"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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domingo, 9 de setembro de 2007

São Paulo: 452 anos de história


O território era ideal quando a questão era proteção contra os ataques indígenas. Uma colina alta e plana, cercada por dois grandes rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú. Os únicos problemas da região eram a distância do litoral, o isolamento comercial e o solo infértil, que impossibilitavam o desenvolvimento de grandes produções agrícolas, colocando a vila em segundo plano durante o período colonial. Por este motivo, a cidade se limitou ao que chamamos hoje de Centro Velho. Neste perímetro, se reuniam o comércio, a rede bancária e os principais serviços de São Paulo. Naquela época, a cidade era também uma espécie de quartel-general para expedições conhecidas por “bandeiras”, cujo principal objetivo era sair em direção ao interior do país em busca de pedras e metais preciosos. Apesar de tal atividade não ter contribuído para o crescimento econômico da cidade, ela foi a responsável pela expansão do território nacional, bem como pela exterminação de grande parte dos índios que habitavam o Brasil. As áreas urbanas, porém, só começaram a se expandir com a abertura de duas novas ruas, a Líbero Badaró e a Florêncio de Abreu. Em 1825, foi criado o primeiro jardim público de São Paulo – o atual jardim da Luz – fator que indica, desde sua formação, a preocupação com o embelezamento da cidade. Com a independência do Brasil, no início do século XIX, São Paulo tornou-se a capital da província e sede de uma academia de Direito, onde era realizado um grande número de atividades intelectuais e políticas. No final deste mesmo século, a cidade passou por importantes transformações econômicas e sociais, como conseqüência da expansão cafeeira por diversas regiões paulistas, da construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí e do grande contingente de europeus que imigravam para São Paulo. Neste momento, devido ao aumento populacional, foram implantados na cidade os primeiros bondes, os reservatórios de água e a iluminação a gás. A cidade passou então, a ser visivelmente dividida. A Lapa e o Brás tornaram-se bairros tipicamente operários, decorrente das instalações de indústrias próximas à estrada de ferro inglesa. A região do Bexiga foi ocupada, principalmente, por imigrantes italianos e a Avenida Paulista e ruas adjacentes, por sua localização mais elevada e pela formosa arborização, tornaram-se a região mais procurada para a construção dos palacetes dos barões do café. Aliás, os projetos urbanísticos mais importantes do final do século XIX foram as construções da Avenida Paulista, em 1891, e do Viaduto do Chá, em 1892, que promoveu a ligação entre o centro velho e a cidade nova – formada pela rua Barão de Itapetininga e avenidas próximas. Logo, em 1902, foi construída a estação Railway, a famosa Estação da Luz. Através das manifestações econômicas, culturais e artísticas, o século XX chegou como sinônimo de progresso. A riqueza advinda do café trouxe modernidade à tristonha e tímida São Paulo. A partir daí, o constante crescimento foi inevitável. Com a crise do café a cidade viu-se obrigada a investir em atividades mais lucrativas. Foi neste momento que as grandes indústrias ganharam espaço no cenário paulista. Nesta época a cidade adquiriu uma nova cara, marcada por trens, bondes, eletricidade, telefone, automóvel, velocidade. São Paulo cresceu, agigantou-se e recebeu muitos melhoramentos urbanos como calçamento, praças, viadutos, parques e os primeiros arranha-céus. As vitrines da cidade passaram a exibir peças da moda européia e nos bares e cafés, intelectuais das mais diversas áreas discutiam arte, política e economia, revelando as profundas influências da sociedade francesa no projeto de modernidade brasileiro. Em 1911, São Paulo ganhou seu primeiro teatro. O Teatro Municipal – projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo –é, até hoje, uma das mais importantes construções da cidade, que serviu de palco para as mais belas apresentações artísticas da época que entretinham a elite paulistana. Apesar da construção em moldes tipicamente europeus, foi no palco do Teatro Municipal que a cidade de São Paulo e todo o Brasil viram surgir o maior movimento artístico nacionalista de que se tem notícia. Em 1922, Mário e Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti Del Picchia, Graça Aranha, entre outros, realizaram a “Semana de Arte Moderna” que visava, entre outras coisas, mostrar ao país uma nova concepção do fazer e compreender a arte, a fim de atualizar culturalmente o Brasil, colocando-o ao lado daque1es países que já tinham adquirido sua independência no campo da idéias, da literatura, das artes plásticas e da música. Tal movimento lançou luzes, principalmente, à valorização da arte e das características brasileiras, como raiz para todo o trabalho artístico nacional. Porém, a “belle èpoque” paulista se findou quando a cidade foi cenário de uma das mais violentas revoltas do país. A revolução de 1932 transformou São Paulo em um campo de batalha. Mesmo com um período de amadurecimento cultural, no campo político, as divergências entre o governo federal, a elite econômica e representantes dos setores agro-exportadores aumentavam cada vez mais. Na década de 40, porém, a cidade foi marcada por uma intervenção urbanística, realizada durante o mandato do prefeito Prestes Maia, que colocou em prática o seu “Planos de Avenidas”, com amplo investimento no sistema viário. Nos anos seguintes, o objetivo foi abrir caminho para os automóveis, a fim de sanar as necessidades da indústria automobilística, que se instalou na cidade em 1956. Em 1954, São Paulo comemorou o quadricentenário de sua fundação com diversas atividades. Este ano foi marcado pela inauguração do mais famoso parque ecológico da cidade: o Parque do Ibirapuera, que trouxe em seu interior diversos prédios projetados pelo arquiteto Oscar Niemayer. A partir da década de 1950, as indústrias começaram a se transferir para outros municípios da região metropolitana, como ABCD paulista, Osasco, Guarulhos e Santo Amaro,e também para cidades do interior do estado como Campinas, São José dos Campos e Sorocaba. O que se vê a partir de então, é uma cidade que concentra em seu interior atividades relacionadas à prestação de serviços e aos centros empresariais de comércio (shoppings centers, hipermercados, etc.). Atualmente, a cidade de São Paulo é a maior cidade da América Latina, destacando-se por ser um grande centro de produção e por possuir um enorme mercado consumidor, bem como por sua infra-estrutura. É, ao mesmo tempo, a cidade mais rica do sul do continente e uma das que apresentam as maiores disparidades econômicas. É considerada a segunda melhor cidade para a realização de negócios e possui reconhecimento internacional quando o assunto é modernidade, entretenimento, lazer e cultura, podendo ser comparada a cidades como Paris e Nova Iorque. Uma cidade marcada pela diversidade e pelo contraste. Uma São Paulo que possui suas várias faces descritas minuciosamente em obras como “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida ou “Brás, Bexiga e Barra Funda”, de Alcântara Machado, entre outras. Uma cidade imortalizada em versos pelos mais importantes poetas brasileiros, como Mário de Andrade, Menotti Del Picchia que, em seu poema “São Paulo”, canta “a cidade das neblinas e dos viadutos”. Parabéns São Paulo, pelos seus 452 anos!

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GABRIEL CHALITA

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