"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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domingo, 26 de abril de 2009

Curso de oratória


Gabriel Chalita realizou neste sábado, dia 25 de abril, curso de oratória para estudantes e professores da Universidade UNINOVE - Unidade Vila Maria.


O professor destacou a importância da apresentação pessoal e da expressividade para conquistar e manter o interesse do interlocutor.Durante o curso, Chalita deu lições de empatia e bom humor, demonstrando, na prática, o poder de uma boa oratória.


Chalita discorreu sobre a filosofia da linguagem e processo de comunicação humana; comentou acerca da origem da oratória, na Grécia; ensinou técnicas de apresentação em público; além de ressaltar a importância das linguagens verbal e não verbal.


Poesia e música foram utilizados como instrumentos de comunicação e, ao final, os professores participaram de dinâmicas, nas quais puseram em prática o aprendizado adquirido durante o curso, que teve duração de um dia.


"O ser humano é curioso por natureza. A boa oratória é a que consegue usar essa curiosidade inata para prender a atenção da platéia", conclui Chalita.

O declínio da TV Cultura no governo Serra





Lendas urbanas – ou nem tanto – atribuem a José Serra um comportamento pouco ortodoxo em relação à imprensa. De concreto, sabe-se que ele simplesmente não suporta perguntas difíceis. Quando esbarra em uma, olha nos olhos do perguntador, faz cara de paisagem e vira o rosto. É a senha para que algum segurança se apresente para afastar o incômodo. Entre os assessores o clima é de permanente mistério e as atividades do governador são comunicadas em cima da hora. Serra não fala em off, em on e não permite que existam interlocutores confiáveis. Em suma, faz de tudo para não ser contrariado.



Por Pedro Venceslau, na revista Fórum



Desde que foi eleito governador, esse modus operandi parece ter contaminado a TV Cultura. Inviolável reduto tucano há 14 anos, desde a eleição de Mário Covas, a emissora está sentindo na pele o estilo Serra. A inesperada dispensa de Luis Nassif, a saída de Lillian Witte Fibe do Roda Viva, a demissão em massa no jornalismo e o fim de vários programas analíticos compõem um retrato em alta definição da atual fase do canal.



Vinte dias antes de ser informado sobre a não-renovação de seu contrato, Luis Nassif, entusiasmado, acertava os detalhes finais de seu novo programa. Mas nesse ínterim resolveu criticar a Sabesp e, de quebra, a controversa escolha da bancada que sabatinou Gilmar Mendes no Roda Viva. Um post em seu blogue foi a gota d’água. “Não existe governança na TV Cultura hoje”, desabafa. Prestes a estrear na TV Brasil, ele revela que a mão forte do governador nunca pesou tanto na rotina da emissora. “Isso sem falar na encheção de saco quando não cobríamos algum evento do governo”, conta.



Nos corredores e na coxia dos estúdios, comenta-se que a língua solta e ferina de Heródoto Barbeiro também incomoda – e muito – o governador. “Serra acha o Heródoto petista. Então pressionou tanto que tiraram ele do ar e depois devolveram como mero locutor”, diz um ex-jornalista influente da casa. Mas um sinal inequívoco do aparelhamento tucano da Cultura é o seu carro-chefe, o programa de entrevistas Roda Viva. Fórum pediu à assessoria da emissora uma entrevista com Paulo Markun, mas o pedido foi negado pelo jornalista.



“Valdemar Setzer (professor titular da USP) tomou 1h30 do telespectador para dizer que é contra computador para criança. Em ano de eleição (2008) não fizemos uma entrevista política!”, disparou Liliam Witte Fibe ao Estadão logo depois de anunciar que estava deixando o programa. “No Roda Viva, muitas vezes diziam que o convite para alguém sentar na bancada era por pressão do Serra”, acusa Luis Nassif.



Roda Viva à parte, algumas passagens da história recente da Cultura são emblemáticas. Em 2006, o então presidente da emissora, Marcos Mendonça, chegou a convidar Gabriel Chalita, hoje vereador tucano, na época secretário de Estado, para apresentar um talk show. “Me parecia um bom nome para apresentar o programa (Arena de Ideias). Chalita é um comunicador e apresentava os requisitos para o cargo”, disse a este repórter, na época. Felizmente, recuou a tempo.



Markun mãos de tesoura



Quando os funcionários da Cultura souberam que Paulo Markun seria empossado presidente, em meados de 2007, organizaram uma recepção de boas-vindas ao novo chefe. Jornalista de raiz e oriundo do chão de fábrica, ele representava para muitos uma nova era; o fortalecimento do jornalismo, a isenção e o fim da obsessão de colocar a Cultura na rota das TVs comerciais, marca de Marcos Mendonça. Ele iniciou sua carreira ali como repórter de TV em 3 de setembro de 1975, levado por Vladimir Herzog, o Vlado. Assumiu prometendo mudar a forma de relacionamento da emissora com o governo e os espectadores. “Teve gente que chorou”, conta uma funcionária da casa.



A lua-de-mel durou pouco. “Hoje o clima é de decepção total. Ele está acabando com o jornalismo da Cultura. Tirou do ar o Opinião Nacional, o Jornal do Meio-Dia, e ainda acabou com vários programas da área de sustentabilidade”, diz a jornalista Márcia Dutra. Experiente repórter e âncora de TV, ela era uma das principais apresentadoras da casa – esteve à frente do Jornal da Cultura com Heródoto Barbeiro e Celso Zucatelli. Em fevereiro foi surpreendida quando voltou de férias e soube que seu contrato não seria renovado.



“Foi uma traição. No final de novembro, procurei o Pola Galé (diretor de jornalismo) e ele me disse: ‘Pode ficar tranquila, a casa está satisfeita com você’. Então saí de férias e, quando voltei, fiquei sabendo da minha demissão. Na semana anterior a minha, foram 31 dispensas. No total, foram cerca de 60 em 20 dias. E não tem essa de crise. Isso é desculpa para boi dormir”, desabafa. “A engrenagem emperrou”, resume Nassif.



Ponto de vista



É curioso reparar no tratamento que as duas principais emissoras públicas de TV do país, a TV Brasil e a TV Cultura, recebem da chamada grande imprensa. Não é difícil, basta pesquisar na internet. Enquanto a primeira é tratada como um elefante branco do lulo-petismo, ralo de dinheiro público, aparelho de propaganda estatal e chamada de “TV do Lula”, a segunda é vista como uma ilha de excelência, exemplo de gestão em TV pública, oásis de independência. O caso do ex-editorchefe do telejornal Repórter Brasil, Luiz Lobo, que denunciou “censura” do governo Lula no conteúdo é exemplar. Foi direto para o alto de página da política, um escândalo, diferentemente do que ocorre com a emissora paulista.



A atual crise da Cultura é, para muitos, o efeito colateral da gestão Marcos Mendonça. Tucano de alta plumagem, ele assumiu o canal em 2005, por pressão do então governador Geraldo Alckmin. Este, diferentemente de Serra, não monitorava a programação com lupa, mas exigia audiência. E foi imbuído desse espírito que Mendonça abriu a emissora para os comerciais das Casas Bahia e contratou estrelas caras como Silvia Poppovic e Sabrina Parlatore e, em contrapartida, acabou com a orquestra da TV, a Sinfonia Cultura.



José Serra, por sua vez, não via com bons olhos a gestão de Mendonça. O motivo é simples: Mendonça era homem de confiança de Geraldo Alckmin, adversário interno do governador até recentemente, quando aceitou o convite para integrar o secretariado estadual. Em 2005, Alckmin se movimentou intensamente para derrubar Jorge da Cunha da Lima e colocar Mendonça em seu lugar.



Data dessa época o período de crise mais aguda da emissora, era das goteiras e das fitas reutilizadas. Quando, enfim, Mendonça tomou posse, o dinheiro voltou a entrar. De cara, o governador Alckmin liberou R$ 4 milhões que estavam congelados e ajudou a pagar despesas trabalhistas. Uma vez no governo, Serra tratou de limpar terreno. E ainda reclamam da TV Brasil...



Em nome da filha?



O último imbróglio envolvendo a TV Cultura nasceu, quem diria, dentro do ninho tucano. O presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, que também é conselheiro da TV Cultura, enviou, em março, uma irada carta aos seus 46 colegas da Fundação Padre Anchieta desancando a gestão de Paulo Markun. Entre outros torpedos, se disse preocupado com a audiência da emissora, que é “próxima a zero”: “Não há nada de maior nonsense do que falar para auditório vazio ou editar um jornal para um público que não existe”.



Para o tucano, ninguém assiste à Cultura. Logo, não se justifica que a emissora consuma anualmente R$ 200 milhões dos cofres públicos. Para finalizar, Lobo fez ainda um apelo para a profissionalização da emissora. O que pouca gente sabe, porém, é que a publicitária Tatiana Lobo, filha do “alckmista” Lobo, foi demitida por Markun do cargo de diretora de marcas da emissora. Há quem diga que foi retaliação.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Novo livro de Gabriel Chalita & Pe.Fabio de Melo


Um dos livros mais aguardados do ano, traz reflexões sobre temas contemporâneos de grande interesse. O medo da morte, da solidão, do fracasso, da inveja, do envelhecimento, das paixões, da falta de sentido da vida. No formato de cartas entre dois grandes amigos, tais temas são tratados com sensibilidade pelos jovens autores mais celebrados do momento, duas lideranças incontestáveis das novas gerações: Gabriel Chalita e Padre Fábio de Melo. O livro resgata os valores do humanismo ao mesmo tempo que celebra a amizade de duas personalidades apaixonadas por filosofia, literatura e poesia.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Chalita participa de seminário sobre Educação


Gabriel Chalita defendeu o envolvimento do professor nas decisões relativas ao sistema educacional, no Seminário Liderando Mudanças Transformadoras na Educação, realizado em São Paulo. Durante o evento, que contou com a participação de Prefeitos e secretários de municipais de Educação, Chalita observou que a valorização do professor é um instrumento fundamental para a qualidade do ensino.

"O professor deve ser valorizado em três lugares: na cabeça, no bolso e no coração", destacou Chalita, referindo-se à formação continuada do professor e a benefícios que vão além do solário, como a bolsa-mestrado. Chalita lembrou que, durante sua gestão à frente da secretaria de Educação do Estado de São Paulo, os professores participaram da revisão curricular.

A valorização do professor foi apontada também pelos demais especialistas presentes ao evento como o principal catalisador de transformações na Educação. Estudo recente realizado pela consultoria norte-americana McKinsey sobre os 20 melhores sistemas educacionais do mundo chegou a conclusão de que a qualidade dos professores é a alavanca mais importante para melhorar os resultados dos alunos.
Marcos Crus¸ da Mckinsey, destacou que os dez países que melhor se posicionaram no PISA - Programa internacional de conhecimentos e competências de estudantes na faixa de 15 anos de idade - têm "total obsessão em garantir a qualidade da educação". O consultor enfatizou que "a qualidade de um sistema educacional não consegue ser maior que a qualidade dos seus professores". O consultor mostrou dados que revelam que alunos que tiveram no início do processo educacional professores com alta competência se posicionaram entre os 10% de estudantes com melhor desempenho, ao passo que alunos de professores menos competentes terminam entre os 10% de pior desempenho.
Cruz citou o exemplo de Boston nos Estados Unidos que obteve uma melhoria significativa no processo educacional baseado na máxima: se não foi aprendido, não importa se foi ensinado. Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, também defendeu que o aluno tem de ser o centro do sistema educacional.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O CARRINHO - RUBEN ALVES

Ganhei um carrinho de presente. Coloquei-o sobre minha mesa de trabalho. Olho para ele quando escrevo. Ele me faz pensar. Não são todos os objectos que têm esse poder de fazer pensar. A caneta, o agrafador, a lâmpada, a cadeira, objectos à minha volta: eu os uso automaticamente; eles não me fazem pensar.Mas o carrinho é diferente. Bastou que eu o visse a primeira vez para ficar emocionado. Eu o reconheci como morador do mundo das minhas memórias. Ele me fez lembrar e sonhar. Meu pensamento começou a voar. O que eu vejo nele não é nada comparado àquilo que ele me faz imaginar.Sonho. Os teólogos medievais diziam que o sacramento é um sinal visível de uma graça invisível. O carrinho é um sacramento: sinal visível de uma felicidade adormecida, esquecida. Volto ao mundo da minha infância.Uma lata de sardinha.A tampa foi dobrada inteligentemente, e assim se produziu a capota. As rodas foram feitas de uma sandália havaiana que não se prestava mais a ser usada. Os eixos, dois galhinhos de arbusto. E ei-lo pronto! Um carrinho, construído com imaginação e objectos imprestáveis. Fosse um carrinho comprado em loja, e eu nada pensaria.Seria como o meu lápis, o meu grampeador, a minha lâmpada, a minha cadeira. Mas basta olhar para o carrinho para eu ver o menino que o fez, menino que nunca vi, menino que sempre morou em mim. Fico até poeta: faço um hai-kai:uma lata vazia de sardinha,uma sandália havaiana abandonada:um menino guia seu automóvel...Sei que o menino é pobre. Se fosse rico teria pedido ao pai, que lhe teria comprado um brinquedo importado. Dinheiro é um objecto que só dá pensamentos de comprar. A riqueza, com frequência, não faz bem ao pensamento. Mas a pobreza faz sonhar e inventar. Carrinho de pobre tem de ser parido.A professora deve ter notado que ele estava distraído, ausente, olhando o vazio fora da janela. Falou alto para chamar sua atenção. Inutilmente. Ela não percebeu que distracção é atracção por um outro mundo. Se os professores entrassem nos mundos que existem na distracção dos seus alunos eles ensinariam melhor. Tornar-se-iam companheiros de sonho e invenção.Penso que o menino devia andar lá pela favela, olhos atentos, procurando algo, sem saber direito o quê. Até que deram com a lata de sardinha jogada no lixo. Foi um momento de iluminação. A lata de sardinha virou uma outra coisa.O menino virou poeta, entrou no mundo das metáforas: isto é aquilo. Ele disse: «Esta lata de sardinha é o meu carro...» Fez aquilo que um fundador de religiões fez, ao tomar o pão e dizer que o pão era seu corpo. E a lata de sardinha ganhou um outro nome, virou outra coisa. O menino, sem saber, executou uma transformação mágica. Todo ato de criação é magia. O menino dobrou a tampa e se sentou ao volante.Faltavam as rodas. Pensei que muitas vezes me defrontei com problema semelhante, quando menino. Mas na minha infância a solução já estava dada. O leite vinha em garrafas bojudas de boca larga, que eram fechadas com tampas metálicas semelhantes às tampinhas de cervejas, só que muito maiores. Era só pegar as tampas, e o problema estava resolvido.
Mas os tempos são outros. O menino teria de fazer suas rodas, se quisesse andar de automóvel. Se tivesse uma serra tico-tico poderia fazer rodinhas de um pedaço de compensado abandonado. Mas é certo que tal ferramenta ele não tinha.Pois se tivesse, teria feito. Suas ferramentas: uma faca, subtraída da cozinha, um prego para fazer os buracos, e uma pedra, à guisa de martelo. O material deveria ser dócil às ferramentas que possuía. Seria fácil fazer rodas de papelão. Mas as rodas se desfariam, depois de passar pela primeira poça de água. Seus olhos e pensamento procuram. E aquilo que calçara pés se transformou em calçado de automóvel.Quatro buracos na lata de sardinha, dois galhinhos de árvores e ei-lo pronto: o carrinho!
O menino sabia pensar. Pensava bem, concentrado. É sempre assim. Quando o sonho é forte, o pensamento vem. O amor é o pai da inteligência. Mas sem amor todo o conhecimento permanece adormecido, inerte, impotente. O menino e o seu carrinho resumem tudo o que penso sobre a educação.As escolas: imensas oficinas, ferramentas de todos os tipos, capazes dos maiores milagres. Mas de nada valem para aqueles que não sabem sonhar. Os profissionais da educação pensam que o problema da educação se resolverá com a melhoria das oficinas: mais verbas, mais artefatos técnicos, mais computadores (ah! o fascínio dos computadores!).Não percebem que não é aí que o pensamento nasce. O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um acto de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.O menininho sonhava. Como Deus, que do nada criou tudo, ele tomou o nada em suas mãos, e com ele fez o seu carrinho. Imagino que, também como Deus, ele deve ter sorrido de felicidade ao contemplar a obra de suas mãos...

Texto: Rubem Alves, in Pais & Filhos

O Projeto de Lei 069/2009 de autoria do Vereador Gabriel Chalita

O Projeto de Lei 069/2009 de autoria do Vereador Gabriel Chalita (PSDB) que trata do combate ao bullying nas escolas públicas foi aprovado por unanimidade pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de São Paulo, no dia 8 de abril. O projeto seguirá para as Comissões de Administração Pública, Educação e Finanças, antes de passar para as votações no Plenário. O projeto visa à conscientização e ao combate das práticas que, não raro, culminam na morte de crianças. O bullying, apesar de ser um termo ainda pouco conhecido para muitos, é uma realidade para crianças e adolescentes submetidas a preconceito e agressões no ambiente escolar, influenciando o desenvolvimento cognitivo dos alunos e resultando em traumas e complexos que podem acompanhá-lo também na vida adulta.Com a disseminação do uso da tecnologia, o cyberbullying também está ganhando proporções cada vez mais assustadoras."Precisamos oferecer proteção a essas crianças e adolescentes que sofrem em silêncio humilhações impensáveis em um ambiente escolar", destaca o Gabriel Chalita, autor do livro Pedagogia da Amizade, que trata de formas de ação e prevenção contra o bullying.

Os valores da educação árabe- Gabriel Chalita

Os dias contemporâneos assistem a um fascinante diálogo universal. Rompemos as barreiras da distância e do tempo com a tecnologia que disponibiliza a informação e atiça a curiosidade.

Em um passado não muito distante, as notícias vinham a navio, os mitos dificultavam o contato com culturas diferentes. Estávamos em ilhas continentais vencidas por braços imigrantes. Os árabes, quando chegaram por aqui, vieram como tantos outros em busca da terra da esperança. Não conheciam o idioma, a cultura. Não tinham ideia do clima, dos desafios que estavam por vir. Partiam do Porto de Beirute, deixando para trás as raízes e trazendo na bagagem a herança de um povo acostumado a acolher.

As famílias árabes são reconhecidas pela generosidade em alimentar sem economias os
amigos, os conhecidos. A música, a dança, o sorriso, a deliciosa comida fazem com que o sabor da convivência acalante a boa prosa. Os árabes são excelentes contadores de história. Sherazade e suas mil e uma noites atestam o valor da contação para que a inteligência vença a prepotência, e o amor vença o ódio.

Os árabes têm muitos provérbios. Comungam de valores corretos sob a luz de uma cultura
milenar. Aprenderam a conviver com a guerra, a dor, o sofrimento. "Somos todos prisioneiros, mas alguns de nós estão em celas com janelas, e outros sem." (G.K.Gibran).

São vencedores porque não temem o desafio da reconstrução, das paredes destruídas pelo outro nem a provocação da alma alquebrada pela dor.

A educação árabe traz como paradigma o amor à família. Choram juntos e riem juntos. Respeitam os velhos, ciosos da abnegação de retribuir ao amor partilhado e cientes de que a sabedoria da vida tem tanto ou mais importância que a dos livros. Em geral, trazem a religião como valor inegociável. Evidentemente, há os fundamentalistas extremos, mas são exceção. A regra está na cordialidade de pais que professam a fé e o amor, desfraldando as sombras do medo para o voo necessário da geração que está florindo.

Ontem, a ousadia dos desbravadores; hoje, a paciência dos reconstrutores; amanhã,
a bênção dos iluminadores. É de luz que precisa a educação. Luz que ilumina e aquece
como um bom abraço árabe.

Educação em Linha - REVISTA ELETRÔNICA ANO III, N.º 7

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Educação nas telas

No Rio de Janeiro, uma professora de escola pública protege um aluno perseguido ao mesmo tempo por uma quadrilha de traficantes de drogas e por policiais corruptos. Também no Rio, um projeto de ensino de música transforma a vida de jovens de comunidades carentes. Em Paris, um professor de língua francesa em uma escola da periferia, freqüentada por muitos filhos de imigrantes, se esforça para dar conta do programa e convencer os alunos da importância de se dedicar aos estudos. E, em Nova York, a diretora de uma escola católica suspeita que o padre da paróquia, também professor, cometeu assédio contra um aluno.

Essas quatro histórias trazem de volta aos cinemas o olhar sobre a educação, tanto no ensino formal quanto no informal, bem como sobre os educadores e seu papel na sociedade contemporânea. Os brasileiros Verônica, de Maurício Farias, e Contratempo, de Malu Mader e Mini Kerti, se juntam ao francês Entre os muros da escola, de Laurent Cantet, e ao norte-americano Dúvida, de John Patrick Shanley, nessa leva recente de filmes - alguns baseados em fatos verídicos, outros apenas inspirados neles - que contribuem para ampliar o debate social sobre temas educacionais, alcançando um público mais amplo do que o de profissionais da área.


Em Verônica, o filho de um contador que trabalha para o tráfico (Matheus de Sá) sobrevive ao massacre da família porque estava na escola. Como os pais não aparecem para buscá-lo, sua professora (Andréa Beltrão) se oferece para levá-lo até sua casa, em uma favela. Ao descobrir que os pais foram mortos e os traficantes procuram o menino, decide protegê-lo e se recusa também a entregá-lo às autoridades porque o pen drive que o pai confiou ao filho traz um vídeo com imagens que incriminam policiais ligados ao tráfico. Verônica não confia nem mesmo no ex-marido (Marco Ricca), policial que talvez mantenha relações com colegas corruptos.


Farias diz que participou de duas sessões promovidas exclusivamente para profissionais da educação - uma em São Paulo (que também reuniu alunos), realizada pelo Sistema Anglo de Ensino, um dos patrocinadores do filme, e outra no Rio de Janeiro, no Clube do Professor do Unibanco Arteplex. "Foi maravilhoso, espetacular", lembra o cineasta, que dirigiu também O coronel e o lobisomem (2005) e A grande família - O filme (2007). "Vi cenas incríveis, professoras chorando. A identificação foi muito forte e o filme as tocou bastante. Não tínhamos a preo­cupação de abordar isso (as condições de trabalho do professor) em primeiro plano, mas a realidade é muito forte."


A detalhada caracterização da personagem e a interpretação de Andréa Beltrão ajudam, de fato, a provocar identificação imediata com todo espectador que conheça, ainda que superficialmente, o cotidiano de milhares de professoras da Educação Básica na rede pública do país. Verônica trabalha muito, em condições às vezes impróprias, e se esvai física e mentalmente por causa disso; leva tarefas para casa, o que aumenta o desgaste e contribui para que negligencie a vida pessoal; o salário permite que sobreviva dignamente, mas não muito mais do que isso - a personagem mora em uma quitinete, em bairro popular do Rio, e não tem acesso a canais de TV paga, o que deixa o filho do contador estupefato, pois ele mora na favela e tem ("TV a gato", como bem observa Verônica).


O cenário social de Verônica é muito semelhante ao do documentário Contratempo, que acompanha a rotina de jovens que participavam, em 2006, do projeto Villa-Lobinhos. Recrutados em favelas do Rio de Janeiro, eles freqüentavam aulas de música e faziam apresentações, promovidas também no âmbito de outros grupos dos quais participavam. Alguns deles, por exemplo, vão tocar em um concerto beneficente em Nova York. Com isso, ganham perspectiva de futuro que, sem a dedicação à música, dificilmente teriam. Há, no entanto, quem fique pelo caminho, e ao menos uma das histórias - a do rapaz que abre o filme, cujo desfecho é revelado apenas no final - é especialmente dramática ao ilustrar o que a sociedade brasileira reserva a milhares de jovens.


Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes do ano passado e candidato ao Oscar-2009 de melhor filme estrangeiro, Entre os muros da escola se inspira na "tragicomédia ordinária de um professor de francês", o romance Entre les murs, com lançamento no Brasil previsto para março, simultaneamente à chegada do filme ao país. O autor, François Bégaudeau, se baseou em suas próprias experiências em uma escola na periferia de Paris para "divisar o discurso por meio dos fatos, as idéias pelos gestos" - e, assim, "apenas documentar o trabalho cotidiano" de um educador hoje na França.

Diretor de A agenda (2001), que também lança um olhar semidocumental sobre o mundo do trabalho (e a perda de identidade representada pelo desemprego), Cantet recrutou o próprio Bégaudeau para interpretar o papel do professor e adotou o princípio de observar a escola como uma espécie de câmera de eco da sociedade - tudo o que ocorre ali, entre muros, é apenas reverberação do que acontece no entorno. O extraordinário trabalho com os adolescentes que interpretam os alunos, todos usando seus nomes verdadeiros, faz o espectador acreditar que havia câmeras ocultas dentro da sala de aula e em outros ambientes da escola.


Entre os muros da escola já se configura, tanto pelos métodos de realização quanto pelo diagnóstico da escola como instituição em crise profunda, como um dos grandes filmes em torno da relação ensino-aprendizagem e da responsabilidade social que se atribui ao trabalho dos educadores. Esses temas aparecem também em Dúvida, baseado em peça do próprio Shanley ambientada em 1964. Para educadores, o interesse se concentra na descrição da gestão autoritária de uma escola religiosa por uma freira (Meryl Streep) que procura controlar tudo à sua volta e nos dilemas de uma jovem professora (Amy Adams) pressionada a denunciar um padre (Philip Seymour Hoffman).



Sérgio Rizzo


PENSAMENTOS