Os dias de nossa vida correm velozes....
Os instantes se sucedem, rapidamente,
aproximando-nos cada vez mais do termo
da nossa existência.
E nesta caminhada, quantos desperdiçam o
seu tempo em ilusões, misérias,
vivendo uma vida sem valor ou expressão,
inclinada apenas para a matéria.
Enquanto temos tempo, façamos o bem....
Virá a hora que ninguém poderá trabalhar...
Como o lavrador, que logo à primeira chuva,
corre a lançar a semente de uma futura e
esperançosa colheita, assim, também,
tu deves lançar uma semente para que ela
alcance os frutos no tempo oportuno.
Você, certamente, já ouviu:
"Quem semeia com lágrimas,
colherá entre alegrias e consolações".
Lembra-te, o amor, a alegria, o entusiasmo,
comunicam uma nova força e uma nova vida
Uma linda semana de colheita
"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)
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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Restaurar a educação

No mundo do liberalismo, onde cada um faz o que quer, a família precisa reassumir a sua missão educadora. É preciso voltar a falar em limites e em disciplina, por mais antipático que isso possa parecer. Educação é um processo doloroso e lento. É um investimento a longo prazo. Os pais precisam retomar o leme da educação e tomar alguns cuidados básicos.Os filhos precisam ser corrigidos, nunca, porém, publicamente. A correção em público pode gerar humilhação e até mesmo vir a gestar traumas e complexos difíceis de serem superados. Além disso, não se pode corrigi-los com aspereza e agressividade. Agressividade gera temor, mas mata o amor e o respeito. Os pais precisam evitar todo espírito de crítica e indelicadeza com os filhos. Firmeza não exige indelicadeza.Quando for necessária uma intervenção mais severa, é preciso cuidar para não se deixar conduzir pela raiva. Deve-se evitar toda forma de correção enquanto se está irado. Na ira, somos sempre injustos. Os filhos precisam conhecer seus limites e as razões desses limites. A educação exige paciência e persistência, exige também que os pais cumpram o que prometeram. A palavra tem um poder imensamente grande no campo da educação. Falar e não cumprir é semear dúvida no coração dos filhos.É preciso semear esperança no coração dos filhos. Um jovem sem sonhos deixa de ser jovem. A educação não pode destruir a capacidade de sonhar com um mundo novo. Por outro lado, a educação não pode provocar alienação. Quem vive só no mundo do futuro esquece o presente e se perde em divagações.
Os pais não devem dar tudo o que os filhos pedem. Mesmo quando podem, não devem. Muitas vezes, os filhos pedem somente pra chamar a atenção sobre si mesmos, ou para testar os pais. Outras vezes, pedem por compensações. O "não" é altamente pedagógico, especialmente quando coerente e honesto. O filho nunca pode pensar que manda nos pais. Aliás, o relacionamento de pais e filhos nunca pode ser de igual para igual. Filho é sempre filho, independente da idade e do poder aquisitivo. Marido e mulher são iguais e precisam ser mostrar como tal. Filhos são diferentes e precisam saber que os pais têm um lugar de destaque em sua formação e educação.A diferença entre pais e filhos não significa que o filho nunca tenha razão e os pais estejam sempre certos. Os pais precisam aprender a pedir favores aos filhos. Peça com firmeza e carinho. Um pedido, bem feito, tem muito mais peso do que uma ordem dada do jeito errado, na hora errada.Outra coisa muito importante é saber achar a hora certa, especialmente quando se trata de corrigir o comportamento dos filhos. Nunca corrija na frente dos outros. A melhor hora para se falar com os filhos é quando se está sozinho com eles. num clima de amor e ternura e, acima de tudo, com a coerência do exemplo. O testemunho arrasta.Os filhos aprendem muito mais com aquilo que observam do que com aquilo que escutam de seus pais. Além disso, tem muito mais peso o que se escuta de alguém que amamos e admiramos. Filhos que admiram seus pais têm maior facilidade de colocar em prática suas ordens e seus ensinamentos. Evite toda gritaria.Cada filho é único. Nunca compare o comportamento de um com as atitudes dos outros. Não compare também com filhos de amigos ou parentes. Ninguém gosta de ser comparado. Educar é trazer à tona o melhor que o outro tem.Não faça tudo pelo seu filho. Não se deve carregar no colo quem já sabe andar. Colo é maravilhoso, na hora e no jeito certo. Fazer pelo filho acaba transformando-o numa pessoa fraca, insegura, medrosa e covarde.Nenhum pai e nenhuma mãe são obrigados a conhecer tudo. Pai e mãe não são infalíveis. Portanto, se tomar consciência e que errou, peça desculpas. Assuma suas limitações. Admita seus erros. Não tente ser um superpai ou uma supermãe. Seja você mesmo.Não tenha medo de demonstrar amor pelos filhos. Só quem se sabe amado aprende e admira. A certeza do amor gera segurança. Pouca coisa é mais agradável para os pais do que saber que o filho é alguém livre, seguro, autoconfiante, justo e honesto. Ninguém torna-se nada disso de um dia para o outro. Educação exige tempo.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Johnny e a juventude sem limites

Não é à toa que o filme Meu nome não é Johnny já é um grande sucesso. Primeiro porque mostra a qualidade de que é capaz o cinema brasileiro. Depois, pela temática. As famílias estão preocupadas com duas questões centrais abordadas pelo filme do diretor Mauro Lima: as drogas e a necessidade de estabelecer limites para os jovens. Pais atentos sabem que é preciso entender as negativas que o mundo oferece.
Aí está o valor deste filme, ao contar a história real de João Guilherme Estrella, jovem carioca que se acostumou, desde criança, a uma educação permissiva. Sem imposição de limites por parte dos pais, tentou as drogas. De usuário, em pouco tempo passou à posição de um dos traficantes mais importantes do Rio. No papel, Selton Melo é perfeito, sério, competente, arrebatador. E muito bem acompanhado: estão ótimas as atrizes Cleo Pires e Júlia Lemmertez.
Um trecho antecipa o futuro do menino Estrella. Soltou um rojão dentro da casa. Em vez de repreendê-lo, o pai comemorou. A frase predileta de André di Biasi, no papel de pai, é esta: "Aproveite a vida". (Justo ele que desistiu dela.) Mas o que significa aproveitar a vida? Prazeres são sempre bem-vindos, mas uma vida baseada apenas em prazer tende ao fracasso. E fracassar é perder a alma. Estrella conseguiu se recuperar depois da prisão e do manicômio. Deu valor à vida. E está vivo. Talvez sua história não seja a regra, mas há muitos jovens que degringolam pela falta de limites.
Os pais não se ausentam por maldade. Mas fazem um mal enorme aos filhos quando ficam ausentes. E, na vida, quem só ouviu sim, dirá sim ao traficante, ao corrupto, ao bandido. Os pais têm de ser referência, mesmo com os erros e ausências que a falta de tempo impõe. Mas com a inteireza de quem sabe que o amanhã só existirá se o hoje for bem construído. Há muitos pais que não sabem até onde devem proibir ou podem permitir. É preciso buscar ajuda, ler, pesquisar, entender o que se passa com essa geração. Os pais têm de abordar temas que ontem não eram necessários. Por que eu tenho de falar sobre drogas com meu filho? Porque os tempos mudaram e a juventude também. O jovem não é um problema. Desde que tenha sonhos e limites.
Por isso há um bom programa para ser fazer nesses dias. Pais e filhos deveriam ir, juntos, assistir ao filme Meu nome não é Johnny. É uma oportunidade de as famílias observarem a importância do diálogo - e a tragédia que costuma decorrer da falta dele.
domingo, 20 de janeiro de 2008
SEJA DETERMINADO

Alguém já disse que ninguém fica velho somente por viver um certo número de anos, mas fica velho por abandonar seus ideais. Os anos enrugam a pele, mas a falta de entusiasmo enruga a alma. Você é tão jovem quanto sua confiança em si mesmo, tão velho quanto seus temores, tão jovem quanto sua esperança e tão velho quanto o seu desespero.Preocupação, dúvida, insegurança, medo e desespero, estão são os longos anos que curvam a cabeça e fazem o espírito em crescimento retornar ao pó.Para se viver bem é preciso ter uma meta na vida, um ideal permanente que nos impulsione a cada dia. Quem vive movido por um ideal, tem sempre vontade de viver e de lutar. Tem motivação a cada dia. Um homem motivado é capaz de ir à Lua, mas sem motivação não é capaz de atravessara rua.Esta é a razão porque muitos se arrastam pela vida: falta-lhes um ideal, um motivo para viver que lhe dê motivação a cada dia. O pão alimenta o corpo, o ideal alimenta o espírito. o segredo para ser sempre jovem é ter uma causa a que dedicar a vida. O grande psicólogo judeu Vitor Frankl, criador da Logoterapia, e que sobreviveu a um campo de concentração nazista, ensina que a causa mais profunda da depressão, no fundo, é a falta de sentido da vida.A razão de viver precisa ser renovada a cada dia, pois só é duradouro aquilo que se renova todos os dias.Não é preciso que você tenha "grandes" ideais; isto é possível a poucos homens, mas há um grande e belo ideal que está ao alcance de todos: construir-se a cada dia e dar de si aos outros para fazê-los felizes. Este é um ideal permanente, que nunca será plenamente atingido e que, portanto, pode impulsioná-lo a vida toda e em todas as idades.O ideal não pode ser apenas buscar uma vida confortável para si e para a família, isto é pouco; é apenas um ideal transitório. Você precisa de um ideal "permanente". Você o tem? Dom Bosco dizia que Deus nos pôs neste mundo para os outros". Quem vive com esta perspectiva, tem sempre mais vontade de viver.Qualquer que seja a nossa atividade e a nossa profissão, sempre podemos fazer dele um meio de fazer o bem; e isto é um belo ideal de vida.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
A elite do ensino público

Editorial Jornal O Estado de S. Paulo
Ao comparar o desempenho dos melhores alunos dos colégios particulares e dos melhores alunos da rede pública no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação (MEC) fez uma descoberta surpreendente. Ao contrário do que se imaginava, os estudantes mais aplicados dos colégios municipais, estaduais e federais obtiveram uma nota média de 68,77, numa escala de zero a 100, contra 68,72 dos estudantes mais aplicados da rede privada. Na prova de redação, a diferença foi superior a 9 pontos em favor da elite da rede pública.
A comparação foi feita entre 149.430 alunos da rede pública que concluíram o ensino médio em 2006 e 149.430 escolhidos entre os melhores formandos da rede privada. Divulgado com exclusividade pelo Estado, o estudo do MEC mostra que 91% dos melhores alunos da rede pública estão matriculados em escolas estaduais, 6,2% em escolas federais e 2,5% em escolas municipais.
A maioria dos melhores alunos da rede pública de ensino médio se concentra nas Regiões Sul e Sudeste, as mais desenvolvidas do País, onde há Estados, como o Rio Grande do Sul, com um longo histórico de investimento em educação básica e em qualificação dos professores das redes públicas. Foi por isso que os alunos gaúchos obtiveram uma média superior à brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), cujos resultados foram divulgados há três semanas.
No total, o ensino médio tem 9 milhões de alunos matriculados. A grande maioria dos estudantes da rede pública saiu-se mal nos exames do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no Pisa e no Enem, que é uma prova optativa. Se forem consideradas as notas médias dos 602.232 concluintes do ensino médio que participaram do teste este ano, o desempenho foi 20 pontos abaixo do registrado entre alunos da rede particular. Mas o brilhante desempenho da minoria, que constitui a elite das escolas públicas, sinaliza o caminho que deve ser seguido pelas autoridades educacionais.
"O resultado (do estudo do MEC) mostra o esforço pessoal do bom aluno da rede pública", diz a pedagoga Márcia Sigrist, da Unicamp. Ou seja, quando o estudante é estimulado por professores capacitados, ele tende a se superar, buscando novas fontes de informação, além daquelas que são dadas em sala de aula. Um dos alunos da rede pública que se destacou por seu desempenho no último Enem, acertando 93,65% das questões da prova, é filho de um metalúrgico, estudou a vida inteira em escola pública e faz o ensino médio num colégio estadual na capital, onde foi estimulado a ler o noticiário da internet.
Outro fator que vem estimulando os alunos da rede pública de ensino médio a estudar é a possibilidade de usar as notas do Enem para entrar numa instituição de ensino superior. Atualmente, mais de 400 faculdades em vários Estados utilizam essas notas em substituição do vestibular ou como complemento de seu processo seletivo. E universidades de ponta, como a USP e a Unicamp, adotaram um bem-sucedido programa de inclusão social, premiando com até 30 pontos, em seus vestibulares, os candidatos egressos de escola pública.
São medidas simples, mas eficientes. Esta a lição que se pode extrair do estudo do MEC. A revolução educacional não se faz com sistemas de cotas raciais ou outras demagógicas iniciativas de "ações políticas afirmativas", mas com ensino de qualidade e acesso à informação. A escolaridade básica é o principal alicerce para uma boa formação escolar e profissional. É, também, um fator decisivo para a redução das desigualdades sociais, já que a mobilidade de jovens e adultos no mercado de trabalho depende da educação básica. Depois que uma boa escola do ensino fundamental ensina o aluno a ler, escrever, calcular, pensar e refletir, tudo o mais pode ser aprendido com rapidez e facilidade. E, quanto maior é o estímulo ao estudante do ensino médio para que amplie seus horizontes cognitivos, maiores são suas oportunidades de ingressar no ensino superior ou de sucesso na economia formal.
Quando todos os estudantes do ensino médio do País tiverem o mesmo ensino de qualidade que foi dado àqueles que se saíram bem no último Enem, o Brasil terá dado um passo decisivo para a redução das desigualdades sociais.
Jornal O Estado de S. Paulo, 01/01/08
Ao comparar o desempenho dos melhores alunos dos colégios particulares e dos melhores alunos da rede pública no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação (MEC) fez uma descoberta surpreendente. Ao contrário do que se imaginava, os estudantes mais aplicados dos colégios municipais, estaduais e federais obtiveram uma nota média de 68,77, numa escala de zero a 100, contra 68,72 dos estudantes mais aplicados da rede privada. Na prova de redação, a diferença foi superior a 9 pontos em favor da elite da rede pública.
A comparação foi feita entre 149.430 alunos da rede pública que concluíram o ensino médio em 2006 e 149.430 escolhidos entre os melhores formandos da rede privada. Divulgado com exclusividade pelo Estado, o estudo do MEC mostra que 91% dos melhores alunos da rede pública estão matriculados em escolas estaduais, 6,2% em escolas federais e 2,5% em escolas municipais.
A maioria dos melhores alunos da rede pública de ensino médio se concentra nas Regiões Sul e Sudeste, as mais desenvolvidas do País, onde há Estados, como o Rio Grande do Sul, com um longo histórico de investimento em educação básica e em qualificação dos professores das redes públicas. Foi por isso que os alunos gaúchos obtiveram uma média superior à brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), cujos resultados foram divulgados há três semanas.
No total, o ensino médio tem 9 milhões de alunos matriculados. A grande maioria dos estudantes da rede pública saiu-se mal nos exames do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no Pisa e no Enem, que é uma prova optativa. Se forem consideradas as notas médias dos 602.232 concluintes do ensino médio que participaram do teste este ano, o desempenho foi 20 pontos abaixo do registrado entre alunos da rede particular. Mas o brilhante desempenho da minoria, que constitui a elite das escolas públicas, sinaliza o caminho que deve ser seguido pelas autoridades educacionais.
"O resultado (do estudo do MEC) mostra o esforço pessoal do bom aluno da rede pública", diz a pedagoga Márcia Sigrist, da Unicamp. Ou seja, quando o estudante é estimulado por professores capacitados, ele tende a se superar, buscando novas fontes de informação, além daquelas que são dadas em sala de aula. Um dos alunos da rede pública que se destacou por seu desempenho no último Enem, acertando 93,65% das questões da prova, é filho de um metalúrgico, estudou a vida inteira em escola pública e faz o ensino médio num colégio estadual na capital, onde foi estimulado a ler o noticiário da internet.
Outro fator que vem estimulando os alunos da rede pública de ensino médio a estudar é a possibilidade de usar as notas do Enem para entrar numa instituição de ensino superior. Atualmente, mais de 400 faculdades em vários Estados utilizam essas notas em substituição do vestibular ou como complemento de seu processo seletivo. E universidades de ponta, como a USP e a Unicamp, adotaram um bem-sucedido programa de inclusão social, premiando com até 30 pontos, em seus vestibulares, os candidatos egressos de escola pública.
São medidas simples, mas eficientes. Esta a lição que se pode extrair do estudo do MEC. A revolução educacional não se faz com sistemas de cotas raciais ou outras demagógicas iniciativas de "ações políticas afirmativas", mas com ensino de qualidade e acesso à informação. A escolaridade básica é o principal alicerce para uma boa formação escolar e profissional. É, também, um fator decisivo para a redução das desigualdades sociais, já que a mobilidade de jovens e adultos no mercado de trabalho depende da educação básica. Depois que uma boa escola do ensino fundamental ensina o aluno a ler, escrever, calcular, pensar e refletir, tudo o mais pode ser aprendido com rapidez e facilidade. E, quanto maior é o estímulo ao estudante do ensino médio para que amplie seus horizontes cognitivos, maiores são suas oportunidades de ingressar no ensino superior ou de sucesso na economia formal.
Quando todos os estudantes do ensino médio do País tiverem o mesmo ensino de qualidade que foi dado àqueles que se saíram bem no último Enem, o Brasil terá dado um passo decisivo para a redução das desigualdades sociais.
Jornal O Estado de S. Paulo, 01/01/08
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
ORAÇÃO DO AMOR NÃO CORRESPONDIDO- GABRIEL CHALITA

Senhor!
Hoje estou triste. Meu coração dói, comprimindo o peito.Sinto-me tão pequeno, tão carente. Sinto-me desamparado.Chorar, já chorei tudo o que podia. Mas há um buraco dentro de mim que teima em não fechar. E com isso me angustia.Tu sabes, Senhor, o quanto estou apaixonado. Sabes o tamanho do meu desejo em estar com quem amo. E sabes, também, do sentimento de rejeição, de pequenez, que toma conta de mim. E eu, a cada dia, peço para não mendigar afeto. Mas não consigo.São noites que passo em claro. Não sei se é imaginação ou sonho.
Quando amanhece, não sei se dormi ou se fiquei a projetar imagens em minha cabeça. Mas acordo triste. Triste por saber que meu amor não me ama. E por mais que eu tente encontrar razões, não consigo. Só fico a me perguntar: Por quê? Porque não?Já fiz de tudo. Primeiro, criei jogos de amor, de sedução. Depois, acabei me revelando. Chorando, disse tudo o que sentia. Falei do hoje, do amanha. Fiz planos para uma vida inteira juntos. E, como resposta, nada ouvi. Apenas um olhar de compreensão e um gesto como a dizer que, com o tempo, o sentimento passa. E ai me arrependi, e briguei, e me arrependi de novo, e me desculpei. E vazio de mim mesmo.Senhor! As pessoas me dizem que é assim mesmo. Que o tempo será o meu grande aliado para que esta ferida fique cicatrizada. Mas ninguém sabe me dizer quanto tempo será necessário para que, um dia, eu acorde, abra a janela, contemple a luz do céu e sinta feliz. Eu quero esquecer, Senhor! Mas me sinto frágil. É tão triste o sentimento da rejeição. Eu quero esquecer, Senhor.
Talvez, esse meu problema não seja tão grande para a humanidade. Há tantas pessoas que sofrem por coisas piores. Eu tenho tudo. Tenho saúde. Tenho juventude. Tenho a vida toda pela frente. Mas, hoje...hoje, tenho de ser honesto. O meu sentimento é de que não tenho absolutamente nada. E de que a vida não faz o menor sentido.Há momentos em que me arrependo de ter começado a amar. Mas acho que não foi decisão minha. Surgiu. Veio do nada. Veio de um olhar. De um tom de voz. De um sorriso. De um abraço. Veio de um encontro que, num instante, me fez sentir totalmente, diferente. E um frio na barriga começou a me acompanhar, e eu comecei a mudar a cada dia. Lutei para ficar mais bonito. Para cuidar dos pequenos detalhes. Para chamar a atenção, parecendo natural. Lutei tanto para que minha presença fosse agradável. Lutei tanto para que meu amor protegesse, envolvesse, acalentasse. E nada. Somente o silencio de quem, talvez, tenha outro amor.Muitas vezes, fiquei a me perguntar se não estaria usando a estratégia errada. Por vezes, desculpei a timidez. Inventei historias em minha cabeça para justificar o amor não amado. Mas agora, Senhor, quero voar em um outro horizonte. Pelo menos, hoje. Pelo menos nesse instante. Eu sei, Senhor que o infinito é infinito. E é por isso que te peço forças. Minhas asas não podem ficar congeladas pela dor do amor. É preciso que eu recupere o poder do vôo. E ir adiante. Eu já existia antes de começar a viver este amor. E tenho a certeza de que continuarei a existir depois, quando ele se for. E é por isso que quero voar.Quero voar, Senhor, e durante o meu vôo poder contemplar tudo quanto ficou esquecido durante essa minha passagem por um ninho que não me deu guarida. Não quero ter ódio. Não quero desejar o mal. Só quero seguir meu vôo. E permitir que o pássaro continue o seu vôo. Infelizmente, voaremos separados. Cada um cumprindo o seu oficio. Cada um vivendo o seu sonho. Cada um obedecendo ao seu sentimento ou, talvez, tentando controla-lo. Enfim, o vôo não acabou.Agora estou um pouco melhor, Senhor. Tenho a certeza de que me ouviste.
A dor ainda não passou. A paixão teima em me fazer companhia e soprar em meus sentimentos alguma esperança. Não quero ter esse tipo de esperança. Quero recuperar o meu vôo e ir adiante. Quem sabe, neste lindo horizonte, algum pássaro queira me fazer companhia e o que hoje eu sinto será apenas a lembrança de uma dor profunda, que não existira mais.Obrigado, Senhor! Obrigado pelo dom do amor. Pela capacidade de sofrer. Obrigado, Senhor! Obrigado por poder ser inteiro nos meus sentimentos. Antes isso do que a cessação de nunca ter amado, de nunca ter sofrido, de nunca ter existido. Este vendável é violento, mas me faz sentir vivo. E isso é bom. Já estou um pouco melhor. Pelo menos agora, estou melhor. Amanhã, quando a dor voltar, lembrarei de Ti e melhorarei um pouco mais. Até o dia em que a teia desta paixão me libertar, para talvez cair em outra. Mas quem sabe, da próxima vez, o encontro seja mais belo, e a flechada de erros atinja os dois corações. E terei forças para esperar s dor passar, e ver o amor ressurgir.
Amém.
domingo, 6 de janeiro de 2008
Formatura da FAAP-Nizan Guanaes

"... Dizem que conselho só se dá a quem pede.
E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho licença para dar alguns.
Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja aqui vão alguns, que julgo valiosos. Meu primeiro conselho :
Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro.
Ame seu ofício com todo o coração.
Persiga fazer o melhor.
Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência.
Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha.
Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro.
Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro.
Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.
E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham, porque são incapazes de sonhar.
E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma.
A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano.
O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse:
- Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo.
E ela respondeu:
- Eu também não faço, meu filho.
Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário.
Digo apenas que pensar e realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.Meu segundo conselho :
Pense no seu País.
Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.
Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo.
O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada.
Os pobres vivem como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homens. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia:
"Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito".
É exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia:
Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito, ou seja, é preferível o erro à omissão, o fracasso ao tédio, o escândalo ao vazio.
Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso.Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute.
Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido, tendo consciência de que cada homem foi feito para fazer história.
Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos,descobrir continentes e mundos, e caminhar, sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use Rider, Não dê férias a seus pés.
Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "eu não disse!", "eu sabia!".
Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.
Chega dos poetas não publicados.
Empresários de mesa de bar.
Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar.
Porque não sabem trabalhar. Eu digo:
trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12,de 12 às 8 e mais se for preciso.
Trabalho não mata.
Ocupa o tempo.
Evita o ócio (que é a morada do demônio) e constrói prodígios.
O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito o que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses, que trabalham de sol a sol, construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta. Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. Trabalhe!
Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar,enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo (que é mesmo o senhor da razão) vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.
E isso se chama "SUCESSO."
O FIM DE MAIS UM ANO

(Jorge Reigada)
Encerra-se mais um ano em sua vida.
Quando este ano começou ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos.
Podia fazer dele o que quisesse.
Era um livro em branco, e nele você podia ter escrito um poema,
um pesadelo, uma blasfêmia, uma oração.
Podia...
Hoje, já não pode mais, já não é mais seu.
É um livro já escrito... concluído.
Como foi um livro escrito por você, ele um dia lhe será lido,
com todos os detalhes e você não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.
Portanto, antes que termine o ano, reflita, tome seu velho livro e folheie
com cuidado.
Deixe passar cada uma das páginas, pelas mãos e pela consciência.
Faça o excelente exercício de ler você mesmo. Afinal é a sua história
escrita por suas ações. Leia tudo.
Aprecie aquelas páginas de sua vida em que usou o melhor estilo.
Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito.
Não, não tentes arrancá-las enquanto escreve o novo livro que lhe será entregue.
Assim poderá repetir as coisas boas e evitar as ruins.
Para escrever o seu livro, você contará novamente com o instrumento do
livre arbítrio, e terá para preencher toda a imensa superfície do seu mundo.
Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije.
Se tiver vontade de chorar sobre ele, chore, mas a seguir coloque-o nas
mãos do destino, não importa como esteja.
Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras
OBRIGADO E PERDÃO
E agora, com o Ano Novo chegando está lhe sendo entregue um outro livro,
novo, limpo, branco e todo seu. No qual você novamente irá escrever o que desejar...
FELIZ 2008, MUITA PAZ, MUITO SUCESSO E ACIMA DE TUDO MUITA SAÚDE!!!!
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Julgamentos
Havia numa aldeia, um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia: "Este cavalo não é apenas um animal para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?". O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu e todos disseram: "Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!"O velho disse serenamente: "Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento. Se se trata de uma desgraça ou de uma bênção, não sei, porque este é apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai se seguir?"As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.Novamente, as pessoas se reuniram e disseram: "Velho, você estava certo! Não se trata de uma desgraça, na verdade, provou ser uma bênção". O velho disse: "Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo está de volta... quem sabe se é uma bênção ou não? Este fato é apenas um fragmento. Você lê apenas uma única palavra de uma sentença, como pode julgar todo o livro?!"Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas, interiormente, sabiam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo...O velho tinha um único filho que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma única semana mais tarde, ele caiu de um dos cavalos e fraturou as duas pernas. As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram: "Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e, na sua velhice, ele era o seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca".O velho disse impassível: "Vocês estão obcecados por julgamentos. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma bênção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado, pois é dela a incerteza que nos protege do passado conhecido e nos abre o desconhecido sempre fértil para novas e mais elevadas manifestações!".Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas, então, foram até o velho e disseram-lhe: "Você tinha razão, velho. Aquilo se revelou uma bênção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre".O velho disse, impassível: "Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso é uma bênção ou uma desgraça". E é nesta confiança em Deus que todos os eventos se transformam em bênçãos... Parem então de julgar e comecem a confiar!
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Meu Deus, me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar.
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[Clarice Lispector]
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
A arte de ser feliz - Cecília Meireles

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Morre lentamente - Pablo Neruda

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. Morre lentamente...
sábado, 29 de dezembro de 2007
Ninguém merece ser sozinho ...

É no encontro com o outro que o eu se afirma e se constrói existencialmente
O seu coração sabe disso, porque certamente já experimentou o amargo sabor da solidão. É no encontro com o outro que o eu se afirma e se constrói existencialmente. O outro é o espelho onde o eu se solidifica, se preenche, se encontra e se fortalece para ser o que é. O processo contrário também é verdadeiro, pois nem sempre as pessoas se encontram a partir desta responsabilidade que deveria perpassar as relações humanas.
Você, em sua pouca idade, vive um dos momentos mais belos da vida. Você está experimentando o ponto alto dos relacionamentos humanos, porque a juventude nos possibilita ensaiar o futuro no exercício do presente. Já me explico. Tudo o que você vive hoje será muito importante e determinante para a sua forma de ser amanhã.
Neste momento da vida, você tem a possibilidade de estabelecer vínculos muito diversificados. Família, amigos, grupos de objetivos diversos, namorados e namoradas. Principalmente esses últimos, que não são poucos. Namora-se muito nos dias de hoje, porque as relações humanas estão cada vez mais instáveis e, por isso, menos duradouras. Parece que o amor eterno está em crise.
Que o seu amor não seja único!
Quando paramos para pensar um pouco, chegamos à conclusão de que o problema está justamente na forma como estabelecemos os nossos relacionamentos.
O grande problema é que geralmente investimos todas as nossas cartas naquela pessoa nova que chegou. Ela passa a centralizar a nossa vida, consumindo nosso tempo, nossos afetos, nossos pensamentos e nossas energias. Tudo passa a convergir para ela e, com isso, vamos reduzindo o nosso círculo de relações. O outro vai tomando tanto nossa atenção que, aos poucos, até mesmo a família vai sendo esquecida.
Porém, quando esquecemos de cultivar estes vínculos que até então faziam parte de nós, vamos criando lacunas afetivas dentro do nosso coração. É nesse momento que a confusão acontece, pois todas as necessidades começam a ser preenchidas pela pessoa enamorada.
Com o passar do tempo, ela começa a carregar um fardo muito pesado, pois passou a exercer a função de pai, mãe, irmão e amigo, quando na verdade ela é apenas um namorado, ou namorada.
Cada forma de amor no seu lugar!
Essa relação começará ser muito pesada para ambos. Será fortemente marcada pela dependência, pelas cobranças e pelo ciúme. Ambos passam a viver uma insegurança muito grande, pois nunca sabem ao certo o papel que exercem na vida um do outro. O amor deixa de ser amor e passa a ser sentimento de posse, como se o outro fosse uma propriedade adquirida, pronta para atender todos nossos desejos.
Quando o coração humano identifica esse sentimento de posse, ele tende a se esconder de si mesmo e, conseqüentemente, dos outros. Teme que alguém venha quebrar o encanto, mostrando que não existe nenhuma história de amor e que ambos viraram sapos. E, o pior, acorrentados.
Mas a mudança é sempre possível. Só é preciso que sejamos honestos. Se por acaso você se identificou com esta possessiva e conturbada forma de amar, vale à pena buscar uma ajuda. Comece a canalizar melhor os seus afetos. Não os direcione a uma única pessoa. Tenha amigos, cultive-os. Redescubra sua casa, seus pais, seus irmãos, mesmo que existam problemas entre vocês.
Deixe aflorar os afetos que ficaram adormecidos dentro de você. Não coloque sobre a pessoa que você diz amar a responsabilidade de ser o centro do seu mundo, nem se sinta deixado de lado o dia em que ela disser que não vai lhe ver, porque precisa ficar com a família. É que existem momentos que o colo da mãe é muito mais necessário do que o seu.
É duro de ouvir isso? Pois é, muito mais duro é não compreender!
O encanto nosso de cada dia

Ficar ao lado, mas sem possuir...
Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos que suportar uma segunda-feira eterna?
A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência.
Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.
O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e triste, deixou de cantar.
Foi então que a menina descobriu que, o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário, para que a menina pudesse suportar a vida. O encanto alivia a existência... Aprisionado, ela o possuia, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto!
Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto... Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza.
Amar talvez seja isso: ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também.
Precisamos descobrir, que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida em que nos empenharmos em não reter a vida.
Viver é exercício de desprendimento. É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele, e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.
Há uma beleza escondida nas passagens... Vida antiga que se desdobra em novidades. Coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem. Deixar a vida seguir. Não há tristeza que mereça ser eterna. Nem felicidade. Talvez seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender o sentimento da tristeza e da alegria. Eles só são suportáveis à medida em que os dividimos...
E enquanto dividimos, eles passam, assim como tudo precisa passar.
Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando... Uma redenção está sendo nutrida nessa hora...
Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só pra você. Ele só é encantado porque você não o possui.
E nisto consiste a beleza desse instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado, quando você menos imaginar, voltar a pousar na sua janela.
Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos que suportar uma segunda-feira eterna?
A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência.
Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.
O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e triste, deixou de cantar.
Foi então que a menina descobriu que, o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário, para que a menina pudesse suportar a vida. O encanto alivia a existência... Aprisionado, ela o possuia, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto!
Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto... Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza.
Amar talvez seja isso: ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também.
Precisamos descobrir, que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida em que nos empenharmos em não reter a vida.
Viver é exercício de desprendimento. É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele, e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.
Há uma beleza escondida nas passagens... Vida antiga que se desdobra em novidades. Coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem. Deixar a vida seguir. Não há tristeza que mereça ser eterna. Nem felicidade. Talvez seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender o sentimento da tristeza e da alegria. Eles só são suportáveis à medida em que os dividimos...
E enquanto dividimos, eles passam, assim como tudo precisa passar.
Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando... Uma redenção está sendo nutrida nessa hora...
Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só pra você. Ele só é encantado porque você não o possui.
E nisto consiste a beleza desse instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado, quando você menos imaginar, voltar a pousar na sua janela.
O banquete dos miseráveis

O seu nome já foi chamado...
Um banquete só tem significado para quem tem fome. Os saciados não desejam a proximidade do alimento. A fome é o elemento chave para que possamos desejar e apreciar o banquete.
Da mesma forma, o hospital não tem significado para quem está são. Somente os doentes carecem de hospitalização.
Essa comparação é simples, eu sei. Mas ela nos aproxima de uma verdade ímpar que Jesus fez questão de nos ensinar.
É desconcertante, mas a Eucaristia é o banquete dos miseráveis. Ela é o momento em que Deus se põe à mesa com os escórias da humanidade, com os últimos, os menos desejados.
Miseráveis, famintos, prostituídos, doentes, legítimos representantes da fome. Fome de pão, fome de beleza, fome de dignidade, fome de amor, fome de companhia.
Corações sufocados pela solidão do mundo, pelo descaso dos favorecidos e pela arrogência dos fortes.
A vida sem cuidados, mostrada nos olhos que já não sabem nutrir grandes esperanças. Olhares que nos fazem lembrar o olhar de Mateus, o olhar de Zaqueu, o olhar de Madalena... Olhares que não se sentem merecedores, e que se já se convenceram de que estão condenados.
E então, quando a vida os surpreende com o sorriso de Deus, olhando-os nos olhos, dizendo que está feliz porque eles reapareceram, e que para comemorar esta alegria um banquete lhes foi preparado.
Roupas limpas, banhos demorados, coisa de quem não faz do amor um discurso teórico. O sabonete, o cheiro bom a nos recordar antigas esperanças.
Alegrias nas taças, toalha branca estendida sobre a mesa, o colorido que tem sabor agradável. O melhor vinho, a melhor música, o melhor motivo a ser comemorado. A ceia está posta.
E então eu me ponho a pensar...
Recordo-me do quanto eu não sei viver a Eucaristia com esta mística. Penso no quanto sou seletivo ao pensar naqueles que Deus anda preferindo.
E então, hoje, nesta fração de tempo que passa, em que seus olhos se encontram com meu coração de padre, aqui, nesta tela fria de computador, eu fico desejando lhe convencer do quanto você é amado por Deus.
Ainda que seus dias sejam marcados pela rebeldia, pela derrota, pela queda, não desista! Religião só tem sentido se for para congregar, recordar a miséria como condição que nos torna preferidos...
É simples de entender. Pense comigo: uma mãe geralmente tende a cuidar de forma especial do filho que é mais frágil. Concorda comigo? Pois bem. O que é frágil será sempre velado, cuidado e amado.
Assim é você. Um miserável que tem entrada garantida na última ceia de Jesus.
Não venha com muitos pesos. Traga apenas uma pequena lembrança para o Mestre que o espera. Uma florzinha, um pedacinho de doce, não sei. Você é criativo e saberá escolher melhor.
Que o presente seja pobre, pois assim você descobrirá que o maior presente que Ele pode receber é o seu coração de volta.
Combinados?
Espero que sim.
O seu nome já foi chamado por Ele. Não o deixe esperando por muito tempo.
A casa é a mesma. O endereço você já sabe!
Um banquete só tem significado para quem tem fome. Os saciados não desejam a proximidade do alimento. A fome é o elemento chave para que possamos desejar e apreciar o banquete.
Da mesma forma, o hospital não tem significado para quem está são. Somente os doentes carecem de hospitalização.
Essa comparação é simples, eu sei. Mas ela nos aproxima de uma verdade ímpar que Jesus fez questão de nos ensinar.
É desconcertante, mas a Eucaristia é o banquete dos miseráveis. Ela é o momento em que Deus se põe à mesa com os escórias da humanidade, com os últimos, os menos desejados.
Miseráveis, famintos, prostituídos, doentes, legítimos representantes da fome. Fome de pão, fome de beleza, fome de dignidade, fome de amor, fome de companhia.
Corações sufocados pela solidão do mundo, pelo descaso dos favorecidos e pela arrogência dos fortes.
A vida sem cuidados, mostrada nos olhos que já não sabem nutrir grandes esperanças. Olhares que nos fazem lembrar o olhar de Mateus, o olhar de Zaqueu, o olhar de Madalena... Olhares que não se sentem merecedores, e que se já se convenceram de que estão condenados.
E então, quando a vida os surpreende com o sorriso de Deus, olhando-os nos olhos, dizendo que está feliz porque eles reapareceram, e que para comemorar esta alegria um banquete lhes foi preparado.
Roupas limpas, banhos demorados, coisa de quem não faz do amor um discurso teórico. O sabonete, o cheiro bom a nos recordar antigas esperanças.
Alegrias nas taças, toalha branca estendida sobre a mesa, o colorido que tem sabor agradável. O melhor vinho, a melhor música, o melhor motivo a ser comemorado. A ceia está posta.
E então eu me ponho a pensar...
Recordo-me do quanto eu não sei viver a Eucaristia com esta mística. Penso no quanto sou seletivo ao pensar naqueles que Deus anda preferindo.
E então, hoje, nesta fração de tempo que passa, em que seus olhos se encontram com meu coração de padre, aqui, nesta tela fria de computador, eu fico desejando lhe convencer do quanto você é amado por Deus.
Ainda que seus dias sejam marcados pela rebeldia, pela derrota, pela queda, não desista! Religião só tem sentido se for para congregar, recordar a miséria como condição que nos torna preferidos...
É simples de entender. Pense comigo: uma mãe geralmente tende a cuidar de forma especial do filho que é mais frágil. Concorda comigo? Pois bem. O que é frágil será sempre velado, cuidado e amado.
Assim é você. Um miserável que tem entrada garantida na última ceia de Jesus.
Não venha com muitos pesos. Traga apenas uma pequena lembrança para o Mestre que o espera. Uma florzinha, um pedacinho de doce, não sei. Você é criativo e saberá escolher melhor.
Que o presente seja pobre, pois assim você descobrirá que o maior presente que Ele pode receber é o seu coração de volta.
Combinados?
Espero que sim.
O seu nome já foi chamado por Ele. Não o deixe esperando por muito tempo.
A casa é a mesma. O endereço você já sabe!
Quando a missa se torna uma obrigação...

Sua voz parecia me pedir socorro...
Religião é uma forma de religar. Religa partes, une pontas e diminui distâncias. O sacramento está sempre unido a um símbolo justamente por isso, pois ele é uma forma de concretizar a natureza da religião. Ele é a parte humana que se estende em direção a Deus com o intuito de tocá-lo e experimentá-lo. O símbolo é uma forma de prazer e o sacramento também, pois nele o sacrifício está redimensionado, já tem cores de ressurreição.
A pergunta
O menino chegou e perguntou-me: "Padre, eu sou obrigado ir à missa?". Olhei seus olhos e percebi uma honestidade na questão formulada. Junto da honestidade, havia uma ansiedade que lhe impedia o sorriso. No rosto, não havia alegria. Estava tomado de uma certeza de que a liturgia católica, para ele, estava longe de ser um acontecimento que lhe extraia gratuidade. Era uma obrigação a ser cumprida.
Sua voz parecia me pedir socorro, feito escravo com sua carta de alforria em mãos, a me pedir assinatura.
Naquele momento, fiquei sem palavras. Senti o coração apertado no peito e o desejo de nada responder. Reportei-me à Escritura Sagrada e senti-me como o próprio Abraão, diante do questionamento de Isaac: "Pai, onde está a vítima do sacrifício?" (Gn 22, 7). Pergunta que não tem resposta. Pergunta cheia de ansiedade, de silêncio, de motivos, honesta e plena de razões.
Olhei-o com muita firmeza e resolvi desafiá-lo: "É obrigado visitar alguém a quem se ama?". Ele disse: "Não, não é não, padre". Seguiu-se o silêncio. Calou-se ele, e eu também.
A pergunta que não cala
Algumas horas depois, retomei sua pergunta e fiquei pensando nela. Coloquei-me a pensar na religião que se apresenta ao coração humano como obrigação a se cumprir, feito mochila pesada que se leva nas costas.
Fico pensando no quanto a obrigação pode se opor ao prazer. E o quanto é contraditório fazer a religião ser o local da obrigação. Na expressão: "Deus é amor" (1Jo 4, 8), definição que João nos apresenta em sua carta, está a declaração da gratuidade de Deus.
Deus é o próprio ato de amar. Ele é o amor acontecendo, e a liturgia é a atualização dessa verdade na vida das pessoas. Ir à missa é tomar posse da parte que nos cabe.
Tudo o que ali se celebra e se realiza tem o único objetivo de nos lembrar que há um Deus que se importa conosco, que nos ama e quer nos ver mais de perto. O sacramento nos aproxima de Deus.
Tudo bem, essa é a Teologia, mas e a vida, corresponde à verdade teológica?
Nem sempre. Nosso rito, por vezes, cansa mais do que descansa. É lamentável que a declaração de amor de Deus por nós tenha se tornado uma obrigação.
Sou obrigado a ouvir alguém dizer que me ama?
Se muita gente pensa assim, é porque não temos conseguido "amorizar" a celebração. Racionalizamos o recado de Deus e o reduzimos a uma informação fria e calculada. Dizemos: "Deus nos ama!", da mesma forma como informamos: "A cantina estará funcionando depois da missa!".
A resposta que responde perguntando
Pudera eu ter uma solução! Ou quem sabe uma resposta que aliviasse os corações que se sentem obrigados a conhecer o amor de Deus, como o coração daquele menino.
Talvez, o teu coração também já tenha experimentado essa angústia e essa ansiedade. Gostaria de saber restituir o sabor lúdico das celebrações católicas. Torná-las acontecimentos reveladores, palavras para não serem esquecidas e imagens que despertassem o coração humano para o desejo de descansar ali todas as questões existenciais que o perturbam.
O problema não está no conteúdo do que celebramos, mas, sim, na forma.
A natureza simbólica da vida é o lugar do encanto. Por isso, a celebração é cheia de símbolos. Mas o símbolo, se explicado, deixa de ser símbolo, perde a graça e deixa de comunicar. Talvez seja isso o que tem acontecido conosco. Na ansiedade de sermos eficientes, tornamos a celebração um local de comunicar recados. Falamos, falamos, de maneira ansiosa, cansada e repetitiva. Temos que falar algo, pois também o padre tem a sua obrigação!
E assim vamos celebrando, obrigando o coração e os sentidos a uma espécie de ritual que nos alivia a consciência, mas não nos alivia a existência.
A missa é muito mais do que uma obrigação: é um encontro. Encontro de partes que se amam e se complementam. É só abrir os olhos e perceber!
Creio que possa ser diferente.
Abalando as estruturas de nossa consciência - Pe.Fábio de Melo

É muito fácil a gente cair na religião do mito
Nós somos capazes de seguir uma regra a partir do momento em que a conhecemos. O Deus que nós anunciamos não é uma ameaça.
Religião que só nos mostra a cruz é uma religião infértil, porque eu não sou filho do calvário, eu sou filho do Ressuscitado - e quem eu anuncio sempre é o Ressuscitado.
Se cada um de nós, hoje, tivesse a oportunidade de contar o que passamos, de escrever a nossa história, tudo o que tivemos de sofrimento e sangue, não teria editora suficiente para tantos livros. Todos nós passamos pelo “calvário”, mas você não pode ficar parado aí. Nesse calvário, você tem duas opções: ou esquece o peso da cruz ou olha que tem um Cirineu do seu lado. Nós queremos a ressurreição, mas não queremos o calvário.
É muito fácil a gente cair na religião do mito – Jesus já nos alertava o tempo todo para o culto dos ídolos – e a idolatria é um dos principais problemas religiosos no mundo. Esse é um risco que todos nós corremos, quando a nossa admiração por alguém, ou por uma pessoa se torna essencial, colocada acima, em termos de importância do que aquele que a pessoa anuncia.
Temos que viver uma religião que seja capaz de mexer com as estruturas da nossa consciência, a ponto de nos fazer acordar para tudo aquilo que não sabíamos que existia dentro de nós.
Já estávamos inconscientes e acostumados com o nosso jeito ciumento de amar, jeito ciumento de possuir as pessoas, achando que isso era amor. Eu já era desonesto nas pequenas coisas e já estava acostumado. Até que um dia uma palavra profética varou as estruturas da minha vida e me incomodou. Uma palavra profética tem o poder de fazer algo, de acordar os surdos e aqueles que estão dormindo e que já não escutam mais nada, num sono letárgico, ou até mesmo num cumprimento de rituais inférteis que já não servem de nada para a nossa salvação.
A religião que Jesus quer de nós é esta: que você fixe os olhos céu, que você busque o céu. É disso que Jesus fala: "Não venha me dizer o que você fazia antes, não me importa o que você fazia. O que faz diferença para mim é o quanto a minha Palavra conseguiu transformar o seu coração a ponto de transformá-lo numa pessoa melhor". A ponto de você olhar para trás e dizer: "Antes eu era assim, e pela força da Eucaristia, do Evangelho, do terço, eu mudei".
Você percebe que a sua vida não é mais a mesma, porque você mudou o seu jeito de pensar, modificou o seu jeito de ser.
Você acha que nós vamos ser santos sem sacrifício?
A dor sinaliza que alguma coisa precisa ser cuidada. Eu sei das minhas lutas, mas estou satisfeito, porque eu não me prendo àquilo que eu não posso, mas sim Àquele que me anima. A semente passa por todo um processo de crescimento, mas ela sabe que se não deixar de ser o que é, não atingirá seu objetivo.
Se eu não tivesse sofrido do jeito que eu sofri, se eu não tivesse amado do jeito que eu amei, eu não teria nada para contar a vocês. Não tem jeito de amar sem sofrer.
Não sinta vergonha de nada que viveu, porque depois que passou por aquele momento, você sabe o que você sofreu para chegar onde chegou. A dor é o preparo. A sua dor não pode ser em vão.
Religião que só nos mostra a cruz é uma religião infértil, porque eu não sou filho do calvário, eu sou filho do Ressuscitado - e quem eu anuncio sempre é o Ressuscitado.
Se cada um de nós, hoje, tivesse a oportunidade de contar o que passamos, de escrever a nossa história, tudo o que tivemos de sofrimento e sangue, não teria editora suficiente para tantos livros. Todos nós passamos pelo “calvário”, mas você não pode ficar parado aí. Nesse calvário, você tem duas opções: ou esquece o peso da cruz ou olha que tem um Cirineu do seu lado. Nós queremos a ressurreição, mas não queremos o calvário.
É muito fácil a gente cair na religião do mito – Jesus já nos alertava o tempo todo para o culto dos ídolos – e a idolatria é um dos principais problemas religiosos no mundo. Esse é um risco que todos nós corremos, quando a nossa admiração por alguém, ou por uma pessoa se torna essencial, colocada acima, em termos de importância do que aquele que a pessoa anuncia.
Temos que viver uma religião que seja capaz de mexer com as estruturas da nossa consciência, a ponto de nos fazer acordar para tudo aquilo que não sabíamos que existia dentro de nós.
Já estávamos inconscientes e acostumados com o nosso jeito ciumento de amar, jeito ciumento de possuir as pessoas, achando que isso era amor. Eu já era desonesto nas pequenas coisas e já estava acostumado. Até que um dia uma palavra profética varou as estruturas da minha vida e me incomodou. Uma palavra profética tem o poder de fazer algo, de acordar os surdos e aqueles que estão dormindo e que já não escutam mais nada, num sono letárgico, ou até mesmo num cumprimento de rituais inférteis que já não servem de nada para a nossa salvação.
A religião que Jesus quer de nós é esta: que você fixe os olhos céu, que você busque o céu. É disso que Jesus fala: "Não venha me dizer o que você fazia antes, não me importa o que você fazia. O que faz diferença para mim é o quanto a minha Palavra conseguiu transformar o seu coração a ponto de transformá-lo numa pessoa melhor". A ponto de você olhar para trás e dizer: "Antes eu era assim, e pela força da Eucaristia, do Evangelho, do terço, eu mudei".
Você percebe que a sua vida não é mais a mesma, porque você mudou o seu jeito de pensar, modificou o seu jeito de ser.
Você acha que nós vamos ser santos sem sacrifício?
A dor sinaliza que alguma coisa precisa ser cuidada. Eu sei das minhas lutas, mas estou satisfeito, porque eu não me prendo àquilo que eu não posso, mas sim Àquele que me anima. A semente passa por todo um processo de crescimento, mas ela sabe que se não deixar de ser o que é, não atingirá seu objetivo.
Se eu não tivesse sofrido do jeito que eu sofri, se eu não tivesse amado do jeito que eu amei, eu não teria nada para contar a vocês. Não tem jeito de amar sem sofrer.
Não sinta vergonha de nada que viveu, porque depois que passou por aquele momento, você sabe o que você sofreu para chegar onde chegou. A dor é o preparo. A sua dor não pode ser em vão.
É preciso reconhecer-se frágil - Pe. Fábio de Melo

Quantas vezes perdemos a oportunidade de aprender?
O bom treinador é aquele que sabe salientar a qualidade do atleta, mas, sobretudo, sabe encaminhá-lo para a superação dos seus limites. Assim, não é possível falar de crescimento humano se antes não falarmos de reconhecimento dos nossos limites. O primeiro passo é reconhecer onde nós precisamos melhorar.
Lamentavelmente, as pessoas não estão preparadas para nos educar para a coragem. Muitas vezes, os incentivos que nos são dados estão mais voltados para esquecermos as nossas fragilidades. Não estamos preparados para encarar a fragilidade. Parece que a nossa educação está sempre voltada para nos revestir de uma coragem que nos faz esquecer o limite. E quando mostramos as nossas fragilidades, há uma série de repreensões.
Nós, humanos, temos uma dificuldade imensa de lidar com a fragilidade do outro – ainda que seja nosso filho. Nós gostamos é de todo mundo feliz. Você já reparou que nós não deixamos a criança chorar? Já reparou que quando o recém-nascido chora, nós fazemos de tudo para calar a boca dele?
Estamos em processo de feitura. Não estou pronto. Eu não sou perfeito, estou por ser feito. Estou sendo feito aos poucos. E no processo de ser feito aos poucos, eu vou descobrindo onde é que dói o espinho da minha limitação.
Quanto mais uma pessoa está aperfeiçoada no processo de ser gente, tanto maior é a facilidade dela de conhecer limites. Ter coragem é descobrir onde está a nossa fragilidade e ali trabalhar com maior empenho. E aí é que entra a grande contribuição do Cristianismo, numa proposta antropológica. Deus não quer que você seja um anjinho na terra, mas que você permita que Ele lhe mostre onde estão os seus limites para que você lute.
Cara feia, arrogância... Isso é complexo de inferioridade e por trás disso se oculta a insegurança. A pior ignorância é aquela que finge que sabe! Temos medo de mostrar que não aprendemos. Quantas vezes na nossa vida, por medo, perdemos a oportunidade de aprender. Às vezes, por medo de expor a nossa fragilidade, perdemos o direito de chorar. E muitas vezes, choramos e não sabemos o porquê estamos chorando.
O ensinamento de Jesus é sempre o avesso do avesso. Quer ser santo? Assuma que você é fraco. Muitas vezes, neste processo de nos conhecer, nós sangramos. E nós precisamos sangrar. Quantas vezes você não se viu traduzido em uma canção de alguém, que teve a coragem de "sangrar" e não teve medo de mostrar as próprias fragilidades.
Para quantas pessoas você teve coragem de "sangrar" e de se mostrar? As pessoas que o enxergam por dentro são raras.
Nós somos todos iguais. Nós padres somos todos iguais. Não adianta fingirmos que somos fortes ou ficar fingindo que não sentimos nada e que não temos medo. É muito melhor nós admitirmos que temos medo.
Conversão é isso. É você educar o seu filho para ele poder lhe contar onde estão os "espinhos" na vida dele. O espinho não é o defeito, mas é a seta que nos mostra onde temos que trabalhar para ser melhores. O que vai sobrar de nós é a nossa vontade de amar. É preciso reconhecer-se frágil.
Maturidade - Pe.Fábio de Melo

A maturidade faz parte de um processo. Em um processo não podemos queimar etapas. Ele é lento, chato e demorado. Uma criança passa por um momento de amadurecimento a partir do momento que começa a brincar. A maturidade acontece, quando tomamos posse do que nós somos, para aí então poder nos dividir com os outros. Isso faz parte do processo de maturidade. Não nascemos amando, pelo contrário, queremos ter a posse dos outros. Essa é a forma de amar da criança, pois ela não consegue pensar de maneira diferente. Ela não consegue entender que o outro não é ela. Quantas pessoas já adultas pensam assim, trata-se da incapacidade de amar, falta de maturidade. Todos os encontros de Jesus levam a implantação do Reino de Deus. Mas só pode implantar esse reino quem é adulto, que já entende que só se começa a amar a partir do momento, que eu não quero mudar quem eu amo. Geralmente quando tememos alguém ruim ao nosso lado, é porque nos reconhecemos naquela pessoa. Jesus não tinha o que temer porque era puramente bom, por isso contagiava os que estavam ao seu lado. Na maturidade de Jesus você encontra a capacidade imensa de amar o outro como ele é. Amar significa: amar o outro como ele é. Por isso quando falamos em amar os outros, podemos perceber o quanto deixamos de ser crianças. Devemos nos questionar a todo o momento quanto a nossa maturidade. A santidade começa na autenticidade. Por isso Jesus nos pede para ser como as crianças, que são verdadeiras e simples. É nisso que devemos manter da nossa infância e não a forma de possuir as coisas para si. Você tem condições para perceber a sua maturidade. É só observar se você é obediente mesmo quando não há pessoas ao seu redor. Você não precisa que ninguém te observe, pois você já viu aquilo como um valor. Pessoas imaturas sofrem dobrado. Pessoas imaturas querem modificar os fatos, pessoas maduras deixam que os fatos os modifiquem. A maturidade nos faz perceber que não podemos mudar os fatos. Um imaturo ganha um limão e o chupa fazendo careta. O maduro faz uma limonada com o limão que ganhou.Muitas vezes os nossos relacionamentos de amizade são uns fracassos porque somos imaturos. Amigos não são o que imaginamos, mas o que eles são e com todos os defeitos. Amizade é processo de maturidade que nos leva ao verdadeiro encontro com as pessoas que estão ao nosso lado. Elas têm todos os defeitos, mas fazem parte da nossa vida e não a trocamos por nada deste mundo. Isso porque temos alma de cristão e aquele que tem alma de cristão não tem medo dos defeitos dos outros, porque sabe que aqueles defeitos não serão espelhos para nós, mas seremos um instrumento de Deus para ele superar esse defeito.Padre só pode ser padre a partir do momento que é apaixonado pelos calvários da humanidade. Se você não consegue lidar com os limites dos outros, é porque você não consegue lidar com os seus limites. A rejeição é um processo de ver-se. Toda vez que eu quero buscar no outro o que me falta, eu o torno um objeto. Eu posso até admirar no outro o que eu não tenho em mim, mas eu não tenho o direito de fazer do outro uma representação daquilo que me falta. Isso não é amor, isso é coisa de criança. O anonimato é um perigo para nós. É sempre bom que estejamos com pessoas que saibam quem somos nós e que decisões nós tomamos na vida. É sempre bom estarmos em um lugar que nos proteja. Amar alguém é viver o exercício constante, de não querer fazer do outro o que a gente gostaria que ele fosse. A experiência de amar e ser amado é acima de tudo a experiência do respeito. Como está a nossa capacidade de amar? Uma coisa é amar por necessidade e outra é amar por valor. Amar por necessidade é querer sempre que o outro seja o que você quer. Amar por valor é amar o outro como ele é, quando ele não tem mais nada a oferecer, quando ele é um inútil e por isso você o ama tanto. Na hora que forem embora as suas utilidade, você vai saber o quanto é amado. Tudo vai ser perdido, só espero que você não se perca. Enquanto você não se perder de si mesmo você será amado, pois o que você é significa muito mais do que você faz.O convite da vida cristã é esse: que você possa ser mais do que você faz! ”
Assim lembramos o sagrado Nascimento - Pe. Silvio Andrei
O presépio é talvez a mais antiga forma de caracterização do Natal. Sabe-se que foi São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223, o primeiro a usar a manjedoura com figuras esculpidas formando um presépio, tal qual o conhecemos hoje. A idéia surgiu enquanto lia, numa de suas longas noites, um trecho de São Lucas que lembrava o nascimento de Cristo. Resolveu então monta-lo em tamanho natural, numa gruta de sua cidade. O que restou desse presépio encontra-se atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.Presépio ( em hebraico ebus e urvã em latim praesepium) significa em hebraico "a manjedoura dos animais", mas também o termo é usado frequentemente para indicar o próprio estábulo.Segundo o evangelista Lucas, Jesus ao nascer foi reclinado em um presépio que provavelmente seria urna manjedoura das que existiam nas grutas naturais da Palestina, utilizadas para recolher animais. Já São Jerônimo diz que o presépio de Jesus era feito de barro, aproveitando-se uma saliência da rocha e adaptando-a para tal finalidade.Esta é, sem dúvida, a versão mais aceita sobre o presépio. Outras hipóteses admitidas posteriormente na antiga Roma não merecem boa acolhida.A partir de São Francisco de Assis os presépios tornaram-se frequentes, apresentando Jesus deitado na manjedoura, Maria e José, os pastores e também os Magos. Naturalmente, deve-se levar em conta a inspiração e a imaginação dos artistas da época na diversidade das cenas do nascimento do Salvador. O certo é que a reconstituição da cena do nascimento de Jesus tem origem remota, pois São Francisco de Assis montou um presépio com figuras esculpidas na noite de 24 para 25 de dezembro de 1223, na aldeia de Greccio. Era uma manjedoura cheia de feno e colocados perto dela um boi e um jumento. Acima da manjedoura foi improvisado um altar e nesse cenário ocorreu a missa da meia-noite, na qual o próprio santo com a vestimenta de diácono cantou solenemente o Evangelho juntamente com o povo simples e pronunciou comovente sermão sobre o nascimento do Menino Jesus. Um dos presentes teve a visão de que na manjedoura dormia uma criança e de que São Francisco de Assis aproximou-se dela, acordando-a. Estava, pois, reconstituída ao vivo a histórica cena, então denominada presépio. Assim, de maneira inédita, todos os presentes - religiosos, convidados e as pessoas humildes do povoado festejaram com sentimento e alegria a festa de Natal do Salvador.Esta cena foi narrada em 1229 por Tommaso da Celano, biógrafo de São Francisco de Assis, na Vita Prima.Passados mais de 30 anos a cena foi também descrita por São Boaventura. Posteriormente, outros autores, ampliando a descrição, mencionam que eram esculpidas as figuras do Menino, da Virgem e de São José. O certo é que a descrição de Tommaso da Celano deu origem a inúmeras representações esculpidas na Itália e no sul da França, passando depois para outras regiões.Sabe-se que em Portugal existia um presépio do século XVII no Convento do Salvador, em Lisboa. No século XVIII, vindo de Nápoles, difundiu-se por toda a Espanha o hábito de manter o presépio nas salas dos lares com figuras de barro ou madeira.Esse hábito fez renascer a tradição de São Francisco de Assis, dando origem a numerosos presépios, desde os mais modestos até aos suntuosos com centenas de figuras.De Portugal, o hábito veio ao Brasil. E, hoje, nas igrejas e nos lares cristãos de todo o mundo são montados presépios recordando o nascimento do Menino Jesus, com lindas imagens, de madeira, barro ou plástico, em tamanhos diversos.Assim, o presépio, decorridos tantos séculos, continua sendo uma das mais preciosas e comoventes tradições da festa do Natal, reunindo pela fé cristã homens, mulheres e crianças!Cada um dos elementos que circunda este nascimento tão simples de quase 2.000 anos atrás, tem um papel muito importante. A Sagrada Família, os reis magos, os pastores, as ovelhas e a vaca, são símbolos desta noite de alegria, e também da humildade e dos futuros sofrimentos de Cristo.Os anjos aparecem aos pastores de Belém contando que Jesus havia nascido e louvado a Deus. Estas figuras são, geralmente, representadas com instrumentos musicais, na suposição de que estejam cantando preces em louvor a Jesus.Os pastores foram os primeiros adoradores de Cristo. Ligados a eles, estão os carneiros, mansas criaturas muitas vezes usadas para simbolizar a humildade de Cristo como o Divino Pastor.Nessa mesma noite sagrada, uma estrela andou pelo céu e se localizou em cima da manjedoura, transformando-se no símbolo do divino guia. Dirigiu por intermédio quem quis acreditar no nascimento de seu filho. O boi e vaca sempre presentes no presépio, ilustram a humildade de todas as criaturas do mundo, reconhecendo e homenageando Cristo como filho de Deus.Três reis também foram saudar o recém-nascido. Os homens sábios, os Magos visitaram a manjedoura depois do nascimento; levados pelo divino guia. Sua visita foi profetizada na Bíblia no Salmo 71 e em Isaías 60,como reis levando presentes de incenso, ouro e mirra para o Salvador.Maria e o menino Jesus simbolizam a encarnação desde o início da arte cristã. A maçã, presente em muitos trabalhos pictóricos e de escultura, simboliza a fraqueza do homem e a redenção vinda de Cristo. As auréolas circundando as cabeças de Maria e Jesus indicam glória e santidade e a radiante luz com a qual Deus presenteou a Terra.Tudo aconteceu num lugar simples e pobre. A grande importância do acontecimento impôs-se por si mesma, sem festa ou alarde. E é isto que tentamos conservar até hoje. Não importa que alguns costumes tenham sofrido alterações. O que conta é relembrar sempre que este símbolo do Natal, o presépio, é a comemoração da maior festa cristã: a do nascimento do seu Salvador.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Amanhã pode ser muito tarde

Amanhã pode ser muito tarde Para você dizer que ama, Para você dizer que perdoa, Para você dizer que desculpa, Para você dizer que quertentar de novo... Amanhã pode ser muito tarde Para você pedir perdão, Para você dizer: Desculpe-me, o erro foi meu!... O seu amor, amanhã, pode já ser inútil; O seu perdão, amanhã, pode já não ser preciso; A sua volta, amanhã, pode já nãoser esperada; A sua carta ou e mail, amanhã, pode já não ser lida; O seu carinho, amanhã, pode já não ser mais necessário; O seu abraço, amanhã, pode já não encontrar outros braços... Porque amanhã pode ser muito...muito tarde! !!!!Não deixe para amanhã ...O seu sorriso, O seu abraço, O seu carinho, O seu trabalho, O seu sonho, A sua ajuda
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Elegância

Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.É uma elegância desobrigada.É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.Nas pessoas que escutam. E quando falam, não ficam a julgar sentindo-se o "dono da verdade".É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas.Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Em pessoas que sabem que os mais velhos, muitas vezes, são rabujentos e mesmo assim o tratam com a deferência que merecem.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.Oferecer flores é sempre elegante.É elegante não ficar espaçoso demais.É elegante você fazer algo por alguém e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer...É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.É elegante retribuir carinho e solidariedade.É elegante o silêncio, diante de uma rejeição....Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.É elegante a gentileza; atitudes gentis falam mais que mil imagens...Abrir a porta para alguém? É muito elegante.Dar o lugar para alguém sentar? É muito elegante.Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...Oferecer ajuda? Muito elegante.Olhar nos olhos ao conversar? Essencialmente elegante.Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que "com amigo não tem que ter estas frescuras". Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfrutá-la.Educação enferruja por falta de uso. E, detalhe: não é frescura.
Em pessoas que sabem que os mais velhos, muitas vezes, são rabujentos e mesmo assim o tratam com a deferência que merecem.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.Oferecer flores é sempre elegante.É elegante não ficar espaçoso demais.É elegante você fazer algo por alguém e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer...É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.É elegante retribuir carinho e solidariedade.É elegante o silêncio, diante de uma rejeição....Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.É elegante a gentileza; atitudes gentis falam mais que mil imagens...Abrir a porta para alguém? É muito elegante.Dar o lugar para alguém sentar? É muito elegante.Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...Oferecer ajuda? Muito elegante.Olhar nos olhos ao conversar? Essencialmente elegante.Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que "com amigo não tem que ter estas frescuras". Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfrutá-la.Educação enferruja por falta de uso. E, detalhe: não é frescura.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Faça a sua parte

Em um certo lugar do Oriente, um Rei resolveu criar um lago diferente para as pessoas do seu povoado. Ele quis criar um lago de leite! Então pediu para que cada um de seus súditos levasse apenas um copo de leite; com a cooperação de todos, o lago seria preenchido.O Rei muito entusiasmado esperou até a manhã seguinte para ver o seu lago de leite.Mas, qual não foi a sua surpresa, no outro dia pela manhã, quando viu o lago cheio de água e não de leite.Consultou o seu conselheiro que o informou, que as pessoas do povoado tiveram todas o mesmo pensamento:No meio de tantos copos de leite, se só o meu for de água, ninguém vai notar... Pense nisto!É por isso que estamos nessa situação, onde todos por comodismo esperam pelos outros!Não espere pelo leite dos outros para encher o lago da vida, participe com sua parte!
Ser feliz ou ter razão

Oito da noite numa avenida movimentada.O casal já esta atrasado para jantar na casa de alguns amigos.O endereço é novo, assim como o caminho, que ela conferiu no mapa antes de sair.Ele dirige o carro.Ela o orienta e pede para que vire na próxima rua à esquerda.Ele tem certeza de que é à direita.Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderão ficar mal humorados, ela deixa que ele decida.Ele vira a direita e percebe que estava errado.Ainda com dificuldade, ele admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno.Ela sorri e diz que não há problema algum em chegar alguns minutos mais tarde.Mas ele ainda quer saber: Se você tinha tanta certeza de que eu estava tomando o caminho errado, deveria insistir um pouco mais.E ela diz: Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz.Estávamos a beira de uma briga, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite.Essa pequena historia foi contada por uma empresária durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho.Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independente de tê-la ou não.Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais freqüência:Quero ser feliz ou ter razão?Pense nisso e seja feliz.
" Tapeçaria de Deus "

Deus tece as tramas da vida
em um desenho perfeito, precioso.
E mesmo que seu plano para nós às vezes nos pareça misterioso,
se nós confiarmos Nele mesmo
além da nossa compreensão,
Nossas vidas poderão ser
verdadeiras obras de arte.
Criadas por sua própria mão...
Plenas de amor e harmonia,
com família, lar e amigos,
frutos da pura inspiração,
fortalecidos pela fé,
tramadas com alguns desafios
que nos farão aprender e crescer.
cruzadas por pontos brilhantes
de alegria e paz,
e a perfeição dessa trama
é a prova que Deus nos ama.
Tenha fé na bondade do Senhor
e pense primeiro Nele.
Em tudo o que você fizer.
Reze para ter compreensão
do plano Dele para você.
Agradeça por todas as bênçãos e viva
cada dia com alegria,
lembrando de que você
é uma parte especial
da tapeçaria de Deus.
Amem...
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