"Os Educadores-sonhadores jamais desistem de suas sementes,mesmo que não germinem no tempo certo...Mesmo que pareçam frágeisl frente às intempéries...Mesmo que não sejam viçosas e que não exalem o perfume que se espera delas.O espírito de um meste nunca se deixa abater pelas dificuldades. Ao contrário, esses educadores entendem experiências difíceis com desafios a serem vencidos. Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com acolheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes"(Gabriel Chalita)

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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Culpa no cartório.


Texto:Mara Gabrilli
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Outro dia precisei reconhecer firma de um documento e escolhi um cartório que fica bem em frente ao shopping onde trabalho. Desde que quebrei o pescoço, há oito anos, assino meus cheques, cartões, contratos, todos os meus documentos pessoais e da PPP (Projeto Próximo Passo, organização que dirijo) com a boca. Jamais tive problema algum por causa disso. Porém, nesse dia, o oficial do cartório veio até o carro me explicar que eu estava “impossibilitada” de assinar, portanto deveria fazer uma procuração na base do carimbo de dedo outorgando a alguém a responsabilidade de assinar por mim. Meu motorista entrara antes com o documento e depois veio ao carro o oficial checar com os próprios olhos “o que eu estava tendo”. Segue, assim, o diálogo extra-oficial do encontro entre a Bela e a Fera numa releitura contraditória e, claro, eu sendo a Fera e ele a Bela:
Oficial – Boa tarde! Eu estava explicando para o rapaz que você não pode assinar com a boca.
Mara – Por quê?
Oficial – Porque é errado.
Mara – Como assim eu não posso assinar com a boca? Eu sempre assinei com a boca.
Oficial – Mas é errado!
Mara – Baseado no que o senhor acha isso errado? Existe alguma lei contra pessoas que assinam com a boca, com o pé ou com... qualquer outra parte do corpo?
Oficial – Sim. Tem uma lei!
Mara – Enquanto não puser os olhos nessa lei, não tem conversa.
“nunca fui um tipo de deficiente físico que arruma encrenca a cada movimento. Contrariamente, entendo a falta de cultura do brasileiro no assunto”
Com um jeitinho de novela de segunda categoria, o homenzinho foi buscar um livro com o novo Código Civil, onde a lei nº 10406, Art. 1.865, de 10 de janeiro de 2002 diz: “Se o testador não souber ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias”.
Mara – Pois é, meu senhor, aí diz se não souber ou não puder assinar... Não é o caso, já que sei e posso assinar!
Oficial – Mas assinar com a boca não é certo.
Mara – Cada um assina com o que quer ou com o que pode.
Oficial – Já que a senhorita está impossibilitada de assinar, por que tanto problema em gerar uma procuração para alguém fazê-lo?
Fazendo sacarem da bolsa talões de cheques, cartões de crédito, documentos já assinados com firma reconhecida em outros cartórios e muito alterada, prossegui:
Mara – Se fizermos uma análise mais profunda, descobriremos que você é muito mais impossibilitado que eu. Não preciso de ninguém para assinar coisa alguma por mim. Eu mesma assino!
Já num clima de tensão extrema, liguei para uma advogada na frente dele. Ela sugeriu que eu processasse o sujeito, proprietário do cartório. Nunca fui um tipo de deficiente físico que arruma encrenca a cada movimento. Contrariamente, entendo a falta de cultura do brasileiro no assunto e procuro fazer de mim um agente que engrandeça um conhecimento que um dia eu também não tive. Quantas pessoas devem experimentar situações similares e acreditar na verdade deturpada e ignorante de alguém, se julgando inúteis...
É ressaltando a importância da nossa vontade na construção do tempo que ainda há de vir que encaro o desafio de mudar essa situação, além do fato de me considerar artífice do meu próprio destino! Sabia que um rapaz de 31 anos chamado Cláudio Drewes José de Siqueira foi classificado em 23º lugar num concurso em que participaram 5 000 candidatos? Ele será o primeiro procurador tetraplégico da história do Ministério Público Federal. Será que ele vai ter que telefonar para a mãe dele cada vez que tiver que assinar? Ah, esqueci! Não consegui reconhecer firma naquele dia. Dá para acreditar?

Um comentário:

Anônimo disse...

Magali, querida menina, sabe ! nem lamento ,não. Considerando "as deficiências" dos ditos normais, perfeitos , neste país , és uma vitoriosa. Seguir ir ao encontro ,fazer uso do que dispomos ,já é vencer.E, no caso do pai do meu lindo neto Gustavo, o Cláudio ,está onde chegou enfrentado e deixando pra trás obstáculos. A esposa , admirável companheira merece méritos.Como sabes ,nada é fácil. Mas , aí , temos este encanto de menino /milagre que, dia 12/10 nos alegra com seus 6 aninhos . NUNCA desistas de ti. Podemos bem mais do que imaginamos. E, Paz, às vezes, é brigar para alcançar o que é direito de todos,
DEUS te abençõe, bjs., lilian bauer méritos.

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