"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

Translate - Tradurre - Übersetzen - Çevirmen - переводчик -

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Os dias de nossa vida correm velozes....

Os dias de nossa vida correm velozes....
Os instantes se sucedem, rapidamente,
aproximando-nos cada vez mais do termo
da nossa existência.
E nesta caminhada, quantos desperdiçam o
seu tempo em ilusões, misérias,
vivendo uma vida sem valor ou expressão,
inclinada apenas para a matéria.
Enquanto temos tempo, façamos o bem....
Virá a hora que ninguém poderá trabalhar...
Como o lavrador, que logo à primeira chuva,
corre a lançar a semente de uma futura e
esperançosa colheita, assim, também,
tu deves lançar uma semente para que ela
alcance os frutos no tempo oportuno.
Você, certamente, já ouviu:
"Quem semeia com lágrimas,
colherá entre alegrias e consolações".
Lembra-te, o amor, a alegria, o entusiasmo,
comunicam uma nova força e uma nova vida
Uma linda semana de colheita

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Restaurar a educação




No mundo do liberalismo, onde cada um faz o que quer, a família precisa reassumir a sua missão educadora. É preciso voltar a falar em limites e em disciplina, por mais antipático que isso possa parecer. Educação é um processo doloroso e lento. É um investimento a longo prazo. Os pais precisam retomar o leme da educação e tomar alguns cuidados básicos.Os filhos precisam ser corrigidos, nunca, porém, publicamente. A correção em público pode gerar humilhação e até mesmo vir a gestar traumas e complexos difíceis de serem superados. Além disso, não se pode corrigi-los com aspereza e agressividade. Agressividade gera temor, mas mata o amor e o respeito. Os pais precisam evitar todo espírito de crítica e indelicadeza com os filhos. Firmeza não exige indelicadeza.Quando for necessária uma intervenção mais severa, é preciso cuidar para não se deixar conduzir pela raiva. Deve-se evitar toda forma de correção enquanto se está irado. Na ira, somos sempre injustos. Os filhos precisam conhecer seus limites e as razões desses limites. A educação exige paciência e persistência, exige também que os pais cumpram o que prometeram. A palavra tem um poder imensamente grande no campo da educação. Falar e não cumprir é semear dúvida no coração dos filhos.É preciso semear esperança no coração dos filhos. Um jovem sem sonhos deixa de ser jovem. A educação não pode destruir a capacidade de sonhar com um mundo novo. Por outro lado, a educação não pode provocar alienação. Quem vive só no mundo do futuro esquece o presente e se perde em divagações.
Os pais não devem dar tudo o que os filhos pedem. Mesmo quando podem, não devem. Muitas vezes, os filhos pedem somente pra chamar a atenção sobre si mesmos, ou para testar os pais. Outras vezes, pedem por compensações. O "não" é altamente pedagógico, especialmente quando coerente e honesto. O filho nunca pode pensar que manda nos pais. Aliás, o relacionamento de pais e filhos nunca pode ser de igual para igual. Filho é sempre filho, independente da idade e do poder aquisitivo. Marido e mulher são iguais e precisam ser mostrar como tal. Filhos são diferentes e precisam saber que os pais têm um lugar de destaque em sua formação e educação.A diferença entre pais e filhos não significa que o filho nunca tenha razão e os pais estejam sempre certos. Os pais precisam aprender a pedir favores aos filhos. Peça com firmeza e carinho. Um pedido, bem feito, tem muito mais peso do que uma ordem dada do jeito errado, na hora errada.Outra coisa muito importante é saber achar a hora certa, especialmente quando se trata de corrigir o comportamento dos filhos. Nunca corrija na frente dos outros. A melhor hora para se falar com os filhos é quando se está sozinho com eles. num clima de amor e ternura e, acima de tudo, com a coerência do exemplo. O testemunho arrasta.Os filhos aprendem muito mais com aquilo que observam do que com aquilo que escutam de seus pais. Além disso, tem muito mais peso o que se escuta de alguém que amamos e admiramos. Filhos que admiram seus pais têm maior facilidade de colocar em prática suas ordens e seus ensinamentos. Evite toda gritaria.Cada filho é único. Nunca compare o comportamento de um com as atitudes dos outros. Não compare também com filhos de amigos ou parentes. Ninguém gosta de ser comparado. Educar é trazer à tona o melhor que o outro tem.Não faça tudo pelo seu filho. Não se deve carregar no colo quem já sabe andar. Colo é maravilhoso, na hora e no jeito certo. Fazer pelo filho acaba transformando-o numa pessoa fraca, insegura, medrosa e covarde.Nenhum pai e nenhuma mãe são obrigados a conhecer tudo. Pai e mãe não são infalíveis. Portanto, se tomar consciência e que errou, peça desculpas. Assuma suas limitações. Admita seus erros. Não tente ser um superpai ou uma supermãe. Seja você mesmo.Não tenha medo de demonstrar amor pelos filhos. Só quem se sabe amado aprende e admira. A certeza do amor gera segurança. Pouca coisa é mais agradável para os pais do que saber que o filho é alguém livre, seguro, autoconfiante, justo e honesto. Ninguém torna-se nada disso de um dia para o outro. Educação exige tempo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Johnny e a juventude sem limites



Não é à toa que o filme Meu nome não é Johnny já é um grande sucesso. Primeiro porque mostra a qualidade de que é capaz o cinema brasileiro. Depois, pela temática. As famílias estão preocupadas com duas questões centrais abordadas pelo filme do diretor Mauro Lima: as drogas e a necessidade de estabelecer limites para os jovens. Pais atentos sabem que é preciso entender as negativas que o mundo oferece.

Aí está o valor deste filme, ao contar a história real de João Guilherme Estrella, jovem carioca que se acostumou, desde criança, a uma educação permissiva. Sem imposição de limites por parte dos pais, tentou as drogas. De usuário, em pouco tempo passou à posição de um dos traficantes mais importantes do Rio. No papel, Selton Melo é perfeito, sério, competente, arrebatador. E muito bem acompanhado: estão ótimas as atrizes Cleo Pires e Júlia Lemmertez.

Um trecho antecipa o futuro do menino Estrella. Soltou um rojão dentro da casa. Em vez de repreendê-lo, o pai comemorou. A frase predileta de André di Biasi, no papel de pai, é esta: "Aproveite a vida". (Justo ele que desistiu dela.) Mas o que significa aproveitar a vida? Prazeres são sempre bem-vindos, mas uma vida baseada apenas em prazer tende ao fracasso. E fracassar é perder a alma. Estrella conseguiu se recuperar depois da prisão e do manicômio. Deu valor à vida. E está vivo. Talvez sua história não seja a regra, mas há muitos jovens que degringolam pela falta de limites.

Os pais não se ausentam por maldade. Mas fazem um mal enorme aos filhos quando ficam ausentes. E, na vida, quem só ouviu sim, dirá sim ao traficante, ao corrupto, ao bandido. Os pais têm de ser referência, mesmo com os erros e ausências que a falta de tempo impõe. Mas com a inteireza de quem sabe que o amanhã só existirá se o hoje for bem construído. Há muitos pais que não sabem até onde devem proibir ou podem permitir. É preciso buscar ajuda, ler, pesquisar, entender o que se passa com essa geração. Os pais têm de abordar temas que ontem não eram necessários. Por que eu tenho de falar sobre drogas com meu filho? Porque os tempos mudaram e a juventude também. O jovem não é um problema. Desde que tenha sonhos e limites.
Por isso há um bom programa para ser fazer nesses dias. Pais e filhos deveriam ir, juntos, assistir ao filme Meu nome não é Johnny. É uma oportunidade de as famílias observarem a importância do diálogo - e a tragédia que costuma decorrer da falta dele.

domingo, 20 de janeiro de 2008

SEJA DETERMINADO



Alguém já disse que ninguém fica velho somente por viver um certo número de anos, mas fica velho por abandonar seus ideais. Os anos enrugam a pele, mas a falta de entusiasmo enruga a alma. Você é tão jovem quanto sua confiança em si mesmo, tão velho quanto seus temores, tão jovem quanto sua esperança e tão velho quanto o seu desespero.Preocupação, dúvida, insegurança, medo e desespero, estão são os longos anos que curvam a cabeça e fazem o espírito em crescimento retornar ao pó.Para se viver bem é preciso ter uma meta na vida, um ideal permanente que nos impulsione a cada dia. Quem vive movido por um ideal, tem sempre vontade de viver e de lutar. Tem motivação a cada dia. Um homem motivado é capaz de ir à Lua, mas sem motivação não é capaz de atravessara rua.Esta é a razão porque muitos se arrastam pela vida: falta-lhes um ideal, um motivo para viver que lhe dê motivação a cada dia. O pão alimenta o corpo, o ideal alimenta o espírito. o segredo para ser sempre jovem é ter uma causa a que dedicar a vida. O grande psicólogo judeu Vitor Frankl, criador da Logoterapia, e que sobreviveu a um campo de concentração nazista, ensina que a causa mais profunda da depressão, no fundo, é a falta de sentido da vida.A razão de viver precisa ser renovada a cada dia, pois só é duradouro aquilo que se renova todos os dias.Não é preciso que você tenha "grandes" ideais; isto é possível a poucos homens, mas há um grande e belo ideal que está ao alcance de todos: construir-se a cada dia e dar de si aos outros para fazê-los felizes. Este é um ideal permanente, que nunca será plenamente atingido e que, portanto, pode impulsioná-lo a vida toda e em todas as idades.O ideal não pode ser apenas buscar uma vida confortável para si e para a família, isto é pouco; é apenas um ideal transitório. Você precisa de um ideal "permanente". Você o tem? Dom Bosco dizia que Deus nos pôs neste mundo para os outros". Quem vive com esta perspectiva, tem sempre mais vontade de viver.Qualquer que seja a nossa atividade e a nossa profissão, sempre podemos fazer dele um meio de fazer o bem; e isto é um belo ideal de vida.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A elite do ensino público


Editorial Jornal O Estado de S. Paulo


Ao comparar o desempenho dos melhores alunos dos colégios particulares e dos melhores alunos da rede pública no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação (MEC) fez uma descoberta surpreendente. Ao contrário do que se imaginava, os estudantes mais aplicados dos colégios municipais, estaduais e federais obtiveram uma nota média de 68,77, numa escala de zero a 100, contra 68,72 dos estudantes mais aplicados da rede privada. Na prova de redação, a diferença foi superior a 9 pontos em favor da elite da rede pública.
A comparação foi feita entre 149.430 alunos da rede pública que concluíram o ensino médio em 2006 e 149.430 escolhidos entre os melhores formandos da rede privada. Divulgado com exclusividade pelo Estado, o estudo do MEC mostra que 91% dos melhores alunos da rede pública estão matriculados em escolas estaduais, 6,2% em escolas federais e 2,5% em escolas municipais.
A maioria dos melhores alunos da rede pública de ensino médio se concentra nas Regiões Sul e Sudeste, as mais desenvolvidas do País, onde há Estados, como o Rio Grande do Sul, com um longo histórico de investimento em educação básica e em qualificação dos professores das redes públicas. Foi por isso que os alunos gaúchos obtiveram uma média superior à brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), cujos resultados foram divulgados há três semanas.
No total, o ensino médio tem 9 milhões de alunos matriculados. A grande maioria dos estudantes da rede pública saiu-se mal nos exames do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no Pisa e no Enem, que é uma prova optativa. Se forem consideradas as notas médias dos 602.232 concluintes do ensino médio que participaram do teste este ano, o desempenho foi 20 pontos abaixo do registrado entre alunos da rede particular. Mas o brilhante desempenho da minoria, que constitui a elite das escolas públicas, sinaliza o caminho que deve ser seguido pelas autoridades educacionais.
"O resultado (do estudo do MEC) mostra o esforço pessoal do bom aluno da rede pública", diz a pedagoga Márcia Sigrist, da Unicamp. Ou seja, quando o estudante é estimulado por professores capacitados, ele tende a se superar, buscando novas fontes de informação, além daquelas que são dadas em sala de aula. Um dos alunos da rede pública que se destacou por seu desempenho no último Enem, acertando 93,65% das questões da prova, é filho de um metalúrgico, estudou a vida inteira em escola pública e faz o ensino médio num colégio estadual na capital, onde foi estimulado a ler o noticiário da internet.
Outro fator que vem estimulando os alunos da rede pública de ensino médio a estudar é a possibilidade de usar as notas do Enem para entrar numa instituição de ensino superior. Atualmente, mais de 400 faculdades em vários Estados utilizam essas notas em substituição do vestibular ou como complemento de seu processo seletivo. E universidades de ponta, como a USP e a Unicamp, adotaram um bem-sucedido programa de inclusão social, premiando com até 30 pontos, em seus vestibulares, os candidatos egressos de escola pública.
São medidas simples, mas eficientes. Esta a lição que se pode extrair do estudo do MEC. A revolução educacional não se faz com sistemas de cotas raciais ou outras demagógicas iniciativas de "ações políticas afirmativas", mas com ensino de qualidade e acesso à informação. A escolaridade básica é o principal alicerce para uma boa formação escolar e profissional. É, também, um fator decisivo para a redução das desigualdades sociais, já que a mobilidade de jovens e adultos no mercado de trabalho depende da educação básica. Depois que uma boa escola do ensino fundamental ensina o aluno a ler, escrever, calcular, pensar e refletir, tudo o mais pode ser aprendido com rapidez e facilidade. E, quanto maior é o estímulo ao estudante do ensino médio para que amplie seus horizontes cognitivos, maiores são suas oportunidades de ingressar no ensino superior ou de sucesso na economia formal.
Quando todos os estudantes do ensino médio do País tiverem o mesmo ensino de qualidade que foi dado àqueles que se saíram bem no último Enem, o Brasil terá dado um passo decisivo para a redução das desigualdades sociais.



Jornal O Estado de S. Paulo, 01/01/08

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

ORAÇÃO DO AMOR NÃO CORRESPONDIDO- GABRIEL CHALITA


Senhor!


Hoje estou triste. Meu coração dói, comprimindo o peito.Sinto-me tão pequeno, tão carente. Sinto-me desamparado.Chorar, já chorei tudo o que podia. Mas há um buraco dentro de mim que teima em não fechar. E com isso me angustia.Tu sabes, Senhor, o quanto estou apaixonado. Sabes o tamanho do meu desejo em estar com quem amo. E sabes, também, do sentimento de rejeição, de pequenez, que toma conta de mim. E eu, a cada dia, peço para não mendigar afeto. Mas não consigo.São noites que passo em claro. Não sei se é imaginação ou sonho.


Quando amanhece, não sei se dormi ou se fiquei a projetar imagens em minha cabeça. Mas acordo triste. Triste por saber que meu amor não me ama. E por mais que eu tente encontrar razões, não consigo. Só fico a me perguntar: Por quê? Porque não?Já fiz de tudo. Primeiro, criei jogos de amor, de sedução. Depois, acabei me revelando. Chorando, disse tudo o que sentia. Falei do hoje, do amanha. Fiz planos para uma vida inteira juntos. E, como resposta, nada ouvi. Apenas um olhar de compreensão e um gesto como a dizer que, com o tempo, o sentimento passa. E ai me arrependi, e briguei, e me arrependi de novo, e me desculpei. E vazio de mim mesmo.Senhor! As pessoas me dizem que é assim mesmo. Que o tempo será o meu grande aliado para que esta ferida fique cicatrizada. Mas ninguém sabe me dizer quanto tempo será necessário para que, um dia, eu acorde, abra a janela, contemple a luz do céu e sinta feliz. Eu quero esquecer, Senhor! Mas me sinto frágil. É tão triste o sentimento da rejeição. Eu quero esquecer, Senhor.


Talvez, esse meu problema não seja tão grande para a humanidade. Há tantas pessoas que sofrem por coisas piores. Eu tenho tudo. Tenho saúde. Tenho juventude. Tenho a vida toda pela frente. Mas, hoje...hoje, tenho de ser honesto. O meu sentimento é de que não tenho absolutamente nada. E de que a vida não faz o menor sentido.Há momentos em que me arrependo de ter começado a amar. Mas acho que não foi decisão minha. Surgiu. Veio do nada. Veio de um olhar. De um tom de voz. De um sorriso. De um abraço. Veio de um encontro que, num instante, me fez sentir totalmente, diferente. E um frio na barriga começou a me acompanhar, e eu comecei a mudar a cada dia. Lutei para ficar mais bonito. Para cuidar dos pequenos detalhes. Para chamar a atenção, parecendo natural. Lutei tanto para que minha presença fosse agradável. Lutei tanto para que meu amor protegesse, envolvesse, acalentasse. E nada. Somente o silencio de quem, talvez, tenha outro amor.Muitas vezes, fiquei a me perguntar se não estaria usando a estratégia errada. Por vezes, desculpei a timidez. Inventei historias em minha cabeça para justificar o amor não amado. Mas agora, Senhor, quero voar em um outro horizonte. Pelo menos, hoje. Pelo menos nesse instante. Eu sei, Senhor que o infinito é infinito. E é por isso que te peço forças. Minhas asas não podem ficar congeladas pela dor do amor. É preciso que eu recupere o poder do vôo. E ir adiante. Eu já existia antes de começar a viver este amor. E tenho a certeza de que continuarei a existir depois, quando ele se for. E é por isso que quero voar.Quero voar, Senhor, e durante o meu vôo poder contemplar tudo quanto ficou esquecido durante essa minha passagem por um ninho que não me deu guarida. Não quero ter ódio. Não quero desejar o mal. Só quero seguir meu vôo. E permitir que o pássaro continue o seu vôo. Infelizmente, voaremos separados. Cada um cumprindo o seu oficio. Cada um vivendo o seu sonho. Cada um obedecendo ao seu sentimento ou, talvez, tentando controla-lo. Enfim, o vôo não acabou.Agora estou um pouco melhor, Senhor. Tenho a certeza de que me ouviste.


A dor ainda não passou. A paixão teima em me fazer companhia e soprar em meus sentimentos alguma esperança. Não quero ter esse tipo de esperança. Quero recuperar o meu vôo e ir adiante. Quem sabe, neste lindo horizonte, algum pássaro queira me fazer companhia e o que hoje eu sinto será apenas a lembrança de uma dor profunda, que não existira mais.Obrigado, Senhor! Obrigado pelo dom do amor. Pela capacidade de sofrer. Obrigado, Senhor! Obrigado por poder ser inteiro nos meus sentimentos. Antes isso do que a cessação de nunca ter amado, de nunca ter sofrido, de nunca ter existido. Este vendável é violento, mas me faz sentir vivo. E isso é bom. Já estou um pouco melhor. Pelo menos agora, estou melhor. Amanhã, quando a dor voltar, lembrarei de Ti e melhorarei um pouco mais. Até o dia em que a teia desta paixão me libertar, para talvez cair em outra. Mas quem sabe, da próxima vez, o encontro seja mais belo, e a flechada de erros atinja os dois corações. E terei forças para esperar s dor passar, e ver o amor ressurgir.


Amém.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Formatura da FAAP-Nizan Guanaes



"... Dizem que conselho só se dá a quem pede.
E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho licença para dar alguns.
Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja aqui vão alguns, que julgo valiosos. Meu primeiro conselho :
Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro.

Ame seu ofício com todo o coração.
Persiga fazer o melhor.
Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência.
Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha.


Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro.
Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro.
Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.
E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham, porque são incapazes de sonhar.
E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma.
A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano.


O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse:
- Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo.
E ela respondeu:
- Eu também não faço, meu filho.
Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário.
Digo apenas que pensar e realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.Meu segundo conselho :

Pense no seu País.

Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.
Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo.
O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada.
Os pobres vivem como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homens. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia:
"Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito".

É exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia:
Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito, ou seja, é preferível o erro à omissão, o fracasso ao tédio, o escândalo ao vazio.
Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso.Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute.


Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido, tendo consciência de que cada homem foi feito para fazer história.
Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos,descobrir continentes e mundos, e caminhar, sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use Rider, Não dê férias a seus pés.

Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "eu não disse!", "eu sabia!".

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.

Chega dos poetas não publicados.
Empresários de mesa de bar.

Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar.

Porque não sabem trabalhar. Eu digo:

trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12,de 12 às 8 e mais se for preciso.

Trabalho não mata.

Ocupa o tempo.

Evita o ócio (que é a morada do demônio) e constrói prodígios.

O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito o que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses, que trabalham de sol a sol, construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta. Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. Trabalhe!

Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar,enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo (que é mesmo o senhor da razão) vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.
E isso se chama "SUCESSO."

O FIM DE MAIS UM ANO



(Jorge Reigada)

Encerra-se mais um ano em sua vida.
Quando este ano começou ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos.
Podia fazer dele o que quisesse.

Era um livro em branco, e nele você podia ter escrito um poema,
um pesadelo, uma blasfêmia, uma oração.

Podia...

Hoje, já não pode mais, já não é mais seu.
É um livro já escrito... concluído.
Como foi um livro escrito por você, ele um dia lhe será lido,
com todos os detalhes e você não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.

Portanto, antes que termine o ano, reflita, tome seu velho livro e folheie
com cuidado.
Deixe passar cada uma das páginas, pelas mãos e pela consciência.
Faça o excelente exercício de ler você mesmo. Afinal é a sua história
escrita por suas ações. Leia tudo.

Aprecie aquelas páginas de sua vida em que usou o melhor estilo.
Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito.
Não, não tentes arrancá-las enquanto escreve o novo livro que lhe será entregue.
Assim poderá repetir as coisas boas e evitar as ruins.

Para escrever o seu livro, você contará novamente com o instrumento do
livre arbítrio, e terá para preencher toda a imensa superfície do seu mundo.

Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije.
Se tiver vontade de chorar sobre ele, chore, mas a seguir coloque-o nas
mãos do destino, não importa como esteja.
Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras
OBRIGADO E PERDÃO
E agora, com o Ano Novo chegando está lhe sendo entregue um outro livro,
novo, limpo, branco e todo seu. No qual você novamente irá escrever o que desejar...

FELIZ 2008, MUITA PAZ, MUITO SUCESSO E ACIMA DE TUDO MUITA SAÚDE!!!!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Julgamentos

Havia numa aldeia, um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia: "Este cavalo não é apenas um animal para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?". O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu e todos disseram: "Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!"O velho disse serenamente: "Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento. Se se trata de uma desgraça ou de uma bênção, não sei, porque este é apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai se seguir?"As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.Novamente, as pessoas se reuniram e disseram: "Velho, você estava certo! Não se trata de uma desgraça, na verdade, provou ser uma bênção". O velho disse: "Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo está de volta... quem sabe se é uma bênção ou não? Este fato é apenas um fragmento. Você lê apenas uma única palavra de uma sentença, como pode julgar todo o livro?!"Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas, interiormente, sabiam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo...O velho tinha um único filho que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma única semana mais tarde, ele caiu de um dos cavalos e fraturou as duas pernas. As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram: "Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e, na sua velhice, ele era o seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca".O velho disse impassível: "Vocês estão obcecados por julgamentos. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma bênção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado, pois é dela a incerteza que nos protege do passado conhecido e nos abre o desconhecido sempre fértil para novas e mais elevadas manifestações!".Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas, então, foram até o velho e disseram-lhe: "Você tinha razão, velho. Aquilo se revelou uma bênção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre".O velho disse, impassível: "Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso é uma bênção ou uma desgraça". E é nesta confiança em Deus que todos os eventos se transformam em bênçãos... Parem então de julgar e comecem a confiar!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Meu Deus, me dê a coragem


Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar.



#

[Clarice Lispector]

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

A arte de ser feliz - Cecília Meireles


Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Morre lentamente - Pablo Neruda



Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. Morre lentamente...

PENSAMENTOS