"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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quarta-feira, 31 de outubro de 2007

DAR NÃO É FAZER AMOR-Luiz Fernando Veríssimo


Dar é dar.Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais.
Dar é bom.Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....Sem querer apresentar pra mãe...Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...Te amolece o gingado... Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.Durante um mês.Para os mais desavisados, talvez anos.Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra daro primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...É não ter alguém para ouvir seus dengos...Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.Esse sim é o maior tesão.Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuarExperimente ser amado...
"A vida é a arte de tirar conclusões suficientes de dados insuficientes"



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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Conto de Fadas para Mulheres do Século 21


Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa,independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.
Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: Nem Ferrando !
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(Luís Fernando Veríssimo).

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Especialistas discutem inclusão



O II Congresso Internacional da Avape (Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais) é um fórum de caráter interdisciplinar, voltado aos profissionais da iniciativa pública, privada, organizações não governamentais e fundações, que atuam nas áreas de reabilitação, inclusão, gestão de organizações sociais, diversidade, responsabilidade social e programas sustentáveis. Estão confirmadas, até o dia 01 de novembro, data do encerramento, a presença de especialistas do Brasil, Taiwan, Japão, Coréia do Sul, Itália, Cuba e Estados UnidosSob o tema "Reabilitação e Inclusão - Diversidade, Responsabilidade e Sustentabilidade", o evento está sendo realizado no Hotel Renaissance (Alameda Santos, 2.233), em São Paulo. O objetivo do encontro é proporcionar intercâmbio de conhecimentos, experiências profissionais, disseminação do modelo de rede social, bem como o debate de tendências e a consolidação do trabalho integrado entre empresas, órgãos públicos e organizações do Terceiro Setor. Gabriel Chalita discutirá o seguinte tema: "Ações Integradas para o Desenvolvimento Sustentável e a Inclusão", com um público estimado de 500 pessoas. Durante o II Congresso Internacional AVAPE ocorrerá o lançamento oficial de um Programa de Cooperação Técnica Internacional apoiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em parceria com a AVAPE para a inclusão de pessoas com deficiência em todas as regiões do país

Rubem Alves: Sob o feitiço dos livros




"De manhã cedo, quando o dia nasce, quando tudo está nascendo —ler um livro é simplesmente algo depravado". É o que sinto ao andar pelas manhãs pelos maravilhosos caminhos da fazenda Santa Elisa, do Instituto Agronômico de Campinas. Procuro esquecer-me de tudo que li nos livros. É preciso que a cabeça esteja vazia de pensamentos para que os olhos possam ver. Aprendi isso lendo Alberto Caeiro, especialista inigualável na difícil arte de ver. Dizia ele que "pensar é estar doente dos olhos".
Mas meus esforços são frustrados. As coisas que vejo são como o beijo do príncipe: elas vão acordando os poemas que aprendi de cor e que agora estão adormecidos na minha memória. Assim, ao não pensar da visão, une-se o não-pensar da poesia. E penso que o meu mundo seria muito pobre se em mim não estivessem os livros que li e amei. Pois, se não sabem, somente as coisas amadas são guardadas na memória poética, lugar da beleza."Aquilo que a memória amou fica eterno", tal como o disse a Adélia Prado, amiga querida. Os livros que amo não me deixam. Caminham comigo. Há os livros que moram na cabeça e vão se desgastando com o tempo. Esses, eu deixo em casa. Mas há os livros que moram no corpo. Esses são eternamente jovens. Como no amor, uma vez não chega. De novo, de novo, de novo...Um amigo me telefonou. Tinha uma casa em Cabo Frio. Convidou-me. Gostei. Mas meu sorriso entortou quando disse: "Vão também cinco adolescentes...". Adolescentes podem ser uma alegria. Mas podem ser também uma perturbação para o espírito. Assim, resolvi tomar minhas providências. Comprei uma arma de amansar adolescentes. Um livro. Uma versão condensada da "Odisséia", de Homero, as fantásticas viagens de Ulisses de volta à casa, por mares traiçoeiros...Primeiro dia: praia; almoço; sono. Lá pelas cinco, os dorminhocos acordaram, sem ter o que fazer. E antes que tivessem idéias próprias eu tomei a iniciativa. Com voz autoritária, dirigi-me a eles, ainda sob o efeito do torpor: "Ei, vocês... Venham cá na sala. Quero lhes mostrar uma coisa". Não consultei as bases. Teria sido terrível. Uma decisão democrática das bases optaria por ligar a televisão. Claro. Como poderiam decidir por uma coisa que ignoravam? Peguei o livro e comecei a leitura. Ao espanto inicial seguiu-se silêncio e atenção. Vi, pelos seus olhos, que já estavam sob o domínio do encantamento. Daí para frente foi uma coisa só. Não me deixavam. Por onde quer que eu fosse, lá vinham eles com a "Odisséia" na mão, pedindo que eu lesse mais. Nem na praia me deram descanso.Essa experiência me fez pensar que deve haver algo errado na afirmação que sempre se repete de que os adolescentes não gostam da leitura. Sei que, como regra, não gostam de ler. O que não é a mesma coisa que não gostar da leitura. Lembro-me da escola primária que freqüentei. Havia uma aula de leitura. Era a aula que mais amávamos. A professora lia para que nós ouvíssemos. Leu todo o Monteiro Lobato. E leu aqueles livros que se liam naqueles tempos: "Heidi", "Poliana", "A Ilha do Tesouro".Quando a aula terminava, era a tristeza. Mas o bom mesmo é que não havia provas ou avaliações. Era prazer puro. E estava certo. Porque esse é o objetivo da literatura: prazer. O que os exames vestibulares tentam fazer é transformar a literatura em informações que podem ser armazenadas na cabeça. Mas o lugar da literatura não é a cabeça: é o coração. A literatura é feita com as palavras que desejam morar no corpo. Somente assim ela provoca as transformações alquímicas que deseja realizar. Se não concordam, que leiam João Guimarães Rosa, que dizia que literatura é feitiçaria que se faz com o sangue do coração humano.Quando minha filha estava sendo introduzida na literatura, o professor lhe deu como dever de casa ler e fichar um livro chatíssimo. Sofrimento dos adolescentes, sofrimento para os pais. A pura visão do livro provocava uma preguiça imensa, aquela preguiça que Roland Barthes declarou ser essencial à experiência escolar.Escrevi uma carta delicada ao professor, lembrando-lhe que Jorge Luis Borges havia declarado que não havia razão para ler um livro que não dá prazer quando há milhares de livros que dão prazer. Sugeri-lhe começar por algo mais próximo da condição emotiva dos jovens. Ele me respondeu com o discurso de esquerda, que sempre teve medo do prazer: "O meu objetivo é produzir a consciência crítica...".Quando eu li isso, percebi que não havia esperança. O professor não sabia o essencial. Não sabia que literatura não é para produzir consciência crítica. O escritor não escreve com intenções didático-pedagógicas. Ele escreve para produzir prazer. Para fazer amor. Escrever e ler são formas de fazer amor. É por isso que os amores pobres em literatura ou são de vida curta, ou são de vida longa e tediosa... Parodiando as palavras de Jesus, "nem só de beijos e transas viverá o amor, mas de toda palavra que sai das mãos dos escritores...".E foi em meio a essas meditações que, sem que eu o esperasse, foi-me revelado o segredo da leitura... Mas o espaço acabou... O jeito é deixar para o próximo mês...

sábado, 27 de outubro de 2007

Dia do Educacionista- Cristovam Buarque



É comum o horror diante da brutalidade de dirigentes que queimam livros e prendem intelectuais. Mas não nos horrorizamos quando impedimos que os livros sejam escritos e que as pessoas aprendam a ler. É isso que o Brasil faz há 500 anos. Em vez de livros, queimamos cérebros. Quando os livros são queimados, alguns se salvam. Mas se eles não são escritos, não há o que salvar.
Ao negar educação ao povo, a história do Brasil é a história de impedir que livros sejam escritos, e que cientistas e intelectuais floresçam. Pior do que queimadores de livros, somos incineradores de cérebros que escreveriam os livros, se tivessem a chance de estudar. Sem uma professora primária que lhes tivesse ensinado as primeiras letras e as quatro operações, Borges não teria sido escritor, Einstein não teria se tornado cientista. A maior prova da nossa queima antecipada de livros é o desprezo com que tratamos professores e professoras da educação de base: pré-escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Durante anos, falou-se no decolar da economia. Até então, achava-se que, para um país ter futuro, bastava educar uma elite, uma minoria, um pequeno conjunto de profissionais superiores a serviço da economia. Mas isso não é mais possível.
Mas daqui em diante, ou educamos todos, ou não teremos futuro. Ou o Brasil se educa, ou fracassa; ou educamos todos, ou a desigualdade continua; ou desenvolvemos um potencial científico-tecnológico, ou ficamos para trás. Se a universidade é a fábrica do futuro, o Ensino Fundamental é a fábrica da universidade. Não podemos melhorar a educação superior sem uma educação realmente universal e de qualidade para todos. A chave é o professor da educação de base.
No Dia dos Professores, eles merecem mais do que uma homenagem: nosso respeito, reconhecimento, apoio.
Hoje, ser professor no Brasil é um ato de heroísmo. Por causa da alta probabilidade de não terem sucesso financeiro, dos altos riscos que correm nas escolas degradadas, dos riscos à saúde, dos riscos da violência.
Eles são nossos heróis e merecem que lhes ergamos monumentos, como se fossem soldados retornando do campo de batalha.
Além do muro da desigualdade, são os professores que vão derrubar também o muro do atraso, que nos separa dos países ricos e desenvolvidos. A revolução de hoje é a da distribuição do conhecimento. E conhecimento só se distribui com o acesso a uma escola com a mesma qualidade para os filhos dos pobres e para os filhos dos ricos. E escolas tão boas quanto aquelas dos países que já fizeram a revolução educacional, muitas décadas atrás.
Isso só será possível melhorando o salário do professor, suas condições de trabalho, sua dedicação ao trabalho, sua formação, seu acesso a bons equipamentos.
Mas para isso, é preciso mudar o olhar do Brasil para a educação, e isso exige que cada professor seja, além de educador, um educacionista.
Educador é quem trabalha na escola para ensinar; educacionista é quem luta para dar condições a todos os educadores e fazer com que todas as escolas sejam boas, para mudar o País com uma revolução pela educação. O Brasil precisa de educacionistas, como já precisou dos abolicionistas. Que todos os educadores sejam também educacionistas. Até que os educacionistas se unam pela revolução que precisamos fazer. E um dia, ao nascer uma criança, o pai e a mãe dirão: "Este vai ser professor". Quando isso acontecer, os educacionistas terão vencido, e os educadores poderão comemorar plenamente o seu dia.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Culpa no cartório.


Texto:Mara Gabrilli
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Outro dia precisei reconhecer firma de um documento e escolhi um cartório que fica bem em frente ao shopping onde trabalho. Desde que quebrei o pescoço, há oito anos, assino meus cheques, cartões, contratos, todos os meus documentos pessoais e da PPP (Projeto Próximo Passo, organização que dirijo) com a boca. Jamais tive problema algum por causa disso. Porém, nesse dia, o oficial do cartório veio até o carro me explicar que eu estava “impossibilitada” de assinar, portanto deveria fazer uma procuração na base do carimbo de dedo outorgando a alguém a responsabilidade de assinar por mim. Meu motorista entrara antes com o documento e depois veio ao carro o oficial checar com os próprios olhos “o que eu estava tendo”. Segue, assim, o diálogo extra-oficial do encontro entre a Bela e a Fera numa releitura contraditória e, claro, eu sendo a Fera e ele a Bela:
Oficial – Boa tarde! Eu estava explicando para o rapaz que você não pode assinar com a boca.
Mara – Por quê?
Oficial – Porque é errado.
Mara – Como assim eu não posso assinar com a boca? Eu sempre assinei com a boca.
Oficial – Mas é errado!
Mara – Baseado no que o senhor acha isso errado? Existe alguma lei contra pessoas que assinam com a boca, com o pé ou com... qualquer outra parte do corpo?
Oficial – Sim. Tem uma lei!
Mara – Enquanto não puser os olhos nessa lei, não tem conversa.
“nunca fui um tipo de deficiente físico que arruma encrenca a cada movimento. Contrariamente, entendo a falta de cultura do brasileiro no assunto”
Com um jeitinho de novela de segunda categoria, o homenzinho foi buscar um livro com o novo Código Civil, onde a lei nº 10406, Art. 1.865, de 10 de janeiro de 2002 diz: “Se o testador não souber ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias”.
Mara – Pois é, meu senhor, aí diz se não souber ou não puder assinar... Não é o caso, já que sei e posso assinar!
Oficial – Mas assinar com a boca não é certo.
Mara – Cada um assina com o que quer ou com o que pode.
Oficial – Já que a senhorita está impossibilitada de assinar, por que tanto problema em gerar uma procuração para alguém fazê-lo?
Fazendo sacarem da bolsa talões de cheques, cartões de crédito, documentos já assinados com firma reconhecida em outros cartórios e muito alterada, prossegui:
Mara – Se fizermos uma análise mais profunda, descobriremos que você é muito mais impossibilitado que eu. Não preciso de ninguém para assinar coisa alguma por mim. Eu mesma assino!
Já num clima de tensão extrema, liguei para uma advogada na frente dele. Ela sugeriu que eu processasse o sujeito, proprietário do cartório. Nunca fui um tipo de deficiente físico que arruma encrenca a cada movimento. Contrariamente, entendo a falta de cultura do brasileiro no assunto e procuro fazer de mim um agente que engrandeça um conhecimento que um dia eu também não tive. Quantas pessoas devem experimentar situações similares e acreditar na verdade deturpada e ignorante de alguém, se julgando inúteis...
É ressaltando a importância da nossa vontade na construção do tempo que ainda há de vir que encaro o desafio de mudar essa situação, além do fato de me considerar artífice do meu próprio destino! Sabia que um rapaz de 31 anos chamado Cláudio Drewes José de Siqueira foi classificado em 23º lugar num concurso em que participaram 5 000 candidatos? Ele será o primeiro procurador tetraplégico da história do Ministério Público Federal. Será que ele vai ter que telefonar para a mãe dele cada vez que tiver que assinar? Ah, esqueci! Não consegui reconhecer firma naquele dia. Dá para acreditar?

Menina no espelho


Texto:Mara Gabrilli

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Quando me estacionam ao lado de um carrinho de bebê, rola um clima... a gente se olha, se analisa, se identifica, se acha parecido e se sorri. Mesmo sendo grandona diante de um companheiro pequeno, gorducho e branquinho, fica implícita uma similaridade de origem, posicionamento e plano de ocupação no espaço. As crianças não conseguem tirar os olhos de mim. Ficam empertigadas com a minha situação. Só desviam o olhar quando estão acompanhadas de uma daquelas pessoas que beliscam e dizem “é feio ficar olhando!”. Eu não gosto quando isso acontece.
Me agrada muito a espontaneidade das crianças. Elas olham até o momento em que me torno menos exótica e começo a entrar num ambiente mais familiar dentro de seus referenciais. Elas perguntam se me machuquei e onde o meu corpo está machucado. Algumas querem saber quando eu vou sarar, se sinto dor, por que estou sentada ou por que estou em pé (na minha cadeira de rodas consigo ficar em pé). Nessa hora, elas têm vontade de pôr a mão em mim...
Uma vez, em Maresias, resolvi tomar um banho ao ar livre, num daqueles chuveiros de praia. Me colocaram sentada numa cadeira, sob o fluxo da água. A cena inusitada, um misto de bagunça com atividade importante e de risco, despertou interesse em algumas crianças. Duas delas eu já conhecia, as outras eram novidade para mim. Não demorou três minutos para elas dividirem meus produtos entre si e comandarem as tarefas... pareciam brincar de Barbie: “Você passou o sabonete no braço?”, “Tá cheio de xampu na orelha”, “Esfregue a bucha nesta coxa”, “Cuidado com o pé dela!”. Passou um tempo e elas grudaram em mim fazendo umas perguntas aparentemente simples que, sem refletir, não dá para responder.
Sentimento de piedade
Os adultos geralmente desviam os olhos e não perguntam. Quase sempre um olhar curioso me arranca um sorriso. Talvez seja complacência e vontade de dizer a distância: “Vai fundo, me olhe, pois eu no seu lugar também olharia”. E olharia mesmo! Muitas vezes percebo alguém falando comigo de um assunto, pensando em outro, me olhando sem ter coragem de falar. As pessoas idosas ficam parecidas com as crianças, pois raramente desviam o olhar. Em compensação, ficam facilmente imbuídas de um sentimento de piedade. Se têm a oportunidade de falar comigo, soltam um: “Coitadinha, o que aconteceu?”. Sabe uma coisa que eu acho engraçada? Quando alguém libera um: “Que judiação, uma moça tão bonita numa cadeira de rodas”. Será que essas pessoas têm consciência que pior ainda é ser feia numa cadeira de rodas?
Passar perto de obra, conserto, manutenção, aflora a sensualidade... Sempre olham para o meio das pernas com cara de sacanagem e não estou falando dos meus joelhos. Esses nunca não souberam que ali passou uma mulher! Já alguns homens mais letrados, moderados, quando mudam o olhar de improviso, denunciam já ter se deparado com uma revista TRIP, edição 82. Qual mulher não se admira com um repentino olhar cobiçoso? Meu namorado me come com os olhos e ainda me diz que é bom eu ficar sentada, porque assim só ele tem o privilégio de ver minha bunda. Safado! E, como não fico me vendo na cadeira de rodas, alguns olhares me pegam desprevenida... Quando meu pai ou minha mãe me olham com o desalento de quem fora invadido pela sensação ruim de ver a filha sem poder se mexer normalmente, me derruba consternada. Esse é o único olhar que me deixa paralisada.
Quando o meu olhar cruza comigo mesma, me lembro que não faço o estilo sentada. Então tento levantar e percebo que ainda não aprendi como se faz... Mas continuo tentando entender. E essa perseverança dignifica meu próprio olhar sobre a condição humana. Me acho engraçada e adoro rir de mim mesma.
*Mara Gabrilli é publicitária e psicóloga. Dirige a ONG Projeto Próximo Passo (PPP), ligada à qualidade de vida do deficiente físico
– ela é tetraplégica e foi TRIP Girl na TRIP #82.

Mulheres comandam a educação no país, afirma IBGE


Texto:CIRILO JUNIORda Folha Online, no Rio

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Quase três quartos das secretarias municipais de educação são ocupadas por mulheres, segundo a pesquisa Perfil dos Municípios Brasileiros 2006, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta sexta-feira. Elas representam 72,6% dos gestores da educação nas cidades.
Do total de dirigentes educacionais, 84,6% declararam ter ensino superior completo ou mais. Foi a primeira vez que o item educação foi avaliado na pesquisa.
Para o IBGE, a maior predominância de mulheres explica a escolaridade mais alta do gestor de educação. "Nas últimas décadas as mulheres vêm apresentando maior escolaridade que os homens, que ingressam cada vez mais cedo no mercado de trabalho", diz a pesquisa.
No campo da educação, o levantamento mostra quadros de comando mais jovens. Foi verificado que 36% dos municípios são dirigidos por pessoas com idade entre 26 e 40 anos. A predominância no comando da educação nas cidades é de indivíduos do grupo entre 41 e 60 anos, com 57,3%.
"Retratados no conjunto de segmento político, de perfil mais antigo, fica patente que parte significativa dos órgão executivos de educação admite o comando de indivíduos mais moços", informa a pesquisa. A região Norte é destaque nesse ponto, com 45,4% dos gestores na faixa de 26 a 40 anos.
Os municípios pesquisados declararam que 90% dos dirigentes da área de educação tiveram alguma experiência profissional anterior na área.

Física Quântica




Texto:Osvaldo Pessoa Jr.


Entenda as diversas interpretações da física quântica, a ciência das possibilidades
Entenda os movimentos das ondas



"Ondas geralmente transportam energia"


Como escreveu Lulu Santos, “A vida vem em ondas como um mar, num indo e vindo infinito..." Num certo sentido, tudo é onda. Não só as ondas do mar, que conhecemos bem, e não só as ondas sonoras, as ondas eletromagnéticas (luz, raio X, microondas, etc.) e as ondas gravitacionais (que ainda não foram observadas): a matéria também tem um aspecto ondulatório, e portanto nós somos ondas, num certo sentido.
A melhor maneira de entender as ondas é olhando para elas*. Em cima de um rochedo em uma praia de surfista, vemos as ondas vindo de maneira regular, antes de quebrarem na areia. Como um surfista sente as ondas? Suponha que ele esteja atrás da arrebentação, no entardecer, olhando para as primeiras estrelas do céu, deitado em cima de sua prancha. Ele sentirá as ondas através de um movimento de sobe e desce. Isso é curioso: temos a impressão de que uma onda anda para frente, mas os objetos flutuando na água – e as próprias moléculas da água – não andam para frente (a não ser na arrebentação), mas apenas sobem e descem! Pode-se dizer que há transporte horizontal de energia, mas não de matéria. No século XIX, acreditava-se que a luz fosse uma propagação ondulatória em um meio rígido e tênue chamado “éter” (por analogia à água para as ondas do mar, e ao ar para as ondas sonoras). Mas um movimento ondulatório não necessita de um meio que o sustente: imagine uma criança de noite com um ioiô luminoso. Se ela está parada, vemos o ioiô subindo e descendo, em um movimento oscilatório. Mas se ela estiver andando de bicicleta, ao mesmo tempo em que o ioiô oscila na vertical, vemos o ioiô luminoso traçar um percurso parecido com a onda na água, e parecido com o desenho abaixo: A maneira mais fácil de ver uma onda desse tipo é amarrar uma corda a uma parede, esticá-la com a mão, e começar a mexer a mão rapidamente para cima e para baixo. Pulsos de ondas formarão e percorrerão a corda, de maneira semelhante à figura. Uma formiga sentada na corda ficaria bastante incomodada. Será que ela teria consciência desse incômodo, ou ela é só uma maquininha sem sentimentos? A coitada começará a oscilar para cima e para baixo sem parar.Só que aí acontece uma coisa curiosa, que salva a formiga: os pulsos de onda que chegam até a parede são refletidos, e eles voltam. Ocorre então uma “superposição” de ondas indo e voltando, e o resultado disso é a chamada “onda estacionária”: Nesta onda estacionária, há pontos (os chamados “nós”) que não oscilam! A formiga pode ir para esses pontos e descansar. Tem uma onda vindo de um lado e uma onda vindo do outro, mas uma cancela a outra, numa “interferência destrutiva”.
Imagine agora que você está à beira de um lago bucólico, e que você sobe em um galho de árvore que se debruça por cima da água. Aí você deixa cair uma pedra na água. O que você vê? Você vê ondas circulares se propagando para fora do ponto onde caiu a pedra:
(Cada círculo corresponde a um máximo da onda transversal da figura anterior.) O que esse experimento da pedra mostra é que basta um ponto da superfície da água oscilar para que se formem ondas circulares.Imagine agora que uma frente de onda no mar encontre uma parede que tem apenas um furo. O que acontecerá? Uma onda pode ser dividida o quanto se queira: assim, uma pequena parte passará pelo furo. O furo é análogo ao ponto onde cai uma pedra, então teremos a formação de ondas circulares após o furo: O que acontece se houver dois furos no paredão? Teremos a formação de duas ondas circulares. Porém, acontece uma coisa análoga à formação de nós na onda estacionária da corda: há uma interferência entre as ondas. Um surfista preguiçoso pode encontrar raias onde a água fica completamente parada! São locais onde uma das ondas sempre cancela a outra onda. O desenho abaixo é tirado de um artigo científico escrito pelo inglês Thomas Young em 1801. As raias marcadas com as letras C, D, E e F são os locais em que o surfista poderia descansar. O objetivo do texto de hoje foi falar sobre ondas, que geralmente transportam energia. Ao contrário das partículas, elas são divisíveis o quanto se queira, e são espalhadas no espaço. Além disso, uma onda pode cancelar outra. Estamos prontos para começar a adentrar os mistérios da física quântica, no próximo texto. Em poucas palavras, ela é a teoria que, de alguma maneira, concilia aspectos corpusculares (de partículas) com aspectos ondulatórios.

Cérebro & Corpo


Texto :Ricardo Arida

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Entenda a relação entre cérebro, corpo, saúde e bem-estar
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Portadores de epilepsia podem fazer atividade física?
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As epilepsias constituem um grupo de desordens crônicas que se caracterizam pela recorrência de crises epilépticas espontâneas e usualmente imprevisíveis. A epilepsia, portanto, é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.
"Uma atitude superprotetora em relação às pessoas com epilepsia normalmente evita sua participação em atividades esportivas"
O exercício físico é geralmente aceito em contribuir para a saúde em geral, mudanças positivas no estilo de vida, melhora do humor, qualidade de vida e redução da ansiedade e depressão. Portanto, efeitos positivos fisiológicos e psicológicos observados depois de um programa de treinamento físico são bem documentados.
Apesar do efeito favorável da atividade física sobre a saúde ser inquestionável, programas de exercício físico para pessoas com epilepsia é ainda assunto de controvérsia. Uma atitude superprotetora em relação às pessoas com epilepsia normalmente evita sua participação em atividades esportivas. Esta relutância dos indivíduos com epilepsia e de seus familiares é normalmente devida, em parte, pelo medo de que o exercício poderá causar crises e, em parte, pelo medo de ocorrência de lesões durante o exercício. Pessoas com epilepsia podem ter os mesmos benefícios de um programa de treinamento físico que qualquer outra pessoa: aumento da capacidade aeróbia máxima, aumento da capacidade de trabalho, freqüência cardíaca reduzida para um mesmo nível de esforço, redução de peso com redução de gordura corporal e aumento da auto-estima.Alguns estudos têm sugerido que o exercício físico *aumenta o limiar de crises, conferindo um efeito protetor para os indivíduos com epilepsia. Outros experimentos mostram que o exercício físico reduz a atividade epiléptica no **EEG, reduzindo o número de crises em muitos pacientes durante a atividade física, as quais retornam durante o período de repouso. Tem-se observado que estas pessoas estão propensas a desenvolverem menos crises quando estão ativamente ocupadas e que poucas crises ocorrem durante a atividade mental e física, quando comparadas com períodos de repouso. Alguns fatores como o estresse, a fadiga, a hipóxia (baixo teor de oxigênio), a hiperhidratação, a hipertermia, a hipoglicemia e hiperventilação têm sido presumidos em influenciar ou provocar crises durante atividades esportivas ou exercício físico, apesar dessa relação ser meramente especulativa.Algumas dúvidas são freqüentes entre as pessoas com epilepsia, como: O indivíduo com epilepsia pode fazer atividade física? Isto vai depender do grau de controle de suas crises e da liberação de seu médico para iniciá-la. Cada paciente é único em relação ao tipo, freqüência e severidade de suas crises. E importante que o médico esteja interado sobre as diferentes atividades esportivas para poder indicar o melhor esporte. A prática esportiva, infelizmente, não é possível a todos os indivíduos com epilepsia, particularmente aos que sofrem crises graves e freqüentes com comprometimento neurológico importante. Para muitos esportes, o risco na sua participação não é documentado. Portanto, é necessário ter cautela na indicação ou contra-indicação da atividade esportiva para o indivíduo com epilepsia. Alguns autores consideram que quase todas as atividades esportivas são adequadas para portadores de epilepsia que apresentam 1 a 2 crises por ano.Entretanto, as principais organizações médicas como a Academia Americana de Pediatria e a Associação Médica Americana têm mudado seus conceitos em relação à participação de esportes de uma forma muito mais liberal. Apesar disso, é importante observar que cada indivíduo deve ser considerado separadamente. A tabela mostra os esportes contra-indicados e com algumas restrições para indivíduos com epilepsia. Outra pergunta freqüente é em relação ao melhor exercício físico para pessoas com epilepsia. O exercício físico adequado para essas pessoas é o exercício físico recomendado para qualquer indivíduo que prática atividade física para a melhora da saúde de forma geral, isto é, o exercício aeróbio. Essas atividades incluem caminhada, corrida, natação, ciclismo ou qualquer atividade em que o indivíduo possa mantê-la por um período mínimo de 15 a 20 minutos (intensidade baixa e de longa duração). Conhecendo todas as ações benéficas do exercício físico na epilepsia, parece justificável encorajar a maioria das pessoas com epilepsia a participarem de um programa de exercício físico regular com um considerável impacto na qualidade de vida destas pessoas.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A universidade e o mercado de trabalho


Na segunda-feira, 29 de outubro, Gabriel Chalita participa de uma mesa redonda na Unisa - Universidade de Santo Amaro, em São Paulo. O evento integra a Semana de Estudos das Faculdades de Educação, Psicologia, Turismo e Cursos Superiores Seqüenciais, cujo tema é "Os desafios da Educação superior no novo milênio". O debate será focado no papel da universidade como formadora de pessoas para o mercado de trabalho e para a vida. Os especialistas convidados, para compor a mesa redonda, ao lado de Gabriel Chalita, são o engenheiro Ozires Silva, reitor da Unisa e ex-presidente da Embraer, a Drª. Cristina Cury, presidente da OSEC - Organização Santamarense de Educação e Cultura, mantenedora da Unisa, o Dr. Geraldo Alckmin, médico e ex-governador de São Paulo, o Dr. Sálvio Cristofaro, diretor do Grupo Accor do Brasil, a Profª. Mariana Aldrigui, da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo, e o Prof. Ruy Leal, superintendente da Vila de Acesso. Haverá participação da platéia, com perguntas. A Unisa tem três campi, com cursos superiores de graduação e de pós-graduação e o Colégio Unisa, para o ensino médio. Também conta com estrutura de pólos educacionais no país, no sistema Unisa Digital. O debate está programado para as 19 horas do dia 29 de outubro, no auditório do Campus III (Rua Humboldt, número 29).

TUDO O QUE HOJE PRECISO REALMENTE SABER,

Texto:Pedro Bial



Tudo o que hoje preciso realmente saber, sobre como viver, o que fazer e como ser, eu aprendi no jardim de infância.A sabedoria não se encontrava no topo de um curso de pós-graduação, mas no montinho de areia da escola de todo dia.Estas são as coisas que aprendi:

1. Compartilhe tudo;
2. Jogue dentro das regras;
3. Não bata nos outros;
4. Coloque as coisas de volta onde pegou;
5. Arrume sua bagunça;
6. Não pegue as coisas dos outros;
7. Peça desculpas quando machucar alguém;
8. Lave as mãos antes de comer e agradeça a Deus antes de deitar;
9. Dê descarga;
10. Biscoitos quentinhos e leite fazem bem para você;

11. Respeite o outro;
12. Leve uma vida equilibrada: aprenda um pouco, pense um pouco... desenhe... pinte... cante... dance... brinque... trabalhe um pouco todos os dias;
13. Tire uma soneca a tarde;
14. Quando sair, cuidado com os carros;
15. Dê a mão e fique junto;
16. Repare nas maravilhas da vida;
17. O peixinho dourado, o hamster, o camundongo branco e até mesmo a sementinha no copinho plástico, todos morrem... nós também.

Pegue qualquer um desses itens, coloque-os em termos mais adultos e sofisticados e aplique-os à sua vida familiar, ao seu trabalho, ao seu
governo, ao seu mundo e vai ver como ele é verdadeiro claro e firme. Pense como o mundo seria melhor se todos nós, no mundo todo, tivéssemos biscoitos e leite todos os dias por volta das três da tarde e pudéssemos nos deitar com um cobertorzinho para uma soneca.Ou se todos os governos tivessem como regra básica devolver as coisas ao lugar em que elas se encontravam e arrumassem a bagunça ao sair.Ao sair para o mundo é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos.É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.'O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem souber ver'.governo, ao seu mundo e vai ver como ele é verdadeiro claro e firme. Pense como o mundo seria melhor se todos nós, no mundo todo, tivéssemos biscoitos e leite todos os dias por volta das três da tarde e pudéssemos nos deitar com um cobertorzinho para uma soneca.Ou se todos os governos tivessem como regra básica devolver as coisas ao lugar em que elas se encontravam e arrumassem a bagunça ao sair.Ao sair para o mundo é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos. É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.'O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem souber ver'.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Maior legado de Che é a sua própria imagem, diz especialista


Texto:FERNANDO SERPONE da Folha Online


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Os 40 anos da morte de Ernesto Che Guevara são lembrados tanto com eventos em sua homenagem quanto pela publicação de livros e reportagens que se propõem a mostrar seu "lado negativo", que, para alguns, foi ocultado pela chamada "propaganda comunista".
Como "herói romântico" ou "guerrilheiro sanguinário", as últimas quatro décadas criaram uma larga distância entre o homem que Ernesto Guevara de la Serna foi e o mito criado ao seu redor, segundo um especialista em Cuba ouvido pela Folha Online.
"Che se tornou uma figura muito maior morto do que era vivo", disse Philip Peters à Folha Online, por telefone de Arlington, na Virgínia (EUA). Ele é conselheiro do grupo de trabalho sobre Cuba do Congresso dos EUA e vice-presidente do Instituto Lexington de pesquisa de políticas públicas.
Reprodução
O revolucionário argentino Ernesto Che Guevara, morto há 40 anos
"Ele foi um líder da revolução cubana --uma revolução muito violenta-- e teve um papel importante", explica o estudioso. "Após o triunfo, se envolveu em uma série de aventuras que foram fracassos completos, principalmente a da Bolívia, que custou a sua vida."
No entanto para Peters, é "impossível explicar" como a imagem de Che cresceu e se tornou um ícone tão popular em todo o mundo, sem ter "nada a ver" com o homem que ele foi e "com a forma com que viveu."
Segundo o especialista, o apelo entre os jovens se justifica por ele representar um "herói guerrilheiro romântico que luta contra o 'establishment'", mas é baseado "em sua imagem, e não no que ele fez."
"Parte de seu legado é a revolução cubana, mas a maior parte de seu legado é a imagem completamente desproporcional à sua vida real e aos seus feitos, o que é o mais interessante sobre ele", afirma Peters.
Comemorações
Raul Castro, presidente interino de Cuba, presidiu nesta segunda-feira o principal ato em memória ao aniversário da morte de Che. O evento ocorreu na cidade de Santa Clara, cenário da principal batalha de Che na luta revolucionária em 1958, e onde estão os restos mortais do guerrilheiro argentino desde 1997.
David Mercado/Reuters
Jovens homenageiam Che Guevara em cerimônia ao redor de pôster do revolucionário
Sob o mote da "luta antiimperialista", a Bolívia de Evo Morales organizou um tributo em Vallegrande, onde foram encontrados os restos de Che em julho de 1997, e na aldeia de La Higuera, onde o líder revolucionário foi capturado aos 39 anos por um soldado sob ordens do então presidente boliviano, general René Barrientos.
Em La Higuera, centenas de visitantes, entre militantes revolucionários ou simples turistas, se reuniram para prestar homenagem ao guerrilheiro.
Em Cuba, Bolívia, Venezuela, México, Nicarágua, na Argentina e em outros países onde seus ideais são reivindicados por movimentos sociais ou pela esquerda no poder, serão realizados atos políticos, marchas, shows, mostras de cinema, feiras e exposições fotográficas.
Fidel
O ditador cubano, Fidel Castro, homenageou e expressou agradecimento a Che Guevara para marcar o 40º aniversário de sua morte em um artigo publicado nesta segunda-feira no jornal cubano "Granma".
Em um editorial in titulado "El Che", Fidel agradeceu Guevara por "tudo o que fez", e disse que ele foi uma "flor arrancada prematuramente do caule".
"Cumpridor de honrosas missões políticas no exterior, mensageiro do internacionalismo militante no leste do Congo e da Bolívia, ele despertou consciências na América e no mundo", disse Fidel, 81, a respeito de Che.
Fidel --que há dez anos presidiu uma cerimônia de exumação dos restos de Che em Santa Clara --levados a Cuba após serem achados na Bolívia--, reconheceu também o trabalho de Guevara como criador das jornadas de trabalho voluntário.
"Ele nos deixou seu estilo inconfundível de escrever, com elegância, brevidade e veracidade, cada detalhe do que passava em sua mente. Ele era um predestinado, mas não sabia disso. Ele combateu conosco, e por nós", disse ainda Fidel.
Contestações
No entanto, os 40 anos de sua morte não inspiram apenas homenagens. A data motivou também a publicação de uma série de reportagens e livros que mostram Che como "uma farsa". #

Tais textos se propõem a desconstruir o mito do revolucionário romântico perpetuado nas camisetas e pôsteres com a foto mas reproduzida do mundo, de Che Guevara feita por Alberto Korda.
No lugar do herói, as publicações mostram um ser humano ávido por sangue e violência, que executou centenas de pessoas e fracassou em quase tudo o que se prestou a fazer.
O cubano Jacobo Machover, autor do livro "La Cara oculta del Che", publicado recentemente, se refere a Che como "um personagem não muito interessante, um instrumento ou uma vítima de Fidel Castro, um fanático cruel e sanguinário".

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O MOMENTO DA ESCOLHA DA PROFISSÃO


Escolhas são caminhos bifurcados que encontramos todos os dias, na nossa vida. As escolhas não precisam ser sempre difíceis, embora a cada uma corresponda uma renúncia. Quando não há dinheiro para tudo, há que decidir por uma ou algumas dentre as várias coisas que se pretenda comprar. Quando se vai a um restaurante, um prato. Quando se sai de casa, um caminho. E assim sucessivamente.
A dificuldade de fazer escolhas relacionadas à carreira está no fato de que, muitas vezes, os filhos desejam seguir áreas novas que os pais conhecem pouco e por isso temem que não proporcionem solidez, no futuro. Ainda há pais que acreditam, como foi no passado, que os cursos que importam são medicina, direito e engenharia. Os jovens querem ousar. Turismo, publicidade, gestão de pessoas, meio ambiente, tecnologia, design, culinária, artes, são áreas sedutoras e atraem um número cada vez maior de jovens. E por serem novas, não significa que remuneram menos que a advocacia, odontologia ou administração.
A conversa em família, para a decisão do curso, deve levar em conta questões como o prazer, a aptidão e a oportunidade. O prazer é essencial. A profissão será a companheira diuturna, e não se escolhe para viver e conviver algo que não se aprecie. A aptidão é demonstrada em toda a vida escolar. Não basta que os pais queiram que o filho seja médico, piloto de avião ou ator de cinema. É preciso aptidão. E a oportunidade está ligada ao mercado de trabalho. Um pai que tem uma grande organização pode preparar o seu filho para comandá-la. Pais que sejam advogados bem sucedidos terão mais facilidade para abrir o mercado para os filhos. Um dono de jornal já tem espaço para o filho jornalista. Isto não é regra. É oportunidade.
A constatação mais importante: as pessoas não podem mais parar de estudar, senão envelhecem para o mercado, fenecem e morrem. A assertiva do passado, de que bom era ingressar em uma organização e trabalhar nela por toda a vida, não é mais a regra. As pessoas mudam de empresa e de área de atuação e por isso mesmo devem estar preparadas para essas mudanças.
Mesmo escolhas difíceis podem ser prazerosas, quando os atores do processo são respeitados. Os pais não devem assumir a decisão. A carreira é dos filhos, e a decisão tem que ser deles. Isso não significa que não possam orientá-los e até convencê-los do que julgam ser o melhor.
Depois da escolha, o que importa é estudar. E muito - o mercado carece de profissionais competentes, que tenham visão do mundo e da área em que atuam, e para isso a leitura é essencial. A capacidade de trabalhar em grupo e de resolver problemas também. E tudo isso ajuda a chegar ao essencial: um profissional competente e bem sucedido é antes de qualquer coisa um profissional feliz.




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GABRIEL CHALITA

DE BRAÇOS ABERTOS PARA A VIDA



Pensar em Educação apenas inserida no ambiente escolar e como função única do professor hoje é muito pouco para o que a palavra e o experenciar EDUCAÇÃO pode nos trazer.Educar, hoje, rompe barreiras sociais, étnicas, morais e políticas. Educar, hoje, vai além da sala de aula, do quadro-negro, do professor. Hoje, educar não é apenas mero conhecimento de um certo número de disciplinas para o alcance de determinado objetivo, não existindo, após, utilidade alguma. Educar é viver; Educação é referencial de vida, é conhecimento para toda vida.E vida não é algo restrito ao ambiente escolar; vida não é conhecimento unicamente do professor. Vida é o saber de cada um, que, como diz Paulo Freire, grande educador que permanece vivo em sabedoria, vocação e experiência, "...não há maior, nem menor. O que há são saberes diferentes".Experiências de vida são saberes fundamentais para a educação. Relações de afeto são essenciais para a construção do conhecimento. E, para isso, pais, mães, avós, vizinhos, amigos, comunidade, bairro, todos, em conjunto, constroem o que chamamos EDUCAÇÃO.E podemos ir além nessas relações. O mundo hoje, tão rápido em suas informações, nos dá vários meios para que essa educação permeie vários outros locais - estados, regiões mais distantes, países. A televisão, o cinema, o teatro, a dança, a poesia, a internet, a pintura, a escultura e outras grandes manifestações geram esse transporte de experiências, de vivências, de olhares, de opiniões a que a educação nos possibilita.Que possamos estar abertos a esses vários mundos que nos são descortinados a cada dia, a cada instante, nos propondo a ser cineastas, atores, cantores, bailarinos, poetas, prosadores, internautas e, acima de tudo, educadores, ou seja, os grandes artesãos da vida.


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Priscila Buares

DE OLHO NAS CAMADAS POPULARES


O que antes era considerado um objetivo impossível, sem condições de conquista, hoje é o meio mais repleto de oportunidades para a educação: as camadas populares.E não pensemos nós que o interesse pela educação apenas é colocado sob o lume da ascensão social e do sucesso profissional e financeiro. A grande maioria tem visto a educação com outros olhos, como meio de conquistar seus objetivos, mas também, e principalmente, como meio de ajudar ao próximo, pertencente a sua comunidade ou não, mostrando, assim, a educação como base e fundamento ideal para toda a vida, no que tange a todas as áreas.Alguém pode estar se perguntando nesse momento: Mas, o que há para fazer em locais onde há camadas populares? E pode tentar concluir, dizendo: o que pode ser feito, unicamente, são pré-vestibulares comunitários e incentivo às práticas esportivas.Não. Não apenas isso. Em tais localidades há pessoas com grandes e diversos sonhos, jovens ou idosos, pessoas que não pensam só em si mesmas, mas pensam no que poderiam, elas, mudar na sociedade.Políticas sociais, através da educação, podem ser grandes incentivos a essas comunidades. Cada um, em cada momento da vida, aprendeu algo, e isso pode ser ensinado a outras pessoas, a outras gerações.Ouvi uma vez uma história, num seminário de planejamento educacional, de uma representante do Prefeito de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, em gestão, que, em visita a uma comunidade, para a construção de um projeto de política social, proferiu aos moradores que os mesmos poderiam ajudar com o que tinham, com o que soubessem. Grande foi a surpresa, e a de todos os presentes, quando um determinando morador da localidade levanta a voz e diz: “Mas, dona, a única coisa que sei fazer é pipa. Isso vai servir para alguém?”Hoje o projeto está caminhando a passos largos, e o mais importante disso tudo é que a educação, mais uma vez, venceu as barreiras do preconceito e do status social. E o que era pra ser apenas um conhecimento tolo, que não servia de nada, hoje virou oficina. E nisso todos podem colaborar. Inclusive nós.A educação é assim. Rompe barreiras, amplia espaços, retira preconceitos, visões contrárias e indiferentes, traz no ser humano o desejo e a certeza de um mundo melhor e/ou menos desigual, e uma esperança, a que esse “menos desigual”, um dia, e que seja ele o mais próximo possível, possa se transformar em igualdade social, econômica, moral política e muitas outras que venhamos a ter. E que tudo isso seja conquistado através da educação.






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Priscila Buares

domingo, 21 de outubro de 2007

Seria cômico,se não fosse trágico...


ONU resolveu fazer uma pesquisa em todo o mundo.

Enviou uma carta para o representante de cada país com a pergunta: "Por favor, diga honestamente qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo".
A pesquisa foi um grande fracasso.
Sabe por quê?
Todos os países europeus não entenderam o que era "escassez".
Os africanos não sabiam o que era "alimento".
Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre o que era "opinião".
Os argentinos mal sabem o significado de "por favor". Os norte-americanos nem imaginam o que significa "resto do mundo".
O congresso brasileiro está até agora debatendo o que é "honestamente".

UnP reúne comunidade acadêmica


O Congresso Científico da UnP reuniu a comunidade acadêmica para apresentação de trabalhos de pesquisa e de extensão. Durante três dias alunos e professores apresentaram e participaram de Atividades Científicas, envolvendo minicursos, mesas-redondas, palestras e conferências; Trabalhos Científicos, com comunicações orais, pôsteres e mesas demonstrativas; além dos Eventos Simultâneos, realizados pelos cursos de Graduação e Pró-Reitorias de Pesquisa, Extensão e Graduação. Neste ano, o evento foi realizado na Unidade Floriano Peixoto e teve como tema “Educação, Ciência e Cultura: construindo a cidadania”.

Os assuntos estudados e discutidos durante o Congresso Científico são uma prestação de contas para a comunidade e acima de tudo uma contribuição valorosa da Universidade para a sociedade. “O Congresso é realizado para que possamos difundir e socializar tudo que é produzido em termos de iniciação científica e de extensão, e nosso programa de bolsas em iniciação científica (ProBIC)”, afirma a Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, profa. Lecy Gadelha.

Para os alunos, este é um importante momento para aliar teoria e prática. Assim como, em edições anteriores o Congresso teve uma boa participação de alunos da UnP, bem como de pessoas de outras Instituições de Ensino. “Este ano me senti mais motivado a participar assistindo a palestras e minicursos, pois tive um maior incentivo por parte do corpo docente” Marcus Vinicius, 6° período de Arquitetura.

Um dos destaques do evento foi a participação dos alunos do curso de Jornalismo. Os estudantes colocaram em prática as teorias aprendidas em sala de aula. Coordenados pela profa. Cintia Barreto, 14 alunos do curso de Jornalismo da Universidade realizaram a cobertura jornalística do evento, em parceria com a Assessoria de Imprensa da Instituição. Vale ressaltar, ainda, a participação deles na Rádio Ação UnP que divulgou informações atualizadas sobre a programação do Congresso, além de realizar entrevistas com professores, alunos e organizadores do evento. Todas as notícias produzidas sobre o Congresso estão disponíveis no site www.unp.br.

Também, durante o Congresso foram realizados diversos eventos simultâneos em diferentes áreas do conhecimento, dentre eles: a Jornada do Pólo da Saúde, a Jornada de Odontologia, Mostra de Comunicação, Semana de Informática e Computação e a Mostra de Nutrição.



O encerramento do Congresso aconteceu na sexta-feira, no Centro de Convenções de Natal. A Conferência Magna foi proferida pelo prof. Dr. Gabriel Chalita, que é doutor em Filosofia do Direito e em Comunicação e Semiótica.

sábado, 20 de outubro de 2007

Exame da OAB-SP tem aprovação de 15,9%, metade do índice anterior



A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo divulgou nesta sexta-feira a lista de aprovados no Exame 133 da instituição. Dos 17.871 bacharéis que fizeram as provas, 15,9% foram aprovados. O índice é metade dos aprovados no exame anterior, que teve 30,43% de aprovações.
Foram aprovados 2.848 candidatos, sendo que fizeram inscrição para esta edição do exame 18.487 formados, como 616 abstenções. Foram habilitados na primeira fase 4.237.
" Houve, sem dúvida, uma queda relevante no percentual de aprovados, de 30,43% para 15,9%, a enfatizar a necessidade de aprimorar o ensino jurídico para que o bacharel chegue melhor preparado para o Exame de Ordem, que exige noções básicas das disciplinas que o estudante deveria ter visto no curso de direito", afirmou Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB de São Paulo.
As cidades com maior número de inscritos apresentaram os seguintes resultados; Campinas 968 inscritos e 162 aprovados: Santos com 776 inscritos e 61 aprovados; São Bernardo do Campo com 1.012 inscritos e 152 aprovados e São José do Rio Preto com 821 inscritos e 139 aprovados.

Professor de SP ganha 39% menos que do Acre



Reportagem publicada na edição desta segunda-feira da Folha de S.Paulo revela que os professores estaduais de São Paulo, em início de carreira, têm um salário 39% menor do que os do Acre. Enquanto um docente com formação superior e piso inicial de São Paulo ganha R$ 8,05 por hora, o colega acreano recebe R$ 13,16.
O Acre lidera a lista dos Estados que pagam melhor seus professores em início de carreira, seguido por Roraima, Tocantins, Alagoas e Mato Grosso. São Paulo vem em oitavo lugar. Pernambuco tem o pior salário. De acordo com a Folha, no Saeb (exame do MEC que avalia estudantes), na comparação entre 2003 e 2005, "o Acre foi onde as médias dos alunos de 4ª série mais evoluíram".
Em São Paulo, a situação se agrava se levado em conta o custo de vida. Um professor que trabalha 120 horas por mês (30 por semana) tem salário de R$ 966 e consegue comprar 4,9 cestas básicas. Já o do Acre recebe R$ 1.580 e compra 12,6. Ou seja, a diferença do salário/ poder de compra chega a 60%.
A secretária de Educação da gestão José Serra (PSDB), Maria Helena Guimarães de Castro, não deu entrevista sobre o assunto. Sua assessoria pediu que fosse procurada a Secretaria de Gestão, responsável pelos salários dos docentes. Esta também não se pronunciou.

Prefeitura anuncia 309 escolas que terão câmeras de vigilância em SP



A Prefeitura de São Paulo definiu quais são as 309 escolas que servirão como piloto do Programa de Proteção Escolar. Anunciado em agosto pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), ele prevê a colocação de câmeras de vigilância e seguranças privados nas unidades.
Caso a proposta tenha sucesso e aceitação, a gestão pretende expandir o programa para toda a rede municipal --são mais de 1.300 escolas. O objetivo declarado é combater os roubos, furtos e atos de vandalismo contra os equipamentos públicos. A prefeitura não divulgou números dessas ocorrências.
Serão alvos no programa, ao menos nessa fase, Emefs (Escolas Municipais de Ensino Fundamental) e Emefms (incluem o ensino médio). Ao todo, esses tipos de estabelecimento na rede são 445, segundo dados do site da Secretaria Municipal da Educação. Ou seja, 70% das escolas de ensino fundamental e médio estão incluídas no programa.
As regiões periféricas da zona leste foram priorizadas. A Coordenadoria de São Mateus tem 98% de suas unidades incluídas na listagem. Já a de Guaianazes/São Miguel tem 92%. É da de Santo Amaro, na zona sul, a menor taxa: 43%.
O serviço será contratado por licitação. A cidade foi dividida em 11 lotes e cada empresa interessada poderá arrematar um. O prazo de execução é de 12 meses, prorrogável. As regras estão previstas no edital do pregão. Como não há prazo para conclusão do fim da licitação, não é possível dizer quando o sistema será implantado.

Salário não melhora ensino, diz secretária de Educação de SP


A secretária estadual da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, afirmou dia 15/10/07 que qualidade de ensino não tem relação com salário dos professores.
A declaração foi feita em resposta à reportagem de ontem da Folha, que mostrou que o governo paulista paga R$ 8,05 por hora --39% menos que o Acre (R$ 13,16)-- para professores em início de carreira e é apenas o oitavo melhor salário do país.
"O quadro mostra, com clareza, que não há uma relação direta entre salário e qualidade do ensino, embora a questão salarial seja fundamental para valorização dos professores", disse a titular da pasta do governo José Serra (PSDB).
Maria Helena cita o fato de Estados como Minas Gerais e Distrito Federal (governados por PSDB e DEM, respectivamente) estarem entre os três melhores desempenhos da quarta série no Saeb (exame do governo federal), embora não tenham os salários mais altos. Ficaram em 17º e 19º.
Questionada sobre o Acre, que é o campeão dos salários e aumentou 13,8 pontos no Saeb entre 2003 e 2005 (São Paulo avançou 1,1), ela disse que o Estado melhorou porque manteve a mesma política educacional desde o início dos anos 90.
Antonio Chizzotti, professor da Faculdade de Educação da PUC-SP, discorda: "Uma das questões fundamentais na qualidade de ensino é a remuneração do docente". Para ele, o professor precisa ter condições de estudar, comprar livros, ir ao teatro. "Tudo isso é formação", diz. "E não dá para cobrar bom trabalho de um funcionário a que se paga mal."
A declaração da secretária foi dada durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, em que Serra sancionou seis projetos aprovados na Assembléia.
Serra considerou "sem cabimento" comparar São Paulo ao Acre, pois, disse, o Estado do Norte praticamente não gasta com aposentados e possui cerca de 70% a mais de recursos disponíveis por habitante (somando arrecadação estadual e transferências federais).
Serra reclamou também do fato de a reportagem não somar ao salário as gratificações pagas aos professores. A reportagem mostrou, porém, que o salário acreano (sem contabilizar a gratificação) é maior que a remuneração paga em São Paulo (incluindo gratificação).
Sobre o fato de Alagoas também pagar mais, Serra disse: "Viva Alagoas, está muito bom. No caso de São Paulo, não é possível. Aliás, o Estado de Alagoas quebrou por algum motivo. Não estou dizendo que foi especificamente esse assunto".
Após a entrevista coletiva, o governador afirmou à Folha que São Paulo paga "dentro das possibilidades do Estado hoje".
Entre as medidas apresentadas ontem estão a antecipação para este mês do bônus que seria pago em 2008; possibilidade de pagamento em dinheiro de parte da licença-prêmio; incorporação de gratificação que beneficiará os aposentados; e a seleção de 2.545 secretários de escola e de 12 mil professores coordenadores.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ontem que o piso salarial nacional para professores, aprovado na Câmara dos Deputados (R$ 950), pode ajudar a melhorar a situação dos docentes. "Mas, como professor, e no dia dos professores, não posso dizer que considero [o valor] ideal."

Apenas 10% dos mestrados e doutorados têm nível europeu




O Brasil tem 219 programas de mestrado e doutorado, ou 9,7% do total, considerados do mesmo nível dos grandes centros internacionais. Ao mesmo tempo, 3,5% deles (81) correm o risco de serem fechados.
A avaliação trienal dos programas de pós-graduação foi divulgada ontem pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Foram examinados os 2.266 existentes até 2006.
Os 81 programas de pós-graduação ameaçados são os que tiveram notas um e dois -de uma escala de um a sete. Eles poderão ser descredenciados pela Capes -não poderão mais receber alunos, em caso de recusa a possíveis recursos. Outros dez mal avaliados já se fundiram com outros ou se desmembraram desde 2004.
Os programas considerados equiparáveis a centros de referência internacional -foram citados como exemplos Harvard (Estados Unidos) e Sorbonne (França)- são aqueles que obtiveram notas seis e sete. Apenas programas com curso de doutorado podem ter nota acima de cinco. No caso do mestrado, a nota cinco já é considerada de excelente nível.
A Capes faz essa avaliação desde 1976. Em 2001, 4,3% dos programas foram descredenciados. Em 2004, 2%. Entre os melhores programas, houve uma redução em relação ao último levantamento da entidade -de 11% para 9,7%. Neste ano, nenhum dos programas é da área de ciências sociais aplicadas, que abrange direito, economia, administração e comunicação social. A maior parte -ou 39- é da área de ciências biológicas.
Na opinião do filósofo Renato Janine Ribeiro, diretor de avaliação da Capes, a queda do percentual de programas de excelência acontece devido a um "aumento das exigências" dos avaliadores, e não a uma queda da qualidade.
O ex-reitor da USP e consultor em ensino superior Roberto Lobo afirma acreditar que ainda são poucos os programas de pós-graduação de alto nível no país. "Temos uma pressão muito grande para a formação de mestres e doutores, mas é preciso que haja mais cursos de excelência no país."
Critérios
Para fazer a avaliação dos programas de pós-graduação, a Capes utiliza critérios como a infra-estrutura do curso, a titulação do corpo docente, a produção científica (artigos e livros publicados) e citações de pesquisas em publicações.
Os programas com notas seis e sete passam a receber financiamento direto da Capes. Dos 219 melhores programas, 78% estão no Sudeste. O Estado de São Paulo concentra a maior parte, 108 (49%). Depois, vêm Rio (19,6%) e Rio Grande do Sul (10,5%).
Não por acaso, são paulistas as instituições que lideram dois rankings que podem ser feitos a partir dos resultados da Capes. A Unicamp tem a maior nota média de todas as instituições, considerados todos os programas de pós-graduação -5,11, o que a coloca no patamar de "alto nível de desempenho". Seguem-na nesse ranking a Fundação Getúlio Vargas, em suas sedes no Rio de Janeiro e em São Paulo, com melhor desempenho entre as instituições particulares. Já a USP é a instituição com mais cursos com notas seis e sete.
Ao divulgar os dados do levantamento, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que falta uma "cultura de inovação" nas empresas brasileiras, que inibiria o investimento privado no setor।



ANGELA PINHO

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

"Tropa de Elite" deveria ser obrigatório nas escolas



O filme "Tropa de Elite" deveria ser obrigatório nas escolas. Mais do que a envolvente denúncia da banalização do mal no Brasil, na qual policiais e bandidos se transformam em animais e criminosos, o filme provoca uma reflexão sobre a responsabilidade individual.
O inocente consumidor de maconha, sentindo-se conectado com a natureza ou com a leveza espiritual, ou o alto executivo que consome cocaína são apresentados também como sócios do tráfico --e com razão.
É fácil apenas culpar o governo, a polícia, os traficantes, e assim por diante. Mais difícil é nos culparmos --e, aí, está um dos problemas brasileiros. A culpa é sempre dos outros. Vejamos:
Muito mais do que as drogas, o que mais mata no Brasil é o álcool, uma das causas das cem mortes diárias e mais de 100 mil feridos por ano no trânsito. Nem os publicitários nem os veículos de comunicação que exibem os anúncios de cerveja, com sedutores apelos, se sentem minimamente responsáveis por essa tragédia. A culpa? Só do governo.
Um motoboy morre por dia apenas nas ruas da cidade de São Paulo (e mais 25 por dia ficam feridos). Isso porque contratam-se empresas irresponsáveis de entrega. Mesmo sabendo que já existe um selo de qualidade para motofrete. A culpa? Só do governo.
As pessoas emporcalham as ruas com lixo apenas porque não têm paciência de jogá-lo em algum lugar apropriado. Madames não se incomodam que seus cachorros façam das calçadas banheiros. A culpa? Só do governo, que não limpa as ruas.
O governo sobe os impostos sem parar assim como contrata novos funcionários públicos sem parar. Pouco se faz contra essa extorsão. Nem mesmo sabemos como o orçamento é feito. De quem é a culpa? Do governo.
Deputados, senadores, vereadores cometem crimes e fazem negociatas, mas pouco acompanhamos seus mandatos. Durante a campanha, preferimos o show do marketing à análise de propostas. Até nos esquecemos em que votamos. De quem é a culpa? Dos políticos.
Não quero deixar, claro, de responsabilizar os governos. Mas apenas dizer que, num mundo civilizado, todos deveriam saber não só quais são seus direitos mas também seus deveres. Isso é o básico de cidadania, cuja discussão o filme, através da droga e da violência, lança com alto teor pedagógico --portanto, deveria ser obrigatório na escolas.
É um bom debate para que saiamos dessa adolescência da cidadania, com muitos direitos e poucos deveres.
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Assim como é obrigatório pensarmos que, no futuro, a droga não será um problema de polícia, mas apenas de saúde pública. Não sei se a repressão não acaba fazendo mais mal do que bem no combate ao vício.


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[Folha online]

Aprovada lei que permite financiar toda a faculdade


O Senado aprovou ontem (17) um projeto de lei que institui modificações no Fies (Programa de Financiamento Estudantil), que hoje financia a graduação no ensino superior. O texto, que vai agora à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permite que 100% da mensalidade seja financiada --hoje, o valor é de 50%-- e aumenta o prazo para pagamento de uma vez e meia a duração do financiamento para duas vezes.
Outra mudança introduzida é a possibilidade de os alunos utilizarem recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) no pagamento.
Estudantes de mestrado e doutorado também poderão se beneficiar do programa, "sempre que houver disponibilidade de recursos e cumprimento no atendimento prioritário aos alunos dos cursos de graduação", diz o projeto. Foi criada também a figura do "fiador solidário": um grupo de até cinco pessoas --podem ser colegas do estudante-- que se responsabilizará pelo pagamento.
Os juros cobrados dos estudantes de pedagogia, licenciatura e cursos superiores de tecnologia serão menores do que os das outras áreas --3,5% ao ano, contra 5,5% das outras graduações e 6,5% da pós.
A seleção do Fies leva em conta critérios socioeconômicos. Podem participar alunos de faculdades com nota igual ou maior do que 3 no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes).
No mesmo projeto, que integra o PDE (Plano Nacional de Educação), pacote de medidas para a área anunciado em abril, foi aprovado o chamado "Refis das universidades", que dá às instituições particulares condições melhores para refinanciar dívidas com o governo federal.

Ser Fênix...



Segundo a tradição egípcia, Fênix era uma ave fabulosa que vivia por muitos séculos e, se queimada, renascia das próprias cinzas. O termo "fênix" é usado também para falar de pessoas ou coisas raras. Eu gostaria de olhar para esta ave fabulosa como um sinal daquilo que pode e deve acontecer com aquele que deixa Deus curar seu coração.Algumas pessoas se derrotam antes mesmo das batalhas. Acreditam que vão perder e, lógico, acabam perdendo. O medo do fracasso é o fracasso antecipado! Por isso é preciso eliminar as emoções reprimidas, do contrário é impossível vencer os desafios que a vida vai nos oferecendo.Normalmente, não se consegue ficar tranqüilo diante de uma agressão ou injúria, justamente pelo fato da pessoa ofendida ter emoções retidas, principalmente se estas forem do mesmo gênero. Por exemplo: uma criança fica traumatizada porque na escola os colegas sempre zombam dizendo que ela é feia e tem pernas finas, além disso a mãe disse um dia que ela era mais feia do que a irmã. Com o passar do tempo, essa criança torna-se uma jovem, uma mulher e se ainda tiver com aquele trauma, qualquer alusão negativa que também lhe faça sobre sua beleza ou sobre suas pernas finas lhe doerá muito. Ela ficará triste, angustiada, talvez até se sinta derrotada ou desprezada. É que a ofensa atual mexeu com a emoção que ficou retida desde a infância.Se o pai sempre diz que o filho pequeno é burro, quando ele crescer e se tornar homem facilmente ficará ressentido se alguém duvidar de sua inteligência. Poderá passar a vida tentando provar que é inteligente. Outra pessoa que nunca teve esse trauma, se passa pela mesma circunstância, não vai se abater, pois estará confiante em sua capacidade, no máximo pensará que seu ofensor não está à altura de avaliá-lo. Por isso mesmo continuará tranqüilo.Quando a pessoa não tem traumas, age melhor com seu raciocínio, de modo mais objetivo, saber interpretar melhor as situações e tem melhor conceituação de valores. Por exemplo, a moça de pernas finas, se não for traumatizada, achará muito mais razoável e muito mais fácil aceitar sua condição e procurar um namorado que goste de suas pernas do jeito que são do que ficar lamentando-se por isso ou tentar, inutilmente, deixa-las mais grossas.Quando numa oração de cura interior ou numa terapia correta que impulsionam em determinada direção, eliminamos todas essas emoções retidas e fazemos essa limpeza no coração, tornamo-nos livres, dispostos, saudáveis. Não tendo emoções retidas que o impulsionam em determinada direção, a pessoa agirá de acordo com o que pensa, pois está em equilíbrio.. o inconsciente não irá trabalhar contra o consciente. Quando isso acontece, a pessoa tem tranqüilidade para superar os desafios que vão surgindo e é capaz de curar seu coração das pequenas coisas que acontecem em seu cotidiano.O que não se pode é assumir uma atitude pessimista diante da vida. Os problemas realmente existem, mas a grande maioria deles são bem maiores exatamente porque não temos a coragem de ser como as fênix, que aprenderam a ressurgir das cinzas.Os obstáculos se afastam para deixar passar todo aquele que sabe para onde vai.

Brasil tem um aborto para cada três nascimentos, diz Temporão



GABRIELA MANZINI da Folha Online








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O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou nesta segunda-feira que, para cada três bebês nascidos vivos no Brasil, ocorre um aborto induzido. Segundo ele, uma pesquisa da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) revelou que, em 2005, ocorreu 1,04 milhão de abortos clandestinos no país.
De acordo com o ministro, cerca de 220 mil mulheres realizam curetagens em decorrência de abortos no SUS (Sistema Único de Saúde), anualmente. "Se considerarmos que o aborto é um crime, todos os dias, 780 mulheres teriam que ser presas, sem contar seus médicos e, eventualmente, seus companheiros", afirmou Temporão, que participa de sabatina da Folha, no Teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis).
"Eu não admito que digam que o aborto não é um problema de saúde pública", afirmou.
Para o ministro, o feto tem direito à proteção jurídica a partir da 12ª semana de gestação, quando começa a formação do sistema nervoso central. "Antes, não há consciência nem dor". Segundo o ministro, a aceitação da descriminalização do aborto é um "processo de amadurecimento da sociedade".
Questionado sobre o papel da pílula do dia seguinte no programa nacional de planejamento familiar, o ministro afirmou que a distribuição do medicamento está sendo estudada, pois a prática de não-exigência de prescrição médica contraria a campanha atual de popularização dos anticoncepcionais, que requer a apresentação de uma receita médica.
Mestre em saúde pública e doutor em medicina social, Temporão assumiu o Ministério da Saúde em março deste ano e já esteve no centro de pelo menos três assuntos bastante polêmicos. O primeiro deles foi a defesa da realização de um plebiscito sobre a legalização do aborto no Brasil. O outro foi a proposta de licenciamento compulsório do remédio anti-Aids Efavirenz. Por fim, o ministro defendeu restrições na publicidade de bebidas alcoólicas.
Temporão é o quarto a participar do ciclo de sabatinas da Folha neste ano. Antes dele, o jornal sabatinou o climatologista Carlos Nobre (março), o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer (abril), e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (maio).






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Folha de S.Paulo

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