"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Um grito sem som


O show já estava terminando. Minuto final. Eu já me despedia do povo. A placa de finalização já tinha sido levantada e a transmissão ao vivo precisava ser encerrada. Era o final do ‘Hosana Brasil’, o maior evento da Canção Nova.
E foi então que, no meio da multidão, alguém se destacou. Alguém que chorava dominado pela emoção, da qual eu desconhecia a razão. Prestei atenção. Uma fração de segundos. E foi então que pude ouvir de seus lábios: “Padre Fábio, eu te amo. Você salvou minha vida!”
Não, não havia som naquelas palavras. O que havia era o grito da vida – sussurrado no meio do grito da multidão.
Um rapaz desconhecido, rosto perdido na multiplicidade de rostos. Plural que ficou singular, pela força de olhares que se encontraram, por acaso.
Eu pensei que já sabia a razão do meu ‘Hosana’, mas não. A minha razão seria revelada somente ao final de tudo. Eu, que pensei que já levara comigo as causas de meus louvores, de repente, ali, fui surpreendido pela voz de Deus nos lábios silenciosos daquele moço.
Logo em seguida, eu soube a razão da emoção. O rapaz era alcoólatra e entrou em processo de recuperação depois que uma palavra pronunciada por mim o atingiu, há algum tempo atrás. Ele veio de Foz do Iguaçú (PR) e trouxe sua família para celebrarem juntos esta graça. Olhei seus filhos e esposa e agradeci a Deus pelo bem acontecido.
Salvar a vida de alguém é um jeito bonito que a gente tem de salvar a vida da gente. Eu não posso negar que fiquei mais padre a partir daquela frase.
Eu tomei posse, mais uma vez, da responsabilidade de ser portador da palavra redentora, da palavra que quebra as cadeias das escravidões.
O ‘Hosana’ não terminou em mim. Ele continua ressoando. E enquanto eu viver quero a graça de me recordar daquele acontecimento. A multidão, o refrão entoado por todos, e, no meio de tudo isso, a frase sem som, o discurso do silêncio, a vida e seu poder de dizer muito em um curto espaço de tempo.
Ao longo deste ano, eu escutei muitas coisas que me fizeram crescer, mas nada pode ser comparado ao que Deus fez em mim por meio daquele rapaz. Eu tenho vivido muitas graças de poder ouvir frases semelhantes; mas aquele momento foi por Deus preparardo; eu sei disso.
Peço licença a todos vocês para mandar a ele o meu recado simples, mas cheio de gratidão e carinho…
Meu amigo, você que passou pela minha vida, de forma tão rápida e sincera…Você, de quem eu não sei o nome…Obrigado por ter gritado no meu ouvido a razão do meu ‘Hosana’.



Padre Fábio de Melo

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