"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ternura na receita - por Gabriel Chalita



Mais um Natal se aproxima.A festa da natividade do Menino Jesus reúne as famílias ao redor da mesa.Nesses encontros,muitas vezes as diferenças aparecem e o sonho da celebração do amor se converte em pesadelo.
A família é o espaçõ priveligiado da convivência.Seus membros são diferentes.Cada um carrega dons,traumas,esperanças.Cada um luta,a seu modo,para buscar a perfeição.Entretanto,imperfeitos são todos.
Algumas crianças choram por brinquedos mais caros.Alguns pais fazem dívidas para satisfazer os mimos dos filhos.Fazem mal.Vale mais a sinceridade:"filho,eu não tenho dinheiro para comprar esse presente>Você merece,mas fica para outra ocasião."Lembro-me de uma história em que a filha queria uma vitrola.O pai sentou-a no colo e disse,"como não tinha dinheiro para comprar a vitrola,comprei o filhinho dela.", e entregou um rádio pequeno a filha. A menina,hoje mulher crescida,nunca se esqueceu.Talvez,se tivesse recebido a vitrola,já não mais lembrasse dela.
Na plenitude dos tempos,segundo as escrituras,nasceu o Menino Jesus.A manjedoura de Belém foi seu primeiro berço. As canções de vida foram entoadas por Maria,a mulher escolhida por Deus,e José,o carpinteiro devotado ao respeito humano.Em sua infância,o Menino brincou,ouviu histórias,aprendeu,ensinou,surpreendeu. Foi criança,enfim.Em Sua adolescência,viveu,próximo aos pais,à essência da família>Fortaleceu para o exercício de Sua missão.E partiu,permanecendo.Como devem fazer os filho.Cada um nasce para um voo diferente,mas o ninho da ternura é lugar de aconchego.
A festa de aniversário é do Menino Jesus.Sua simplicidade deve inspirar o encontro.Exageros não combinam com a manjedoura.Na receita da ceia,não pode faltar ternura;o resto é menos importante.Presentes podem ser distribuídos.Abraços.Conversas. O ideal é que alguma ação solidária seja feita pelos pais e filhos.Um presente para o filho e outro para um menino sem lar.Uma história contada em casa e outra para os velhinhos de um asilo,esquecidos pelos seus. Pequenas ações que cumprem o sonho do Menino aniversariante "...porque tive fome e me destes de comer;tive sede e me destes de beber;era peregrino e me acolheste;nu e me vestistes;enfermo e me visitastes;estava na prisão e viestes a mim"(Mt 25,35-36)
Que o Natal seja um tributo à solidariedade.Os pais dão o exemplo e os filhos aprendem.Que a alegria ao Menino seja concedida por uma família que vive e celebra o amor.
Fazei a experiência,diz o Senhor dos exércitos,e vereis se não vos abro os reservatórios do céu e se não derramo a minha benção sobre vós muito além do necessário.A palavra está em Malaquias.
E está em nós.Façamos a experiência da solidariedade,do respeito,da ternura.E a nossa noite será o prenùncio de um novo ano abençoado.
Feliz Natal


Gabriel Chalita
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sacerdote showman?

Pe. Joaozinho
Uma das formas de evangelizar, hoje, em sido a promoção de shows. Muitos bispos e padres já me convidaram para este tipo de atividade. Este final de semana mesmo acabo de fazer um show de encerramento da CAMINHADA PELA PAZ, em Juazeiro e estou a caminho de Sooretama, no ES, aonde acontece um show na festa da padroeira. Pe. Zezinho parece ter sido um dos pioneiros deste tipo de linguagem. Mas nem de longe esta é minha principal atividade. Sou professor de teologia e diretor da Faculdade Dehoniana, em Taubaté. Ali, no escondimento da tarefa acadêmica gasto meus minutos mais preciosos. O show tem sua linguagem própria. Missa não é show. Show não é adoração. Palestra não é missa nem show. Neste sentido precisamos parar para refletir sobre a missão do sacerdote nestes três tipos de linguagem. Definitivamente não precisamos de padres espetaculares. O dia-a-dia da missão passa pela tarefa de padres elementares. Mas será que devemos eliminar os nossos shows e espetáculos? Em outras palavras, justifica-se a vocação de um padre que só faz shows? É possível ser padre sendo somente artista? Posto aqui um provocante artigo recente e peço a sua opinião sobre este polêmico assunto.

ROMA, sexta-feira, 20 de novembro de 2009 (ZENIT.org).- “Para a evangelização, não servem os sacerdotes showman que vão à televisão”, declarou o secretário da Congregação para o Clero, arcebispo Mauro Piacenza.
O prelado falou nessa quarta-feira em um Dia de Estudo sobre “A comunicação na missão do sacerdote”, organizado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma.
Ele afirmou que “a comunicação deve favorecer a comunhão na Igreja, que, do contrário, converte-se em protagonismo individual ou, o que ainda é mais grave, introduz divisão”.
Também indicou que “o sacerdote não deve improvisar quando utiliza os meios de comunicação, nem deve comunicar a si mesmo, mas os dois mil anos de comunhão na fé”, uma mensagem que “só pode ser transmitida através da experiência própria e da vida interior”.
Também interveio o professor Philip Goyret, professor de eclesiologia e teologia sacramental na Universidade Santa Cruz.
Ele explicou que, de alguma maneira, a dimensão comunicativa pertence à essência de todo sacerdote, “seja em si mesmo enquanto que sacramentalmente representa Jesus Cristo e portanto deve viver conforme aquilo que representa, ou enquanto portador de graça e ministro da Palavra de Deus”.
Portanto, acrescentou, “consagração e missão são correlativas: a Palavra dá sentido ao testemunho e o testemunho dá credibilidade à Palavra”.
O professor Sergio Tapia-Velasco, docente na Faculdade de Comunicação da Santa Cruz, afirmou que a homilia dominical pode-se converter em um momento privilegiado da transmissão da Palavra.
E lamentou que em contrapartida se assista frequentemente a “tantas homilias longas e chatas”.


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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Isolado e em silêncio na sua arrogância e prepotência!







Por Tiago Pereira

A campanha para 2010 só não começou no calendário oficial. De todos os lados notam-se as movimentações visando garantir a viabilidade das candidaturas. Do lado do governo, Dilma busca assegurar para a sua candidatura os partidos que hoje compõem a base do governo Lula. Ciro e Marina tentam abrir espaço num cenário altamente polarizado. Aécio cobra definição do PSDB. Apenas uma das peças centrais permanece inerte no tabuleiro. Acomodado na liderança das pesquisas, a política de José Serra é não fazer política.

A percepção é que assumindo a condição de candidato, Serra viraria alvo fácil das artilharias pesadas de Lula e comandados. Comporta-se como se não fosse oposição e parece acreditar que será levado, naturalmente, ao cargo dos seus sonhos. No momento em que aproximações e alianças deveriam ser construídas, os parceiros o acusam de jogar sozinho. Gabriel Chalita, o vereador mais votado de São Paulo, recentemente se desligou do PSDB alegando não haver espaço no partido controlado por Serra. Líder nas pesquisas para sucedê-lo como governador, Geraldo Alckmin não conta com o apoio do atual ocupante do cargo.
Na falta de parceiros, o governador coleciona desafetos no partido e naqueles considerados como aliados. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, já manifestou sua preferência por Aécio Neves. Seu pai, o ex-prefeito do Rio César Maia, vai ainda mais longe. Para ele, Serra “lembra os piores caudilhos” por subordinar o partido à sua definição pessoal. As poucas manifestações de entusiasmo com a candidatura serrista sobram para figuras como Paulo Malluf e Quércia. Perdeu, sem sombra de dúvidas, a capacidade de aglutinar, agregar, das mais fundamentais para qualquer político.
Por outro lado, Aécio traz Ciro Gomes pra perto. Outros como o ministro Hélio Costa e o senador Francisco Dornelles também já manifestaram apoio caso o mineiro viabilize a candidatura. Ao autoritarismo de Serra, apresenta-se como representante da tradição conciliatória mineira, e além de alegar que Serra pode não ser candidato, avisa que o país pode parar caso o paulista assuma a presidência. Se os que estão “próximos” pensam assim, os grupos contrários nutrem verdadeira repulsa pelo tucano paulista. Enquanto Serra decide o que quer, os outros dizem que não o querem.


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sábado, 21 de novembro de 2009

Estudo mostra que apenas 7,5% dos brasileiros compram livros


 
Apenas 7,47% da população brasileira compra livros não didáticos e destinam à literatura o equivalente a 0,05% da renda familiar, segundo um estudo divulgado hoje por editores reunidos no Instituto Pró-Livro.
O pouco orçamento destinado à leitura se reflete em que 60% dos brasileiros nunca abrem um livro e, quem tem o costume, lê 1,3 obra literária ao ano, segundo o estudo, baseado em dados oficiais.
A taxa de leitura no país aumenta para 4,7 exemplares por ano incluindo as obras pedagógicas e didáticas.
Segundo o estudo, 75% dos brasileiros que se consideram leitores afirmou na enquete que sentem prazer na leitura, e o resto admitiu que só lê por obrigação.
A média de leitura dos brasileiros é dez vezes inferior à dos Estados Unidos e quase a metade à da Colômbia, país onde é lida uma média de 2,4 livros por ano, segundo as mesmas fontes.
O estudo indica que, no Brasil, 21 milhões de pessoas são analfabetas, que estão incluídas nos 77 milhões de habitantes considerados não leitores, e 95 milhões leem ativamente, segundo dados de 2007.

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"Doe um livro no Natal"

PARTICIPE DESSA CAMPANHA!!!



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E o desrespeito continua...

Professor temporário é um forasteiro na escola, diz educadora



da Folha de S.Paulo



Especialista em didática e na formação de professores, a docente Maria Isabel de Almeida, 54, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, acredita que o fato de 43% dos 230 mil professores da rede estadual de ensino de São Paulo serem contratados em caráter temporário traduz-se em graves prejuízos para os estudantes.
"A escola deveria ser para o aluno, mas é esse lado que menos se leva em conta na hora de elaborar as políticas públicas de educação", diz ela. "Lá pelos anos 1970, chamava-se o professor temporário de 'precário'. Mudou o nome, mas a precariedade ficou", afirma Maria Isabel.
Para exemplificar, a docente cita a forma como os 100 mil professores não-efetivos "pegam" aulas. Funciona assim: todo início de ano, as classes que foram refugadas pelos professores efetivos (os que passaram em concurso) são distribuídas entre os temporários, segundo classificação feita por critérios de antiguidade e títulos.
Como essa classificação muda de um ano para outro, a situação mais comum é a do professor temporário que raramente consegue "pegar" aulas na mesma escola.
"Desapareceu a figura do professor 'da' escola estadual, aquele profissional que conhecia todos os alunos, acompanhava-os ao longo dos anos, sabia identificar os irmãos e familiares, a vizinhança, participava daquela comunidade. A rotatividade anual faz com que o professor esteja sempre na situação de 'forasteiro'. No início do ano, ele tem de começar do zero a conhecer aquele novo mundo", diz ela.
"A situação piora porque o professor, para 'inteirar' o orçamento, acaba 'pegando' sobras de aulas em mais de uma escola. Ele dará seis aulas em uma, cinco em outra, três em outra. Três comunidades diferentes para conhecer e trabalhar. E, no ano seguinte, começar de novo --sempre do zero", diz.

Marginalizados

A professora relata que os professores temporários acabam marginalizados nas escolas --tanto pelos alunos quanto pelos colegas efetivos. "Isso gera uma situação de esgarçamento da relação do professor com sua carreira. Professores mais bem formados não são atraídos para dar aulas; a classe média foge. Essas dezenas de milhares de vagas temporárias, portanto, serão preenchidas por indivíduos das classes populares sem outra opção profissional, como uma alternativa ao desemprego."
A docente da USP enfatiza que essa origem social dos professores poderia até ser um ponto favorável, caso houvesse investimento para efetivá-los, via concurso público, e valorizá-los. Mas não foi isso o que ocorreu, diz ela. A prova de conhecimentos específicos realizada em 17 de dezembro último e que a Secretaria da Educação pretendia incluir entre os critérios de classificação dos temporários "foi a demonstração cabal de que se preferiu por ora não enfrentar o problema básico da precariedade desses 100 mil profissionais".
"A tal prova conseguiria apenas classificar a fina flor do lúmpen-professorado. Alguém acredita que isso resolveria o drama de professores mal preparados, fragilizados, desmotivados?", pergunta.


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Falhas de memória se acentuam na meia-idade; saiba como evitar



da Folha de S.Paulo

Um: as chaves de casa. Dois: o celular. Três: a agenda. Quatro: a senha do banco. Cinco: o problema. A senha mudou e por nada nesse mundo você consegue se lembrar da combinação de números e letras que deve digitar. Mas lembra-se perfeitamente bem de estar na meia-idade (mais de 40 e menos de 60 anos) e de já ter ouvido que as perdas cognitivas começam nessa fase da vida.
Isso é verdade e, mais importante, inexorável?
Veja o que ajuda e o que atrapalha a memória
Segundo Cathryn Jakobson Ramin, autora do livro "Esculpido na Areia" (352 págs, R$ 49,90, ed. Objetiva), lançado recentemente no Brasil, a perda da memória nessa fase da vida é um fato. Ao perceber que sua memória estava falhando bem mais do que o razoável para uma profissional ativa e que acabara de chegar à meia-idade, a jornalista norte-americana decidiu investigar o fato. Após saber que seus amigos também passavam pelo problema, testou métodos e tratamentos para desenvolver essa função cerebral. No livro, ela conta sobre a descoberta de que é possível preservar e até resgatar a memória perdida.
Para a fonoaudióloga Ana Alvarez, autora de "Deu um Branco" (144 págs., R$ 22,90, ed. Record), entre a quarta e a quinta década de vida a velocidade para prestar atenção, processar informações simultâneas e acessar lembranças diminui.
"Começamos a ter uma perda da capacidade dos órgãos de sentidos. É, por exemplo, o que ocorre com a audição, que "perde" informações, principalmente se há estímulos auditivos simultâneos. O deficit no recebimento das informações resulta em menor fixação na memória." Segundo ela, todo o processo começa junto: a menor velocidade do processamento sensorial e a necessidade de prestar mais atenção quando se está recebendo informações sonoras ou visuais demanda mais esforço para armazenar, fixar e evocar lembranças.
"As funções cognitivas perdem velocidade, o processo neural começa a não ser como antes. Mas isso pode ser revertido: é possível criar novas conexões neurais com exercícios específicos e medidas como garantir a qualidade do sono", afirma Alvarez, que trabalha com reabilitação cognitiva de pacientes em São Paulo.

"O cérebro é um órgão plástico. Se você o faz trabalhar, criam-se novas conexões neuronais. Isso aumenta a reserva cognitiva do indivíduo, incluindo a memória", diz Katia Osternack, neuropsicóloga e professora da Universidade Anhembi Morumbi. Osternack afirma que, a partir dos 40 anos, já é esperada uma perda sutil da memória, mas medidas de prevenção podem mudar esse curso.
Exercitando o intelecto
Exercícios cognitivos e físicos, aprender coisas novas, alimentação saudável e controle do estresse são atitudes preventivas que, segundo a neuropsicóloga, deveriam ser tomadas durante toda a vida.
Há cerca de um ano e meio, a arquiteta Cândida Tabet, 52, percebeu que, do mesmo modo que exercita o corpo, deveria exercitar o intelecto. "A ideia era prevenir. Quero ser dona de minha inteligência e, para isso, percebi que devia trabalhar a atenção e a memória."
Desde então, Cândida inclui em seu dia a dia várias atividades, que vão de jogos de computador a curso de línguas, além de prestar mais atenção ao sono e levar a academia a sério. "O efeito é extraordinário. Fiquei muito mais atenta e rápida para memorizar e lembrar."
Para o neurologista Martín Cammarota, um dos coordenadores do Centro de Memória da PUC-RS, os lapsos não ocorrem somente na maturidade, mas é nessa fase que costumam trazer mais consequências. "Isso está relacionado ao ritmo de vida agitado e ao número de coisas que uma pessoa dessa idade tem que fazer", afirma. "De modo geral, o esquecimento relativo a atividades rotineiras é resultado da falta de atenção, que está centrada em problemas considerados fundamentais."
O psiquiatra Cássio Bottino, do Instituto de Psiquiatria do HC de São Paulo, avalia que até os 60 anos as pessoas conseguem manter o desempenho da memória bem próximo do que era quando jovens. "Realizamos o projeto Clínica da Memória, aberto para pessoas a partir dos 18 anos. O que vimos é que, abaixo dos 60, a maioria que tinha queixas sobre a memória não tinha alterações. O que havia era muita ansiedade em relação ao desempenho."
Bottino acredita que, em geral, as dificuldades com memória antes dos 60 anos estão relacionadas a outras causas, como depressão ou transtornos de ansiedade, incluindo estresse.
Na opinião do neurologista Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo, a perda é "plenamente evitável", desde que a pessoa mude sua reação ao estresse e mantenha o cérebro em atividade.
Segundo ele, o estilo de vida atual favorece o surgimento de doenças neurodegenerativas. "O fator emocional é o mais importante. O estresse bloqueia a produção de novos neurônios e facilita a degeneração dos que a pessoa já possui", justifica.
Nas palavras de Cammarota, "desarranjos de ordem psíquica se cruzam com outro de memória. Se brigou com o namorado, por exemplo, a pessoa pode estar deprimida e não prestar atenção a coisas de que lembraria normalmente".

Ele também defende que, para a maioria das pessoas com menos de 65 anos, a perda de memória não está relacionada a uma doença degenerativa. "Se você não se lembra de quem é sua mãe, eu me preocuparia, mas esquecer a reunião é normal. Para isso, há as agendas."
Bottino lembra que outras doenças, como hipotireoidismo, podem causar problemas de memória. No caso, é preciso tratar a doença de base. Problemas no sistema circulatório, além de elevarem o risco de acidente vascular cerebral, também aumentam o risco de danos cognitivos no futuro.
A perda de memória associada ao envelhecimento do tecido nervoso ocorre a partir dos 65 anos. Com essa idade, 1% da população já apresenta demência e, a cada cinco anos, a porcentagem duplica, segundo Coimbra.
Em todos os casos, e em qualquer idade, os especialistas afirmam que o envelhecimento cerebral pode ser retardado, que é possível recuperar perdas da reserva funcional do cérebro, formar novas conexões e ter um desempenho melhor. "Cuidar do corpo como um todo, praticar atividades físicas e intelectuais estimulantes são passos fundamentais para isso", diz Bottino. Desses conselhos, é bom não se esquecer.


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domingo, 8 de novembro de 2009

Expulsão de aluna hostilizada na Uniban atesta incompetência, diz entidade


A Uniban decidiu expulsar a aluna Geisy Arruda, 20, hostilizada por colegas no dia 22 de outubro. Ela foi xingada nos corredores da universidade, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), por usar um microvestido rosa. O tumulto foi filmado e os vídeos acabaram na internet.
"Ao expulsar essa menina, a universidade assina seu atestado de incompetência", afirma Samantha Buglione, coordenadora do Cladem (Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) no Brasil.


"O espaço que deveria promover a discussão está tendo atitudes simplificadas e autoritárias", diz ela. "Para a universidade ser intolerante em questões de moralidade neste nível é porque ela está completamente desvirtuada do que deveria ser", afirmou.
As opiniões de Buglione refletem um pouco a contrariedade de boa parte dos educadores, advogados e entidades de defesa das mulheres ouvidos pela Folha sobre a punição da Uniban à jovem que foi hostilizada ao usar um vestido curto.
Para Buglione, a função da Uniban era promover um debate, e não mandar a estudante embora. "Esse caso é uma excelente metáfora para mostrar como a universidade não está mais sendo universidade", afirma ela, que também é professora de direito da Univali (Universidade do Vale do Itajaí).
"Como é uma instituição que se propõe a fazer um trabalho educativo, a expulsão deveria ser a última medida", avalia Sabrina Moehlecke, doutora em educação pela USP e professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ressalvando falar em tese, por não ter acompanhado detalhes do caso, ela acrescenta: "Mesmo que as pessoas venham com hábitos, formas de agir e de se vestir inadequados, a instituição tem a função de criar formas de lidar com isso".
O promotor de Justiça Roberto Livianu, do Movimento do Ministério Público Democrático, afirma que a decisão é um "exagero", "foge à razoabilidade" e lembra "posturas fundamentalistas islâmicas".
O professor de direito constitucional João Antonio Wiegerinck avalia que a expulsão só ocorreu devido à repercussão do tema na mídia, e não pelo comportamento da aluna. Ele afirma que a roupa da jovem era inadequada ao ambiente de estudo. "Faltou bom senso à estudante. Mas dou aula há mais de oito anos. Há roupas piores."
Segundo Wiegerinck, é praxe nas instituições de ensino regulamentos para punir alunos por comportamentos do tipo. Mas ele ressalta a necessidade de uma gradação para os casos de reincidência --como advertência e suspensão, sempre por atos formais, e não verbais.

Ato público

Para Sônia Coelho, militante da SOF (Sempreviva Organização Feminista), a expulsão da estudante é um retrocesso e mostra a falta de compromisso da instituição com a educação.
"É preciso trabalhar prevenindo a violência. O contrário do que a universidade está fazendo. A aluna deveria ser acolhida, e os alunos, educados."
A SOF afirma ter buscado contato com a universidade para propor um ciclo de debates sobre a violência contra a mulher. Sem sucesso, decidiu fazer um ato público no dia 18 na frente da Uniban --que, com a expulsão, pode ser antecipado.
A decisão da universidade, ao ver a reação contra a jovem como defesa do ambiente escolar, diz Sônia Coelho, põe em risco todas as mulheres. "Qualquer uma que se vista com um short ou vestido pode ser abordada de forma pior. Daqui a pouco as mulheres serão apedrejadas."
A fundadora da União de Mulheres de São Paulo, Maria Amélia de Almeida Teles, diz que a atitude da Uniban mostra que ainda existe discriminação e reforça a existência do preconceito: "É difícil acreditar que em pleno século 21 a mulher não tenha direito a dispor de seu próprio corpo e a se vestir da maneira que desejar".


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Uniban decide expulsar aluna hostilizada por usar vestido curto

A Uniban publicou anúncio em jornais de São Paulo deste domingo (8) em que afirma ter decidido expulsar a aluna Geisy Arruda, 20, hostilizada por colegas no dia 22 de outubro.
A estudante foi xingada nos corredores da universidade, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), por usar um microvestido rosa. O tumulto foi filmado e os vídeos acabaram na internet. Geisy parou de frequentar as aulas --ela está no primeiro ano do curso de turismo.
No anúncio, intitulado "A educação se faz com atitude e não com complacência", a universidade afirma que a sindicância aberta para apurar o acontecimento concluiu que houve "flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade" por parte da aluna.
Segundo a nota, foram colhidos depoimentos de alunos, professores e funcionários, além da própria Geisy, para embasar a sindicância. Em seu depoimento, a Uniban diz que "a aluna mostrou um comportamento instável, que oscilava entre a euforia e o desinteresse".
As imagens gravadas no dia e divulgadas na internet também foram analisadas, e os alunos identificados foram suspensos temporariamente das atividades acadêmicas.
A universidade afirma que a aluna frequentava a unidade com trajes inadequados "indicando uma postura incompatível com o ambiente" e chegou a ser alertada sobre o assunto, mas não mudou o comportamento. No dia do acontecimento, segundo a Uniban, Geisy percorreu percursos maiores para aumentar sua exposição, "ensejando, de forma explícita, os apelos de alunos".
"A atitude provocativa da aluna buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar."
Em entrevista ao blog do jornalista Josias de Souza, o advogado da reitoria da Uniban, Décio Lencioni Machado, disse que a aluna "sempre gostou de provocar os meninos. O problema não era a roupa, mas a forma de se portar, de falar, de cruzar a perna, de caminhar".
O advogado da estudante, Nehemias Melo, disse que ainda não foi notificado da decisão. Geisy afirma ter ficado inconformada com a expulsão, que classificou de absurda.



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sábado, 7 de novembro de 2009

Chalita fala sobre “tecnicismo” de Serra e falta de democracia no PSDB




Vereador mais votado do país em 2008 e recém-filiado ao PSB, o ex-tucano Gabriel Chalita se virou contra seu antigo partido. Em entrevista ao Vermelho, na sexta-feira (6), durante o 12º Congresso do PCdoB, em São Paulo, o parlamentar acusou o governador José Serra (PSDB-SP) de esvaziar a “democracia partidária”. E disparou contra o PSDB: “Quando você está num partido em que você não pode falar em nenhuma instância partidária, está na hora de ir embora — senão você trai o povo”.



"Foi melhor deixar o partido", diz Chalita

Ex-secretário estadual de Educação durante o governo de Geraldo Alckmin (2001-2006), Chalita afirma que a gestão Serra abandonou princípios “humanistas” ao lidar com a área. “O que ficou foi uma visão muito tecnicista, muito distante do povo.”



Declarando-se “emocionado” com o discurso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabara de pronunciar no Congresso do PCdoB, Chalita saudou também o “grupo de partidos que apoiam uma visão muito mais humana de política”. Caso, segundo ele, das principais legendas de esquerda no Brasil — PT, PSB, PCdoB e PDT.



Confira abaixo trechos da entrevista

Dentro do PSB, houve alguma resistência à sua filiação ou você foi bem acolhido?

Fui muito bem acolhido, sim, e está sendo muito legal. O PSB é um partido que tem uma preocupação imensa com essa questão humana, e eu também tenho bandeiras que defendi a minha vida toda.



Fico emocionado de ver o presidente Lula falando tanto em educação, no quanto ele investiu, no que é o ProUni (Programa Universidade para Todos). Encontrei aqui no PCdoB várias pessoas que fizeram o Escola da Família, que é um projeto que veio antes do ProUni e que ajudava a pessoa a ter uma formação universitária.



Essa é a linha daquilo que defende o PCdoB, o PDT, o PSB, o PT. É também a linha que defendia uma parte do PSDB quando eu estava lá, uma ala mais à esquerda. É a visão mais humanista, essa preocupação com o ser humano.



O legado do Lula é um legado de muita emoção, de respeito às pessoas, de cada pessoa individualmente. Veja quando ele fala do Bolsa Família ou de um trabalhador, Eu estava no evento com os catadores de materiais reciclados e via com que emoção o Lula abraçava as pessoas. Acredito na política como exercício assim — de gente que gosta de gente, de gente que respeita gente e trabalha para que essa gente tenha melhores condições de vida.



O que houve com esse grupo que você chama de “ala mais à esquerda” do PSDB? Ficou isolada, sem espaço no partido? O Serra “limpou a área”?

Eu acho que sim. O que ficou foi uma visão muito tecnicista, muito distante do povo. Vejo na minha área — que é a área da Educação — que a gente abria as escolas para a comunidade, aquela população toda nas escolas. Hoje é uma linha “provinha”, “provinha”, “provinha”, “provinha”.



Você vai destruindo essa capacidade de criativa. O professor — um trabalhador que já sofre tanto — é tratado de uma forma inadequada. É tão complexa essa relação de professor e aluno numa sala de aula. O professor tem de ser acolhido, valorizado. E, cada vez mais, vende-se uma imagem horrível do professor.



Agora, para aumentar salário, tem que fazer uma “provinha”. Por que só o professor tem que fazer uma provinha? Por que político não tem que fazer “provinha” também? Então é uma visão muito preconceituosa, depreciativa e incorreta sob ponto de vista cognitivo. Não é por ir bem numa prova que uma pessoa será um bom professor na sala de aula. É uma visão equivocada.



Se a gente pegar o conceito do que era uma social-democracia, deveria estar muito mais à esquerda, ter uma visão muito mais ligada ao dinamismo social. Mas não é isso o que a gente enxerga. Eu estou muito feliz de estar agora nesse grupo de partidos que apoia uma visão muito mais humana de política e vou continuar trabalhando nessa direção.



Nas eleições municipais de 2008, você teve 104 mil votos e foi o vereador mais votado do Brasil. Você diz que, apesar disso, Serra nunca fez questão de recebê-lo. Não havia mesmo nenhuma disposição para o diálogo?

Eu começa a incomodar com minhas críticas à política educacional que eles desenvolviam, e infelizmente faltou também democracia partidária. Num congresso como este do PCdoB, pode haver discordâncias — uma pessoa pensa de certo lado, outra pessoa pensa de jeito diferente. Mas as pessoas têm voz. Você pode dizer aquilo que você pensa e ser ouvido. Os outros escutam, e há diálogo.
Agora, quando você está num partido em que você não pode falar em nenhuma instância partidária, está na hora de ir embora — senão você trai o povo. Foi melhor deixar o partido do que o povo.


André Cintra


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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Século XXI : Maior valor à ética do que ao conhecimento

Século XXI : Maior valor à ética do que ao conhecimento


"O planeta não vai ser salvo por quem tira notas altas nas provas, mas por aqueles que se importam com ele." Essa é uma das postulações do pesquisador norte-americano Howard Gardner. Vale a pena ler sua entrevista veiculada pela Revista Escola , deste mês.

Howard Gardner, que se dedica a estudar a forma como o pensamento se organiza, balançou as bases da Educação ao defender, em 1984, que a inteligência não pode ser medida só pelo raciocínio lógico-matemático, geralmente o mais valorizado na escola. Segundo o psicólogo norte-americano, havia outros tipos de inteligência: musical, espacial, linguística, interpessoal, intrapessoal, corporal, naturalista e existencial. A Teoria das Inteligências Múltiplas atraiu a atenção dos professores, o que fez com que ele se aproximasse mais do mundo educacional. Hoje, Gardner tem um novo foco de pensamento, organizado no que chama de cinco mentes para o futuro, em que a ética se destaca. "Não basta ao homem ser inteligente. Mais do que tudo, é preciso ter caráter", diz, citando o filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882). E emenda: "O planeta não vai ser salvo por quem tira notas altas nas provas, mas por aqueles que se importam com ele".
Além de lecionar na Universidade de Harvard e na Boston School of Medicine, ele integra o grupo de pesquisa Good Work Project, que defende o comportamento ético. Esse trabalho e o impacto de suas ideias na Educação são temas desta entrevista concedida à NOVA ESCOLA em Curitiba, onde esteve em agosto, ministrando palestras para promover o livro Multiple Intelligences Around the World (Inteligências Múltiplas ao Redor do Mundo) ainda não editado no Brasil.

A Teoria das Inteligências Múltiplas causou grande impacto na Educação. Após 25 anos, o que mudou?


HOWARD GARDNER
Durante centenas de anos, os psicólogos seguiam uma teoria: se você é inteligente, é assim para tudo. Se é mediano, se comporta dessa maneira todo o tempo. E, se você é burro, é burro sempre. Dizia-se que a inteligência era determinada pela genética e que era possível indicar quão inteligente é uma pessoa submetendo-a a testes. Minha teoria vai na contramão disso. Se você me pergunta se minhas ideias tiveram impacto significativo, eu digo que não. Não há escolas e cursos Gardner, mas pessoas que ouvem falar dessas coisas e tentam usá-las.

As escolas têm dificuldade em acompanhar mudanças como essa?

GARDNER As instituições de ensino mudam lentamente e estão preparando jovens para os séculos 19 e 20. Além disso, os docentes lecionam do modo como foram ensinados. Mesmo que sejam expostos a novos conhecimentos, é preciso que eles queiram aprender a usá-los. Se isso não ocorre, nada muda.

Como sua teoria pode ser incorporada às propostas pedagógicas?

GARDNER No livro Multiple Intelligences Around the World, lançado este ano, diversos autores descrevem como implementaram minhas ideias. Enfatizo duas delas: a primeira é a individualização. Os educadores devem conhecer ao máximo cada um de seus alunos e, assim, ensiná-los da maneira que eles melhor poderão aprender. A segunda é a pluralização. Isso significa que é necessário ensinar o que é importante de várias maneiras - histórias, debates, jogos, filmes, diagramas ou exercícios práticos.

Como fazer a individualização do ensino numa sala com 40 estudantes?

GARDNER Realmente é mais fácil individualizar o ensino numa sala com dez crianças e em instituições ricas. Mas, mesmo sem essas condições ideais, é possível: basta organizar grupos formados por aqueles que têm habilidades complementares e ensinar de modos diferentes. Se o professor entende a teoria, consegue lançar mão de outras formas de trabalhar - como explorar o que há no entorno da escola. Se ele acredita que só com equipamentos caros vai conseguir bons resultados em sala de aula, não entendeu a essência do pensamento.

A lista de conteúdos está cada vez maior. Como dar conta do programa e ainda variar a metodologia?

GARDNER É um erro enorme acreditar que por termos mais a aprender, necessitamos ensinar mais. A questão central é que várias coisas que antes tinham de ser memorizadas agora estão facilmente disponíveis para pesquisa. Colocar uma quantidade cada vez maior de informação na cabeça da garotada é um desastre. Infelizmente, essa é uma prática comum em diversos cantos do mundo. Depois de viajar muito, posso afirmar que o interesse de diversos ministros da Educação é apenas fazer com que seu país se saia bem nos testes internacionais de avaliação. E isso é ridículo.

Qual a sua avaliação sobre a Educação brasileira?

GARDNER Acredito que, se o Brasil quer ser uma força importante no século 21, tem de buscar uma forma de educar que tenha mais a ver com seu povo, e não apenas imitar experiências de fora, como as dos Estados Unidos e da Europa.

O país precisa se olhar no espelho, em vez de ficar olhando a bússola. Sua teoria inclui um um método adequado de avaliá-la?

GARDNER Gastamos bilhões de dólares desenvolvendo testes para medir o nível em que está a Educação, mas eles, por si só, não ajudam a aprimorá-la - simplesmente nos dizem quem está melhor ou pior. Para saber isso, basta olhar para as notas. A diferença dos testes de inteligências múltiplas é que é necessário aplicá-los somente naqueles que têm dificuldades. Assim, podemos verificar as formas de ensinar mais adequadas a eles, ajudando todos - e a Educação, de fato.

Os testes de QI sofreram muitas críticas de sua parte. Por quê?

GARDNER A maior parte dos testes mede a inteligência lógica e de linguagem. Quem é bom nas duas é bom aluno. Enquanto estiver na escola, pensará que é inteligente. Porém, se decidir dar um passeio pela cidade, rapidamente descobrirá que outras habilidades fazem falta, como a espacial e a intrapessoal - a capacidade que cada um tem de conhecer a si mesmo, fundamental hoje.

De que forma essa habilidade pode ser determinante para o sucesso?

GARDNER Ela não era importante no passado porque apenas repetíamos o comportamento dos nossos pais. Agora, todos necessitamos tomar decisões sobre onde morar, que carreira seguir e se é hora de casar e de ter uma família. E quem não tem um entendimento de si mesmo comete um erro atrás do outro.

Qual o desafio do mundo para os próximos anos em relação à Educação?

GARDNER Estamos vivendo três poderosas revoluções. Uma delas é a globalização. As pessoas trabalham em empresas multinacionais e mudam de país, o que é bem diferente de quando as populações não tinham contato umas com as outras. A segunda revolução é a biológica. Todos os dias, o conhecimento científico se aprimora e isso afeta a maneira de ensinar e de aprender. O cérebro das crianças poderá ser fotografado no momento em que estiver funcionando, permitindo detectar onde estão os pontos fortes e os fracos e a melhor forma de aprender. A terceira revolução é a digital, que envolve realidade virtual, programas de mensagens instantâneas e redes sociais. Tudo isso vai interferir na forma de pensar a Educação no futuro.

O livro Cinco Mentes para o Futuro aborda as características essenciais a ser desenvolvidas pelos humanos. Como isso se relaciona com as inteligências múltiplas?

GARDNER As cinco mentes não estão conectadas com as inteligências e são possibilidades que devemos nutrir. A primeira é a mente disciplinada - se queremos ser bons em algo, temos de nos esforçar todos os dias. Isso costuma ser difícil para os jovens, que mudam rapidamente de uma tarefa para outra. Essa mente pressupõe ainda a necessidade de compreender as formas de raciocínio que desenvolvemos: histórica, matemática, artística e científica. O problema é que muitas escolas ensinam somente fatos e informações.

Como lidar com o excesso de informações a que temos acesso hoje?

GARDNER Essa capacidade é dominada por um segundo tipo de mente, a sintetizadora. Ela nos aponta em que prestar atenção e como os dados podem ser combinados. É preciso ter critério para fazer julgamentos e saber como comunicar-se de forma sintética. Para os educadores, era mais fácil sintetizar quando usavam-se apenas um ou dois livros.

Qual é o terceiro tipo de mente?

GARDNER A criativa. Ela levanta novas questões, cria soluções e é inovadora. Pessoas desse tipo gostam de se arriscar e não se importam de errar e tentar de novo. Essa é a mente que pensa fora da caixa. Mas você só consegue isso quando tem uma caixa: disciplina e síntese. Por isso, o conselho que dou é dominar a disciplina na juventude para ter mais tempo de ser criativo.

O livro aponta também habilidades associadas a virtudes morais.

GARDNER Uma delas envolve o respeito - e é mais fácil explicar a mente respeitosa do que alcançá-la. Ela começa com o reconhecimento de que cada ser humano é único e, por isso, tem crenças e valores diferentes. A questão é o que fazemos com essa conclusão. Nós podemos matar e discriminar os diferentes ou tentar entendê-los e cooperar com eles. Desde que nascem, os humanos percebem se vivem em um ambiente respeitoso. Observam como os pais se relacionam e tratam os filhos, como os mestres interagem com os colegas e com os estudantes e assim por diante. O respeito está na superfície.

Essa última habilidade se relaciona à ética, certo?

GARDNER Sim. No que se refere à ética, é necessário imaginar-se com múltiplos papéis: ser humano, profissional e cidadão do mundo. O que fazemos não afeta uma rua, mas o planeta. Temos de pensar nos nossos direitos, mas também nas responsabilidades. O mais difícil com relação à ética é fazer a coisa certa mesmo quando essa atitude não atende aos nossos interesses. Ao resumir esses dois últimos tipos de mente, eu diria que pessoas que têm atitudes éticas merecem respeito. O problema é que muitas vezes respeitamos alguém só pelo dinheiro ou pela fama. O mundo certamente seria melhor se dirigíssemos nosso respeito às pessoas extremamente éticas.

O ideal é que as cinco mentes sejam desenvolvidas?

GARDNER Sim. No entanto, elas não se adaptam umas às outras de forma fácil. Sempre haverá tensão entre a disciplina e a criatividade e entre o respeito e a ética. Cabe a você respeitar colegas e superiores, mas, se eles fizerem algo errado, como agir? Ignorar o fato ou confrontá-los? Saber conciliar os diferentes tipos de mente é um desafio para a inteligência intrapessoal. Só você pode se entender e achar seu caminho.

Um dos focos de sua atuação, o projeto Good Work, prevê a formação de bons trabalhadores. Como eles podem ser identificados?

GARDNER Eles possuem excelência técnica, são altamente disciplinados, engajados e envolvidos e gostam do que fazem. Além disso, também são éticos. Estão sempre se questionando sobre que atitudes tomar, levando em conta a moral e a responsabilidade e não o que interessa para o bolso deles. O bom cidadão se envolve nas decisões, participa, conhece as regras e as leis: isso é excelência. Por último, não tenta se beneficiar à custa disso. Há pessoas bem informadas que só promovem o próprio interesse. O bom cidadão não pergunta o que é bom para ele, mas para o país.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/dificil-fazer-certo-se-isso-contraria-nossos-interesses-502609.shtml


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Poesia sempre faz bem....

"Desejo primeiro que você ame,


E que amando, também seja amado.

E que se não for, seja breve em esquecer.

E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,

Mas se for, saiba ser sem desesperar.



Desejo também que tenha amigos,

Que mesmo maus e inconseqüentes,

Sejam corajosos e fiéis,

E que pelo menos num deles

Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,

Desejo ainda que você tenha inimigos.

Nem muitos, nem poucos,

Mas na medida exata para que, algumas vezes,

Você se interpele a respeito

De suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,

Para que você não se sinta demasiado seguro.



Desejo depois que você seja útil,

Mas não insubstituível.

E que nos maus momentos,

Quando não restar mais nada,

Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.



Desejo ainda que você seja tolerante,

Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

Mas com os que erram muito e irremediavelmente,

E que fazendo bom uso dessa tolerância,

Você sirva de exemplo aos outros.



Desejo que você, sendo jovem,

Não amadureça depressa demais,

E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer

E que sendo velho, não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e

É preciso deixar que eles escorram por entre nós.



Desejo por sinal que você seja triste,

Não o ano todo, mas apenas um dia.

Mas que nesse dia descubra

Que o riso diário é bom,

O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.



Desejo que você descubra ,

Com o máximo de urgência,

Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,

Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.



Desejo ainda que você afague um gato,

Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro

Erguer triunfante o seu canto matinal

Porque, assim, você se sentirá bem por nada.



Desejo também que você plante uma semente,

Por mais minúscula que seja,

E acompanhe o seu crescimento,

Para que você saiba de quantas

Muitas vidas é feita uma árvore.



Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,

Porque é preciso ser prático.

E que pelo menos uma vez por ano

Coloque um pouco dele

Na sua frente e diga "Isso é meu",

Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.



Desejo também que nenhum de seus afetos morra,

Por ele e por você,

Mas que se morrer, você possa chorar

Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.



Desejo por fim que você sendo homem,

Tenha uma boa mulher,

E que sendo mulher,

Tenha um bom homem

E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,

E quando estiverem exaustos e sorridentes,

Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,

Não tenho mais nada a te desejar ".



 (Victor Hugo)

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Gabriel Chalita lança coletânea de contos



Nos próximos dias 10 e 11, Gabriel Chalita, ex-secretário de Educação do Estado de São Paulo, lança, simultaneamente, os livros Homens de Cinza e Mulheres de Água, obras em formato de conto que desvendam o ser humano e seus sentimentos. Com a presença do ator Ary Fontoura, que fará a leitura de trechos dos livros, Chalita estará em São Paulo e no Rio de Janeiro para autografar as obras que, com narrativas curtas e emocionantes, mergulham nos universos feminino e masculino.

Em Mulheres de Água, as mulheres são as estrelas. Os relatos singelos e verdadeiros revelam os sentimentos femininos e os desvendam com sutileza e perspicácia. A inveja, o ciúme, a paixão, a esperança, a descrença, o desamor estão todos nos contos de Chalita, cuja intenção era falar sobre as mulheres em pleno diálogo com a vida.

Já em Homens de Cinza, o autor mostra as emoções e sentimentos do homem, a partir de observações de seu comportamento. Em todas as situações, sob os mais diversos aspectos, Gabriel Chalita faz um mergulho de maneira ora intimista, ora fugaz, ora contundente. A presença do cinza é permanente na vida de cada um dos personagens: o cinza que embrutece os sentimentos, que desmancha teias, que desfaz a paixão, que carrega para além das emoções rasteiras.

Gabriel Chalita, que é formado em Filosofia e Direito, tem mestrado em Sociologia Política e Direito e doutorado em Comunicação e Semiótica e também em Direito, recentemente tomou posse como membro da Academia Brasileira de Educação, ocupando a cadeira de nº 34, que tem como patrono Olavo Bilac.

Eleito em 2004 Educador do Ano, é membro da União Brasileira dos Escritores e autor de mais de 45 livros. Nas eleições de 2008, foi eleito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) como vereador de São Paulo, com o maior número de votos da Casa: 102.048.

Lançamentos dos livros Homens de Cinza e Mulheres de Água, de Gabriel Chalita



10/11 - Colégio Visconde de Porto Seguro - Unidade Panamby

Rua Itapaiuna, 1355 - Panamby

São Paulo - SP

11/11 - Livraria da Travessa

Av. das Américas, 4666 - Barra Shopping

Nível Américas - Lj 220

Rio de Janeiro - RJ
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Acho que sou um "GÊNIO"...

Estudo diz que mau humor e tristeza afiam inteligência




da Folha Online



Pessoas mal-humoradas possuem uma inteligência mais afiada, de acordo com o estudo realizado por um cientista australiano e publicado na última edição da revista científica "Australasian Science", informou nesta terça-feira a rádio ABC.
"A tristeza e o mau humor melhoram a capacidade de julgar os outros e também aumentam a memória", assegura o professor Joseph Forgas, da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney.
"Enquanto um estado de ânimo positivo facilita a criatividade, a flexibilidade e a cooperação, o mau humor melhora a atenção e facilita um pensamento mais prudente", explica o artigo.
"Nossa pesquisa sugere que a tristeza melhora as estratégias para processar a informação em situações difíceis", acrescenta.
Forgas ressaltou que as pessoas com um estado de ânimo mais decaído possuem maior capacidade de argumentar suas opiniões por escrito, pelo que concluiu que "não é bom estar sempre de bom humor".
A pesquisa consistiu em uma série de experimentos nos quais se manipulava o estado de encorajamento dos participantes por meio de filmes e lembranças positivas ou negativas.


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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Um dos novos contos de Gabriel Chalita

Dia de Todos os Mortos – um exercício de Amor

Hoje é o dia do Amor. Do amor que devotamos às pessoas amadas que partiram. A celebração do amor, não pela magia do contato físico, mas pela doce eternidade das lembranças daqueles que perduram vivos dentro de cada um de nós. É de Mia Couto, escritor africano, o aforismo que tão sabiamente traduz esse sentimento : “ Morto amado nunca mais para de morrer”.
Integra a história da humanidade o gesto de adorar, de homenagear, de rezar pelos mortos. Cada cultura revela seus costumes nas diferentes formas de amor à memória de seus mortos. A Igreja Católica dedica um dia do ano para rezar e celebrar a vida eterna de nossos entes queridos. Esse dia, desde o século XIII, é solenizado em 2 de novembro. Dia 1º é dia de Todos os Santos; dia 2, dia de Todos os Mortos.
Talvez o maior medo e maior mistério da vida humana seja o da morte. Justamente pelo mistério que ela encerra. Desde sempre o tema da morte me provoca densa reflexão, num misto de tristeza e alegria. Gostaria de compartilhar esse sentimento com vocês. Um dos contos do meu livro Homens de Cinza, que será lançado no próximo dia 10, perpassa por esse tema.



Antecipo a vocês o conto O riso de Everson:



Everson era coveiro. Tinha medo de defunto. De caixão não tinha. Não achava de bom gosto abrir a urna para despedidas no cemitério. Isso devia ser feito antes. Quando acontecia não olhava. Aprendeu com o pai, também coveiro, que o último que olha fica com a imagem do morto perturbando durante um bom tempo.
Não se incomodava com choradeira nem com desmaio de última hora. Ficava com a pá e o chapéu esperando as despedidas e depois cumpria a função. Achava falta de respeito ficar conversando. Gostava mesmo era de imaginar a vida do partinte. Fazia isso, observando o jeito da família. Quando quem sobrava era a viúva, olhava com curiosidade se estava chorando de obrigação, de alívio ou de tristeza. Quando era o viúvo, reparava na disposição e nas mulheres distantes para perceber alguma intenção.
Tem gente que chora de remorso, tem gente que chora de saudade. Everson percebia a diferença, mas não falava porque não era dado a comentários. Desde cedo aprendeu em casa que o melhor é ficar quieto. Quanto mais se fala, mais bobagem se traz ao mundo.
Tem gosto por matemática. Conta as pessoas e compara com outros enterros. Gente jovem leva mais gente e tem mais dor, a não ser quando o velho é muito querido ou importante. Tem um caderno de anotações em casa com o nome, data e freqüência dos enterros. Em primeiro lugar, em popularidade, está o Padre João. Coisa linda ver a cidade inteira no cemitério. E ele morreu velho, bem velho. O falatório não foi econômico. E não abriram o caixão. O que menos gente levou foi um tal de Antonio do Nascimento. Ninguém. Everson até rezou por ele em consideração. E depois despejou a terra.
Em dias de chuva, partiam mais cedo os que deixavam seus mortos. Em dias de sol, acompanhavam até o final.
Caixão pequeno cortava o coração. Não entendia a falta de oportunidade de fazer coisa certa ou errada na vida. Injustiça. Caixão de virgem, desconfiava. Já viu muito moça freqüentar o lugar dos mortos acompanhada e depois vestir a pose de recatada.
Desaforo era família desleixada que deixava o túmulo sujo. Pouco caso com a casa do morto. Quando dava, limpava os abandonados. Gostava de ler os escritos nos túmulos. Perdia tempo porque lia devagar. Mas gostava.
Em um dia qualquer, quase fechando o portão, conheceu Maria Rita. Lembrou de tê-la visto em algum sepultamento. Buscou na memória e achou o dia da partida do marido. Não reparou muito porque abriram o caixão. Além do que achava desrespeitoso com o defunto qualquer reparação mais saliente.
Maria Rita veio com umas poucas flores colhidas de alguma pracinha e um maço de velas. Limpou e fez jeito de quem faz prece. Muito econômica na opinião de Everson. Nem bem se benzeu e já terminou. Não chorou. Pouca gente chora depois de algum tempo.
Pediu fogo. Everson deu. Distraída queimou o dedo. Riu. Everson também riu. Perguntou a ele se tinha medo. Ele riu e maneou a cabeça. Perguntou o nome. Everson riu e respondeu baixinho. Coçou o rosto, arrumou o cabelo, falou alguma coisa consigo mesma e sem despedir se foi.
No dia seguinte voltou. Veio acompanhando um enterro. Não chorou. Ninguém chorou. Era defunto velho e parece que sacrificava a família. Foram embora e ela ficou. Falou o seu nome e riu. Everson também riu. Perguntou se ele tinha vergonha. Ele riu. Ela deu um beijo de leve no rosto corado. Ele riu. Foi a primeira vez que uma mulher beijou Everson, que ele lembre. A mãe morreu com ele ainda menino. E o pai, homem muito trabalhador não era dado a intimidades com o filho. O pai também já tinha sido enterrado. Pouca gente foi. Os outros dois coveiros fizeram o serviço. Everson não quis que abrissem o caixão. Chorou depois que os outros se foram.
No terceiro dia Maria Rita, sem procissão alguma, voltou. Trouxe só vela e de novo pediu fogo. Everson estava enrolando cigarro de palha. Maria Rita quis experimentar. Tossiu. Everson riu. Falou a vida inteira dela. Everson ouviu. Falou inclusive do falecido e de sua falta de bondade. Falou do quanto ele a agredia. Falou de alívio. Everson quase chorou. Teve vontade de protegê-la mas lembrou-se do pai que sempre dizia que o melhor era esperar.
Ficaram juntos, ela falando e ele ouvindo até o pôr do sol. Ela não reparava nessas coisas , ele sim. Falava com alegria e ele ouvia com disposição. Voltou alguns outros dias. Deu alguns outros beijos. Tudo com muito respeito. E ele ria. Iniciativa não tinha nem para dizer sim nem para dizer não. Mas gostava.
Reparou nos seus olhos depois de um beijo de namorado e pediu a Deus, tirando o chapéu que aqueles seus olhos de gente viva o perturbassem para sempre. Maria Rita falou em casamento. Everson riu.
O tempo passou e Maria Rita nunca mais voltou ao cemitério. Everson vivia os dias esperando. Enrolava o seu cigarro de palha, varria o chão, limpava, jogava terra e escarafunchava os seus sentimentos. Morrido não tinha, senão ele teria visto. Doença? Mudança? Ele pouco descia até a cidade. O que precisava tinha por perto.
Semanas. Meses. Até que em outro sepultamento, lá estava ela. De luto. Chorosa pelo marido morto. Everson não entendeu. Abriram o caixão. Ele olhou o morto. Vestia terno cinza. Teve medo depois. Os olhos estavam lá, cerrados, mas estavam lá. Arrependeu-se. Com o chapéu e a pá esperou as despedidas. Pensou consigo mesmo. Não entendeu. Jogou terra e se foi.
No dia seguinte ela voltou. Trouxe umas flores e um maço de velas. Pediu fogo e falou da rudeza do defunto. Do ano triste de um novo casamento infeliz. Era violento também. Que bom que morreu.
Everson ouviu. Ela deu um beijo de despedida e dessa vez um abraço. Everson riu.
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