Que o mestre Carlos Drummond de Andrade – estrela que nos ilumina – me permita esta licença poética: "Havia amor no meio do caminho".
É a única expressão que posso pensar em usar para responder indagações que tenho feito durante a minha vida inteira sobre o magistério.
Que missão é essa que espalha o conhecimento, propaga o saber e gera idéias? Que missão é essa cujo objetivo é formar pessoas e cultivar sentimentos, esperanças, sonhos, expectativas, desejos e quereres de todos os tamanhos, tipos e gêneros?
Que missão é essa de ser, ao mesmo tempo, cúmplice e referencial?
A resposta para essas questões pulsa com intensidade nos corações de milhares de professores de todo o mundo: missionários da educação, construtores de amanhãs, semeadores de um tempo melhor, mais belo, fraterno e igualitário.
Em síntese, a missão do amor.Tocar, envolver, mover enfim a alma planetária de crianças e jovens ávidos de um futuro ainda em gestação...
Nisso consiste o ofício gratificante de educar, de preparar as novas gerações, de guiá-las rumo a um novo tempo que transcenderá as ações, os projetos e as idéias desses aprendizes que estão, neste mesmo instante, recebendo os ensinamentos dos educadores do século XXI.
Mestres que conduzirão os alunos ao vôo infinito e instigante do aprendizado...
Educar é possibilitar ao outro as condições necessárias à transcendência, à superação de suas limitações, à concretização de seus ideais, à realização dos sonhos. Educar é criar, impulsionar e capacitar para a vida.
É conceder ao outro a aquisição de saberes essenciais a uma existência digna e promissora.
Das primitivas e milenares histórias de amor aos grandes sucessos tecnológicos do novo milênio, sempre há a figura do professor.
São fundamentais essas criaturas, e não importa se ganham a fama e o reconhecimento geral ou se permanecem no anonimato da vida nos rincões afastados, todos praticam a saudável premissa de acreditar na semeadura e na colheita.Todos tivemos professores.
De nossa relação com eles, levamos conosco, vida adiante, sentimos carregados de alguma negatividade.
Somos suscetíveis àquelas muito humanas antipatias, pequenos rancores e, por que não?, traumas.
Levamos, entretanto, em nossa alma construída a partir do encontro com essas pessoas um número expressivamente maior de lembranças positivas. Recordações de majestosos exemplos, instantâneos vívedos de amizade, flashes de um olhar. Sutilezas.
Tudo muito mágico.Se há no mundo alguns magoados que vivem de lamúrias, que reclamam a cada novo amanhecer porque nem têm olhos para contemplá-lo...
Se há no mundo alguns magoados que vivem de queixumes, clamando contra tudo e todos – há no mundo inquietos, pessoas que acreditam na própria luz e que iluminam.
Trabalham, rompem os obstáculos e se lançam ao horizonte que podem construir.É preciso homenagear o professor. É preciso fazê-lo todos os dias.
É a profissão, de todas, a mais nobre.
O professor alicerça alma, antecipa a plenitude, prepara para a vida e para os desafios.Que estas palavras, em sua totalidade, consigam fortalecer em todos os educadores – e apaixonados pela educação – a certeza de que sua missão como semeadores e multiplicadores de esperanças, sonhos e amanhãs é fundamental para que a humanidade prossiga sua aventura de forma mais confiante e corajosa.
Lembremos que todos os atros que pertencem à galáxia da humanidade precisam ou precisaram, em suas vidas, do apoio, do incentivo e do sorriso confiante de um professor...
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Gabriel Chalita
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Trecho do livro: "Histórias de professores que ninguém contou"
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