"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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sábado, 12 de dezembro de 2009

História de Natal

A vontade de viver e uma carta ao Papai Noel comoveram os funcionários do Hospital Regional, que se uniram para mudar o dia hoje na vida de uma criança. É que adoentado, um menino de seis anos, internado na unidade há sete meses, queria mandar uma carta ao bom velhinho. E mesmo com a dificuldade de respirar devido aos problemas pulmonares, ele ditou os dizeres a uma médica. Por fim, sensibilizados, os funcionários resolveram atender ao pedido da criança, que acredita que um presente lhe trará felicidade e esse sentimento, por sua vez, a cura. A história encantada deve se concretizar ainda hoje, quando o Papai Noel visitará o menino.
Querido Papai Noel, meu nome é Wesley Vitor Medeiros de Almeida, tenho 6 anos e no momento estou de passagem no Hospital Regional, pois estou em tratamento médico e logo ficarei bom. Na verdade, Papai Noel, minha casa é em Capão Bonito, onde moro com meus pais, meu gato Zico e meu cachorro Dog. Gostaria que o senhor me trouxesse nesse Natal um videogame. Com ele eu vou me distrair jogando. Acho que mereço ganhá-lo pois sou um menino bonzinho, valente, religioso e amigo de todos. Como o senhor tem contato direto com Deus, peço que me ouça e diga a Ele que quero ir logo embora. Farei força para melhorar, comendo bastante, respirando forte e sorrindo sempre. Um beijo. Te espero nesse Natal.
Foi o que disse Wesley à médica pediatra Priscila Helena dos Santos, que por sua vez, escreveu o pedido numa folha. A carta, fixada no quadro de avisos do hospital, seria comum nessa época do ano se não fosse por alguns detalhes. O menino é a criança mais antiga internada na unidade, o que aproximou a equipe da família. Além disso, ele tem problemas pulmonares, aparentemente irreversíveis, sem diagnóstico preciso ainda. E necessita ainda de aparelhos para respirar e assim, continuar vivo. O único filho do casal Adriana e Paulo de Almeida, reside num sítio simples, de família de agricultores. O contexto sensibilizou os funcionários, entre eles a médica Mara Corrá, que mobilizou os colegas e juntou o dinheiro do presente. É uma criança encantadora, alegre. E ele acredita que feliz, se recuperará mais rápido, falou ela.
O caso ganhou repercussão fora do hospital e um jornalista, que preferiu não se identificar, respondeu ao menino, como se fosse o Papai Noel. Ao meu corajoso amigo Wesley: recebi sua carta. Você é um ótimo menino. Um dos melhores do mundo. E olha que eu conheço todos do planeta. Está uma correria aqui para atender todos os pedidos que me fizeram, mas vou tentar atendê-lo. Eu queria ir até aí pessoalmente entregá-lo. Talvez consiga. Aí eu conheço você, sua mãe, seu pai e os amigos que cuidam de você. Logo estará bem e sairá daí. Mas não tenha pressa. Faça tudo que os médicos pedem. Nunca deixe de sorrir e acreditar que tudo de bom que queremos acaba acontecendo. Um beijo, Papai Noel.
Emocionada com a situação, a mãe da criança também se disse sensibilizada. Impossibilitada de atender o pedido, ela espera que o presente realmente lhe faça mais feliz. É o que toda mãe quer. Ver o filho bem e feliz. Ele está melhor. Se recuperando. Passa alguns minutos sem o aparelho para respirar. Se cansa fácil. Mas tenho fé, disse ela, que desde maio passado se reveza com o marido nos cuidados com o menino. A cada domingo trocamos o plantão. Eu vou para Sorocaba e fico com meu filho até o outro domingo. Nesse período ela vem para o sítio. Depois trocamos, detalha o pai. É uma rotina cansativa. Fico 24 horas com ele. Depois fico triste por estar longe, lamenta a mãe.
O videogame foi comprado, um Papai Noel contratado e a festa marcada para hoje, na pediatria do hospital a partir das 13h.




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domingo, 6 de dezembro de 2009

Chalita: 'precisamos de nova geração de políticos'




Do Diário do Grande ABC



Vereador mais votado do Brasil nas eleições do ano passado, o ex-secretário de Educação de São Paulo Gabriel Chalita (PSB) tem planos maiores para o futuro: está de olho em uma vaga no Senado.
Depois de trocar o PSDB pelo PSB por divergências com o rumo do governo paulista e o encerramento de projetos iniciados por ele na Educação, Chalita afirma ter superado o mau momento no tucanato e que, apesar de ter saído do partido, mantém relações estreitas com o ex-governador e hoje secretário de Desenvolvimento Geraldo Alckmin. O novo socialista - cotado para assumir vaga de candidato ao senado pelo novo partido - afirma que o mais importante na vida política é manter bons contatos e boas alianças, e confirma, sem constrangimento, que no próximo ano, deve apoiar Paulo Skaff (PSB) ou Ciro Comes (PSB) ao governo de São Paulo, mesmo que Alckmin, seu amigo pessoal, concorra ao cargo.
Sem meias-palavras, Chalita condena postura do governador José Serra - que segundo ele não respeita professores - e também dentro do partido alega que o tucano prejudica a sigla, que hoje, se vê representada apenas em sua figura. A demora na definição do candidato tucano, segundo ele, pode também prejudicar o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, outra opção na disputa presidencial ano que vem. O ex-secretário diz que a inércia de Serra sobre a definição de qual cargo concorrer em 2010 coloca todo o PSDB em espera. O possível apoio de Serra a Aloisio Nunes e a pouca importância a Alckmin são lembrados pelo vereador que defende o surgimento de novos rostos na política nacional como fator fundamental para mudança na postura parlamentar e para dar basta à corrupção do País.



DIÁRIO - O PSDB tentou mantê-lo a todo custo. Qual foi o fator que determinou sua saída?

GABRIEL CHALITA - Foi uma sequência de fatores. Na verdade, quando saí da Secretaria de Educação, resolvi que sairia da política. Acompanhei a campanha do (Geraldo) Alckmin à presidência, mas não estava com ânimo de ser candidato. Logo depois, vi desmonte de vários projetos educacionais; o primeiro foi o Escola da Família, a menina dos meus olhos, e que diminuiu muito a violência nas escolas. Ver aquilo destruído foi doloroso. Não entendi a postura da equipe do (José) Serra, tão contrária ao que construímos na Educação. Alckmin me pediu cinco vezes para ser candidato; só aceitei para poder ajudá-lo mesmo. Quando fui eleito, achei que haveria mais consideração, no sentido de repensar a política educacional. Achei que teria espaço dentro do partido. Queria ser mais livre, conversei com o diretório nacional, estadual, conversei com Alckmin e disse que não estava mais à vontade dentro do partido e, no PSB, fiquei impressionado.

DIÁRIO - Segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) faltou diálogo com professores no início desta gestão. Você credita esse erro ao governo?

CHALITA - À postura do governador. Os secretários cometeram os mesmos erros e o Paulo Renato está no mesmo caminho. Grande parte da imprensa elogiou as provinhas dos professores, como se isso avaliasse mérito. Durante minha gestão, pagávamos bônus por mérito de ações dos professores em sala de aula, mas essas avaliações os ridicularizam, diminuem a categoria. Ninguém faz prova com outros profissionais do governo. Existe tom de desconfiança com osprofessores. Um discurso de que professor é vagabundo, não trabalha direito, que falta demais. Há professores que têm essa postura? Claro, assim como há políticos que também são assim. A abordagem da visão educacional deste governo foi errada. Vi o governador dizer que aluno tem de saber português e matemática, o resto é perfumaria. Esporte, história, geografia não são perfumarias. O olhar do PSDB de São Paulo sobre Educação foi contra tudo o que acredito.

DIÁRIO - O sr. levou a família para dentro da escola no fim de semana com o Escola da Família. As pessoas sentiram falta quando os aparelhos foram fechados...

CHALITA - Acabou tudo. Sei o que é a violência doméstica na periferia e na Grande São Paulo. Isso tem de ser combatido por meio de outra postura pedagógica e vi isso ruindo de uma hora para outra. Tentei conversar com o governador algumas vezes e ele não dava menor importância. Chegou um momento emque comecei a reclamar. Fui o mais votado e não tinha assento na diretoria nacional, estadual e nem municipal do partido. Nem líder eu era. Não havia respeito. Ele quis falar comigo quando já tinha decidido sair do partido. Digo de coração que a possível candidatura ao Senado me agrada, mas o que mais me levou a sair do partido foi encontrar com professores que acreditaram em mim e ouvir deles que estava tudo diferente do que havia proposto e eu não podia falar mal.

DIÁRIO - Como você avalia o cenário para as eleições de 2010?

CHALITA - Se a definição fosse agora, como quer Aécio (Neves - governador de Minas Gerais), ele teria tempo de percorrer o Brasil. Se for em março, como prega o Serra, Aécio não terá tempo de fazer alianças e será difícil alguém que não é conhecido ganhar eleição. Essa indefinição dele (Serra) destrói o PSDB, atrapalha Minas, partidos aliados e São Paulo, porque se ele não for candidato, quem será? Qual será o processo de escolha? Você tem um partido que governou o Brasil por oito anos, reduzido a uma única pessoa.

DIÁRIO - Se Serra for candidato à presidência, Alckmin pode disputar o governo do Estado. Qual será seu posicionamento neste cenário?

CHALITA - Apoiarei o candidato do PSB, não farei críticas ou inventarei mentiras sobre Alckmin. Acho que ele foi honesto, ótimo governador. Agora, vou construir bandeira no partido. Então as pessoas devem entender que respeitarei o Alckmin, mas temos de ser coerentes com a coligação feita.

DIÁRIO - Lula se fez no Grande ABC. O sr. avalia que o retorno do PT à região está à altura da contrapartida?

CHALITA - O Grande ABC é peculiar, porque tem realidades diferentes. O fato de essas cidades terem se desenvolvido, muito ligadas a dormitórios, porque as pessoas trabalham e pagam impostos em São Paulo, dificulta ação dos prefeitos. É complicado administrar cidades grandes, com recursos orçamentários pequenos. Acho que apesar das dificuldades, você tem avanços. Não dá para culpar um partido, dá para pensar em propostas para o futuro.

DIÁRIO - O sr. acredita que a mudança na personalidade jurídica do Consórcio Intermunicipal pode auxiliar na mudança de políticas públicas regionais?

CHALITA - Com certeza. você se fortalece, fala de outra forma. São todas as cidades do Grande ABC fazendo discussão, é outro peso político. E as cidades precisam dialogar mais. pois uma coisa é pleito eleitoral, onde cada um defende uma ideologia. Passou o processo eleitoral, é hora de administrar e construir políticas públicas comuns.

DIÁRIO - Por sua experiência à frente de Pasta do Estado, há propostas para o Grande ABC? Pretende ajudar candidatos da região ano que vem?

CHALITA - Acho importante trazer pessoas que são exemplos de história de vida, de superação. Para mim é uma honra poder estar ao lado de Romualdo Magro Júnior e Marcelinho Carioca. Entrar na política traz riscos. Você fica exposto, é cobrado, mas isso lhe traz maneiras de fazer o bem. Sempre que encontro Marcelinho, ele fala de projetos sociais que auxiliam crianças. Precisamos de gente nova na política. Eles ajudarão a construir políticas para a região. Conheço o Grande ABC, mas se sair candidato ao Senado e for eleito, vamos construir políticas conjuntas. O Senado fala de temas nacionais e estaduais, elegem-se prioridades, mas não se tem a mesma aplicação política de outras câmaras. Acho importante nos cercarmos de boas pessoas. Acredito muito em política feita dessa forma, com líderes que tiram parte de seu tempo para pensar no coletivo.

DIÁRIO - O sr. busca essa dinâmica nas pessoas que deve apoiar?

CHALITA - Sou muito sincero, só apoio candidato depois de conhecê-lo melhor. Demoramos muito para construir uma imagem e lutamos para que isso seja preservado. Acredito que Marcelinho vai empolgar uma geração em relação à política, porque ele tem garra, curiosidade e vontade de aprender. Romualdo conhece a região, nasceu aqui, pode ajudar muito a população. Pode ser uma ótima dobrada.

DIÁRIO - Dá para reverter a imagem que as pessoas têm hoje do Senado, depois de tantos escândalos?

CHALITA - Acho que haverá grande renovação, porque vai chegar muita gente com vontade de fazer o que é correto. Se defendêssemos o que está na Constituição, no Senado, não precisaríamos fazer muito mais. Porque lá se fala da dignidade e isso dá amplitude de ações. Aliás, se você seguir os princípios da dignidade da pessoa humana, não vai roubar, não vai colocar dinheiro na meia, na cueca. Precisamos construir uma geração de políticos que não seja tão intransigente, que não faça má versação do dinheiro público.

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sábado, 5 de dezembro de 2009

Uma história sugestiva


Uma história sugestivaTive a oportunidade de conhecer a África do Sul. Uma viagem fascinante. A grandeza do país está exposta nos pequenos detalhes. Um lugar onde as cores prevalecem. Nas paredes, na paisagem, nos tecidos e nas almas.
A África é um país musical. Em tudo há a prevalência de um som orgânico, nascido dos lugares, emitido sem reservas, sem descanso. Brota da natureza e das bocas. Nasce ao som de tambores e instrumentos rudimentares retirados do contexto da utilidade doméstica. Vida pragmática sendo transformada em vida simbólica. Criatividade de um povo que reconhece a vida como território da revelação divina. Aliás, admiro muito as comunidades humanas que não caíram na resolução fácil que divide o mundo em duas partes: sagrado e profano.
Sempre tive predileção pela musicalidade negra. Acho instigante a construção melódica que costura numa mesma pauta acordes felizes e acordes tristes. Mixórdia que revela a luta de antepassados; homens e mulheres que construíram a história que hoje perpassa o canto que meus ouvidos escutam. De um lado, os colonizadores, invasores que resolveram estender os poderes de suas pátrias, obedecendo ao instinto rudimentar do poder.
Força que legitima os absurdos das guerras, invasões e outras irracionalidades humanas. De outro, os colonizados, os legítimos donos da terra, os curadores do espaço. Música que conta os sofrimentos do degredo, mas que também revela as esperanças que a escravidão não conseguiu sufocar.
Durante a viagem pude ouvir muitas histórias sobre diferentes tribos africanas. Uma delas me comoveu. Uma história musical. É o relato de um costume preservado por uma tribo. Para cada criança que nasce uma música é composta. Uma oferenda que marca a entrada da criança no mundo. Música que estará diretamente ligada à identidade pessoal. Ela cumpre papel de ser a trilha que sonoriza os momentos importantes da vida daquele que a recebeu.
Há um fato interessante. Segundo a história que ouvi, além de ser cantada nas celebrações felizes, a música é utilizada por ocasião de grandes deslizes cometidos pela proprietária da música. Funciona como uma espécie de purificação. Ao perceber o desvio de caminho, a comunidade se reúne e canta, para que a pessoa, ao ouvir a sua música, possa ter a possibilidade de voltar ao formato original, ao início de tudo, momento em que a música lhe foi ofertada. Esse costume me fez pensar no quanto é necessário ter um referencial que nos faça voltar ao estado primeiro das coisas. Uma voz, uma palavra, um lugar, uma música, enfim, qualquer coisa que pertencesse à nossa memória afetiva, e que tivesse o poder de nos fazer voltar a nós mesmos. Algo que pudesse nos fazer enxergar melhor o contexto de nossas escolhas. Algo que nos ajudasse na reconciliação com nossos limites, sobretudo no momento em que os erros prevalecem sobre os acertos, e a vida se apresenta difícil demais diante de nossos olhos. A história me fez refletir sobre a arte de recomeçar.
Verdade ou lenda? Não importa. A história já virou verdade em mim. A partir de hoje quero estar atento a tudo o que me recorda quem sou. Esteja também. Mais cedo ou mais tarde precisaremos deste instrumental.


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Levanta-te para a vitória - Gabriel Chalita e Padre Fábio de Melo



Eu pisei em tantos lugares, escutei tanta vitórias, mas eu quero que o resumo do meu hosana, seja um dos momentos que eu mais pude aprender sobre a vida, sobre fragilidade, sobre o amor. Gabriel dizia que as vezes a vida nos humilha, pessoas que acham que é melhor que nós e faz questão de demonstrar isso através de palavras, atitudes.
Quanta gente não se sentiu humilhado por ser brasileiro, e ver que o Brasil poderia ser melhor, que o nome de Deus é usado de maneira baixa. Você fica humilhado como cidadão, quando ver que a sua cidade não é como poderia ser. Quando você precisa desconfiar da pessoa que chega perto de você.
A vida nos humilha, mas há um beleza na palavra humilhar, que é húmus, então você pode acreditar que a ainda há jeito. Eu não nasci para viver na humilhação. Você descobre que a morte não é um processo definitivo, que um pai, mãe, irmão, namorado, não foi antes do tempo, mas que ela pode abrir os olhos daqueles que estão vivos.
Um dia chegando cansado em casa, eu liguei a Canção nova e fui impactado pela propaganda de um acampamento com o tema “levanta-te e anda”, e depois eu não consegui mais dormir, fui imaginando Jesus dizendo aquilo ao paralitico, que foi capaz de tirá-lo de sua humilhação, e fui movido a fazer uma música, enquanto não a terminei, não fui dormir. Fui evangelizado por um comercial da Canção Nova, até um comercial na Canção Nova evangeliza.
Há muitas pessoas que estão sendo humilhadas, por causa de problemas pessoais, familiares. Todos nós vivemos humilhações, mas é você que deve escolher se você ficará na humilhação ou cantará a vitória de Deus em sua vida.


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Levanta-te para a vitória - Gabriel Chalita e Padre Fábio de Melo







Eu queria refletir com vocês passagem de quando levam as crianças para Jesus. “Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam. Disse-lhes Jesus: Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.” (Mateus 19,13-14)
“Deixai vir a mim as criancinhas”, é interessante que neste processo da existência humana, vamos aprendendo a respeitar as outras pessoas, vamos nos conhecendo e conhecendo os outros, quando Jesus diz “vir a mim”, Ele quer dizer que se não tivermos um coração puro como de criança, não seremos felizes.
O pai sonha muito com o filho, mas parece que o filho não atende os sonhos do pai, mas é preciso entender que o filho não é igual ao pai. O primeiro sonho de um pai e uma mãe deve ser que seu filho seja bom, que sonhe que os filhos se formem, mas o primeiro sonho é que seja bom. Se eu, pai, sonho que meu filho seja bom, a primeira coisa a fazer é eu ser bom. A criança, não é preconceituosa, ela vai pegando as manias dos pais, ela vai aprendendo com o jeito dos pais.
Os exemplos cotidianos que damos em casa prepara o ser humano, desenvolve a capacidade de amar. Pode faltar tudo, mas não pode faltar o amor.
O cristianismo familiar é preciso ser resgatado para os filhos viverem a verdade. Tem pai que só quer o filho em cima do “pódio”, mas é necessário saber que todos os erram, ninguém é perfeito.
Muitas vezes perdemos a chance de ser melhor. É a convivência com o outro que me faz um pouco melhor. “O verdadeiro cristão é aquele que permitia que a Bíblia esteja entranhada em si.” Vir para o hosana é saber que a palavra está entranhada em nós, nós sofremos, fomos vitoriosos, omissos, mas estamos aqui.
Quando pensamos como Jesus pensava, vivemos uma virtude muito linda, que é a compaixão. Perdemos muitas oportunidades de ajudar o outro porque não temos compaixão. Todos nós temos em nós a razão e emoção, todos temos capacidade de amar.
Toda vez que a gente trata o ser humano como uma coisa, não vivemos a essência do cristianismo. Precisamos fazer que com a nossa compaixão o outro se sinta amado, precisamos ser gentil com o outro.
Se eu não for simples, se alguém te perguntar se você tem alguma para coisa para celebrar a vitória, você tem tantas coisas que lhe ensinaram esse ano, mesmo com as situações dolorosas, hoje podemos ser um pouco melhor pois essas coisas nos fez crescer.
Cada um é diferente do outro, e precisa ser respeitado, assim como você também deve ser respeitado, a criança tem seu jeito próprio de ser e isso não pode ser perdido.
Madre Tereza dizia que ninguém pode sair da minha presença da mesma forma, ele precisa sair melhor. Precisamos sair da canção Nova com os reservatórios cheio, para que cheguemos em casa com serenidade, pessoas que vai lutar com os problemas mas que não vai perder a paz.
“Cuidado por onde andas, é sobre meus sonhos que caminhas” Carlos Drummond. Para os pais, que seus filhos se lembrem de você, não como alguém que queria sempre o primeiro lugar para eles, mas alguém que os amava.


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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A importância do afeto em sala de aula



Não há quem se sinta bem ao ser maltratado, desestimulado ou desprezado. Isso vale em um restaurante, em um posto de saúde, em uma Igreja ou em uma escola. Nesses afetos cotidianos, nota-se o papel da escola como protagonista de uma sociedade melhor. É na escola que se moldarão o caráter e a personalidade, que aprendemos os primeiros passos rumo à formação do ser humano. Já não há mais espaço para instituições que passam burocraticamente informações aos alunos sem o cuidado de formá-los devidamente para a vida.

Revista Clube Eu Gosto: Qual a importância e o resultado prático da afetividade no ambiente pedagógico?

Gabriel Chalita: O processo educativo envolve três grandes habilidades: cognitiva, social e emocional. A habilidade cognitiva trabalha com o processo constante de aprender novas idéias, conceitos e valores. A habilidade social desenvolve duas questões básicas: uma é a importância da cooperação, e a outra é a solidariedade. A habilidade emocional é a revelação do que há de mais nobre no ser humano: a capacidade de amar e de ser amado. Ela perpassa as outras duas. Não se aprende sem emoção e não se participa do jogo social sem emoção. A afetividade nasce dessa certeza de que o aluno aprende quando se sente valorizado, acolhido, respeitado. Portanto, o resultado prático é a construção de um espaço mais harmônico em que as heterogeneidades convivam em paz. E, além disso, a real possibilidade de aferir os resultados de uma educação com mais qualidade e significado para os aprendizes.

RCEG: Que ações e comportamentos práticos demonstram essa afetividade em sala de aula?

Gabriel Chalita: Afetos cotidianos. Os professores têm de conhecer os seus alunos. Sei que isso não é fácil. Mas o ideal é o que propunha Aristóteles: o educador tem de ser como o médico. O médico precisa conhecer o paciente antes de prescrever um medicamento. Há doses diferentes do remédio de acordo com a necessidade de cada um. O educador tem de ir percebendo a evolução do aprendiz. E ir conduzindo com leveza os seus passos. Na prática, significa que o professor deve se preparar para entrar em uma sala de aula. Saber o nome dos alunos. Diferenciar autoridade de autoritarismo. Compreender que a didática da sala de aula precisa ser mais envolvente. O aluno participa melhor quando se sente desafiado a resolver problemas, quando percebe que as suas dúvidas são respeitadas. Não acredito na teoria do medo para garantir o bom comportamento em sala de aula ou evitar a algazarra.

RCEG: É possível conseguir disciplina com afeto?

Gabriel Chalita: Sem dúvida. Dom Bosco, o fundador dos salesianos, dizia que não basta aos jovens que sejam amados, eles precisam sentir que são amados. Ele tinha o desafio de cuidar de crianças cuja rebeldia fazia com que não fossem aceitas em escola alguma. E, aos poucos, ele ia conquistando uma a uma. O cinema é rico em exemplos assim. Professores que transformam a desconfiança ou a apatia dos seus alunos por meio de relações educadas, ternas, competentes. Evidentemente, não basta uma postura cordial, se o professor não se prepara, se não tem o que dizer.

Conteúdo e forma são essenciais para que os alunos se interessem pela aula. O professor precisa despertar a curiosidade do aluno, compreender o erro e não supervalorizá-lo. E investir em uma relação que faça com que o aluno fique constrangido em ser indisciplinado, já que é tratado com tanto respeito. Uma regra básica: todo educador tem de ser educado. Esse já é um caminho para ter uma relação melhor entre mestre e aprendizes.

RCEG: Se a relação de afeto é uma relação com base na cumplicidade como conseguir isso do aluno?

Gabriel Chalita: Aos poucos, como toda relação de afeto. Não adianta o professor chegar a uma sala de aula e dizer que ama os alunos ou que tem afeto por eles. Essas coisas não precisam ser ditas. O tempo vai mostrando o quanto aquele professor gosta de lecionar, o quanto ele se prepara para ajudar os alunos a encontrar os próprios sonhos. Trata-se de uma conquista cotidiana. O primeiro dia de aula é fundamental. O primeiro contato tem de ser de acolhimento e investigação. Não há matéria chata. E o professor tem de se dar conta de que a didática precisa servir a essa causa de buscar na vida a continuação do conhecimento partilhado na sala de aula. É como oferecer o aroma de uma flor sem mostrá-la e esperar para ver os alpinistas escalar montes à sua procura. Paulo Freire dizia que o primeiro caminho para que o professor tenha sucesso é ver sua postura diante da vida. Quem gosta de viver tem chance de ser um bom professor; quem não gosta, fica mais difícil. Creio que o que o mestre queria dizer como isso é que a fremente aventura da vida não pode se reduzir a atitudes burocráticas, mas ao êxtase da boniteza da vida em que ensinamos e aprendemos constantemente - aí está a cumplicidade!

RCEG: Um dos resultados práticos da psicologia do afeto é o fortalecimento da autoestima. Como lutar contra o bullying, uma prática comum nas escolas e que vai contra a filosofia do afeto.

Gabriel Chalita: o bullying é uma atitude de não convivência, de não harmonia nas relações humanas. Nasce do preconceito contra alguém que é diferente. Aí começa o problema, porque diferentes são todos. Não há pessoas iguais, nem os gêmeos. E conviver com a diferença faz parte da habilidade social. O bullying coloca no agressor o direito de destruir a vítima física ou moralmente. A vítima, debilitada, sente-se menor que os demais. Os que assistem também se diminuem. Aprendem antivalores. Acredito que o agressor ou os agressores sejam também vítimas. Não acredito que alguém nasça violento ou preconceituoso. Essas coisas são aprendidas em casa, na mídia, no contato com outras pessoas. Recentemente, os meios de comunicação mostraram uma mãe incentivando a filha a brigar na porta de uma escola. Na entrevista, ela não teve dúvidas: “Minha filha nasceu para bater e não para apanhar”. É impressionante como os pais estão distantes do que seria uma educação de qualidade. Alguns são ausentes; outros, sufocantes; outros, competidores ávidos que não admitem um erro dos filhos. Querem sempre vê-los no primeiro lugar do pódio. Ledo engano. A infância tem de ser o tempo da infância. Com as brincadeiras da infância. Cada coisa no seu tempo. Aliás, em vez de transformá-las em adultos deveríamos fazer o inverso, redescobrir a criança adormecida nos adultos.

RCEG: O material didático tem alguma importância nesse processo de aplicação pratica de afeto?

Gabriel Chalita: Todo material é importante para instrumentalizar os caminhantes. O material didático não pode frustrar a autonomia, ao contrário, tem de despertar a curiosidade em impulsionar a competência na resolução de problemas. Assim, também, o chamado material paradidático. O livro é um instrumento precioso. A tecnologia evidentemente trouxe um novo tempo para o processo educativo, mas o livro, a contação de histórias, o convívio são a essência de um processo de crescimento, como já dissemos, cognitivo social e emocional entre alunos e professores. Lembro-me de uma de uma das minhas primeiras professoras que toda sexta-feira nos colocava no chão para ouvir uma historia. Às vezes lia, às vezes contava. E no momento mais curioso da narrativa, fechava o livro ou a boca, dava uma pausa, e a noticia de que o final da historia ficaria para a segunda-feira. E aí estava a curiosidade. Havia poucos livros na biblioteca e quase sempre não conseguíamos encontrar o final. Não havia Internet. Esperávamos ansiosos pela segunda-feira para saber o desfecho. Era assim, na simplicidade da releitura de Sherazade que aquela professora/fada de uma escola pública do interior, com seu condão, tocava os nossos sentimentos e ensinava que nos livros estavam universos fascinantes que, quando descobertos, nos dariam a vitória singela atribuída aos desbravadores. Os livros, os materiais tecnológicos estão aí para ser desbravados. E é por isso que a educação não pode aleijar a coragem, ao contrário, deve incentivá-la. Sem a coragem, as outras virtudes se intimidam.

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ternura na receita - por Gabriel Chalita



Mais um Natal se aproxima.A festa da natividade do Menino Jesus reúne as famílias ao redor da mesa.Nesses encontros,muitas vezes as diferenças aparecem e o sonho da celebração do amor se converte em pesadelo.
A família é o espaçõ priveligiado da convivência.Seus membros são diferentes.Cada um carrega dons,traumas,esperanças.Cada um luta,a seu modo,para buscar a perfeição.Entretanto,imperfeitos são todos.
Algumas crianças choram por brinquedos mais caros.Alguns pais fazem dívidas para satisfazer os mimos dos filhos.Fazem mal.Vale mais a sinceridade:"filho,eu não tenho dinheiro para comprar esse presente>Você merece,mas fica para outra ocasião."Lembro-me de uma história em que a filha queria uma vitrola.O pai sentou-a no colo e disse,"como não tinha dinheiro para comprar a vitrola,comprei o filhinho dela.", e entregou um rádio pequeno a filha. A menina,hoje mulher crescida,nunca se esqueceu.Talvez,se tivesse recebido a vitrola,já não mais lembrasse dela.
Na plenitude dos tempos,segundo as escrituras,nasceu o Menino Jesus.A manjedoura de Belém foi seu primeiro berço. As canções de vida foram entoadas por Maria,a mulher escolhida por Deus,e José,o carpinteiro devotado ao respeito humano.Em sua infância,o Menino brincou,ouviu histórias,aprendeu,ensinou,surpreendeu. Foi criança,enfim.Em Sua adolescência,viveu,próximo aos pais,à essência da família>Fortaleceu para o exercício de Sua missão.E partiu,permanecendo.Como devem fazer os filho.Cada um nasce para um voo diferente,mas o ninho da ternura é lugar de aconchego.
A festa de aniversário é do Menino Jesus.Sua simplicidade deve inspirar o encontro.Exageros não combinam com a manjedoura.Na receita da ceia,não pode faltar ternura;o resto é menos importante.Presentes podem ser distribuídos.Abraços.Conversas. O ideal é que alguma ação solidária seja feita pelos pais e filhos.Um presente para o filho e outro para um menino sem lar.Uma história contada em casa e outra para os velhinhos de um asilo,esquecidos pelos seus. Pequenas ações que cumprem o sonho do Menino aniversariante "...porque tive fome e me destes de comer;tive sede e me destes de beber;era peregrino e me acolheste;nu e me vestistes;enfermo e me visitastes;estava na prisão e viestes a mim"(Mt 25,35-36)
Que o Natal seja um tributo à solidariedade.Os pais dão o exemplo e os filhos aprendem.Que a alegria ao Menino seja concedida por uma família que vive e celebra o amor.
Fazei a experiência,diz o Senhor dos exércitos,e vereis se não vos abro os reservatórios do céu e se não derramo a minha benção sobre vós muito além do necessário.A palavra está em Malaquias.
E está em nós.Façamos a experiência da solidariedade,do respeito,da ternura.E a nossa noite será o prenùncio de um novo ano abençoado.
Feliz Natal


Gabriel Chalita
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sacerdote showman?

Pe. Joaozinho
Uma das formas de evangelizar, hoje, em sido a promoção de shows. Muitos bispos e padres já me convidaram para este tipo de atividade. Este final de semana mesmo acabo de fazer um show de encerramento da CAMINHADA PELA PAZ, em Juazeiro e estou a caminho de Sooretama, no ES, aonde acontece um show na festa da padroeira. Pe. Zezinho parece ter sido um dos pioneiros deste tipo de linguagem. Mas nem de longe esta é minha principal atividade. Sou professor de teologia e diretor da Faculdade Dehoniana, em Taubaté. Ali, no escondimento da tarefa acadêmica gasto meus minutos mais preciosos. O show tem sua linguagem própria. Missa não é show. Show não é adoração. Palestra não é missa nem show. Neste sentido precisamos parar para refletir sobre a missão do sacerdote nestes três tipos de linguagem. Definitivamente não precisamos de padres espetaculares. O dia-a-dia da missão passa pela tarefa de padres elementares. Mas será que devemos eliminar os nossos shows e espetáculos? Em outras palavras, justifica-se a vocação de um padre que só faz shows? É possível ser padre sendo somente artista? Posto aqui um provocante artigo recente e peço a sua opinião sobre este polêmico assunto.

ROMA, sexta-feira, 20 de novembro de 2009 (ZENIT.org).- “Para a evangelização, não servem os sacerdotes showman que vão à televisão”, declarou o secretário da Congregação para o Clero, arcebispo Mauro Piacenza.
O prelado falou nessa quarta-feira em um Dia de Estudo sobre “A comunicação na missão do sacerdote”, organizado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma.
Ele afirmou que “a comunicação deve favorecer a comunhão na Igreja, que, do contrário, converte-se em protagonismo individual ou, o que ainda é mais grave, introduz divisão”.
Também indicou que “o sacerdote não deve improvisar quando utiliza os meios de comunicação, nem deve comunicar a si mesmo, mas os dois mil anos de comunhão na fé”, uma mensagem que “só pode ser transmitida através da experiência própria e da vida interior”.
Também interveio o professor Philip Goyret, professor de eclesiologia e teologia sacramental na Universidade Santa Cruz.
Ele explicou que, de alguma maneira, a dimensão comunicativa pertence à essência de todo sacerdote, “seja em si mesmo enquanto que sacramentalmente representa Jesus Cristo e portanto deve viver conforme aquilo que representa, ou enquanto portador de graça e ministro da Palavra de Deus”.
Portanto, acrescentou, “consagração e missão são correlativas: a Palavra dá sentido ao testemunho e o testemunho dá credibilidade à Palavra”.
O professor Sergio Tapia-Velasco, docente na Faculdade de Comunicação da Santa Cruz, afirmou que a homilia dominical pode-se converter em um momento privilegiado da transmissão da Palavra.
E lamentou que em contrapartida se assista frequentemente a “tantas homilias longas e chatas”.


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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Isolado e em silêncio na sua arrogância e prepotência!







Por Tiago Pereira

A campanha para 2010 só não começou no calendário oficial. De todos os lados notam-se as movimentações visando garantir a viabilidade das candidaturas. Do lado do governo, Dilma busca assegurar para a sua candidatura os partidos que hoje compõem a base do governo Lula. Ciro e Marina tentam abrir espaço num cenário altamente polarizado. Aécio cobra definição do PSDB. Apenas uma das peças centrais permanece inerte no tabuleiro. Acomodado na liderança das pesquisas, a política de José Serra é não fazer política.

A percepção é que assumindo a condição de candidato, Serra viraria alvo fácil das artilharias pesadas de Lula e comandados. Comporta-se como se não fosse oposição e parece acreditar que será levado, naturalmente, ao cargo dos seus sonhos. No momento em que aproximações e alianças deveriam ser construídas, os parceiros o acusam de jogar sozinho. Gabriel Chalita, o vereador mais votado de São Paulo, recentemente se desligou do PSDB alegando não haver espaço no partido controlado por Serra. Líder nas pesquisas para sucedê-lo como governador, Geraldo Alckmin não conta com o apoio do atual ocupante do cargo.
Na falta de parceiros, o governador coleciona desafetos no partido e naqueles considerados como aliados. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, já manifestou sua preferência por Aécio Neves. Seu pai, o ex-prefeito do Rio César Maia, vai ainda mais longe. Para ele, Serra “lembra os piores caudilhos” por subordinar o partido à sua definição pessoal. As poucas manifestações de entusiasmo com a candidatura serrista sobram para figuras como Paulo Malluf e Quércia. Perdeu, sem sombra de dúvidas, a capacidade de aglutinar, agregar, das mais fundamentais para qualquer político.
Por outro lado, Aécio traz Ciro Gomes pra perto. Outros como o ministro Hélio Costa e o senador Francisco Dornelles também já manifestaram apoio caso o mineiro viabilize a candidatura. Ao autoritarismo de Serra, apresenta-se como representante da tradição conciliatória mineira, e além de alegar que Serra pode não ser candidato, avisa que o país pode parar caso o paulista assuma a presidência. Se os que estão “próximos” pensam assim, os grupos contrários nutrem verdadeira repulsa pelo tucano paulista. Enquanto Serra decide o que quer, os outros dizem que não o querem.


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sábado, 21 de novembro de 2009

Estudo mostra que apenas 7,5% dos brasileiros compram livros


 
Apenas 7,47% da população brasileira compra livros não didáticos e destinam à literatura o equivalente a 0,05% da renda familiar, segundo um estudo divulgado hoje por editores reunidos no Instituto Pró-Livro.
O pouco orçamento destinado à leitura se reflete em que 60% dos brasileiros nunca abrem um livro e, quem tem o costume, lê 1,3 obra literária ao ano, segundo o estudo, baseado em dados oficiais.
A taxa de leitura no país aumenta para 4,7 exemplares por ano incluindo as obras pedagógicas e didáticas.
Segundo o estudo, 75% dos brasileiros que se consideram leitores afirmou na enquete que sentem prazer na leitura, e o resto admitiu que só lê por obrigação.
A média de leitura dos brasileiros é dez vezes inferior à dos Estados Unidos e quase a metade à da Colômbia, país onde é lida uma média de 2,4 livros por ano, segundo as mesmas fontes.
O estudo indica que, no Brasil, 21 milhões de pessoas são analfabetas, que estão incluídas nos 77 milhões de habitantes considerados não leitores, e 95 milhões leem ativamente, segundo dados de 2007.

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"Doe um livro no Natal"

PARTICIPE DESSA CAMPANHA!!!



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E o desrespeito continua...

Professor temporário é um forasteiro na escola, diz educadora



da Folha de S.Paulo



Especialista em didática e na formação de professores, a docente Maria Isabel de Almeida, 54, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, acredita que o fato de 43% dos 230 mil professores da rede estadual de ensino de São Paulo serem contratados em caráter temporário traduz-se em graves prejuízos para os estudantes.
"A escola deveria ser para o aluno, mas é esse lado que menos se leva em conta na hora de elaborar as políticas públicas de educação", diz ela. "Lá pelos anos 1970, chamava-se o professor temporário de 'precário'. Mudou o nome, mas a precariedade ficou", afirma Maria Isabel.
Para exemplificar, a docente cita a forma como os 100 mil professores não-efetivos "pegam" aulas. Funciona assim: todo início de ano, as classes que foram refugadas pelos professores efetivos (os que passaram em concurso) são distribuídas entre os temporários, segundo classificação feita por critérios de antiguidade e títulos.
Como essa classificação muda de um ano para outro, a situação mais comum é a do professor temporário que raramente consegue "pegar" aulas na mesma escola.
"Desapareceu a figura do professor 'da' escola estadual, aquele profissional que conhecia todos os alunos, acompanhava-os ao longo dos anos, sabia identificar os irmãos e familiares, a vizinhança, participava daquela comunidade. A rotatividade anual faz com que o professor esteja sempre na situação de 'forasteiro'. No início do ano, ele tem de começar do zero a conhecer aquele novo mundo", diz ela.
"A situação piora porque o professor, para 'inteirar' o orçamento, acaba 'pegando' sobras de aulas em mais de uma escola. Ele dará seis aulas em uma, cinco em outra, três em outra. Três comunidades diferentes para conhecer e trabalhar. E, no ano seguinte, começar de novo --sempre do zero", diz.

Marginalizados

A professora relata que os professores temporários acabam marginalizados nas escolas --tanto pelos alunos quanto pelos colegas efetivos. "Isso gera uma situação de esgarçamento da relação do professor com sua carreira. Professores mais bem formados não são atraídos para dar aulas; a classe média foge. Essas dezenas de milhares de vagas temporárias, portanto, serão preenchidas por indivíduos das classes populares sem outra opção profissional, como uma alternativa ao desemprego."
A docente da USP enfatiza que essa origem social dos professores poderia até ser um ponto favorável, caso houvesse investimento para efetivá-los, via concurso público, e valorizá-los. Mas não foi isso o que ocorreu, diz ela. A prova de conhecimentos específicos realizada em 17 de dezembro último e que a Secretaria da Educação pretendia incluir entre os critérios de classificação dos temporários "foi a demonstração cabal de que se preferiu por ora não enfrentar o problema básico da precariedade desses 100 mil profissionais".
"A tal prova conseguiria apenas classificar a fina flor do lúmpen-professorado. Alguém acredita que isso resolveria o drama de professores mal preparados, fragilizados, desmotivados?", pergunta.


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Falhas de memória se acentuam na meia-idade; saiba como evitar



da Folha de S.Paulo

Um: as chaves de casa. Dois: o celular. Três: a agenda. Quatro: a senha do banco. Cinco: o problema. A senha mudou e por nada nesse mundo você consegue se lembrar da combinação de números e letras que deve digitar. Mas lembra-se perfeitamente bem de estar na meia-idade (mais de 40 e menos de 60 anos) e de já ter ouvido que as perdas cognitivas começam nessa fase da vida.
Isso é verdade e, mais importante, inexorável?
Veja o que ajuda e o que atrapalha a memória
Segundo Cathryn Jakobson Ramin, autora do livro "Esculpido na Areia" (352 págs, R$ 49,90, ed. Objetiva), lançado recentemente no Brasil, a perda da memória nessa fase da vida é um fato. Ao perceber que sua memória estava falhando bem mais do que o razoável para uma profissional ativa e que acabara de chegar à meia-idade, a jornalista norte-americana decidiu investigar o fato. Após saber que seus amigos também passavam pelo problema, testou métodos e tratamentos para desenvolver essa função cerebral. No livro, ela conta sobre a descoberta de que é possível preservar e até resgatar a memória perdida.
Para a fonoaudióloga Ana Alvarez, autora de "Deu um Branco" (144 págs., R$ 22,90, ed. Record), entre a quarta e a quinta década de vida a velocidade para prestar atenção, processar informações simultâneas e acessar lembranças diminui.
"Começamos a ter uma perda da capacidade dos órgãos de sentidos. É, por exemplo, o que ocorre com a audição, que "perde" informações, principalmente se há estímulos auditivos simultâneos. O deficit no recebimento das informações resulta em menor fixação na memória." Segundo ela, todo o processo começa junto: a menor velocidade do processamento sensorial e a necessidade de prestar mais atenção quando se está recebendo informações sonoras ou visuais demanda mais esforço para armazenar, fixar e evocar lembranças.
"As funções cognitivas perdem velocidade, o processo neural começa a não ser como antes. Mas isso pode ser revertido: é possível criar novas conexões neurais com exercícios específicos e medidas como garantir a qualidade do sono", afirma Alvarez, que trabalha com reabilitação cognitiva de pacientes em São Paulo.

"O cérebro é um órgão plástico. Se você o faz trabalhar, criam-se novas conexões neuronais. Isso aumenta a reserva cognitiva do indivíduo, incluindo a memória", diz Katia Osternack, neuropsicóloga e professora da Universidade Anhembi Morumbi. Osternack afirma que, a partir dos 40 anos, já é esperada uma perda sutil da memória, mas medidas de prevenção podem mudar esse curso.
Exercitando o intelecto
Exercícios cognitivos e físicos, aprender coisas novas, alimentação saudável e controle do estresse são atitudes preventivas que, segundo a neuropsicóloga, deveriam ser tomadas durante toda a vida.
Há cerca de um ano e meio, a arquiteta Cândida Tabet, 52, percebeu que, do mesmo modo que exercita o corpo, deveria exercitar o intelecto. "A ideia era prevenir. Quero ser dona de minha inteligência e, para isso, percebi que devia trabalhar a atenção e a memória."
Desde então, Cândida inclui em seu dia a dia várias atividades, que vão de jogos de computador a curso de línguas, além de prestar mais atenção ao sono e levar a academia a sério. "O efeito é extraordinário. Fiquei muito mais atenta e rápida para memorizar e lembrar."
Para o neurologista Martín Cammarota, um dos coordenadores do Centro de Memória da PUC-RS, os lapsos não ocorrem somente na maturidade, mas é nessa fase que costumam trazer mais consequências. "Isso está relacionado ao ritmo de vida agitado e ao número de coisas que uma pessoa dessa idade tem que fazer", afirma. "De modo geral, o esquecimento relativo a atividades rotineiras é resultado da falta de atenção, que está centrada em problemas considerados fundamentais."
O psiquiatra Cássio Bottino, do Instituto de Psiquiatria do HC de São Paulo, avalia que até os 60 anos as pessoas conseguem manter o desempenho da memória bem próximo do que era quando jovens. "Realizamos o projeto Clínica da Memória, aberto para pessoas a partir dos 18 anos. O que vimos é que, abaixo dos 60, a maioria que tinha queixas sobre a memória não tinha alterações. O que havia era muita ansiedade em relação ao desempenho."
Bottino acredita que, em geral, as dificuldades com memória antes dos 60 anos estão relacionadas a outras causas, como depressão ou transtornos de ansiedade, incluindo estresse.
Na opinião do neurologista Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo, a perda é "plenamente evitável", desde que a pessoa mude sua reação ao estresse e mantenha o cérebro em atividade.
Segundo ele, o estilo de vida atual favorece o surgimento de doenças neurodegenerativas. "O fator emocional é o mais importante. O estresse bloqueia a produção de novos neurônios e facilita a degeneração dos que a pessoa já possui", justifica.
Nas palavras de Cammarota, "desarranjos de ordem psíquica se cruzam com outro de memória. Se brigou com o namorado, por exemplo, a pessoa pode estar deprimida e não prestar atenção a coisas de que lembraria normalmente".

Ele também defende que, para a maioria das pessoas com menos de 65 anos, a perda de memória não está relacionada a uma doença degenerativa. "Se você não se lembra de quem é sua mãe, eu me preocuparia, mas esquecer a reunião é normal. Para isso, há as agendas."
Bottino lembra que outras doenças, como hipotireoidismo, podem causar problemas de memória. No caso, é preciso tratar a doença de base. Problemas no sistema circulatório, além de elevarem o risco de acidente vascular cerebral, também aumentam o risco de danos cognitivos no futuro.
A perda de memória associada ao envelhecimento do tecido nervoso ocorre a partir dos 65 anos. Com essa idade, 1% da população já apresenta demência e, a cada cinco anos, a porcentagem duplica, segundo Coimbra.
Em todos os casos, e em qualquer idade, os especialistas afirmam que o envelhecimento cerebral pode ser retardado, que é possível recuperar perdas da reserva funcional do cérebro, formar novas conexões e ter um desempenho melhor. "Cuidar do corpo como um todo, praticar atividades físicas e intelectuais estimulantes são passos fundamentais para isso", diz Bottino. Desses conselhos, é bom não se esquecer.


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domingo, 8 de novembro de 2009

Expulsão de aluna hostilizada na Uniban atesta incompetência, diz entidade


A Uniban decidiu expulsar a aluna Geisy Arruda, 20, hostilizada por colegas no dia 22 de outubro. Ela foi xingada nos corredores da universidade, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), por usar um microvestido rosa. O tumulto foi filmado e os vídeos acabaram na internet.
"Ao expulsar essa menina, a universidade assina seu atestado de incompetência", afirma Samantha Buglione, coordenadora do Cladem (Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) no Brasil.


"O espaço que deveria promover a discussão está tendo atitudes simplificadas e autoritárias", diz ela. "Para a universidade ser intolerante em questões de moralidade neste nível é porque ela está completamente desvirtuada do que deveria ser", afirmou.
As opiniões de Buglione refletem um pouco a contrariedade de boa parte dos educadores, advogados e entidades de defesa das mulheres ouvidos pela Folha sobre a punição da Uniban à jovem que foi hostilizada ao usar um vestido curto.
Para Buglione, a função da Uniban era promover um debate, e não mandar a estudante embora. "Esse caso é uma excelente metáfora para mostrar como a universidade não está mais sendo universidade", afirma ela, que também é professora de direito da Univali (Universidade do Vale do Itajaí).
"Como é uma instituição que se propõe a fazer um trabalho educativo, a expulsão deveria ser a última medida", avalia Sabrina Moehlecke, doutora em educação pela USP e professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ressalvando falar em tese, por não ter acompanhado detalhes do caso, ela acrescenta: "Mesmo que as pessoas venham com hábitos, formas de agir e de se vestir inadequados, a instituição tem a função de criar formas de lidar com isso".
O promotor de Justiça Roberto Livianu, do Movimento do Ministério Público Democrático, afirma que a decisão é um "exagero", "foge à razoabilidade" e lembra "posturas fundamentalistas islâmicas".
O professor de direito constitucional João Antonio Wiegerinck avalia que a expulsão só ocorreu devido à repercussão do tema na mídia, e não pelo comportamento da aluna. Ele afirma que a roupa da jovem era inadequada ao ambiente de estudo. "Faltou bom senso à estudante. Mas dou aula há mais de oito anos. Há roupas piores."
Segundo Wiegerinck, é praxe nas instituições de ensino regulamentos para punir alunos por comportamentos do tipo. Mas ele ressalta a necessidade de uma gradação para os casos de reincidência --como advertência e suspensão, sempre por atos formais, e não verbais.

Ato público

Para Sônia Coelho, militante da SOF (Sempreviva Organização Feminista), a expulsão da estudante é um retrocesso e mostra a falta de compromisso da instituição com a educação.
"É preciso trabalhar prevenindo a violência. O contrário do que a universidade está fazendo. A aluna deveria ser acolhida, e os alunos, educados."
A SOF afirma ter buscado contato com a universidade para propor um ciclo de debates sobre a violência contra a mulher. Sem sucesso, decidiu fazer um ato público no dia 18 na frente da Uniban --que, com a expulsão, pode ser antecipado.
A decisão da universidade, ao ver a reação contra a jovem como defesa do ambiente escolar, diz Sônia Coelho, põe em risco todas as mulheres. "Qualquer uma que se vista com um short ou vestido pode ser abordada de forma pior. Daqui a pouco as mulheres serão apedrejadas."
A fundadora da União de Mulheres de São Paulo, Maria Amélia de Almeida Teles, diz que a atitude da Uniban mostra que ainda existe discriminação e reforça a existência do preconceito: "É difícil acreditar que em pleno século 21 a mulher não tenha direito a dispor de seu próprio corpo e a se vestir da maneira que desejar".


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Uniban decide expulsar aluna hostilizada por usar vestido curto

A Uniban publicou anúncio em jornais de São Paulo deste domingo (8) em que afirma ter decidido expulsar a aluna Geisy Arruda, 20, hostilizada por colegas no dia 22 de outubro.
A estudante foi xingada nos corredores da universidade, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), por usar um microvestido rosa. O tumulto foi filmado e os vídeos acabaram na internet. Geisy parou de frequentar as aulas --ela está no primeiro ano do curso de turismo.
No anúncio, intitulado "A educação se faz com atitude e não com complacência", a universidade afirma que a sindicância aberta para apurar o acontecimento concluiu que houve "flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade" por parte da aluna.
Segundo a nota, foram colhidos depoimentos de alunos, professores e funcionários, além da própria Geisy, para embasar a sindicância. Em seu depoimento, a Uniban diz que "a aluna mostrou um comportamento instável, que oscilava entre a euforia e o desinteresse".
As imagens gravadas no dia e divulgadas na internet também foram analisadas, e os alunos identificados foram suspensos temporariamente das atividades acadêmicas.
A universidade afirma que a aluna frequentava a unidade com trajes inadequados "indicando uma postura incompatível com o ambiente" e chegou a ser alertada sobre o assunto, mas não mudou o comportamento. No dia do acontecimento, segundo a Uniban, Geisy percorreu percursos maiores para aumentar sua exposição, "ensejando, de forma explícita, os apelos de alunos".
"A atitude provocativa da aluna buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar."
Em entrevista ao blog do jornalista Josias de Souza, o advogado da reitoria da Uniban, Décio Lencioni Machado, disse que a aluna "sempre gostou de provocar os meninos. O problema não era a roupa, mas a forma de se portar, de falar, de cruzar a perna, de caminhar".
O advogado da estudante, Nehemias Melo, disse que ainda não foi notificado da decisão. Geisy afirma ter ficado inconformada com a expulsão, que classificou de absurda.



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sábado, 7 de novembro de 2009

Chalita fala sobre “tecnicismo” de Serra e falta de democracia no PSDB




Vereador mais votado do país em 2008 e recém-filiado ao PSB, o ex-tucano Gabriel Chalita se virou contra seu antigo partido. Em entrevista ao Vermelho, na sexta-feira (6), durante o 12º Congresso do PCdoB, em São Paulo, o parlamentar acusou o governador José Serra (PSDB-SP) de esvaziar a “democracia partidária”. E disparou contra o PSDB: “Quando você está num partido em que você não pode falar em nenhuma instância partidária, está na hora de ir embora — senão você trai o povo”.



"Foi melhor deixar o partido", diz Chalita

Ex-secretário estadual de Educação durante o governo de Geraldo Alckmin (2001-2006), Chalita afirma que a gestão Serra abandonou princípios “humanistas” ao lidar com a área. “O que ficou foi uma visão muito tecnicista, muito distante do povo.”



Declarando-se “emocionado” com o discurso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabara de pronunciar no Congresso do PCdoB, Chalita saudou também o “grupo de partidos que apoiam uma visão muito mais humana de política”. Caso, segundo ele, das principais legendas de esquerda no Brasil — PT, PSB, PCdoB e PDT.



Confira abaixo trechos da entrevista

Dentro do PSB, houve alguma resistência à sua filiação ou você foi bem acolhido?

Fui muito bem acolhido, sim, e está sendo muito legal. O PSB é um partido que tem uma preocupação imensa com essa questão humana, e eu também tenho bandeiras que defendi a minha vida toda.



Fico emocionado de ver o presidente Lula falando tanto em educação, no quanto ele investiu, no que é o ProUni (Programa Universidade para Todos). Encontrei aqui no PCdoB várias pessoas que fizeram o Escola da Família, que é um projeto que veio antes do ProUni e que ajudava a pessoa a ter uma formação universitária.



Essa é a linha daquilo que defende o PCdoB, o PDT, o PSB, o PT. É também a linha que defendia uma parte do PSDB quando eu estava lá, uma ala mais à esquerda. É a visão mais humanista, essa preocupação com o ser humano.



O legado do Lula é um legado de muita emoção, de respeito às pessoas, de cada pessoa individualmente. Veja quando ele fala do Bolsa Família ou de um trabalhador, Eu estava no evento com os catadores de materiais reciclados e via com que emoção o Lula abraçava as pessoas. Acredito na política como exercício assim — de gente que gosta de gente, de gente que respeita gente e trabalha para que essa gente tenha melhores condições de vida.



O que houve com esse grupo que você chama de “ala mais à esquerda” do PSDB? Ficou isolada, sem espaço no partido? O Serra “limpou a área”?

Eu acho que sim. O que ficou foi uma visão muito tecnicista, muito distante do povo. Vejo na minha área — que é a área da Educação — que a gente abria as escolas para a comunidade, aquela população toda nas escolas. Hoje é uma linha “provinha”, “provinha”, “provinha”, “provinha”.



Você vai destruindo essa capacidade de criativa. O professor — um trabalhador que já sofre tanto — é tratado de uma forma inadequada. É tão complexa essa relação de professor e aluno numa sala de aula. O professor tem de ser acolhido, valorizado. E, cada vez mais, vende-se uma imagem horrível do professor.



Agora, para aumentar salário, tem que fazer uma “provinha”. Por que só o professor tem que fazer uma provinha? Por que político não tem que fazer “provinha” também? Então é uma visão muito preconceituosa, depreciativa e incorreta sob ponto de vista cognitivo. Não é por ir bem numa prova que uma pessoa será um bom professor na sala de aula. É uma visão equivocada.



Se a gente pegar o conceito do que era uma social-democracia, deveria estar muito mais à esquerda, ter uma visão muito mais ligada ao dinamismo social. Mas não é isso o que a gente enxerga. Eu estou muito feliz de estar agora nesse grupo de partidos que apoia uma visão muito mais humana de política e vou continuar trabalhando nessa direção.



Nas eleições municipais de 2008, você teve 104 mil votos e foi o vereador mais votado do Brasil. Você diz que, apesar disso, Serra nunca fez questão de recebê-lo. Não havia mesmo nenhuma disposição para o diálogo?

Eu começa a incomodar com minhas críticas à política educacional que eles desenvolviam, e infelizmente faltou também democracia partidária. Num congresso como este do PCdoB, pode haver discordâncias — uma pessoa pensa de certo lado, outra pessoa pensa de jeito diferente. Mas as pessoas têm voz. Você pode dizer aquilo que você pensa e ser ouvido. Os outros escutam, e há diálogo.
Agora, quando você está num partido em que você não pode falar em nenhuma instância partidária, está na hora de ir embora — senão você trai o povo. Foi melhor deixar o partido do que o povo.


André Cintra


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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Século XXI : Maior valor à ética do que ao conhecimento

Século XXI : Maior valor à ética do que ao conhecimento


"O planeta não vai ser salvo por quem tira notas altas nas provas, mas por aqueles que se importam com ele." Essa é uma das postulações do pesquisador norte-americano Howard Gardner. Vale a pena ler sua entrevista veiculada pela Revista Escola , deste mês.

Howard Gardner, que se dedica a estudar a forma como o pensamento se organiza, balançou as bases da Educação ao defender, em 1984, que a inteligência não pode ser medida só pelo raciocínio lógico-matemático, geralmente o mais valorizado na escola. Segundo o psicólogo norte-americano, havia outros tipos de inteligência: musical, espacial, linguística, interpessoal, intrapessoal, corporal, naturalista e existencial. A Teoria das Inteligências Múltiplas atraiu a atenção dos professores, o que fez com que ele se aproximasse mais do mundo educacional. Hoje, Gardner tem um novo foco de pensamento, organizado no que chama de cinco mentes para o futuro, em que a ética se destaca. "Não basta ao homem ser inteligente. Mais do que tudo, é preciso ter caráter", diz, citando o filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882). E emenda: "O planeta não vai ser salvo por quem tira notas altas nas provas, mas por aqueles que se importam com ele".
Além de lecionar na Universidade de Harvard e na Boston School of Medicine, ele integra o grupo de pesquisa Good Work Project, que defende o comportamento ético. Esse trabalho e o impacto de suas ideias na Educação são temas desta entrevista concedida à NOVA ESCOLA em Curitiba, onde esteve em agosto, ministrando palestras para promover o livro Multiple Intelligences Around the World (Inteligências Múltiplas ao Redor do Mundo) ainda não editado no Brasil.

A Teoria das Inteligências Múltiplas causou grande impacto na Educação. Após 25 anos, o que mudou?


HOWARD GARDNER
Durante centenas de anos, os psicólogos seguiam uma teoria: se você é inteligente, é assim para tudo. Se é mediano, se comporta dessa maneira todo o tempo. E, se você é burro, é burro sempre. Dizia-se que a inteligência era determinada pela genética e que era possível indicar quão inteligente é uma pessoa submetendo-a a testes. Minha teoria vai na contramão disso. Se você me pergunta se minhas ideias tiveram impacto significativo, eu digo que não. Não há escolas e cursos Gardner, mas pessoas que ouvem falar dessas coisas e tentam usá-las.

As escolas têm dificuldade em acompanhar mudanças como essa?

GARDNER As instituições de ensino mudam lentamente e estão preparando jovens para os séculos 19 e 20. Além disso, os docentes lecionam do modo como foram ensinados. Mesmo que sejam expostos a novos conhecimentos, é preciso que eles queiram aprender a usá-los. Se isso não ocorre, nada muda.

Como sua teoria pode ser incorporada às propostas pedagógicas?

GARDNER No livro Multiple Intelligences Around the World, lançado este ano, diversos autores descrevem como implementaram minhas ideias. Enfatizo duas delas: a primeira é a individualização. Os educadores devem conhecer ao máximo cada um de seus alunos e, assim, ensiná-los da maneira que eles melhor poderão aprender. A segunda é a pluralização. Isso significa que é necessário ensinar o que é importante de várias maneiras - histórias, debates, jogos, filmes, diagramas ou exercícios práticos.

Como fazer a individualização do ensino numa sala com 40 estudantes?

GARDNER Realmente é mais fácil individualizar o ensino numa sala com dez crianças e em instituições ricas. Mas, mesmo sem essas condições ideais, é possível: basta organizar grupos formados por aqueles que têm habilidades complementares e ensinar de modos diferentes. Se o professor entende a teoria, consegue lançar mão de outras formas de trabalhar - como explorar o que há no entorno da escola. Se ele acredita que só com equipamentos caros vai conseguir bons resultados em sala de aula, não entendeu a essência do pensamento.

A lista de conteúdos está cada vez maior. Como dar conta do programa e ainda variar a metodologia?

GARDNER É um erro enorme acreditar que por termos mais a aprender, necessitamos ensinar mais. A questão central é que várias coisas que antes tinham de ser memorizadas agora estão facilmente disponíveis para pesquisa. Colocar uma quantidade cada vez maior de informação na cabeça da garotada é um desastre. Infelizmente, essa é uma prática comum em diversos cantos do mundo. Depois de viajar muito, posso afirmar que o interesse de diversos ministros da Educação é apenas fazer com que seu país se saia bem nos testes internacionais de avaliação. E isso é ridículo.

Qual a sua avaliação sobre a Educação brasileira?

GARDNER Acredito que, se o Brasil quer ser uma força importante no século 21, tem de buscar uma forma de educar que tenha mais a ver com seu povo, e não apenas imitar experiências de fora, como as dos Estados Unidos e da Europa.

O país precisa se olhar no espelho, em vez de ficar olhando a bússola. Sua teoria inclui um um método adequado de avaliá-la?

GARDNER Gastamos bilhões de dólares desenvolvendo testes para medir o nível em que está a Educação, mas eles, por si só, não ajudam a aprimorá-la - simplesmente nos dizem quem está melhor ou pior. Para saber isso, basta olhar para as notas. A diferença dos testes de inteligências múltiplas é que é necessário aplicá-los somente naqueles que têm dificuldades. Assim, podemos verificar as formas de ensinar mais adequadas a eles, ajudando todos - e a Educação, de fato.

Os testes de QI sofreram muitas críticas de sua parte. Por quê?

GARDNER A maior parte dos testes mede a inteligência lógica e de linguagem. Quem é bom nas duas é bom aluno. Enquanto estiver na escola, pensará que é inteligente. Porém, se decidir dar um passeio pela cidade, rapidamente descobrirá que outras habilidades fazem falta, como a espacial e a intrapessoal - a capacidade que cada um tem de conhecer a si mesmo, fundamental hoje.

De que forma essa habilidade pode ser determinante para o sucesso?

GARDNER Ela não era importante no passado porque apenas repetíamos o comportamento dos nossos pais. Agora, todos necessitamos tomar decisões sobre onde morar, que carreira seguir e se é hora de casar e de ter uma família. E quem não tem um entendimento de si mesmo comete um erro atrás do outro.

Qual o desafio do mundo para os próximos anos em relação à Educação?

GARDNER Estamos vivendo três poderosas revoluções. Uma delas é a globalização. As pessoas trabalham em empresas multinacionais e mudam de país, o que é bem diferente de quando as populações não tinham contato umas com as outras. A segunda revolução é a biológica. Todos os dias, o conhecimento científico se aprimora e isso afeta a maneira de ensinar e de aprender. O cérebro das crianças poderá ser fotografado no momento em que estiver funcionando, permitindo detectar onde estão os pontos fortes e os fracos e a melhor forma de aprender. A terceira revolução é a digital, que envolve realidade virtual, programas de mensagens instantâneas e redes sociais. Tudo isso vai interferir na forma de pensar a Educação no futuro.

O livro Cinco Mentes para o Futuro aborda as características essenciais a ser desenvolvidas pelos humanos. Como isso se relaciona com as inteligências múltiplas?

GARDNER As cinco mentes não estão conectadas com as inteligências e são possibilidades que devemos nutrir. A primeira é a mente disciplinada - se queremos ser bons em algo, temos de nos esforçar todos os dias. Isso costuma ser difícil para os jovens, que mudam rapidamente de uma tarefa para outra. Essa mente pressupõe ainda a necessidade de compreender as formas de raciocínio que desenvolvemos: histórica, matemática, artística e científica. O problema é que muitas escolas ensinam somente fatos e informações.

Como lidar com o excesso de informações a que temos acesso hoje?

GARDNER Essa capacidade é dominada por um segundo tipo de mente, a sintetizadora. Ela nos aponta em que prestar atenção e como os dados podem ser combinados. É preciso ter critério para fazer julgamentos e saber como comunicar-se de forma sintética. Para os educadores, era mais fácil sintetizar quando usavam-se apenas um ou dois livros.

Qual é o terceiro tipo de mente?

GARDNER A criativa. Ela levanta novas questões, cria soluções e é inovadora. Pessoas desse tipo gostam de se arriscar e não se importam de errar e tentar de novo. Essa é a mente que pensa fora da caixa. Mas você só consegue isso quando tem uma caixa: disciplina e síntese. Por isso, o conselho que dou é dominar a disciplina na juventude para ter mais tempo de ser criativo.

O livro aponta também habilidades associadas a virtudes morais.

GARDNER Uma delas envolve o respeito - e é mais fácil explicar a mente respeitosa do que alcançá-la. Ela começa com o reconhecimento de que cada ser humano é único e, por isso, tem crenças e valores diferentes. A questão é o que fazemos com essa conclusão. Nós podemos matar e discriminar os diferentes ou tentar entendê-los e cooperar com eles. Desde que nascem, os humanos percebem se vivem em um ambiente respeitoso. Observam como os pais se relacionam e tratam os filhos, como os mestres interagem com os colegas e com os estudantes e assim por diante. O respeito está na superfície.

Essa última habilidade se relaciona à ética, certo?

GARDNER Sim. No que se refere à ética, é necessário imaginar-se com múltiplos papéis: ser humano, profissional e cidadão do mundo. O que fazemos não afeta uma rua, mas o planeta. Temos de pensar nos nossos direitos, mas também nas responsabilidades. O mais difícil com relação à ética é fazer a coisa certa mesmo quando essa atitude não atende aos nossos interesses. Ao resumir esses dois últimos tipos de mente, eu diria que pessoas que têm atitudes éticas merecem respeito. O problema é que muitas vezes respeitamos alguém só pelo dinheiro ou pela fama. O mundo certamente seria melhor se dirigíssemos nosso respeito às pessoas extremamente éticas.

O ideal é que as cinco mentes sejam desenvolvidas?

GARDNER Sim. No entanto, elas não se adaptam umas às outras de forma fácil. Sempre haverá tensão entre a disciplina e a criatividade e entre o respeito e a ética. Cabe a você respeitar colegas e superiores, mas, se eles fizerem algo errado, como agir? Ignorar o fato ou confrontá-los? Saber conciliar os diferentes tipos de mente é um desafio para a inteligência intrapessoal. Só você pode se entender e achar seu caminho.

Um dos focos de sua atuação, o projeto Good Work, prevê a formação de bons trabalhadores. Como eles podem ser identificados?

GARDNER Eles possuem excelência técnica, são altamente disciplinados, engajados e envolvidos e gostam do que fazem. Além disso, também são éticos. Estão sempre se questionando sobre que atitudes tomar, levando em conta a moral e a responsabilidade e não o que interessa para o bolso deles. O bom cidadão se envolve nas decisões, participa, conhece as regras e as leis: isso é excelência. Por último, não tenta se beneficiar à custa disso. Há pessoas bem informadas que só promovem o próprio interesse. O bom cidadão não pergunta o que é bom para ele, mas para o país.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/dificil-fazer-certo-se-isso-contraria-nossos-interesses-502609.shtml


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