"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

Translate - Tradurre - Übersetzen - Çevirmen - переводчик -

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

'FALAR NÃO, NÃO É DEIXAR DE AMAR'

O que pode criar um monstro?
O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por… Nada?
Será que é índole?
Talvez, a mídia?
A influência da televisão?
A situação social da violência?
Traumas?
Raiva contida?
Deficiência social ou mental?
Permissividade da sociedade?
O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por ma is de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes?
O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'.
A garota disse não, não quero mais falar com você.
E o> garoto, dizendo que ama, não aceitou um não.
Seu desejo era mais importante.
Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados.
Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único.
Faltaram muitos outros nãos nessa história toda.
Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos
NÃO> podia namorar um rapaz de 19.
Faltou uma outra mãe dizer que
NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de> orelha.
Faltou outros pais dizerem que
NÃO iriam atender ao pedi do de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida.
Faltou a polícia dizer
NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá.
Faltou o governo dizer
NÃO ao sensacionalismo da imprensa> em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram.
Simples assim. NÃO.
Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi> punida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de> nãos.
Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer não às esposas ).
Pessoas têm medo de dizer não aos amigos.
Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos.
E assim são criados alguns monstros.
Talvez alguns não cheguem a sequestrar pessoas.
Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco.
Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal.
Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'.
E não é raro eu ver alguns tomando tapas de> bebês com 1 ou 2 anos.
Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e> festas de aniversário faraônicas para suas crias.
Sem> falar nos adolescentes.
Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não, você não pode bater no seu amiguinho.
Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos.
Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a> lei.
Não, você não vai passar a madrugada na rua.
Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação.
Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não> fizer 18 anos.
Não, essas pessoas não são companhias pra você.
Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate.
Não, aqui não é lugar para você ficar.
Não, você não vai faltar na escola sem estar doente.
Não, essa conversa não é pra você se meter.
Não, com isto você não vai brincar.
Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no> parque.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles.
E aí, no primeiro não que a vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam.
Usam drogas.
Compram armas.
Transam sem camisinha.
Batem em professores.
Furam o pneu do carro do chefe.
Chutam mendigos e prostitutas na rua.
E daí por diante.
Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem> diálogo, pelo contrário.
Acredito piamente que crianças e> adolescent es tratados com um amor real, sem culpa,tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não.
Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade.
E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é> preciso.
Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas> pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem.
O não protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos que recebo.
Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a> verdadeira prova de amor.
E é também aí que está a> solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Se Voce Disser Que Sim

No dia em que eu vi você
Não podia imaginar
Que eu seria assim, e que você já estava em mim
Um novo encontro aconteceu
Foi mais forte do que eu
Um beijo aconteceu, e o nosso amor ali nasceu
Se você disser que simMinha vida te darei
E a solidão que há em mim
Com você esquecerei
Se você disser que sim
Minha vida te darei
E a solidão que há em mim
Com você esquecerei
Contigo sempre vou estar
Ao seu lado é meu lugar
E assim vou renascer igual ao sol no amanhecer
Ninguém te ama como eu
É tão grande como deus
Não dá pra separar
Nós somos como a areia e o mar
Se você disser que sim
Minha vida te darei
E a solidão que há em mim
Com você esquecerei
Se você disser que sim
Minha vida te darei
E a solidão que há em mim
Com você esquecerei
Se você disser que sim
Minha vida te darei
E a solidão que há em mim
Com você esquecerei
Se você disser que sim
Minha vida te darei
E a solidão que há em mim
Com você esquecerei
Não deu tempo de dizer não
Invadiu meu coração
Eu preciso de você
E do seu amor
Se você disser que sim
Minha vida te darei
E solidão que há em mim
Com você esquecerei
Se você disser que sim
Minha vida te darei
E solidão que há em mim
Com você esquecerei
Com você esquecerei

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Renda do negro é metade da do não-negro



Segundo pesquisa Seade/Dieese, negro tem rendimento médio de R$ 4,36 por hora em SP; não-negro recebe R$ 7,98


Causas da diferença são o menor acesso à educação e o preconceito, que impede o negro de subir na carreira, segundo os especialistas

O trabalhador negro (preto e pardo) ganha apenas cerca da metade do que o não-negro (branco e amarelo) recebe na Grande São Paulo. São R$ 4,36 por hora, em média, contra R$ 7,98, segundo pesquisa realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese.Quanto maior o nível escolar, maiores as disparidades. O rendimento real do indivíduo negro que não concluiu o ensino fundamental é de R$ 3,44 por hora, e o do não-negro, R$ 4,10 -uma diferença de 19,2%.Já na comparação entre duas pessoas que terminaram a universidade o abismo atinge 40%: o negro recebe R$ 13,86 por hora e o não-negro, R$ 19,49.
O levantamento foi realizado em 2007, mas os valores tiveram correção monetária até julho."Considerando a média de R$ 4,36 por hora e o fato de que o negro escravo do Brasil Imperial contava com a renda indireta da comida e da moradia, pode-se falar que nada mudou", argumenta o presidente da ONG Afrobras e reitor da Unipalmares (Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares), José Vicente.No que diz respeito ao desemprego, a situação apresentou pequena melhora nos últimos dez anos. Em 1999, a porcentagem de negros desempregados era de 24,3% ante 16,8% dos não-negros.
No ano passado, as taxas estavam em 17,6% e 13,3%. O Dieese diz que a tendência é semelhante no resto do país, porém os números mudam segundo a composição étnica da população local."O crescimento da economia do país desde 2004 criou vagas para os negros.
Algumas diferenças, entretanto, não se desfazem ao longo do tempo", diz Patrícia Lino Costa, coordenadora da pesquisa.O indicador "mais preocupante", aponta, é o que mostra a distância entre os ganhos dos negros e dos não-negros que fizeram faculdade.
O restrito acesso à escola é uma das principais causas da desigualdade no mercado de trabalho, mas, para quem conseguiu superá-la, o preconceito acaba sendo o pior obstáculo, afirma.

Uma vez contratado por uma empresa, o trabalhador negro não consegue galgar posições e subir na carreira, daí a sua renda ser inferior à dos brancos que sobem na hierarquia, diz ela."Os negros não conseguem sequer entrar em um cargo mais elevado.

Entre um engenheiro negro e um branco, certamente prefere-se contratar o branco, achando que o negro não é capaz", afirma Vicente."Na minha opinião, trata-se da dificuldade em lidar com o diferente", resume Costa. "Existe um perfil de trabalhador que o mercado recebe melhor: homem branco, entre 25 e 39 anos.

Ou seja, negros são discriminados, mulheres, homens muito novos ou mais velhos."Por isso, de acordo com os especialistas, a redução das disparidades começa na educação fundamental, para que as crianças aprendam desde cedo a lidar com as diferenças.

Para Vicente, as cotas em escolas técnicas e nas universidades ajudam, porém deveriam ser uma "verdadeira política de Estado, e não fruto apenas da boa vontade de um grupo de reitores". As empresas, por sua vez, estão aumentando os seus programas de inclusão, diz Costa."O problema é a velocidade do avanço. No Brasil, que se orgulha da sua miscigenação, números como esses de renda e emprego são chocantes.
Os EUA, onde até 50 anos atrás um negro não podia beber água no mesmo bebedouro de um branco, acabaram de eleger um negro presidente. Falta seriedade ao nosso governo", diz Vicente.





Denyse Godoy Folha de S.Paulo

O cemitério da fama - GD


No projeto “Milfont”, jovens serão convidados a transformar cemitérios da zona sul da cidade em galerias a céu aberto.


Alberto Milfont Júnior quis ser várias coisas quando era criança e adolescente: jogador de futebol, cantor, violonista e até clown. Vivia repetindo: “Vou ser famoso”. Adulto, desistiu do projeto de celebridade. Não tinha carreira definida e, aos 23 anos, entregava pizza à noite para sobreviver. O assassinato que sofreu dentro das Casas Bahia, no dia 10 deste mês, lhe garantiria apenas uma fugaz publicidade -afinal, não é novidade em seu bairro a morte de jovens.
Mas, na semana passada, começou a ser desenhada uma experiência para oferecer a Alberto Milfont fama eterna. A experiência vai ocorrer justamente no cemitério em que ele está enterrado -dali, a idéia deve se espalhar.


Alberto morava na região do Capão Redondo, conhecida por ter o cemitério (São Luís) com mais jovens enterrados por metro quadrado. O bairro faz parte do chamado “triângulo da morte”. Daí o previsível esquecimento do episódio na loja. Seria mais um corpo a compartilhar aquela métrica fúnebre.A diferença é que ele atuava, nos finais de semana, como intermediador de conflitos entre crianças e adolescentes que freqüentavam um projeto educacional chamado Casa do Zezinho, na zona sul -a intermediação é uma habilidade desenvolvida em áreas de risco, transformada em currículo escolar em Bogotá, na Colômbia.

Seu trabalho era, portanto, evitar a violência, apartando brigas e promovendo o diálogo. Por isso, o assassinato gerou uma comoção no bairro. Uma comoção, porém, que todos sabiam ser passageira.

Na segunda-feira passada, Dagmar Garroux, criadora da Casa do Zezinho, onde Alberto estudou por muitos anos, conseguiu da prefeitura a autorização para que os muros do cemitério São Luís se transformassem numa galeria a céu aberto -seu projeto já vem há muitos anos ajudando a colorir espaços públicos na zona sul da capital paulista.

Ela obteve a permissão para intervir não apenas no São Luís, mas em todos os cemitérios da região. A idéia é criar um programa de arte, chamando adolescentes de vários bairros, para criar painéis com cores fortes, destacando-se das tonalidades cinzas da região.
A pintura será um pretexto para provocar debates sobre a violência na cidade e como reagir à barbárie no caso, as cores serão uma provocação para ensinar a intermediar conflitos. Pela extensão dos muros, é um projeto para muitos anos.


No mesmo dia em que se obteve a autorização para intervir nos cemitérios da zona sul, o projeto já tinha nome: “Milfont”.

Ainda ligado a temática de arte no cemitério, o internauta Luiz Guilherme Vieira mostra seu trabalho fotográfico, no qual retrata verdadeiras obras de arte instaladas dentro dos cemitérios da cidade de São Paulo.

Câmara aprova projeto de cotas para alunos de escolas públicas

GABRIELA GUERREIRO da Folha Online, em Brasília


A Câmara aprovou nesta quinta-feira um projeto de lei que estabelece o sistema de cotas raciais e sociais nas universidades públicas federais e escolas técnicas de ensino médio. O projeto determina que 50% das vagas nessas instituições de ensino serão destinadas aos alunos que estudaram em escolas públicas no ensino médio.

Desse total, 25% das vagas devem seguir o sistema de cotas raciais, divididas proporcionalmente à quantidade de brancos, negros, pardos e índios estabelecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em cada Estado. Os demais 25% seguirão os mesmos critérios das cotas raciais, mas os alunos têm também que ser oriundos de famílias que recebem até 1,5 salário mínimo por integrante.

O texto segue para nova votação no Senado, uma vez que sofreu modificações na Câmara. Os deputados incluíram a questão da renda de 1,5 salário mínimo, o que modificou o texto dos senadores. Os parlamentares argumentam que, com o sistema paralelo de cotas sociais e raciais, o ingresso dos alunos nas instituições de ensino vai obedecer a critérios mais justos que apenas a divisão pela classe social ou cor da pele. "Dentro dos 50% dos alunos das escolas públicas, há o critério racial. Mas acrescentei no texto o critério da renda. A diferença de educação tem critérios mais sociais do que raciais, por isso a situação de renda da família também deve ser um determinante", disse o deputado Paulo Renato Souza (PSDB-SP), ex-ministro da Educação.

O deputado explicou que, como a divisão racial no texto leva em conta a divisão das etnias por Estado, onde houver maior número de negros, as vagas destinadas a essa parcela da população serão maiores. Nas unidades federativas onde houver predominância de brancos, eles também terão mais chances de ingressar em universidades públicas --desde que tenham estudado em escolas públicas.


Em acordo firmado entre a base aliada do governo e da oposição, os deputados aprovaram o projeto em votação simbólica (sem registro individual do voto de cada parlamentar).

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), comemorou o fato de o projeto ter sido aprovado no Dia Nacional da Consciência Negra. "Desde 1960 se comemora o Dia da Consciência Negra, o que contribuiu para colocar a matéria em votação no dia de hoje porque há nesse projeto todo o conteúdo de justiça social e etnias. Os que têm opiniões divergentes cederam, o que resultou em um grande avanço", disse Chinaglia.

Amar

Amar é um constante atoum doce e delirante fato de loucamente se entregar sem idéia do que vai ganhar
Amar é até então mergulhar de cabeça num infinito espírito que desperta o seu melhor
Expõe também o seu pior mas que no fim, amar é se jogar num imenso mar num mergulho profundo
Num entendimento do mundo grande e louco que vivemos mais que humano seremos pois amar é despertar a alma
Amar é mais do que se pode definir amar é apenas um ato louco de sentir o que outra pessoa também senteo que neste encontro também tende
Haver enfim união por cima de "sim" e "não"além de um talvez pois esta é a nossa vez
Amar, enfim é loucura um ato de beleza pura um enobrecimento da humanidadeum enaltecimento da nossa vontade
Amar é entregar a alma pois o corpo vem depois e todos vós que então sois capazes de aqui criticar
Atire em mim uma pedra pois amar também enlouquece lembra-me do que esquecer e faz o que em vida perece imortaliza a quem fez esta prece.

CONTRA-SENSO


Ó, meu amor, escuta, estou aqui.,
pois o teu coração bem me conhece;
eu sou aquela voz que,
em tanta prece endoideceu,
chorou, gemeu por ti! .
Sou eu, sou eu que ainda não morri.

Nem a morte me quer,
ao que parece, e vinha renovar,
se ainda pudesse,as horas dolorosas que vivi. .
Ó, que insensato e louco é quem se ilude!
Quis fugir, esquecer-te, mas não pude...
Vê lá do que teus olhos são capazes! .
Deitando a vista pelo mundo além,
desisto de encontrar na vida um bem que valha todo o mal que tu me fazes!.


Martha de Mesquita da Câmara

O tempo

O tempo é o melhor remédio o tempo é o melhor prédio já construído para cair nas ruínas da eternidade.
O tempo tem a sua vaidadete o seu lado exotéricoque perpassa a nossa cumplicidade e por fim para no necrotério.
O tempo toca a almaque cabe ali na palmada mão de quem cai em famade quem quer apenas uma cama.
O tempo persuade a você buscar lá no interior o melhor do seu ser extrai de ti o prior que parodeia com o complexo sentido inverso do nexo.
Louco instante de entrega louco momento de um pegaagarra, larga, pede e despede implora e ali então cede o coração
O tempo é tão louco quanto a quem escreveu estes versos tão louco a ponto de declamarem mil línguas o verbo amar
O tempo enfim é tão curto que sentir um amor puro é mais do que uma página nesta vida tão louca
O tempo e por si só é a foz de toda a razãoa correntezão de toda alusão e o mar de todo coração basta acreditar.
São meus os teus sonhos ..

A natureza

A natureza, tua morada, tua pele,não deixa que ferves, tua mão congele.
Oferece de toda cor muito matizes,e dá-te remanso, mesmo que não precises.
Não cobra pelo tempo, pelo ar ou pelo ventoque sossegam em teu corpo todo lamento.
A natureza, teu sustento generoso,faz teus ossos firmes, nariz curioso.
Descansa teus pensamentos, acuados,e de teus desesperos faz dias passados.
Sempre tem recantos para teus refúgios,e admite por muitos anos teus subterfúgios.
A natureza, que nada pede só concede,é tua matéria-prima, teu corpo, tua sede.
É matéria-mãe, tia, netos e sobrinhos,Refaz tudo novo quando nãoencontras os teus ninhos.
A natureza, alheia a teus maus-tratosaceita que digas que é dela os teus fatos,decora tua injustiça e tua indiferença.
A natureza, que pressente o que não sentes,deixa que te enganes, sabes que mentes,tolera tuas ordens, tuas conjecturas,deixa-te com tuas amarras pelas alturas,onde voas com tuas asas ela segura,quando vais ao chão e a insultas, ela atura.
A natureza, que sabe de teus segredos,está no sangue e no alcance dos teus dedos,controla os relógios, reúne as distâncias,espalhas as espécies e reparte as ignorâncias.
A natureza nunca deixa nada estrangeira!
A natureza, cenário de quase tudo,ao teu lado é sempre forma ou conteúdo,nunca abandona ou esquece qualquer pessoa,te acompanha quando te ocupas ou estás à toa.
A natureza, de que é feito todo cuidado,enche o planeta de vale, monte, prado;faz o vento pôr fogo para quenão te apegues ao teu mando.
A natureza que nunca te pede a passagemé também o caminho, o comboio e a viagem.
A natureza, que nunca te abandona,não te esqueces, é pastora, nunca é dona!




**Hilan Bensusan

Força e coragem

É preciso ter força para ser firme ,mas é preciso coragem para ser gentil .
É preciso ter força para se defender,mas é preciso coragem para baixar a guarda .
É preciso ter força para ganhar uma guerra ,mas é preciso coragem para se render .
É preciso ter força para estar certo ,mas é preciso coragem para ter dúvida .
É preciso ter força para manter-se em forma ,mas é preciso coragem para ficar de pé .
É preciso ter força para sentir a dor de um amigo ,mas é preciso coragem para sentir as próprias dores .
É preciso ter força para esconder os próprios males ,mas é preciso coragem para demonstrá-los . É preciso ter força para suportar o abuso ,mas é preciso coragem para fazê-lo parar.
É preciso ter força para ficar sozinho ,mas é preciso coragem para pedir apoio.
É preciso ter força para amar ,mas é preciso coragem para ser amado.
É preciso ter força para sobreviver ,mas é preciso coragem para viver

Vida bem vivida.

Vida bem vivida.
Sofrida?
Nao...
Tirei de letra cada sofrimento.
Chorei sim.
Mas cada lágrima que caiu eu enxuguei com dignidade.
Mulher polemica.
Falo o que quero e o que penso.
Muitos tentam me conhecer mas nao conseguem.
Mulher de códigos a decifrar.
Sou mulher de um homem só.
Nao gosto de rotinas e pessoas comuns.
Amo todos que me amam e aos que me odeiam, digo que sinto pena.
Sou mulher de poesias e sinto cada palavra que escrevo.
Falo e escrevo o que muitas mulheres gostariam de falar...
Sou comportada, na medida certa.
Mas o que gosto mesmo é de ser mulher...


Mirian Rossi

Negro...

Negro...

Negra é a injustiça
Que há no mundo
Onde a cor
Define a dignidade
Negro é o coração
Da humanidade
Age com indiferença
Finge não ver
Crianças famintas
Mulheres flageladas
Meninos nas ruas
Meninas nuas...

Negra é a alma
Dos políticos
Que abraçam negros
Em campanhas
Depois ignoram
Como se fossem lixos...

Negro
É o sonho de futuro
Se o homem não entender
Que negros e brancos
São iguais...
E a igualdade é a chave
Da Paz!


(Sirlei L. Passolongo)
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."



Miguel Sousa Tavares

LÁGRIMAS


Mais uma vez estou triste

surge no peito uma vontade

de chorar lágrimas de solidão

quero um abraço no meu coração




meu Deus!posso sentir essa dor

tudo porque estou sozinha aqui

não é fácil chorar a solidão

não ter ninguém,nem ilusão




nada mente a realidade

imagem que é a minha vida

sozinha com lágrimas,

sozinha a alma sente o que já temia




desejo o mais profundo desejo

deixar de sofrer o meu ser

sinto a vida desperdiçada

só quero atenção e mais nada

Amigo,onde está você?


Ainda lembro das risadas e das palavras,
Das lágrimas e da dor,
Ainda lembro do carinho e do amor,
Das musicas cantadas, das rimas ditadas,
De um mundo cheio de cor.
E hoje parece que tudo se transformou
Num simples “oi, como vai você?”
E nada mais.
Porque nada mais parece ser como era antes
E tudo já faz parte do passado,
São agora boas lembranças
Que ficaram marcadas.
Cadê o seu sorriso q estava sempre aqui comigo.
Cadê os seus carinhos, os seus gestos sempre de amigo
Onde é que foi parar?
Aonde é que você esta?
Não tenho mais aqui comigo,
Sinto falta desse meu amigo
Que é você!!!!
Nos seus olhos sempre a alegria,
Tão singelos, cheios de magia
Aonde foi parar?
Onde você esta?
Nas lembranças sempre te procuro,
É você o meu porto seguro,
Meu amigo como você esta?
Te estendo a mão por um minuto
E segure- a só por um segundo
Pra que eu possa sentir
Que está dentro de mim.
Meu amigo,
Que trato sempre com carinho
E onde você estiver
Eu também estarei lá
E permanecerei
E mesmo que peças pra partir
Não te deixarei.
E hoje te deixo essas palavras
Pra que na sua vida fique marcada
E que você nunca se esqueça
E não importa o que aconteça
Serei sempre sua amiga
Hoje, amanhã e para sempre!

domingo, 16 de novembro de 2008

As filhas de Obama e o professor de rua


A magia está em converter a rua, com seus encantos, numa aventura do conhecimento e, assim, fazê-la entrar na escola


NUM GESTO de desespero, a Prefeitura de Washington começou a oferecer, neste semestre, R$ 400 mensais para os estudantes de escolas públicas que se comportarem bem e tirarem boas notas.
Essa "bolsa disciplina" dá uma pista da dificuldade de Barack Obama em aceitar as pressões para que matricule suas duas filhas na rede de ensino municipal de Washington -conhecida por suas notas baixas, pelas drogas e pela violência.Imagina-se que o exemplo de Obama em matricular suas próprias filhas numa escola pública mostraria ao país um futuro presidente extremamente comprometido com a qualidade da educação.
Talvez seja esse um certeiro lance de marketing, mas dificilmente ajudaria o desempenho das duas garotas. Apenas a metade dos matriculados no ensino médio consegue tirar o diploma -e, a maior parte, apresenta desempenho muito ruim.A opção pelo pagamento por bom comportamento só veio depois de inúmeras experiências fracassarem.
Além dos mais diferentes projetos sociais bancados pela comunidade, os alunos estudam em período integral e custam ao governo, mensalmente, mais do que custa um aluno o ano todo para a rede pública brasileira. Aliás, um único mês de "bolsa disciplina" significa mais de dois meses de tudo o que se gasta com nosso estudante de escola pública.O dilema da família Obama mostra a complexidade do enfrentamento contra a violência em geral, e nas escolas, em particular.

Esse tema voltou à pauta na semana passada, com a depredação de uma escola pública na zona leste de São Paulo.

A barbárie na zona leste ganhou as manchetes porque os estragos foram concentrados num único local. Mas sabemos que as depredações ocorrem todos os dias, em meio a um ambiente crônico de selvageria. Nas regiões metropolitanas, pior do que a questão salarial e a falta de infra-estrutura, o que de fato incomoda os professores é a agressividade dos alunos -isso explica, em boa parte, porque os professores contraem tantas doenças associadas ao estresse.Cria-se um círculo vicioso: o aluno ataca a escola e atinge o professor.
Esse, por sua vez, ataca a escola e o aluno se sente atacado.A depredação na zona leste sintetiza a falta de perspectiva dos jovens das grandes cidades, especialmente em regiões metropolitanas. No entanto, já sabemos que a solução existe em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.

No mês passado, visitei uma escola pública em Recife (Cícero Dias), onde uma parte do currículo, bancado pela iniciativa privada, é voltado a mídias digitais. Testemunhei a compenetração dos estudantes aprendendo a fazer jogos no computador.
Uma experiência semelhante, e com bons resultados, começou a ser aplicada neste ano numa escola pública do Rio (Leite Lopes).Em Praia Grande, no litoral de São Paulo, criou-se a figura do pedagogo comunitário, que visita as famílias e ensina a usar os mais diferentes espaços para o aprendizado. Aos domingos, por exemplo, eles ficam numa praça lendo livros para quem aparecer.
Além de melhorar o interesse pela leitura, caíram a evasão e a repetência escolar. É exatamente o que se vê num projeto lançado em Belo Horizonte , já citado nesta coluna, em que universitários dos mais diferentes cursos auxiliam, diariamente, a rede municipal. Na violenta Nova Iguaçu (RJ), os alunos das escolas que recebem treinamento específico para saber criar laços com seu entorno, envolvendo a família, são mais disciplinados. Desenvolvem-se ali programas para melhorar as habilidades de comunicação e alguns dos estudantes produzem vinhetas para a TV Globo.

Essas experiências são diferentes modalidades de arranjo educativo local -ajudam a tirar o professor do isolamento, dando-lhe novos parceiros. O interesse do aluno é despertado quando, em vez das aulas discursivas, são oferecidas oportunidades de expressão, como os jogos digitais do Recife ou a leitura nas praças de Praia Grande. Em essência, o que se cria é um novo tipo de professor que combina com uma nova cidade -o professor de rua.A magia está em converter a rua, com seus encantos, numa aventura do conhecimento e, assim, fazê-la entrar na escola.Evidentemente, não é fácil. A prova está na capital da nação mais poderosa do mundo. Parece mais fácil um negro comandar a Casa Branca do que as filhas de um presidente estudarem numa escola pública de Washington.

PS Ainda é cedo para saber se a experiência do "bolsa disciplina" vai dar certo. Mas, por trás dela, existe uma extraordinária história -e essa já deu certo. O inventor do projeto é o economista Roland Fryer. Nasceu negro e pobre. Ainda criança, ele foi abandonado pela mãe. Dependeu do pai, um alcoólatra. Nada disso o impediu de se tornar professor de Harvard -onde se formou Obama. Sua salvação: uma avó, professora. É aficionado em inventar fórmulas para melhorar o desempenho dos pobres em geral e dos negros em particular. Há um preciso relato do caso de Washington no jornal "Valor Econômico".

Texto do diretor de criação e sócio da Bullet,sobre a crise mundial


"Vou fazer um slideshow para você. Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas. Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele. Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem. Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta. Gente pobre. Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo
Criam ONGs. Criam entidades. Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
Resolver, capicce? Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro. Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome de quem já estava de barriga cheia."
Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.
Se quiser, repasse, se não, o que importa? O nosso almoço está garantido mesmo.

Urgente: chamem os universitários - Gilberto Dimenstein


Desde 2006, um grupo de universitários dos mais diferentes cursos está apoiando escolas públicas da periferia de Belo Horizonte. A iniciativa acaba de entrar na história social por causa de um relatório sobre a experiência elaborado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Num projeto batizado de Escola Integrada, a prefeitura de Belo Horizonte ampliou a jornada escolar, oferecendo oficinas (artes, comunicação, lição de casa, reforço escolar, ciências, matemática) em diferentes espaços da comunidade. Parques, praças, clubes, igrejas, por exemplo. Para gerir essa movimentação, cada escola formou um professor comunitário. As oficinas são dadas pelos universitários, que ganham uma bolsa e são orientados por um professor de seus respectivos cursos.

Depois de seis meses de avaliação, os pesquisadores da UFMG concluíram que os estudantes das escolas públicas desenvolveram maior apetite pelo conhecimento e respeito pelos professores; passaram a ler mais e entender melhor o que lêem. Até mesmo aprenderam a se alimentar melhor e cuidar da higiene. Note-se que estamos falando das escolas com as crianças mais vulneráveis.

A chave não é apenas a ampliação da jornada escolar, mas a montagem das redes ( saúde, cultura, assistência social) pelo professor comunitário combinada com o prazer de ensinar dos universitários, desde que monitorados e com um material pedagógico estimulante.

Diante dos resultados apontados pela pesquisa, cujo resumo está em meu site (www.dimenstein.com.br), um governante não tem o direito de desconhecer a experiência. Muito menos os prefeitos que acabam de ser eleitos e prometeram melhorar a educação

Obama e a ex-futura prostituta de Brasília- Gilberto Dimenstein

Barack Obama está sendo pressionado a matricular suas duas filhas numa escola pública de Washington --talvez seja mais fácil um negro se eleger presidente do que ele aceitar essa pressão. Afinal, as escolas públicas daquela cidade são conhecidas pelo péssimo desempenho, violência, drogas, especialmente entre os negros.

O que me intriga nesse debate é o fato de que a capital da nação mais poderosa do mundo tem dificuldade de lidar com a violência de seus alunos --e daí se vê a dificuldade que temos e vamos continuar tendo no Brasil, onde não dispomos, nem remotamente, de tantos recursos.

Por isso, recomendo a leitura de um livro chamado "A Pedagogia do Cuidado", do educador Celso Antunes, que está sendo lançado nesta semana, sobre a experiência da Casa do Zezinho, que fica no chamado "triângulo da morte" de São Paulo. São relatos de casos de educação contra a barbárie, fazendo com os que jovens se expressem e se encantem pelo conhecimento.

Um exemplo é a de uma menina que se prostituía na favela. Num truque pedagógico, Dagmar Garroux ofereceu-lhe então um treino para ser prostituta com muito dinheiro, preparada para trabalhar em Brasília. Isso implicou estudar mais e cuidar do corpo para valorizar a "mercadoria". A menina fez ensino médio, entrou num curso pré-vestibular, passou na USP e se formou em odontologia.


O caso, que está detalhado no www.catracalivre.com.br, mostra que não basta dinheiro pra enfrentar a violência. É preciso oferecer espaço de sonho --por isso, a ex-futura-prostituta de Brasília virou dentista. E também um negro órfão, criado por uma avó, se tornou presidente.

A menina que vive em mim

A menina que vive em mim

Sonha acordada

Os contos de fadas

Não se preocupa com as horas

Nem com partidas

Ou chegadas


A menina que vive em mim

Desenha estrelas

De cinco pontas

Em cadernos de brochuras

Não se atem a medos

Regras ou frescuras.

Não pensa nos anos não tá nem aí pro tempo


A menina que vive em mim

Vive os sonhos

Não lamenta os enganos

E se veste de mulher

De vez em quando

No espelho da realidade

Mas ela insiste a viver em mim

Pra dos sonhos

Não sentir saudade.



(Sirlei L. Passolongo)

domingo, 9 de novembro de 2008

Machado ainda vive

É pertinente um comentário sobre as ilações pedagógicas da obra de Machado. A educação apareceu muito, até nas ironias do escritor


MACHADO DE Assis foi a atração literária do ano. Sua vida e a vasta e musculosa obra serviram de pretexto para aulas, seminários, conferências e artigos. Como nunca houve antes neste país. A exposição na Academia Brasileira de Letras reuniu milhares de estudantes em visitas guiadas sem precedentes.É pertinente, por isso mesmo, um comentário sobre as ilações pedagógicas da obra do "bruxo do Cosme Velho". De propósito ou sem querer, a verdade é que a educação apareceu muito, até mesmo nas ironias do escritor carioca, que, se reportando a uma aula na escola pública que freqüentou, viajou com o pensamento nas asas de um papagaio de papel, enquanto a gramática era deixada em segundo plano. Nem por isso a sua escrita deixou de ser impecável, anos mais tarde.Numa releitura dos seus romances, contos, poemas, crônicas e cartas, descobre-se que ele se esmerava em mostrar de que maneira cada um de nós pode chegar a se tornar um ser humano melhor.Não nos preocupamos exatamente com lições morais, mas com o que o espírito de Machado acolheu e que seria de interesse objetivo da educação do seu tempo. A presença do professor, a forma dos castigos, a valorização de línguas estrangeiras e o pouco prestígio dado à educação feminina são temas recorrentes em suas obras.O mundo melancólico de Machado, com as suas voltas à infância sofrida, mescla-se com a nostalgia presente no "Conto de Escola": "Para cúmulo do desespero, vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do morro do Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que boiava no ar, uma coisa soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos".Em "Outros Contos", encontramos mais uma preciosidade ligada à idéia do magistério, no sentido que lhe quis dar Machado de Assis: "Meu propósito era ser mestre de meninos, ensinar alguma cousa pouca do que soubesse, dar a primeira forma ao espírito do cidadão... Calou-se o mestre alguns minutos, repetindo consigo essa última frase, que lhe pareceu engenhosa e galante... O mestre, enquanto virava a frase, respirando com estrépito, ia dando ao peito da camisa umas ondulações que, em falta de outra distração, recreavam interiormente os discípulos". É um texto admirável, de que se podem tirar diversas inferências: a fina ironia com respeito à idéia abominável de delação; a existência somente de meninos na classe, revelando a discriminação então existente; a repetição exaustiva da palavra "mestre", com que Machado designava os professores; o retrato de corpo inteiro de uma classe típica, em que ocorrem fatos ainda hoje comuns no espírito da garotada. Isso tudo além do mestre, que, falando para si mesmo, revelava o inteiro teor do que então denominávamos "magister dixit".A crítica de Machado à escola mostrava suas idéias: os alunos não eram interessados porque também os mestres não o eram. O professor da época não fazia o aluno raciocinar; antes, queria impressionar e impor-se pela dificuldade das palavras; discursava, emitindo conceitos fora do alcance dos alunos. Nos textos, aparecem os castigos físicos, como a palmatória, que em "Conto da Escola" é descrita como "cheia de olhos".A cultura de Machado veio do seu autodidatismo, pois só fez os estudos primários. É verdade que era pobre e precisou trabalhar como tipógrafo.Mas teria ele continuado na escola se pudesse? Foram perguntas que me ficaram -e ficarão- sem resposta.Não se deve esquecer nenhum desses pormenores se queremos uma educação renovada. Machado afirmava no conto "Verba Testamentária" que "esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito. Obra de lápis e esponja". Quando escrevia isso, certamente, ele queria dizer exatamente o contrário.


ARNALDO NISKIER, 73, é professor de história e filosofia da educação e presidente do Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro. É ex-secretário de Estado de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, ex-membro do Conselho Nacional de Educação, professor emérito da Eceme e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras.

Fonte : Folha de São Paulo - 07/11/2008

PENSAMENTOS