"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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terça-feira, 20 de abril de 2010

OLHA O GOLPE!!!!

“Todos queremos mais”

“Brasil, muito mais, é a sua escolha que nos satisfaz”



Os bastidores do quase-golpe
por Marco Aurélio Mello, em seu blog


Da série ficção, a preferida dos internautas.
Começou com um telefonema de um ator consagrado para o diretor do núcleo.

Ele estava irado com a peça promocional que foi ao ar na noite de Domingo.

Era um institucional de trinta segundos em que ele dizia apenas duas palavras.

Mas a montagem induzia o telespectador a acreditar que se tratava, não de uma campanha de aniversário da maior emissora de televisão do país, mas um mosaico grosseiro cujo slogan “a gente faz sempre mais” é uma clara alusão ao do candidato José Serra.

E para corroborar com a leviandade, ainda vinha o número quarenta e cinco assinado na peça, ao lado do logotipo.

Ao todo, foram quarenta celebridades entre as turmas das produções, humor, shows, esporte e jornalismo.

Achei até curioso a manifestação ter partido de um ator e não de um de nós.

Afinal, vendemos a eles apenas nossa força de trabalho, não nossas consciências.


Será?

Nem sei mais…



O ator foi duro e franco com o executivo da empresa.

Se alguma providência não fosse tomada, ele ia aos jornais dizer que foi vítima de manipulação.
Era tudo o que a emissora não queria ouvir nessa altura do campeonato.
Ainda que seu candidato pudesse ser o mesmo que o da emissora, ele jamais se sujeitaria a trabalhar naquelas condições.

E antes de desligar, avisou: Eu não estou sozinho.
O diretor pediu paciência, disse que ia encontrar uma saída.
Pensou em quem confiar num momento desses de conflito: talvez um executivo que tivesse bom transito com o jornalismo.

Afinal, foi coisa dos herdeiros da Corte do Cosme Velho, incentivados pelo Guardião da Doutrina da Fé, pensou.

Assim que amanheceu propôs o encontro ao executivo que considerou ser hábil o bastante para apagar o fogo.



Nisso a internet já fervilhava.



Pressões vinham de todos os lados, a opinião pública, os patrocinadores, os políticos, os amigos.

É preciso convencer a direção de que foi um tiro no pé.



Mas como fazer isso?
Juntando argumentos.


E lá foram os dois tentar convencer os acionistas de que aquilo fora um erro.

Os artistas respeitam os interesses comerciais e políticos da emissora, mas consideram que não cabe a eles exercer esse papel institucionalmente.
O artista é o vendedor de sonhos e ilusões para todos, não só para um determinado grupo político.
Afora os artistas, tem os jornalistas que emprestam sua credibilidade à emissora.

Ações assim podem arranhar para sempre esse vínculo com o telespectador.
E assim foram as tratativas durante toda a tarde.

Ok, mas qual seria a solução?

Pensaram em várias.
Ao final do encontro triunfou aquela que diz assim: “O texto do filme em comemoração aos 45 anos da Rede Globo foi criado – comprovadamente – em novembro do ano passado, quando não existiam nem candidaturas muito menos slogans. Qualquer profissional de comunicação sabe que uma campanha como esta demanda tempo para ser elaborada. Mas a Rede Globo não pretende dar pretexto para ser acusada de ser tendenciosa e está suspendendo a veiculação do filme.”
Esta noite não vai ser boa, nem para o Guardião, nem para a Central de Comunicação, e muito menos para o patrão. Nós aqui fora sabemos de tudo! O Povo não é bobo. Fiquem espertos.


PS do Azenha: Com a experiência que tenho em televisão, sei como essas coisas funcionam. O conjunto da obra só fica claro para quem gravou alguns segundos de uma peça ficcional quando ela é apresentada ao público. Duvido que tenha sido a internet a responsável pela decisão da emissora. Atribuo isso, acima de tudo, à reação interna e ao medo de que houvesse protestos públicos de quem se sentiu ludibriado!



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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Plano de fuga

Um milhão e meio de brasileiros se manifestaram favoravelmente ao projeto de lei de iniciativa popular apresentado ao Congresso em 2009, que impede o registro como candidato de pessoa condenada em primeira ou única instância ou, ainda, com denúncia recebida por um tribunal em virtude de crimes graves como racismo, homicídio, estupro, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas. É o chamado projeto Ficha Limpa, que altera a Lei das Inelegibilidades.

Promovido pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), tem encontrado muita resistência no Congresso. Na semana passada, por decisão dos líderes partidários que representam a maioria, não foi votado em plenário, mas enviado para a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, o que pode inviabilizar a aplicação nesta eleição.


O que os parlamentares não entenderam ainda é que a proposta fala pelo sentimento da maioria da população: a política, fundamental para a vigência da democracia, precisa ser exercida às claras por bons cidadãos, capazes de mediar os interesses da sociedade, no âmbito do Estado, movidos pelo objetivo do bem comum.

Há quem ache injusto ou veja nisso uma limitação à defesa ou até mesmo da soberania popular, que teria o poder de “inocentar” nas urnas os eleitos. Mas a política não pode ser local de refúgio para quem busca impunidade, quer fugir da Justiça ou visa privilégios pessoais. Hoje, o melhor plano de fuga para protelar e paralisar processos judiciais não passa pelo aeroporto, mas, paradoxalmente, pela eleição a um cargo político.

A seleção de candidatos de “ficha limpa” deveria começar nos próprios partidos. O Partido Verde aprovou a Resolução 1/2010, impedindo a candidatura de pessoas condenadas por órgão colegiado em crimes de abuso de autoridade, lavagem de bens, contra a vida e a dignidade sexual, contra o meio ambiente e a saúde pública, entre muitos outros.


Não se pode mais ignorar que a desonestidade está, em grande parte, na raiz da ineficiência e até da ausência de serviços públicos vitais, em setores como saúde, educação, habitação, saneamento, segurança pública e proteção ao ambiente.


Por trás de muitos fatos que revoltam os brasileiros está, na verdade, a cultura perversa que transforma o poder político em instrumento para corromper, não para melhorar a vida das pessoas. Cada centavo do dinheiro público é trabalho de toda a sociedade. Deve ser usado de forma eficiente, justa, técnica e socialmente correta. E, sobretudo, deve estar nas mãos de quem não tem do que se envergonhar.






Publicado originalmente na Folha de São Paulo no dia 12 de abril de 2010


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PENSAMENTOS