
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que, entre junho e julho, pesquisou 1.714 empresas, a falta de capacitação afeta sobretudo a área de produção. Perde-se produtividade e competitividade. Também é prejudicada a inovação tecnológica. Ou seja, o país vai ficando para trás - e não é de hoje. Compare-se, por exemplo, a evolução da Coréia do Sul, que, há cerca de 40 anos, estava em patamar de subdesenvolvimento e analfabetismo semelhante ao brasileiro e hoje é um dos maiores exportadores mundiais de tecnologia, com 82% dos jovens na faculdade e vigor econômico que a fez despontar no cenário internacional como Tigre Asiático.
A diferença é que lá houve forte investimento em escolas públicas de ensino médio e fundamental. Aqui, mesmo quando as empresas investem em treinamento ou não exigem grau de capacitação tão elevado, há dificuldades devido à baixíssima qualidade da educação. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que testa o conhecimento de estudantes em português e matemática, é revelador: alunos chegam ao 3º ano do ensino médio com nível de conhecimento que deveriam ter alcançado na 8ª série do ensino fundamental.
Nesse cenário, até os cursos técnicos e profissionalizantes mantidos pela iniciativa privada para suprir as necessidades próprias de pessoal são prejudicados, tornando-se mais demorados e onerosos. Nem as grandes estatais escapam. A Petrobras, para amenizar as restrições à expansão de suas atividades em território nacional, vê-se obrigada a fornecer cursos inclusive para a rede de fornecedores da empresa.
É o custo Brasil elevado à máxima potência pela histórica vesgueira dos governantes na elaboração da lista de prioridades nacionais. A educação fica aquém das políticas assistencialistas, embora sejam os investimentos no setor a única alavanca capaz de resgatar socialmente as camadas menos favorecidas e inserir o país no mundo desenvolvido. Como conseqüência, não estamos preparados nem para crescer nem para a modernização. Esse nó somente será desatado com ensino público, inclusive técnico e profissionalizante, de qualidade e em quantidade suficiente para atender as necessidades nacionais.
O governo tem instrumentos - como o Saeb - para medir a deficiência, mas não ousa corrigi-la. Acabar com o atraso é tarefa que demanda tempo, já perdido de sobra pelo Brasil. Sem ação efetiva imediata, com planejamento para atender primeiro os setores mais carentes de qualificação de mão-de-obra da economia, o bonde do Primeiro Mundo passará diante do país em velocidade supersônica, deixando a nação na poeira, sem chance de embarcar.
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