Gabriel Chalita
Pense em como o mundo pode ficar melhor, se as pessoas praticarem mais a gentileza. E, neste fim de ano, experimente a sensação maravilhosa de renascer, como fez o Cristo entre os homens. Seja gentil.
A origem da palavra gentileza, segundo o dicionário Houaiss, é latina. Vem do radical gens (gentis, no genitivo), que significava o grupamento familial composto de indivíduos livres de nascimento, com um antepassado comum. Não vamos nos estender nessa definição, porque uma frase já bastou para entendermos a importância da palavra: “indivíduos livres de nascimento”!
Pensem na beleza desta idéia. A pessoa nascida livre não tem maus hábitos, não tem preconceitos, não tem barreiras, não se entrega a pressões sociais. Ela é livre, e isto é o que mais importa no caráter de alguém.
Ser livre não significa estar isolado. Ao contrário, viver em grupo demanda uma docilidade de alma que os mais velhos chamavam de boa-vontade. No fundo, demanda que as pessoas manifestem ações na direção da felicidade do outro, como amizade, solidariedade, acolhimento, companheirismo. São ações que eu prefiro chamar de gentileza. Uma qualidade do espírito refinado pela educação, e especialmente pelo exemplo. Uma qualidade baseada no mais primário de todos os valores: o respeito. Saber ouvir, saber dividir, saber reconhecer que há pluralidade do mundo e que todos podem viver em harmonia. Ser gentil é saber sonhar. Em resumo, uma forma de amar.
A gentileza está na raiz do inglês gentleman (cavalheiro, homem gentil), e na evolução da noção latina da palavra gentilis (aquele que pertence a uma família). Ser gentil, portanto, surge de um movimento interno, essa liberdade atávica e essa predisposição para o bem, e de uma influência externa, em geral oferecida pela família. Ser gentil depende do conhecimento, por meio da educação que causa uma constante transformação interior. Uma transformação mais fácil ainda quando a pessoa já nasce livre.
Foi pensando na importância da delicadeza nos relacionamentos, e em como essa postura estimula o bem-viver e a felicidade entre as pessoas, que acabo de escrever dois livros. Um deles é um romance O sol depois da chuva que explora as possibilidades de transformação de pessoas e de suas histórias por meio de gestos gentis. O segundo Gentileza é um livro de bolso, em que discorro, em pensamentos breves e concisos, sobre atitudes de gentileza, no dia-a-dia, nas coisas que imaginamos não ter grande importância, mas que fazem toda a diferença.
Pense em como o mundo pode ficar melhor, se as pessoas praticarem mais a gentileza. E, neste fim de ano, experimente a sensação maravilhosa de renascer, como fez o Cristo entre os homens. Seja gentil. E tenha um feliz Natal. Gabriel Chalita é membro da Academia Paulista de Letras. Já publicou diversos livros, entre eles O Sol Depois da Chuva, Gentileza, Pedagogia do Amor, Educação – A solução está no afeto, Seis Lições de Solidariedade e Histórias de Professores que Ninguém Contou. Atualmente preside o Instituto Educativa (www.educativapalestras.com.br)
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