Além do sentido espiritual e profético que o Apocalipse tem para o cristianismo vi um outro pensamento que quero partilhar com você.
O livro do Apocalipse é esclarecedor e foi um presente de Deus pra nós. O autor fala sobre a cadeia mundial dos poderes, para manter as pessoas dóceis e coniventes ao sistema de dominação. Isso aconteceu no passado, nos tempos dos escritos de João e continua acontecendo nos tempos de hoje. “Este jogo do poder em parte alguma se mostra de maneira tão incisiva como nas imagens surrealistas dos capítulos 12 e 13 do Apocalipse”. E isso acontece em todas as esferas da nossa sociedade. Até mesmo dentro das religiões.
No texto, “João vê aquilo que para os outro é invisível (Ap 13,1.2). Esse discernimento não implica um conhecimento esotérico, mas sobretudo o Dom de ver a realidade tal qual realmente é. O demoníaco espírito da estrutura exterior já fora internalizado pelo vidente, como acontecia com todos os demais. O Dom do vidente não consiste em ficar imune à invasão pela espiritualidade do império, mas em ser capaz de discernir essa espiritualidade internalizada, dar-lhe um nome e externalizá-la”. É o que acontece, quando enxergamos algo errado em uma determinada instituição e temos de discernir como denunciar para não sermos mortos pelo demônio do poder.
A mulher revestida do sol segundo o autor “é Maria, a mãe do Messias; mas é também Israel, a mãe da esperança messiânica; está claro que é também a comunidade cristã fugindo à perseguição. A julgar pelo simbolismo celeste, provavelmente também evoca a Sabedoria ou a Shekinah”.
Diz que “o poder não pode ser vencido, pois os meios necessários para um império derrotar o outro farão do vencedor um filho do dragão tanto quanto o anterior (Ap 17,15-17). Um império, por sua própria natureza, é um sistema em permanente crise de legitimação. É preciso fazer que as pessoas acreditem que se beneficiam com um sistema que de fato as prejudica, que nenhum outro sistema é exeqüível, que Deus pôs o seu divino imprimatur sobre este sistema e não em qualquer outro”.
Qualquer pessoa suspeita de planos revolucionários ou de pensamentos subversivos podia ser forçada a queimar um punhado de incenso diante da imagem do imperador. A recusa poderia ser punida com a pena de morte”.
“A besta sabe que o povo é volúvel; que a opinião pública varia muito conforme os mais leves deslocamentos no cenário mundial. A propaganda é a indústria da idolatria. Se você puder condicionar as pessoas a adorar a besta, então, então criará um público imune a verdade. Fomos criados de tal modo que nenhum poder sobre a terra pode, afinal de contas, extirpar em nós a capacidade de reconhecer a verdade. Ainda que ela fique enterrada por muito tempo, por mais brutalmente que seja traída, a verdade um dia triunfará”.
Uma atitude que me enoja, “desde que me entendo pôr gente”, é daquele que busca o poder. Isso parece estar dentro de todo ser humano, consciente ou inconsciente essa busca ai está. Ao estar no poder, alguém pode destruir, matar, arrasar uma sociedade, assim como, pode construir elevar a dignidade o ser humano e pode edificar a mesma. Depende da escolha, da intenção “da besta” ou da autoridade que estiver lá.
Neste texto, o autor fez uma análise do poder que já era buscado nos tempos de perseguição comparando com os tempos de hoje.
É uma verdade quando disse que o poder nunca acabará, pois o poder vencido será substituído pôr outro e sabe lá a ação do que ocupar o lugar do antigo poder.
Hoje é muito claro como somos manipuláveis, diante da luta pela vida não temos tempo pra parar e pensar, como as notícias manipuladas são passadas pela imprensa através dos meios de comunicação e outros meios de manipulação.
Olhando o quadro que nos cerca, parece que o “dragão” é invencível, mas o próprio autor nos traz esperança no final do texto dizendo que: “Quando alguém sai fora do sistema e diz a verdade, vive a verdade, essa pessoa possibilita qualquer outra pessoa a espiar atrás da cortina também. Essa pessoa mostra a todo o mundo que é possível viver na verdade, mesmo tendo que sofrer as conseqüências. Cada pessoa é capaz de libertação”. Isso é que me faz viver, me faz lutar, me anima e faz-me acreditar que além das nossas forças, não estamos sozinhos, existe “aquele que como Deus” e a “Mulher” pra estar conosco nesta luta. Tendo a certeza de que já somos vencedores.
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Padre Cleidimar Moreira - Com. Canção Nova
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