbrida, suspensa entre dois mundos, como a água do mar, a água da enchente, nessa torrente de vida. Mas uma mulher firme, empreendedora, justa. Uma brasileira. A frase de Mariana, ao batizar a sua loja, comprada com o trabalho de uma vida, de Casa da água, foi esta: "É que eu comecei a ser eu depois que fiz um poço." Anos mais tarde, ela diria (página 59 de O Rei de Keto): "A coisa mais importante que fiz foi abrir um poço em Lagos quando era moça." Quanta densidade em duas frases! Aqui e ali, a voz do autor se deixa evidenciar, numa cuidada intervenção da primeira pessoa. São apenas dois ou três verbos em cada volume, com desinência voltada para o eu. Artifícios de um habilidoso processo de construção da narrativa. A um homem que viveu a África, como adido cultural na Nigéria, escolho a boa tradição iorubá, e termino este artigo com um oriki, como faz o autor no seu romance: ó Antonio Olinto, tu que ensinas a ver e a julgar, que estás no teu merecido lugar no cenáculo da Academia Brasileira de Letras, que escrevas muito e que teus escritos sejam recebidos com alegria pelos nossos corações, para sempre. Porque tua obra, nobre escritor, é como tu: tem a energia do trovão, a sabedoria dos nossos ancestrais e a serenidade do mar calmo.




.


Artigo de Gabriel Chalita, publicado no Jornal de Letras, edição de setembro de 2007

Me de um poema



Poemas são como beijos, uns são audaciosos, libidinosos, mais gostososque o próprio ato de amor. Outros quentes, pecaminosos, deliciososimitando um vulcão. Ardor.Ainda, há os tímidos, primaveris, com sensualidade tênue, quase a morderos lábios,no trincar de dentes. Os respeitosos, agradecidos, singelos,de coração. Há também os frios, indiferentes... há... mas, estes não são poemas, são espinhos, que só ferem a quem dá.

Querer-te



É desejar alcançar o arco írissentar numa nuvem macia e flutuartocar as estrelas e beijá-lasou deitar numa onda e velejarÉ tentar despertar a luaque repousa serena durante o diaapagar a luz do sol com um soprobeijar o vento que me acariciaQuerer-te é viver fora do tempoesquecer todas as dores do mundoter o universo em meus braçose segurar a felicidade com as mãosQuerer-tedesejar-teé ignorar a vidae viver de sonhos.







.


Célia Jardim

Utopia

Eu escalaria as montanhas mais altas,Correria pelos campos, atravessaria os mares,Voaria sobre os abismos como uma Harpia,Para encontrar uma pessoa incapaz.Incapaz de julgar, de apontar o dedo,Incapaz de ser mesquinha e egoísta,Incapaz de não valorizar o que temos,Mas capaz de valorizar quem somos.Eu rastejaria pelos esgotos,Escalaria os muros das cidades,Desbravaria becos imundos,Para encontrar uma pessoa incapaz.Incapaz de não compartilhar sentimentos,Incapaz de não ver o brilho de um olhar apaixonado, Incapaz de não se emocionar com a poesia da canção,Mas capaz de acreditar que "Não há Vida Sem o Amor".
.
(Marcelo Gali)

Um amor de verdade


Uma garota perguntou a um garoto se ele achava ela bonita,e ele disse:NÃO!.......


Ela perguntou se ele queria ficar comela para sempre,e ele disse:NÃO!..


Então ela perguntou a ele se ele iria chorar se ela fosse embora,e mais uma vez, ele respondeu com um NÃO.


Ela já tinha ouvido de mais...


Assim q ela estava indo embora,lágrimas cairam da sua face e o rapaz agarrou seu braço e disse:


Vc não é bonita..vc é linda!..


Eu não quero ficar com vc pra sempre..


Eu preciso ficar com vc pra sempre!..


E eu não iria chorar se vc fosse embora..eu morreria!!.

Um minuto


Um minuto serve para você ver o caminho, olhar a flor,sentir o cheiro da flor,sentir a grama molhada,notar a transparência da água.Um minuto serve para você ouvir o silêncio,ou começar uma canção. É num minuto que você dará o sim que modifi-cará sua vida...e basta.Basta um minuto para você apertar a mão de alguém e conquistar um novo amigo.Quanta vitória se decide num simples momento, num simples minuto! Num minuto você pode amar, buscar,compartilhar,perdoar, esperar,crer,vencer e ser... Num simples minuto,você pode salvar a sua vida.Basta um minuto,para você recomeçar.Basta um minuto,de atenção para você fazer feliz alguém. Basta um minuto,para você entender que a eterni-dade é feita de minutos.

Prefiro os loucos



Prefiro os loucos!São mais honestos consigo e com os outros,São mais felizes não importa onde ou porque,São astutos, destemidos, imprudentes, afinal são loucos,Prefiro os loucos!São mais positivos que os intelectuais,São espontâneos sem serem descarados,São sem complexos sem serem despudorados,Prefiro os loucos!Porque acho que me incluo no meio deles,Porque não posso avaliar se meus atos são ousadia ou loucura,Porque não tenho a preocupação de me entender para me explicar,Mesmo porque quem busca se explicar já esta ficando meio louco,Prefiro os loucos!Porque talvez eu tenha aprendido a pensar com a cabeça deles e hoje também eu tenha uma delas,Porque como os loucos sou capaz de amar sem interrogar, sem perder, apenas dando de mim o suficiente pra dois,Porque creio que quem passou a vida inteira lúcido, viu a vida da vidraça e vai ficar louco da vida no fim dela!

Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhose o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpodoeu-me onde antes os teus dedos foram avesde verão e a tua boca deixou um rasto de canções.No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minhacamisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coraçãoque era o resto da vida - como um peixe respirana rede mais exausta. Nem mesmo à despedidaforam os gestos contundentes: tudo o que vem de tié um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcaraum vale nos cobertores e o meu corpo era de novoum trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgotaas forças, são frios os batentes nas portas da manhã.

Quando há dependência não há maturidade nem amor, há necessidade. Usa-se o outro, o que é desamoroso. Ninguém gosta de ser dependente, porque a dependência mata a liberdade. Os homens sempre querem mulheres que sejam "menos" do que eles. A maturidade vem com o amor e acaba com a necessidade. Amor é luxo, abundância. É ter tantas canções no coração, que é preciso cantá-las, não importando se há quem ouça. Quando somosautênticos, temos a aura do amor. Quando não, pedimos amor aos outros. Quem se apaixona não tem amor e, assim, não pode dar. Quem é maduro não cai de amor, mas se eleva nele. Duas pessoas maduras que se amam, ajudam-se a se tornarem mais livres. Liberdade, moksha, é um valor mais elevado que o amor.Por isso é que o amor não vale a pena se a destruir.Amor e Liberdade

Quando as lágrimas chegarem...


Quando as lágrimas chegarem aos seus olhos deixe-as cair, rolarem pela sua face porque é sua alma que precisa aliviar...Se por acaso as lágrimas verterem tanto e tanto não permitindo você enxergar através delas, enxugue-as carinhosamente, procure o sol do outro lado porque nunca você vai estar sozinho...A bonança sempre vem após as tempestades...Tenha muita fé...Acredite que você é único, especial e imagem e semelhança de Deus...Que todos somos irmãos e que o mundo é uma grandeFraternidade...Os desafios que enfrentamos servem para nosso crescimento e, amadurecimento...Nunca reclame da sua cruz...Você a escolheu...Mas, tenha esperança que Deus o ajudará a carregá-la...Assuma sua responsabilidadediante da vida...Ninguém é culpado do seu sucesso!Porque seria das suas frustrações?Você nunca vai estar sozinhoDeus sempre estará a postos para amenizar o seu frio, para apoiá-lo quando chorar...Procure a sua força interiorEla é sua! Nenhuma falência pode roubá-la!Você sempre terá um lar nos braços de Deus, mesmo quando a chuva atingir o seu coração;Mesmo quando sentir frio, cansaço e solidão...Mesmo se o mundo escurecer...Se a dor e o medo o atacarem...Basta fechar os olhos e, com o coração enxergar...Assim você se abençoará!


domingo, 16 de setembro de 2007

A reforma da língua portuguesa


A reforma da língua portuguesa
‘‘Micro-ondas’’, ‘‘enjoo’’, ‘‘contrarregra’’, ‘‘assembleia’’. Grafias hoje consideradas erradas e que rendem pontos a menos nas provas de gramática serão incorporadas, oficialmente, ao português. Embora ainda não tenha sido introduzido na prática, entrou em vigor este ano o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, firmado em 1990 entre os oito países que falam o idioma. As mudanças, que visam unificar as regras da ortografia, deverão começar a valer, no Brasil, a partir do ano que vem. Sexta-feira, a Comissão para Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip), da Secretaria de Educação Superior (SESU-MEC), esteve reunida para discutir a implantação do acordo.Não se trata de uma reforma, como a de 1971, quando, entre outras alterações, deixou-se de escrever ‘‘êles’’, ‘‘saüdar’’ e ‘‘govêrno’’. Ao contrário do que algumas pessoas têm alardeado, as alterações não serão drásticas. O educador e escritor Gabriel Chalita estima que, no Brasil, apenas 2% dos 228 mil verbetes do dicionário sofrerão modificações. ‘‘Na verdade, é uma cosmética na língua. Uma minilipo para deixar o português um pouco mais magro’’, define a lingüista e lexicóloga Enilde Faulstisch, professora de história da língua portuguesa da Universidade de Brasília (UnB).Mesmo assim, ela reconhece, algumas novas regras deverão dar dor de cabeça aos que já estão mais do que acostumados a lidar com hífen, trema e acentos diferenciais. ‘‘O que vai dar mais trabalho é o hífen’’, aposta. O acordo prevê a retirada do hífen de algumas palavras e a inclusão em outras. Por exemplo: microondas passa a ser dividido porque o prefixo (micro) termina com a mesma vogal com a qual se inicia o segundo elemento (ondas). Em Portugal, já se escreve dessa forma. Por outro lado, o hífen será eliminado em palavras com consoantes dobradas, como contra-regra, que vira contrarregra e anti-semita, que passa para antissemita.Enilde estima que serão necessários 10 anos para que uma nova geração de alfabetizados tenha domínio sobre as novas regras. E acredita que a mudança na pronúncia de algumas palavras é uma questão de tempo. ‘‘As vogais idênticas, como na palavra enjôo, serão fundidas e as pessoas vão acabar falando enjo’’, suspeita. No caso do trema, a professora avalia que a pronúncia do gui em palavras como lingüiça serão faladas com o som das palavras ‘‘guilherme’’ e ‘‘guilhotina’’.ObsolescênciaA morte do trema é comemorada pelo educador e escritor Gabriel Chalita. ‘‘O trema é uma excrescência que vários escritores já haviam abolido. Uma rebeldia que Monteiro Lobato já praticava contra os gramáticos, no início do século 20’’, aponta. ‘‘Grosso modo, o trema não passa de dois pingos em cima do u’’, concorda Enilde Faulstisch.Para o gramático e professor de português Ernani Pimentel, o acordo é um avanço para a modernização da língua, mas insuficiente para simplificar regras de difícil assimilação. ‘‘No capítulo da ortografia, tudo precisa ser reformulado. Não existem parâmetros coerentes, o estudante acaba tendo de decorar, o que está errado’’, observa. ‘‘O importante seria pensar numa reforma abrangente em termos fonéticos, simplificando o alfabeto e eliminando algumas maluquices da língua.’’ Ele sugere a criação de um conselho composto de professores, integrantes da Academia Brasileira de Letras e representantes de universidades para estudar uma verdadeira reforma do idioma. ‘‘Embora a gramática descritiva da língua portuguesa acompanhe bastante bem a dinâmica e a evolução da língua, nossa gramática normativa é lenta. A última reforma de vulto, na língua portuguesa, foi realizada em 1971. É muito tempo para uma língua jovem como a nossa, que tem menos de mil anos de existência e, ao mesmo tempo, é tão influenciada pelas novas tecnologias, pela globalização e pela célere mudança de hábitos’’, concorda Chalita. ‘‘Começamos bem, simplificando o uso em alguns casos. Mas ainda há muito que simplificar’’, defende. Professor de português há 22 anos e autor de 15 livros sobre o tema, incluindo uma gramática, Felix Filemon de Moraes ressalta que os principais erros cometidos por alunos relaciona-se ao emprego das letras. ‘‘Acompanho muitos estudantes que prestam concursos e são reprovados nas redações por erros elementares. Deixam de passar por causa de um cedilha. Não culpo o falante. A língua portuguesa realmente é muito difícil’’, reconhece.Filemon mostra exemplos da complicada língua portuguesa ao citar o caso da grafia da letra x, que tem quatro sons distintos: cê (como em sintaxe), zê (como em exame), xis (como em enxame) e qc (como em fixo). O mesmo ocorre com o z, que também tem som de s. ‘‘Isso tudo confunde muito. A unificação da escrita deveria ocorrer de acordo com a pronúncia’’, aponta. DificuldadesApesar de Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já terem ratificado as novas normas, o que, na teoria, possibilita a imediata adoção do acordo, Portugal, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste ainda não o fizeram. A grande resistência vem de Portugal, que não vê com bons olhos as mudanças, que atingirão 1,6% do vocabulário luso. ‘‘Com todo o respeito que devemos a Portugal e aos portugueses, a simplificação da língua é uma exigência da vida moderna. Além disso, somos 180 milhões de falantes, enquanto Portugal representa pouco mais de 5% desse volume’’, argumenta Chalita. Segundo a lingüista Enilde Faulstisch, os dois países batem cabeça em relação à padronização do idioma desde o século 19, 300 anos depois do aparecimento do português como idioma. ‘‘É uma questão de estrutura secular, que vai mexer com todo mundo. Mas ninguém é dono da língua’’, lembra.

.

Diário de Natal -RN - 16/09/2007


PERFEIÇÃO- RENATO RUSSO

Pe.LÉO

SECRET

Material Girl

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Distância sentimental - GUIMARÃES ROSA


Mesmo ao sonhar contigo,só consigo que me ames noutro sonho dentro do meu sonho primitivo...

JOÃO GUIMARÃES ROSA


Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago.


(Grande Sertão:Veredas)

HONESTIDADE NÃO TEM PREÇO



A história é comovente. Fala de uma honestidade a toda prova e é contada por Vladimir, um jovem prisioneiro de um campo de concentração no nordeste da Sibéria. Ele tinha um companheiro de prisão chamado André.Ambos sabiam que daquele lugar poucos saíam com vida, pois os alimentos que os prisioneiros recebiam não os manteriam vivos por muito tempo. A taxa de mortalidade era extremamente alta, por causa do regime de fome e dos trabalhos forçados. E como é natural, os prisioneiros em sua maioria, roubavam tudo quanto lhes caia na mão.Vladimir tinha, em uma pequena caixa, alguns biscoitos, um pouco de manteiga e açúcar, coisas que sua mãe lhe havia mandado clandestinamente, de quase três mil quilômetros de distância. Guardava aqueles alimentos para quando a fome se tornasse insuportável. E como a caixa não tinha chave, ele a levava sempre consigo. Certo dia, ele foi designado para um trabalho temporário em outro campo. E, como não sabia o que fazer com a caixa, André lhe disse:- Deixe comigo, que eu a guardo. Pode estar certo de que ficará em segurança comigo. No dia seguinte da sua partida, uma tempestade de neve que durou três dias tornou intransitáveis todos os caminhos, impossibilitando o transporte de provisões. O jovem sabia que no campo de concentração em que ficara André, as coisas deviam estar muito difíceis. Dez dias depois, as estradas foram reabertas e o jovem retornou ao campo. Chegou a noite, quando todos já haviam voltado do trabalho, menos André que não estava entre os demais. Dirigiu-se ao capataz e lhe perguntou:- Onde esta André?-Enterrado em uma cova enorme junto com outros tantos prisioneiros – respondeu ele. Mas antes de morrer pediu-me que guardasse isto para você.Vladimir sentiu um forte aperto no coração. Nem minha manteiga nem os biscoitos puderam salvá-lo, pensou. Abriu a caixa e dentro dela ao lado dos alimentos intactos, encontrou um bilhete dizendo:“Prezado Vladimir. Escrevo enquanto ainda posso mexer as mãos. Não sei se viverei até você voltar, porque estou horrivelmente debilitado. Se eu morrer, avise a minha mulher e meus filhos. Você sabe o endereço. Deixo as suas coisas com o capataz. Espero que as receba intactas. André.”Moral da História: Jesus sempre age em nossa vida com todo amor que está em Seu Coração. Como somente Ele sabe o que é melhor para nós, devemos sem duvidar, confiar em sua misericórdia.

O MENINO E AS FLORES



Certo dia correndo no transito da rua, trombei com um estranho e disse-lhe:- Oh, me desculpe por favor!E ele disse:- Ah, desculpe-me também, eu simplesmente nem te vi!Nós fomos muito educados um com o outro. Então, nos despedimos e cada um foi pro seu lado.Mais tarde naquele mesmo dia eu estava fazendo o jantar e meu filho parou do meu lado tão em silêncio que eu nem percebi. Quando eu me virei, Eu lhe dei uma bronca. "Saia do meu caminho garoto!" E eu disse aquilo com certa braveza, e ele foi embora, certamente com seu pequeno coração partido..Eu nem imaginava como havia sido rude com ele.Quando eu fui me deitar, eu podia ouvir a voz calma e doce de Deus me dizendo:"Quando falava com um estranho, quanta cortesia você usou! Mas com seu filho, a criança que você ama, você nem sequer se preocupou com isso!Olhe no chão da cozinha, você verá algumas flores perto da porta..Aquelas são flores que ele trouxe pra você. Ele mesmo as pegou, a cor-de-rosa, a amarela e a azul. Ele ficou quietinho para não estragar a surpresa, e você nem viu as lágrimas nos olhos dele".Nesse momento, eu me senti muito pequena e agora, o meu coração eraquem derramava lágrimas.Então eu fui até a cama dele e ajoelhei ao seu lado."Acorde filhinho, acorde. Estas são as flores que você pegou pra mim?"Ele sorriu, "Eu as encontrei embaixo da árvore. Eu as peguei porque as achei tão bonitas como você!. Eu sabia que você iria gostar, especialmente da azul"Eu disse, "filho, eu sinto muito pela maneira como agi hoje.Eu não devia ter gritado com você daquela maneira."E ele disse. "Ah mamãe, não tem problema, eu te amo mesmo assim!!"Eu disse: "Filho, eu também te amo. E eu adorei as flores, especialmente a azul."

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

MARA GABRILLI



Em agosto de 1994, morava sozinha em São Paulo, trabalhava com publicidade, onde comercializava espaço único de painel de definição que havia em São Paulo e também fazia projetos para implantação de novos painéis cuidando de toda parte comercial e tecnológica. Estava num momento de bastante ascensão profissional.
Fui então passar um fim de semana na praia com o Paulo, que era meu namorado, e o Henrique que era e continua sendo meu maior amigo, em todos os sentidos. Saímos um pouco sem rumo, no dia 20 de agosto e fomos até Parati onde passamos a noite. No dia anterior houve a festa da pinga e no seguinte passamos o dia na praia de Trindade, que é super agradável.
Estava muito triste, haviam muitas coisas na minha vida que estavam me deixando bastante confusa, principalmente o meu relacionamento com o Paulo. Na manhã desse dia 21 eu acordei antes dos dois na pousada e lembro que pedi muito forte para Deus, olhando para sol, que eu queria mudar o rumo da minha vida por que as coisas não andavam muito agradáveis.
Saímos de Paraty umas 8 horas da noite em direção à serra de Taubaté e quando estávamos subindo a serra, ele estava correndo um pouquinho a mais do que deveria naquela estrada e fiquei até com um pouco de medo. Então o Paulo, que estava dirigindo, perdeu o controle do carro e ele caiu a uns 15 metros, capotando numa curva nessa serra que chama "curva da morte".
Os dois conseguiram sair do carro. O Paulo não tinha nenhum ferimento e o Henrique tinha machucado o joelho e eu não consegui sair, fiquei presa e no momento não dava para saber se eu estava paralisada mas senti uma impossibilidade de sair pois o espaço era pequeno. Eu me lembro que ainda levantava um pouco os braços e só conseguir erguer do cotovelo para cima, a parte debaixo não conseguia e eu até achei que tinha quebrado os braços, não me dei conta do que estava rolando.
Fiquei duas horas e meia, ali num pântano deitada e sentia o efeito do reflexo da lua na água e que tudo era úmido ali. O Paulo ficou segurando a minha cabeça e cada vez que respirava eu gritava de dor. Eu nunca tinha sentido uma dor tão grande quanto essa dor que eu senti no pescoço e eu não deixei ninguém me tocar. Só relaxei na hora que chegou um cara de roupa laranja dizendo que era do corpo de bombeiros e que iriam serrar o carro procurando me deixar totalmente imobilizada. Nessa hora eu apaguei, eu desmaiei do tipo "eu não precisava mais tomar conta de mim" e então me lembro de uns flashes de eu indo para o Hospital de Taubaté de São Luiz do Paraitinga na verdade. Isso foi num domingo à noite, dia 21 de agosto e no dia seguinte ao meio dia fui transferida para o Hospital Israelita Albert Einstein de helicóptero.
Eu quebrei a quarta e a quinta vértebras cervicais e tive também uma lesão medular na altura da terceira vértebra. Fiquei 22 dias na UTI, respirando por aparelhos sem saber se eu conseguiria sair ou não, pois demorou um tempo para que meu diafragma começar a reagir, começar a tomar conta da situação. Depois de três dias do acidente eu fiquei numa tração, onde você fica deitado na horizontal com pesos na cabeça para o pescoço voltar ao lugar, mas no meu pescoço havia muitos fragmentos de ossos que estavam machucando. Com a lesão na medula então era extremamente necessária a cirurgia e então fizeram uma artrodese para tirar um pouco de osso da bacia e esculpir uma nova vértebra. Tudo isso foi feito em três dias depois do acidente, no dia 24 de agosto e desde então eu nunca parei de melhorar. Eu tive muita sorte por que há muito pouco tempo havia sido lançado um medicamento, um corticóide chamado Metilpredinissolone que evitava uma segunda leva de morte neurológica, que seria como se fosse um suicídio coletivo de neurônios e que acaba levando a uma situação chamada de "apoptose" que na verdade seria uma complicação então pois com o choque mecânico inicial da pancada que já mata ovários, várias células nervosas e depois uma cadeia de morte que vem acontecendo causando uma transformação que ocorreu no tecido nervoso. Esse corticóide inibe a continuação dessa morte neurológica e o que faz uma grande diferença em um ou dois níveis de lesão.
Eu tive muita sorte de ter um neurocirurgião de plantão no hospital que conhecia esse Metilpredinissolone e que provavelmente fez muita diferença na minha vida. Pode ser que se não tivesse sido ministrado esse corticóide nas primeiras oito horas, eu tivesse hoje que respirar com a ajuda de aparelhos o que faz muita diferença pois você não precisa estar conectado a uma parede e têm a liberdade de ir e vir sem se preocupar com a respiração.
Foram 22 dias de UTI e no total foram dois meses no Einstein. Quando eu consegui ter uma respiração totalmente auto-suficiente, me colocaram no avião direto do hospital para o aeroporto em direção a um centro de reabilitação em Boston, ficando lá uma semana. Era muito ruim ser tratada como uma pessoa que não tem mais jeito, que não precisa de tanta higiene e assim no primeiro momento eu quase entrei em depressão. Meu irmão então foi conhecer um outro centro e fizeram a minha transferência para o Centro de Reabilitação Hamervill Reabiliton Centre, em Pittisburg, esse realmente foi muito bom para mim. Fiquei mais uns dois meses lá e minha mãe e meu irmão ficaram junto comigo. Meu pai também foi para lá para me ver.
No total foram quatro meses de internação e então voltei chegando em São Paulo no dia 24 de dezembro. Eu me lembro que foram os dias mais difíceis de minha vida pois eu não voltei para minha casa, voltei para casa de uma amiga que cedeu a casa por que na minha casa ia ser muito difícil a locomoção com cadeira de rodas, e no meu apartamento que era duplex, eu não tinha como subir e descer as escadas. Meus pais estavam reformando uma casa que não estava pronta e então nesse ínterim nós ficamos na casa dessa amiga.
Cheguei há uma situação que era totalmente nova para mim, um outro corpo, um corpo que estava paralisado do pescoço para baixo e dependia 100% da ajuda de alguém para qualquer atividade, numa casa que eu não conhecia, voltando a morar com meus pais que eu já não estava mais acostumada e assim como se estivesse mudado de planeta. Essa falta de referenciais foi muito dura, foi muito complicado na noite de Natal que sensibiliza mais ainda, esse dia foi um dos dias mais difíceis da minha vida. Fui então me acostumando, graças a Deus, pois eu sempre tive um time muito rápido para uma adaptação nas novas situações.
A partir daí eu fiz muita fisioterapia numa clínica americana e continuo aqui nesse ritmo. A cada dia fui evoluindo e foi muito importante para mim, contar num primeiro momento com a ajuda de meu irmão, minha mãe e o meu pai. Aos poucos eu fui assumindo o meu próprio tratamento e a minha vida por que eu fui colocando muita criatividade em cima do meu dia-a-dia, então o tratamento com a minha fisioterapia foi ficando cada vez mais gostoso pois foi ficando com a minha cara, com meu jeito e meu corpo foi acompanhando.
No início fiquei muito magra, muito ossudinha, muito pouco tono muscular, percebi então que eu ia ter muito trabalho para readquirir um corpo mais tonificado, mais saudável e menos frágil, mas em nenhum momento eu duvidei que isto pudesse acontecer e venho trabalhando e continuo trabalhando muito para melhorar e ganhar mais possibilidades com o meu corpo. Quanto mais possibilidades eu ganho, mais ele me oferece e agradece por ter feito um bom trabalho, com muito tesão, o corpo percebe a diferença.

domingo, 9 de setembro de 2007

São Paulo: 452 anos de história


O território era ideal quando a questão era proteção contra os ataques indígenas. Uma colina alta e plana, cercada por dois grandes rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú. Os únicos problemas da região eram a distância do litoral, o isolamento comercial e o solo infértil, que impossibilitavam o desenvolvimento de grandes produções agrícolas, colocando a vila em segundo plano durante o período colonial. Por este motivo, a cidade se limitou ao que chamamos hoje de Centro Velho. Neste perímetro, se reuniam o comércio, a rede bancária e os principais serviços de São Paulo. Naquela época, a cidade era também uma espécie de quartel-general para expedições conhecidas por “bandeiras”, cujo principal objetivo era sair em direção ao interior do país em busca de pedras e metais preciosos. Apesar de tal atividade não ter contribuído para o crescimento econômico da cidade, ela foi a responsável pela expansão do território nacional, bem como pela exterminação de grande parte dos índios que habitavam o Brasil. As áreas urbanas, porém, só começaram a se expandir com a abertura de duas novas ruas, a Líbero Badaró e a Florêncio de Abreu. Em 1825, foi criado o primeiro jardim público de São Paulo – o atual jardim da Luz – fator que indica, desde sua formação, a preocupação com o embelezamento da cidade. Com a independência do Brasil, no início do século XIX, São Paulo tornou-se a capital da província e sede de uma academia de Direito, onde era realizado um grande número de atividades intelectuais e políticas. No final deste mesmo século, a cidade passou por importantes transformações econômicas e sociais, como conseqüência da expansão cafeeira por diversas regiões paulistas, da construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí e do grande contingente de europeus que imigravam para São Paulo. Neste momento, devido ao aumento populacional, foram implantados na cidade os primeiros bondes, os reservatórios de água e a iluminação a gás. A cidade passou então, a ser visivelmente dividida. A Lapa e o Brás tornaram-se bairros tipicamente operários, decorrente das instalações de indústrias próximas à estrada de ferro inglesa. A região do Bexiga foi ocupada, principalmente, por imigrantes italianos e a Avenida Paulista e ruas adjacentes, por sua localização mais elevada e pela formosa arborização, tornaram-se a região mais procurada para a construção dos palacetes dos barões do café. Aliás, os projetos urbanísticos mais importantes do final do século XIX foram as construções da Avenida Paulista, em 1891, e do Viaduto do Chá, em 1892, que promoveu a ligação entre o centro velho e a cidade nova – formada pela rua Barão de Itapetininga e avenidas próximas. Logo, em 1902, foi construída a estação Railway, a famosa Estação da Luz. Através das manifestações econômicas, culturais e artísticas, o século XX chegou como sinônimo de progresso. A riqueza advinda do café trouxe modernidade à tristonha e tímida São Paulo. A partir daí, o constante crescimento foi inevitável. Com a crise do café a cidade viu-se obrigada a investir em atividades mais lucrativas. Foi neste momento que as grandes indústrias ganharam espaço no cenário paulista. Nesta época a cidade adquiriu uma nova cara, marcada por trens, bondes, eletricidade, telefone, automóvel, velocidade. São Paulo cresceu, agigantou-se e recebeu muitos melhoramentos urbanos como calçamento, praças, viadutos, parques e os primeiros arranha-céus. As vitrines da cidade passaram a exibir peças da moda européia e nos bares e cafés, intelectuais das mais diversas áreas discutiam arte, política e economia, revelando as profundas influências da sociedade francesa no projeto de modernidade brasileiro. Em 1911, São Paulo ganhou seu primeiro teatro. O Teatro Municipal – projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo –é, até hoje, uma das mais importantes construções da cidade, que serviu de palco para as mais belas apresentações artísticas da época que entretinham a elite paulistana. Apesar da construção em moldes tipicamente europeus, foi no palco do Teatro Municipal que a cidade de São Paulo e todo o Brasil viram surgir o maior movimento artístico nacionalista de que se tem notícia. Em 1922, Mário e Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti Del Picchia, Graça Aranha, entre outros, realizaram a “Semana de Arte Moderna” que visava, entre outras coisas, mostrar ao país uma nova concepção do fazer e compreender a arte, a fim de atualizar culturalmente o Brasil, colocando-o ao lado daque1es países que já tinham adquirido sua independência no campo da idéias, da literatura, das artes plásticas e da música. Tal movimento lançou luzes, principalmente, à valorização da arte e das características brasileiras, como raiz para todo o trabalho artístico nacional. Porém, a “belle èpoque” paulista se findou quando a cidade foi cenário de uma das mais violentas revoltas do país. A revolução de 1932 transformou São Paulo em um campo de batalha. Mesmo com um período de amadurecimento cultural, no campo político, as divergências entre o governo federal, a elite econômica e representantes dos setores agro-exportadores aumentavam cada vez mais. Na década de 40, porém, a cidade foi marcada por uma intervenção urbanística, realizada durante o mandato do prefeito Prestes Maia, que colocou em prática o seu “Planos de Avenidas”, com amplo investimento no sistema viário. Nos anos seguintes, o objetivo foi abrir caminho para os automóveis, a fim de sanar as necessidades da indústria automobilística, que se instalou na cidade em 1956. Em 1954, São Paulo comemorou o quadricentenário de sua fundação com diversas atividades. Este ano foi marcado pela inauguração do mais famoso parque ecológico da cidade: o Parque do Ibirapuera, que trouxe em seu interior diversos prédios projetados pelo arquiteto Oscar Niemayer. A partir da década de 1950, as indústrias começaram a se transferir para outros municípios da região metropolitana, como ABCD paulista, Osasco, Guarulhos e Santo Amaro,e também para cidades do interior do estado como Campinas, São José dos Campos e Sorocaba. O que se vê a partir de então, é uma cidade que concentra em seu interior atividades relacionadas à prestação de serviços e aos centros empresariais de comércio (shoppings centers, hipermercados, etc.). Atualmente, a cidade de São Paulo é a maior cidade da América Latina, destacando-se por ser um grande centro de produção e por possuir um enorme mercado consumidor, bem como por sua infra-estrutura. É, ao mesmo tempo, a cidade mais rica do sul do continente e uma das que apresentam as maiores disparidades econômicas. É considerada a segunda melhor cidade para a realização de negócios e possui reconhecimento internacional quando o assunto é modernidade, entretenimento, lazer e cultura, podendo ser comparada a cidades como Paris e Nova Iorque. Uma cidade marcada pela diversidade e pelo contraste. Uma São Paulo que possui suas várias faces descritas minuciosamente em obras como “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida ou “Brás, Bexiga e Barra Funda”, de Alcântara Machado, entre outras. Uma cidade imortalizada em versos pelos mais importantes poetas brasileiros, como Mário de Andrade, Menotti Del Picchia que, em seu poema “São Paulo”, canta “a cidade das neblinas e dos viadutos”. Parabéns São Paulo, pelos seus 452 anos!

.

GABRIEL CHALITA

PALLESTRA -GABRIEL CHALITA - III CONGRESSO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO


http://www.webcaster.com.br/login.aspx?CodLiveWebCast=3043&Aberto=true

Mensagem- Pe. SILVIO ANDREI



Deus nos deus e nos dá muitos dons e talentos; virtudes e graças. De todos os presentes que recebemos de Deus, gosto de destacar três. A vida, a fé e a liberdade. A vida é início de tudo, é o sopro do início de uma história. Cada um recebe a vida, como verdadeiro fruto do Amor de Deus. Depois da vida vem a fé. A fé nos liga ao Divino, ao Eterno. A fé faz toda diferença na vida da gente. Pois, pela fé, a gente enfrenta os “dragões” e “Golias” que aparecem no decorrer da nossa vida. Depois da vida e da fé, vem a liberdade. Como é bom ser livre. A fé em Jesus, nos torna servos e livres. A vida tem mais gosto e sentido, quando a gente vive à luz da fé. A vida bem vivida, a fé bem praticada e a liberdade bem entendida nos torna FILHOS DA LUZ! Os filhos da Luz, conseguem ser iluminados e ao mesmo tempo iluminam a vida dos outros e até mesmo do mundo. Como filhos da Luz precisamos mais do que nunca ocuparmos todos os espaços possíveis e imagináveis para anunciarmos a Boa Nova de Jesus Cristo que muda a vida da gente e a dos outros também. É por isso que estamos aqui no mundo “on line”, na comunicação “virtual”, com o desejo de tornar Cristo Real em nossas vidas. Que bom podermos nos encontrar aqui. E aqui criarmos juntos um “espaço sagrado”, onde vamos nos juntando e nos ajudando, sabendo que juntos somos mais e juntos podemos fazer muito mais. Vamos falar mais. Vamos nos comunicar mais. Vamos falar mais de Cristo. Vamos mostrar a nossa identidade de filhos da Luz; de católicos felizes. Assim, vamos irradiando uma nova cultura, ou seja, a alegria de sermos membros da Igreja Católica Apostólica Romana. Vamos ser filhos da Luz a todo instante e em todos os lugares. Com este blog, desejo ajudar, mesmo que pareça algo tão pequeno, a Igreja a continuar sua missão de ir pelo mundo todo anunciando a Palavra de Deus. Madre Tereza de Calcutá, dizia: “o que a gente faz é uma gota no Oceano. Mas, precisamos fazer, para que o Oceano seja completo”. Quero também oferecer a minha gota neste grande Oceano de Evangelização. Que Deus abençoe a todos, sob o olhar de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos e de São Vicente Pallotti. E que com a bênção de Deus, usemos bem a nossa liberdade. Sobretudo, para que consigamos optar em ser FILHOS DA LUZ!!!
.
Padre Silvio Andrei, SAC

POIS É

A verdade pode durar uma vida inteira, perseguir uma mulher madura, assaltada de lembranças provocadas por uma amiga que mexe com uma varinha "o fundo lodoso da memória". E, de repente, a avó percebe uma convulsão na sua realidade, porque de repente outra verdade se sobrepõe. Explica. Reduz. E ao mesmo tempo amplia. Pois é. A verdade, em Lygia Fagundes Telles, é tão crua quanto esclarecedora. O que está em seus contos é a vida, sua própria e de outros, tão real e tátil como o chão áspero de cimento.

Reli, com assombro renovado, seu Papoulas em feltro negro, que ela incluiu no livro "Meus contos preferidos". Em onze páginas, Lygia roteiriza, organiza, sumariza, romantiza, anarquiza e enfim suaviza e cicatriza uma vida inteira.
Ojeriza.
Fuga.
Medo.
Ansiedade.
Mentira.
Não foi sem intenção que a narrativa das memórias suscitadas por um telefonema se concentre na latrina do colégio. Era o ponto da tangência. O ponto da fuga. A casinha fedorenta era melhor do que a sala de aula, com aquela presença esmagadora, opressora da professora castradora. Mentira! Tão bem dissimulada que pareceu verdade, por cinqüenta anos. E a verdade, um dia, lhe atinge a face como a aba de um chapéu de feltro, ornado de papoulas desmaiadas.
A memória é sinestésica. E os elementos formais estão ali, polvilhados no conto de Lygia, a declarar a ação dos sentidos. O tato da memória traz a aspereza do giz, o suor das mãos, o pé que esfrega a mancha queimada de cigarro no tapete. A audição da memória pede que se repita a Valsa dos Patinadores, como se repetiu a lembrança pela voz da companheira sessenta e oito, da escola primária. Mas o cheiro da memória remete, primeiro, a urina. A latrina escura. E eis a visão da memória a denunciar a obliteração. Negro quadro-negro. Trança negra. Saia negra. Feltro negro.
No meio do negrume, o sol reflete o seu fulgor majestoso na vidraça. É o esplendor do flagrante descobrimento. "O sol incendiava os vidros e ainda assim adivinhei em meio do fogaréu da vidraça a sombra cravada em mim." Dissimulação - mesmo em meio a tanta luz, há uma sombra. É uma sombra que persegue a personagem até o reencontro com a professora. Sombra, por definição, é uma imagem sem contornos nítidos, sem clareza. Como a professora, morta-viva, "invadindo os outros, todos transparentes, meu Deus!" E Deus, que sombra é esta a que chamamos Deus?
Pois é. Neste conto de Lygia, o gosto da memória, ou a memória do gosto, está ausente. Não se manifesta o sabor. Por que não se manifestou o saber, é por isso?

O conto é partícula de vida. É meio primo da História. Mais do que eventos, registra caráter, caracteres, costumes, clima, ambiente, formas, cores, preferências, gostos. O conto é uma das modalidades da história feita arquivo. Por isso conto, contas, contamos. O conto oral é o livro em potência, a história em potência. Ambos pertencem a quem os usa, e a quem de seus exemplos faz uso.

A escola deve ensinar a ler. Mas também deve ensinar a ouvir. Por isso, também na escola, que é um complemento da família, é preciso haver quem conte histórias. Como Lygia, que nos faz lembrar que é preciso haver a lembrança de uma infância vivida, o acalanto de uma voz querida, contando histórias, ilustrando a vida.

Lygia é de uma franqueza pontiaguda.

Este conto, em especial, é uma escancarada confissão de humanidade. A personagem é Lygia, ou qualquer um de nós. A personagem é frágil. Conquanto pensasse, a vida inteira, que era forte. Imaginava-se executora. Conquanto pensasse, a vida inteira, que era executada. Humana, enfim. Eis a verdade. Eis Lygia. Pois é.

(artigo publicado no Jornal das Letras, edição de julho de 2007)

PENSAMENTOS