"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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sábado, 27 de outubro de 2007

Dia do Educacionista- Cristovam Buarque



É comum o horror diante da brutalidade de dirigentes que queimam livros e prendem intelectuais. Mas não nos horrorizamos quando impedimos que os livros sejam escritos e que as pessoas aprendam a ler. É isso que o Brasil faz há 500 anos. Em vez de livros, queimamos cérebros. Quando os livros são queimados, alguns se salvam. Mas se eles não são escritos, não há o que salvar.
Ao negar educação ao povo, a história do Brasil é a história de impedir que livros sejam escritos, e que cientistas e intelectuais floresçam. Pior do que queimadores de livros, somos incineradores de cérebros que escreveriam os livros, se tivessem a chance de estudar. Sem uma professora primária que lhes tivesse ensinado as primeiras letras e as quatro operações, Borges não teria sido escritor, Einstein não teria se tornado cientista. A maior prova da nossa queima antecipada de livros é o desprezo com que tratamos professores e professoras da educação de base: pré-escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Durante anos, falou-se no decolar da economia. Até então, achava-se que, para um país ter futuro, bastava educar uma elite, uma minoria, um pequeno conjunto de profissionais superiores a serviço da economia. Mas isso não é mais possível.
Mas daqui em diante, ou educamos todos, ou não teremos futuro. Ou o Brasil se educa, ou fracassa; ou educamos todos, ou a desigualdade continua; ou desenvolvemos um potencial científico-tecnológico, ou ficamos para trás. Se a universidade é a fábrica do futuro, o Ensino Fundamental é a fábrica da universidade. Não podemos melhorar a educação superior sem uma educação realmente universal e de qualidade para todos. A chave é o professor da educação de base.
No Dia dos Professores, eles merecem mais do que uma homenagem: nosso respeito, reconhecimento, apoio.
Hoje, ser professor no Brasil é um ato de heroísmo. Por causa da alta probabilidade de não terem sucesso financeiro, dos altos riscos que correm nas escolas degradadas, dos riscos à saúde, dos riscos da violência.
Eles são nossos heróis e merecem que lhes ergamos monumentos, como se fossem soldados retornando do campo de batalha.
Além do muro da desigualdade, são os professores que vão derrubar também o muro do atraso, que nos separa dos países ricos e desenvolvidos. A revolução de hoje é a da distribuição do conhecimento. E conhecimento só se distribui com o acesso a uma escola com a mesma qualidade para os filhos dos pobres e para os filhos dos ricos. E escolas tão boas quanto aquelas dos países que já fizeram a revolução educacional, muitas décadas atrás.
Isso só será possível melhorando o salário do professor, suas condições de trabalho, sua dedicação ao trabalho, sua formação, seu acesso a bons equipamentos.
Mas para isso, é preciso mudar o olhar do Brasil para a educação, e isso exige que cada professor seja, além de educador, um educacionista.
Educador é quem trabalha na escola para ensinar; educacionista é quem luta para dar condições a todos os educadores e fazer com que todas as escolas sejam boas, para mudar o País com uma revolução pela educação. O Brasil precisa de educacionistas, como já precisou dos abolicionistas. Que todos os educadores sejam também educacionistas. Até que os educacionistas se unam pela revolução que precisamos fazer. E um dia, ao nascer uma criança, o pai e a mãe dirão: "Este vai ser professor". Quando isso acontecer, os educacionistas terão vencido, e os educadores poderão comemorar plenamente o seu dia.

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